As Crônicas de Astra escrita por Fantasius


Capítulo 8
O Arqueiro - Joanis


Notas iniciais do capítulo

Bom, desculpa a demora pelo capitulo. O Nyah tinha saido do ar e etc e quando voltou eu tava me arrumando pra viajar. No lugar que eu fui passar as férias não deu pra postar e eu não programei postagem. Uétever. Aqui estamos nós de novo. Espero que gostem desse novo capitulo. A historia continuara agora, com um capitulo por semana.



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Um esquilo de aproximadamente 60 centímetros saltou do baú, caindo sobre em pé no convés do navio. Ele alisou seus pelos castanhos e ajeitou seu chapéu negro, depois encarou os tripulantes. Joanis olhava intrigada para o pequeno animal, sem entender o que era aquilo, e o que aquilo fazia ali. Passaram-se alguns segundos dum silêncio constrangedor, que foi quebrado por Idrian:

– O que é você? – ele abriu os braços – Quem é você? E o principal, como entrou nesse navio?

O pequeno animal pareceu muito ofendido com as palavras do homem e o olhou com desprezo.

– Senhor, tenha mais respeito – falou o animal, com uma voz fina – Meu nome é Thor – ele fez uma espécie de reverência, abaixando a cauda e se ajoelhando – Thor filho de Thur que fora filho de Thorgon que fora filho de Thasil, seguindo a descendência até Thorgorot. Enviado por Alminus para ajuda-los nessa jornada.

Falando daquela forma, o pequeno roedor parecia imponente e poderoso. Mas ele era só um esquilo. Joanis sorriu perante ele e se abaixou e o pegou na mão, acariciando a cabeça do animal.

– MYLADI! – exclamou o esquilo, numa voz ainda mais fina – EU- NÃO-SOU-UM-BICHINHO-DE-ESTIMAÇÃO! – ele enfatizou cada palavra – EU-SOU-UM-G-U-E-R-R-E-I-R-O! - a palavra “guerreiro” ele fez questão de dizer bem pausadamente.

A menina colocou o esquilo no chão e ele os encarou novamente. Idrian fechou os olhos e os abriu alguns segundos depois, olhando para Antariad, sua noiva.

– Antariad – falou ele – Thor realmente é enviado de Alminus?

O ar pareceu se intensificar ao redor da mulher. Os cabelos dourados dela esvoaçaram levemente, enquanto ela olhava com olhos gélidos em direção ao esquilo. Uma tatuagem dum pássaro, que estava no seu braço esquerdo, cintilou levemente e Antariad sorriu.

– Realmente. Ele foi enviado por Alminus. Thor é da Ordem dos Animais, um comandante para ser exato. – concluiu ela e Joanis não entendeu como ela havia descoberto tudo aquilo.

– Pensei que iriam me jogar no mar! – Thor pulou para o chão e passou desfilando por eles – Irei lutar até a morte se preciso for! – ele se virou para Joanis – Minha senhora. – ele se ajoelhou, desembainhando sua pequena espada – Perdão por ter gritado com a senhora – ele colocou sua arma no chão – Minhas armas estão ao seu serviço. Minhas habilidades estão ao seu serviço. Meu sangue e o sangue de meus descentes estão ao seu serviço.

Joanis ficou paralisada perante a educação daquele pequeno animal. Talvez pelo fato de nunca ter sido tradada tão bem, ou pelo fato de que era um animal que estava tratando ela tão bem.

– Senhor, por favor... – disse sem jeito – Se levante, eu não sou uma rainha de verdade. Não é necessário que haja assim.

Thor pareceu realmente muito ofendido, pois emitiu um guincho agudo antes de falar:

– Milady, por favor! Você é rainha por direito das terras de Pandorian e até onde seus olhos possam alcançar à senhora pode dominar e conquistar.

A ideia de conquistar o mundo nunca estivera nos planos de Joanis, pois até alguns dias atrás ela era uma escrava duma espécie de demônio e sua única ambição era se livrar da coleira mágica que a prendia aquela velha. Mas não deixava de ser uma boa ideia, porém era algo que não devia ser compartilhado. Esse era um lado que Joanis escondia de todos: um lado conquistador, ambicioso; talvez estivesse no sangue real que corria nas veias dela.

– Senhor Thor, enquanto não voltar para meu lar não sou uma rainha. – e usando um tom de voz calmo e harmonioso continuou – E além do mais não é meu desejo conquistar e dominar tudo, nem sei se voltarei viva dessa viagem. – ela se ajoelhou e tentou olhar nos olhos do esquilo – Mas que assim seja, eu aceito seus serviços.

Thor soltou um guincho de felicidade e se levantou num salto, embainhando sua pequena espada. Pulou para a amurada do navio e ficou a fitar o oceano. Idrian sorriu e entrou na cabine que fora destinada a ele e Antariad entrou logo atrás. Joanis achou de bom grado não interromper o casal e então se sentou no convés ao lado de Thor.

– Oh, milady – ele se torceu em reverências – Que bom que esta aqui, digo, é bom estar em companhia da senhora.

A menina riu de maneira tímida.

– Obrigado senhor Thor... – ela olhou para os lados, como se procurasse assunto - O que o senhor sabe sobre as terras do poente?

– Acho que um pouco mais que a senhora, pois fui criada em território mágico. – ele olhou para o céu – Lá é literalmente o fim do mundo. O céu se comprime e se despedaça, a vida acaba, a luz se extingue, tudo morre. Achei que em toda minha vida eu nunca botaria os pés naquele lugar, mas aqui estou, navegando em direção as portas da morte.

Um calafrio percorreu o corpo de Joanis. Talvez ela nunca voltasse daquele lugar. “Do que adianta eu ser herdeira dum dos mais poderosos reinos se não poderei usufruir disso?” Pensou ela e se levantou, debruçando-se sobre a amurada do navio, olhando o mar.

– Agradeço que o senhor tenha vindo conosco, mesmo conhecendo os riscos...

O dia se passou lento enquanto eles navegam. A imensidão azul se estendia para todos os lados, sem nenhum pedaço de terra. Claro que Joanis não sabia nada sobre a geografia daquele lugar, muito menos onde ela estava, portanto não fazia ideia de quão longe estavam de algum lugar. Ao cair da noite Idrian avisou para Joanis que em três dias aportariam num vilarejo que fica a dois dias das ruínas de Pandorian. O coração da menina se agitou, iria por fim conhecer o lugar que pertencia a ela.

A viagem prosseguiu sem nenhuma complicação. Joanis se tornara grande amiga de Antariad e Idrian e Thor passavam o dia conversando sobre táticas de guerra e outras coisas mais físicas e sangrentas do que magia e historias. Cada dia que passava o clima se tornava mais gélido conforme o inverno se intensificava e já caia um pouco de neve durante a noite e durante o dia eram acometidos por ventos gélidos.

Caiam alguns flocos de neve e o sol já não brilhava no céu quando por fim avistaram terra. O vilarejo litorâneo estava escuro, com apenas algumas tochas acessas no topo duma colina. O barco cortou silenciosamente as águas, com as runas no casco iluminando as águas e aportou no vilarejo.

– Milady, tome isso, para se proteger, caso não de para usar o arco. – Idrian estendeu a Joanis uma espada e uma bainha, os quais ela prendeu em seu cinto que estava sobre o casaco de peles.

Thor resolveu ficar no barco a fim de protege-lo de alguma coisa. “Como se um esquilo fosse de grande ameaça.” Joanis imaginou o pequeno animal enfrentando três grandes piratas e sendo esmagado. Conteu um sorriso maligno e desceu do navio. Então num silêncio mortal os três saíram pelas ruas escuras a fim de pelo menos aquela noite dormir fora do barco.

Cortaram sem rumo pelas vielas, mas por algum tempo não encontraram nada. A vila estava silenciosa, silenciosa de mais. A própria noite parecia mais escura e pesada.

– Não tem ninguém nessas casas... – disse Antariad – Devem estar todos na colina, é melhor irmos pra lá, procurar alguém, ou até mesmo achar uma pousada no caminho.

– É uma boa ideia... – concordou Joanis

Andaram por mais algumas ruas, agora em direção à colina. Depois de algumas voltas o silêncio noturno foi cortado por um grito de horror.

– FUJAM, SAIAM DAQUI! – gritou um homem que corria na direção do grupo – VÃO SER MORTOS TAMBÉM!

O homem pulou sobre Joanis e segurou seus braços com força. Idrian desembainhou a espada num movimento rápido, iluminado a noite com um tom dourado, e colocou a ponta da arma na garganta do senhor. Antariad sacou uma faca que se iluminou em tom de azul.

– Solte ela. – disse Idrian numa calma gélida.

– POR FAVOR, NÃO ME MATEM! APENAS FUJAM. VÃO SER MORTOS! – então ele começou a chorar – Fujam...

– Senhor, se acalme, não vai ser morto, - Joanis tentou consolar ele – Vamos te proteger de seja la o que você esta com medo.

As flechas voavam tão rápido que Joanis só notou que estavam sendo atacados quando ela foi atingida no ombro. Ela cambaleou de susto, soltando o homem, que voltou a correr e gritar. As flechas continuavam a cair, parecendo sair das sombras, vindas de todos os lugares. Antariad tentou conjurar um escudo, mas ele parecia que estava sendo penetrado, pois haviam três flechas cravadas nela. Idrian puxou sua noiva e Joanis e começou a correr pela rua, tentando fugir daquele lugar. Porém as flechas continuavam a cair, embora muitas não os atingissem.

– Antariad! – Idrian exclamou enquanto corria – Certeza que não tem ninguém nas casas?

– Sim! – gritou em resposta – O que você vai fazer.

Idrian parou de correr e se virou, encarando a rua e procurando quem os atacava. Joanis também parou. A flecha em seu ombro parecia queimar a pele e ela estava cansada.

– Os moradores que me perdoem... – sussurrou Idrian – Mas...

O gélido ar noturno pareceu esquentar repentinamente e em alguns segundos as casas da rua inteira explodiram em grandes labaredas. A noite se iluminou conforme as chamas cresciam e rodopiavam como se estivessem vivas. Joanis caiu no chão, tamanho que foi seu susto.

– Antariad! Me ajude! – gritou o homem – Reforce as chamas, faça escudos com ela!

As flechas continuavam a cair, embora agora com menos intensidade, e com menos precisão.

– Estamos salvos! – exclamou Joanis.

O fogo dançou em espirais sobre as casas e desceu sobre o grupo, fazendo um circulo em volta deles. As flechas que chegavam perto eram incineradas antes que chegassem aos alvos. Idrian soltou um grito de guerra e o fogo brilhou e encheu a rua, queimando tudo ao redor deles.

Por fim as flechas pararam de cair.

– Acabou? – perguntou a garota – Os atiradores morreram?

A resposta foi o silêncio mortal que se seguiu, sendo cortado apenas pelo crepitar das chamas que ainda queimavam.

– Sim. Não tem ninguém próximo... – falou Antariad enquanto olhava para os lados – Mas... O que foi aquilo?

– Aquilo fui eu meus senhores... – a voz ecoou gélida por entre as chamas, que pareceram perder o calor e a vida. A própria noite pareceu ficar mais sombria – E eu não estou morto...

As sombras na rua se agitaram e avançaram na direção do grupo. Joanis sentiu a flecha arder com mais intensidade e uma sensação de pânico e medo a invadiu.

– CORRAM! – gritou Antariad – UM DEMÔNIO!

Idrian caiu no chão,deixando a espada voar para longe. As pernas de Joanis não respondiam ao seu comando. Antariad se ajoelhou e tentou conjurar uma barreira ao redor deles, porém a sombra avançava numa velocidade incrível e logo estava envolvendo todos eles.

– Vocês são resistentes... – a voz voltou a se pronunciar – São de Garidis... Perfeito...

Uma fumaça se materializou entre eles, congelando o ar e então um homem mascarado, vestido de trapos negros surgiu da fumaça. Em seu rosto pálido e magro estava estampado um sorriso sombrio e maníaco.

– Vejamos o que temos aqui... – ele olhou para os três ali, paralisados de medo – Um cavaleiro nojento. – ele chutou com uma força demoníaca a face de Idrian por alguns longos segundos, talvez minutos, até que ele tentou rastejar e alcançar a espada; o demônio então resolveu chuta-lo por mais algum tempo até que ele desembainhou uma espada de osso e cortou a testa de Idrian, deixando o sangrando. Antariad tentou se mover e o demônio se virou para ela – Vejo na sua alma que você é algo dele. Noiva? Huhuhu... Maga nojenta, odeio magas... – ele a estapeou com força, até que ela caísse no chão, já sangrando, por fim com a mesma espada fez um corte na barriga dela – E por fim você garota assustada... – ele segurou a cara de Joanis com suas mãos cadavéricas – Vejamos só... Se não aquela que meu mestre procura, a herdeira de Pandorian. Garota sortuda, tenho ordens para não lhe matar... Mas as ordens não falam que não posso fazer sofre... – o demônio desferiu um soco na face da menina que caiu ao chão, com a vista já nublando – Você é especial.

Joanis sentiu que aquele ser estava fazendo muitos cortes na pele dela, e tantos socos e chutes que mal podia contar.

– Você deu tantos problemas para meu mestre que deve sofrer tanto quanto ele sofreu – o demônio deu uma risada maníaca e se levantou.

A vista da menina estava embaçada, mas ela viu o demônio se despindo e jogando seus trapos para longe e se deitando sobre ela. Ele aproximou sua boca de seu ouvido e sussurrou:

– Já se deitou com alguns homens que eu sei... – ele deu uma risada, enquanto rasgava a roupa da menina – Mas nunca com um demônio. Prometo que serei carinhoso...

Joanis sentiu seu corpo esfriar e foi atingida por uma dor dilacerante. Lágrimas riscaram sua face, enquanto ela sentia o movimento da fera sobre ela. O demônio emitia guinchos de prazer enquanto a menina sentia uma dor terrível, como se todos os machucados que ela adquiriu com o passar dos anos voltassem todos de uma vez. Conforme ele se movia com mais intensidade mais dor ela sentia.

“Deuses... por que?” O demônio pareceu ler a mente dela e intensificou a força. Joanis sentia que estava sangrando e a fera parecia sentir prazer com isso. Depois do que parecera horas ele por fim parou por alguns segundos. Então ele virou a menina e começou tudo novamente. As mãos dele dançavam pelos peitos dela, fazendo cortes com aquelas unhas afiadas. Ele aproximou a boca do rosto dela e começou a lamber com sua língua áspera.

O sofrimento se propagou ainda com mais força por muitas horas até que ele fez um corte com a unha nas costas dela e penetrou ainda com mais intensidade. Joanis não resistiu à dor e desmaiou.

Ela abriu os olhos lentamente, na esperança de aquilo ter sido só um sonho. Mas não era. Ele estava lá, de pé sobre uma pedra olhando para ela. A menina olhou para os lados e reparou que estava pregada num pedaço da madeira, tal como Idrian e Antariad. Nas paredes da colina estava pregadas varias tochas. Aos ouvidos de Joanis chegavam vários lamentos e gemidos. Olhando para baixo ela viu, acorrentados, centenas de pessoas, todas sangrando. Mulheres, crianças, velhos, todos, sem exceção estavam com algum tipo de ferimento. Ao ver que Joanis estava acordada o demônio sorriu e andou na direção deles.

– Enfim acordaram seus vermes... – ele olhou para o céu noturno que se tingia dos tons da aurora – Bem na hora...

Idrian gritou e seu corpo despencou no meio das pessoas. Joanis reprimiu um grito de horror, quando algumas pessoas saltaram sobre o homem e começaram a morde-lo e tirar pedaços.

Então aquele era o fim?


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Notas finais do capítulo

Espero que vocês tenham gostado. Favoritem, comentem, recomendem ou a cabeças vão rolar. -q
Mas sério, comentarios mantem a fic viva. Até a próxima.