Resilience escrita por lilithfx


Capítulo 21
Capítulos 21 - Preparativos


Notas iniciais do capítulo

“Os preparativos somente nos levam até aqui, depois disso você precisa ter um pouco de fé."
(Michael Scofield) ―Prison Break



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E finalmente a sexta-feira tinha chegado. Rachel estava mais que ansiosa para esse dia. Por uma sorte incrível, teria a casa só pra si.

Kurt estaria visitando o pai, junto com Blaine, em Lima, para tratar dos preparativos de seu noivado, data que o pai fazia questão de comemorar em grande estilo, apesar de achar prematura a decisão do filho.

Junto com ele, aproveitando a carona, Artie e Sam voltariam à Lima para buscar o restante de suas coisas.

Mercedes, depois da visita ao namorado, tinha retornado para Los Angeles, levando Tina para aproveitar o tempo restante, antes do início da faculdade, numa viagem de meninas, segundo ela.

Santana tinha avisado de sua ida para casa de Dani na quarta e seu retorno provável na segunda. Ela saiu antes de saber que Rachel ficaria sozinha, o que foi bom para evitar cenas, já que a latina estava mais protetora que nunca. Evitando que a jovem diva, contasse uma mentira para amiga, algo que odiava fazer e que tinha certeza, se atrapalharia.

O diretor tinha concordado em dar o sábado e domingo de folga a Rachel, desde que ela mantivesse a apresentação de sexta e depois de uma leve pressão feita por Cass. A professora tinha sido uma fofa. Não perguntou o porquê Rachel queria os dias de folga, apenas conseguiu, de maneira discreta e eficiente, dando a entender que não a procuraria também.

Teria a casa e New York para explorar com Quinn, o que seria perfeito para colocar seu plano em prática, tentar descobrir se Quinn nutria os mesmos sentimentos por ela, declarar-se para loira e promover sua aproximação com a filha e sua mãe.

Tinha fé, e a certeza de quem ama, de conseguir realizar tudo que havia planejado, para isso, tinha até criado uma apresentação explicativa em PowerPoint para si, com mensagens de ânimo e frases otimistas. Era uma vencedora, nunca competia para perder, ainda mais com o melhor prêmio do mundo ao alcance de suas mãos, o amor de Quinn e sua felicidade.

Cada passo tinha sido planejado milimetricamente, como só Rachel Berry sabe fazer. Buscaria a loira, na estação e a levaria para uma volta romântica pelo Central Park, aproveitando a mordomia do carro com motorista que o diretor colocou a sua disposição, depois retornariam para casa,onde a loira poderia trocar sua roupa e se preparar para o show de Raquel.

Finalmente, após o show, o retorno para casa, onde os preparativos de uma massa vegan divina, um bom vinho e boa música, estariam esperando pelas duas. Depois, o céu é o limite, pensa a judia.

Verificou mais uma vez, se a faxina feita na casa estava perfeita e partiu para a estação, em busca de sua loira, o amor de sua vida.

Quinn Fabray

Quinn mal sentiu a semana passar. Mergulhou fundo em seus trabalhos e provas. Estava disposta a adiantar suas tarefas e ter o final de semana para si e a amiga.

Tinha saudades da judia, já fazia alguns meses que não se encontravam, e apesar de falarem quase todos os dias, não era a mesma coisa. Queria sentir o calor e cheiro único de Rachel, seu sorriso magnífico e a voz incomparável.

Era apaixonada por aquela voz, desde a primeira vez que viu e nem seu pai, com toda lavagem cerebral feita, conseguiu mudar isso.

Quando retornou ao Colégio, completamente repaginada, esperava que a judia ao menos reconhecesse o seu nome, como a amiga especial da infância e por várias vezes, chegou a pensar que a pequena judia iria chama-la de Lucy, mas isso nunca aconteceu.

Depois, com o tempo, veio a descobrir numa conversa entre Rachel e Finn, que a judia não se lembrava de certos fatos da sua infância, devido a um trauma sofrido, apagando completamente a família Fabray da sua memória e a sua amiga Lucy.

Seu pai, tinha feito um belo estrago, não só na sua vida, mas também na da pequena diva.

Pensar que são amigas agora é quase um milagre, é a prova que o destino abre janelas onde encontra portas trancadas.

Não sabia o que esperar de New York, mas como a mãe tinha ensinado, ela era uma dama e deveria estar pronta para tudo, de um evento simples à um baile de gala.

Fez sua pequena mala e partiu rumo ao trem, não aguentava mais de saudades da pequena judia.

A perspectiva de vê-la fazia seu coração acelerar, a respiração ficar mais forte e as pernas trêmulas. Ela precisava lutar contra esse sentimento, não era correto sentir isso pela amiga, tinha um noivo, deveria sentir isso por ele e mais ninguém, ela era uma pecadora, por isso merecia ser punida, pensou.

Ajeitou-se no banco do trem e pegou um livro para ler, não queria que um estranho puxasse conversa, estava muito nervosa, precisava acalmar para encontrar sua diva. Ainda bem que o trajeto levaria menos de 2 horas.

Enquanto o trem dava os últimos apitos para sair da estação, ela sente alguém aproximar-se e sentar em frente ao seu banco. Mentalmente, reclama de si mesma, por não ter conseguido uma cadeira individual. Deixou para comprar no último instante, ficando restrita somente as cadeiras de quatro lugares, voltadas uma para outra. Agora, é torcer para não ser perturbada.

O trem dá a partida e Quinn mergulha em seu livro, ignorando completamente as pessoas a sua volta. Por mais que tente, não consegue se concentrar na leitura, sua cabeça dá voltas e voltas, pensando em Rachel, é uma obsessão.

Resolve então largar o livro e olhar a paisagem. Sente imediatamente um cheiro bom, um perfume delicioso, que exala da mulher sentada a sua frente. Pela vestimenta, a mulher é alguém que possui classe e certo poder, porém as inúmeras máquinas fotográficas e de filmar profissionais na sua bolsa, mostravam que ela trabalhava com arte.

O tom de pele bronzeado a destacava das outras pessoas, provavelmente não era moradora de New Haven e muito menos New York, cidades que enfrentavam um inverno rigoroso. A loira a sua frente, falava no celular e por mais que Quinn não tentasse ouvir, algo chamou sua atenção.

O celular no modo viva-voz,vazava o som de crianças pequenas dando risadas e uma terceira pessoa, cantando ao fundo. De imediato Quinn pensou em Rachel e num sonho onde seria a pequena judia no telefone, ligando para ela, junto com os filhos, seus filhos.

Seus olhos começaram a lagrimar, quando a realidade se sobrepôs, os filhos seriam de Puck e não de Rachel, era o certo a fazer, o que é esperado dela, ser a esposa perfeita de um rapaz trabalhador.

Quinn, mal reparou que a ligação havia terminado perdida em seus pensamentos. Só sentiu o momento que a mulher a sua frente perguntou se ela estava bem.

Assentiu com a cabeça, não conseguiria falar sem cair no choro. A mulher, percebendo seu estado emocional e não insistiu mais, ficando quieta.

Faltava ainda, meia-hora para o término da viagem, muito tempo, pensou Quinn.

E quando ela fecha seus olhos, tentando fugir do olhar de observação da mulher a sua frente, sente o celular vibrar, numa nova mensagem, que pela música tocada, só podia ser Rachel. Sorri antes mesmos de abrir o celular.

__Querida Quinn, tenho tantas novidades para contar, que mal consigo conter minha euforia. Estou na plataforma caminhando e cantando a sua espera, as pessoas passam por mim e olham como se eu fosse louca, mas não ligo. Aguardando ansiosamente sua chegada, Rachel ♥

Quando termina de ler, tem um sorriso no rosto, capaz de iluminar o trem inteiro e o coração disparado. Como negar seu amor pela judia, precisava se proteger e criar estratégias para não sucumbir à tentação,pensou, deixando mais uma vez que as emoções invadam seu rosto, como uma grande tela de cinema.

Nesse instante, o trem dá um solavanco e para completamente, assustando todos.

É anunciado que por problemas técnicos, será necessário aguardar duas horas, para o reinicio da viagem e o pedido de calma aos passageiros, que aguardassem sentados em seus assentos, novas informações.

Quinn se lembra de Rachel e que ela já está na estação a sua espera, manda uma mensagem breve, dizendo que vai atrasar duas horas e liberando Rachel para fazer outras atividades.

A judia é rápida na resposta.

__Estarei aqui esperando por você, se preciso a vida inteira, fique tranquila!

Quinn sorri novamente e é pega por olhos curiosos observando-a.

A mulher dá uma risada, falando em seguida.

__Desculpa a invasão, mas teu rosto mostrou uma gama de emoções que fiquei fascinada, adoraria filmar você, meu nome é Spencer e sou cineasta.

Quinn engole seco, em outros tempos, teria fechado a cara e cortado o assunto, mas a loira ao seu lado mostrou-se tão simpática e ela teria duas longas horas pela frente, porque não conversar, ao menos, deixaria a espera menos entediante, pensou.

__Meu nome é Quinn Fabray, sou uma estudante de Yale e estou indo visitar uma amiga, diz com os olhos brilhantes.

Spencer dá um leve sorriso, imaginou que a menina seria do “time”, mas ainda não tinha certeza.

__Fui convidada para uma palestra aqui em Yale e aproveitei para fazer umas filmagens e terminar meu documentário, diz ela olhando para Quinn.

__Estive envolvida nessa última semana com as provas, que mal sobrou tempo de ver as atividades paralelas de Yale, gostaria de ter ido a sua palestra, tenho interesse em documentários, o seu é sobre o que?

Spencer olha para garota, seria agora que teria confirmação.

__Meu documentário mostra o cotidiano de quem saiu de casa por conta da intolerância religiosa, sexual e racial. Minha esposa Ashley diz que eu sou uma sonhadora, mas o mundo é feito de quem sonha e tenta mudar o que incomoda, diz ela piscando pra jovem loira.

Quinn opta pelo silêncio, seus olhos estão fixos, prestando atenção na explicação de Spencer.

__Estou com um trecho aqui, preciso de uma opinião sincera, quero saber se vai causar o impacto que espero, diz Spencer piscando para Quinn.

A loira mais jovem senta ao lado de Spencer e essa passa a exibir o vídeo.

Nem bem o vídeo começa e Quinn se vê acompanhando a rotina de um jovem da sua idade. Ele atende pelo nome de Cristian.

Cristian é um jovem bonito, bem educado e com belos olhos castanhos que lembram Quinn de certa judia. Ele nasceu numa cidade pequena em Ohio, e desde pequeno ele carregava toda a esperança da família.

Mas Cristian sempre sentiu que era diferente, não conseguia se encaixar nos papéis que deveria exercer. Ele era uma criança triste e sua família não ajudou, só piorava a situação, exercendo uma pressão desnecessária. E quando chegou a adolescência, tudo piorou.

Sua mãe e pai, religiosos não entendiam o porquê de o filho ser diferente. E quando, depois de muito rezar procurando paz, Cristian mutilou-se, cortando os seios, foi expulso de casa e nunca mais viu seus pais.

Naquele dia, Cristina desapareceu e nasceu Cristian, acolhido por uma Ong LGBT, passou por tratamento psicológico, hormonal e também espiritual.

Aos 20 anos, faz faculdade de psicologia em Yale, custeada por uma bolsa do movimento LGBT. E tudo que deseja é terminar os estudos e retribuir o favor para quem o acolheu e ajudar outras crianças perdidas como ele.

O vídeo mostra Cristian em diversas situações e a voz de Spencer no fundo narrando, faz uma pergunta ao garoto:

__Como você está hoje?

O garoto abre um sorriso e responde:

__Eu sou feliz, estou ao lado de pessoas que me amam por eu ser quem sou, não importa com quem durmo ou como me visto. Sou o Cristian, admirado por jogar basquete bem, ter boas notas e ser um bagunceiro de mão cheia, diz o menino sorrindo.

__Quanto ao futuro, espero casar, ter uma família e ensinar meus filhos tolerância e respeito e que somos mais que gênero masculino ou feminino.

A câmera se afasta, mostrando a casa de acolhimento LGBT, letras sobem e nelas, Quinn pode ler que a família real de Cristian o deserdou e seu nome é proibido de citar.

Os olhos de Quinn estão cheios d’água. Ela não sabe como proceder, é ridículo chorar na frente de uma estranha, mas não adianta muito, cai num choro profundo e sentido, sendo amparada imediatamente por Spencer.

A cineasta está envergonhada e chateada consigo mesma, não queria levar a jovem loira às lágrimas, apenas conhecê-la melhor. Os olhos misteriosos de Quinn haviam instigado seu lado curioso de contadora de histórias.

A loira depois de acalmar, pede desculpas a Spencer e após muitos começos, fala um pouco da sua vida, para cineasta. Omitindo apenas o fato da paixão por Rachel, já que nem pra si própria admitia isso.

Spencer fica passada com as truculências do pai de Quinn e como a família dela não apoiou num momento difícil como é a gravidez na adolescência. E quando Quinn falou sobre o bulliyng que praticou na escola, entendeu quem era o objeto de paixão da loira e seus sentimentos de negação.

Quinn falou sobre o namoro com o pai de sua filha e de como ele tinha evoluído, tornando-se alguém confiável e seguro. Nesse momento, Spencer mordeu os lábios para não falar exatamente o que pensava, ainda não era a hora.

Perguntou para Quinn o que ela esperava da vida e ficou triste ao obter a resposta padrão. Casar, ter filhos, ser basicamente, igual a sua mãe e não correr riscos desnecessários.

Spencer gostou da jovem loira e resolve mesmo indo contra seus princípios, dar um conselho a Quinn.

__Aprendi com minha mulher Ashley que sem arriscar a vida se torna monótona e triste. Ficamos separadas durante a faculdade e mesmo correndo o risco de perdê-la, foi a melhor decisão. Tivemos a certeza que nosso amor seria forte o suficiente para enfrentar o mundo. Conquistamos o respeito da nossa família, amigos e o respeito profissional. Por isso, Quinn, não deixe que o mais fácil e confortável vença na sua vida, você pode tudo, é jovem e tem o mundo pela frente.

Quinn fica emocionada com as palavras da loira mais velha, mas são tantos anos de repressão e de preparação para ser a filha, mãe e esposa perfeita, que não pode jogar pelo ralo. Nem arriscar perder o respeito e afeto de sua mãe, amigos e colegas. Ela já foi uma pária social e sabe o quanto é difícil. O passeio a New York vai ser como uma despedida de solteira. Depois disso, vai enterrar definitivamente seus possíveis sentimentos por Rachel.

Nesse instante, o trem volta a movimentar-se, lembrando Quinn que Rachel a espera na estação e fazendo seus olhos brilharem ainda mais. Troca algumas palavras com Spencer, mas volta a mergulhar no seu livro, não dando abertura a loira mais velha, de falar nada mais.


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Notas finais do capítulo

Vamos aos avisos,desculpa pela demora,a inspiração sumiu e agora ela voltou,junto com as férias.
Esse capítulo não tem o encontro de Quinn e Rachel,estará no próximo,tive que dividir em 2,senão ficaria enorme de ler.
Aqui aparece uma personagem que dará uma força para Quinn em breve,o nome é Spencer,alguém sabe de qual seriado saiu,rsrs.
No mais,boa leitura pra quem ainda acompanha e por favor,comente :-)



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