Ela era o nada e o tudo, a dor e o alivio. Ela não tinha forma, ela simplesmente existia. Ela se alimentava de medo e almas. Ela tinha um trabalho a cumprir, o trabalho mais cruel de todos. Ela não gostava desse trabalho, mas ela não podia deixá-lo. Mesmo sendo um trabalho cruel e difícil, ela não estava exatamente causando o mal as pessoas, ela estava ajudando-as, livrando-as da agonia eterna. Ela era a morte, ela acaba com as vidas das pessoas, mas mesmo parecendo estranho, isto estava salvando as pessoas. Existiam outras como ela por ai, afinal, o mundo tem muita gente, apenas uma morte não iria dar conta de tudo. Cada uma delas tinha o seu território, o seu espaço de trabalho, um trabalho sem salário nem férias.

Você deve estar se perguntando, como a morte estaria ajudando as suas vitimas? Eu vou lhe explicar, sem a morte, ninguém morreria, a água, o oxigênio, acabariam mais rápido ainda, o planeta ficaria lotado. E você pensa, mas as pessoas não iriam morrer sem água, oxigênio e etc. É simples, sem a morte para comer suas almas, elas continuariam semi-vivas, elas sentiriam a dor da cede, da fome, a aflição da falta de ar, para sempre, e nunca cessaria.

Ela saiu em busca da sua próxima vitima, ela avistou uma mulher com roupas surradas, carregando dois baldes de água, voltando para casa, provavelmente estaria levando água para o banho dos filhos ou algo assim, ela era pobre, e sofria bastante. A morte sempre escolhia as pessoas que mais sofriam para começar o dia, ela tinha pena de matar inocentes, mas ela achava justo fazer isto com as pessoas sofridas, pois ela estaria livrando essas pessoas de uma vida ruim que sempre levaram. Mas isto não significava que ela não matava outros tipos de pessoas, não, só que ela tinha preferência pelos pobres.

A morte parou, por um momento. Observou a mulher levando os baldes com dificuldade, a morte estava pensando em como tiraria a vida da mulher. Então ela viu um pequeno lago perto de onde a mulher caminhava, e decidiu que seria afogamento.

Com apenas um gesto feito por ela, a mulher caiu dentro do lago, e tentava, debatendo-se, voltar para a superfície, mas a morte não deixava. A morte sugava o medo, e quando a mulher morreu, ela viu a alma saindo do seu corpo, e a sugou, ela saiu deixando o corpo da mulher onde estava.

Mas aquilo era apenas o começo do dia, ainda haviam muitas almas para sugar.