Golden Butterfly escrita por Rafaela Kido


Capítulo 1
O homem que não existia


Notas iniciais do capítulo

Fanfic baseada no que passou no filme(cowboy bebop knockin' on heaven's door),



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“As mais belas borboletas que eu já vi em toda a minha vida”

Dia 1

Eles nos deram as instruções do que devemos fazer. Porém, somente eu acho estranha grande parte do tal plano.

Dia 2

Começaram a nos vacinar contra todo e qualquer ataque biológico. Tantos exames, tão minuciosos. Se as fórmulas são iguais, pra quê tanta dúvida? Não basta apenas dosar a partir do peso? Não sou médico, mas sei que é essa a base das dosagens.

Dia 3

Falta um dia para eu partir para Titan. Será que devo? Será que tenho tempo? Alguém perceberá? Duvido! Vou arriscar!

Dia 3 – final do dia

Ela está dormindo tão bem. Gostaria de poder ficar junto dela. É a primeira vez que a vejo se deixar dominar dessa forma. Está tão quente aqui com ela... É tão frio o lugar pra onde vou. Gostaria de levar esse calor comigo...

Dia 4

As vacinas já estão fazendo efeito. Alguns de meus companheiros estão sendo levados à emergência. Não nos deixam vê-los, nem nos dizem o que está acontecendo. Eu acho que estou começando a ver coisas...

Dia 5

Chegamos. Tudo está coberto de neve. Não há vida, não há nada. E ainda não vimos os inimigos. Minha maior preocupação é que eles nos ataquem de surpresa, numa armadilha. Os vultos continuam a aparecer, só que agora em maior quantidade. Acho que o frio daqui está fazendo eu me esquecer de algumas coisas...

Dia 6

Estamos andando em círculos. Absolutamente nada aqui está de acordo com o plano inicial. Não encontramos nenhum inimigo ainda. O que estamos procurando? E essas borboletas? Como conseguem viver num frio desses? Será que só eu consigo vê-las? Não, eles também as vêm. Também tentam pega-las, assim como eu.

Dia 7

Tenho a sensação de que estou me esquecendo das coisas... Aos poucos...

Dia 8

Do que estou sentindo tanta falta? O que foi que eu deixei para trás que quero tanto voltar a ver? Quero me lembrar, mas quanto mais me esforço, sinto que mais me esqueço...

Dia 9

O que há de errado com todos? Estão morrendo. Se matando... Matando uns aos outros... Eles me atacam como se não me conhecessem... De fato, não me lembro deles... Sei que já os vi, mas não sei quem são... Se tentarem algo, novamente...

Dia 10

A única coisa viva aqui sou eu... E eu já não sei mais quem eu sou... A única coisa que ainda me mantém vivo são essas borboletas. Tão numerosas... Tão frio... Tão...

Dia 11

Está tudo coberto de neve, tudo branco... Assim como minha mente... Do que sinto falta...? Quem sou eu, afinal?

–x-

Onde eu estou não sei dizer. Quem são eles, também não sei... Posso ver uma porta... tão distante... Seria essa a porta que nos separa de tudo?

Sinto picadas em meus braços, pequenos cortes serem feitos... Ouço vozes abafadas. O que dizem? Por que fazem isso comigo? Por que não sinto nada?

Está tudo quieto. A porta está piscando.

Ele abriu os olhos, a muito custo, e foi virando seu corpo para o lado. A claridade o atormentava. Uma sirene gritava e fazia uma luz de emergência piscar. Sua cabeça doía. Sentou-se na cama e olhou em volta e viu corpos estirados no chão, sangue espalhado em jatos por todo o lugar.

Foi difícil manter em pé, já que sentia suas pernas fracas. Levou alguns minutos para recobrar parte de sua consciência. Cobriu os olhos com as mãos e tentou espantar algo que o rodeava. Arrastou seus pés pelo chão ensangüentado. As paredes eram seus únicos apoios. Sentia que conhecia aqueles corredores cinza. Mas não tinha rumo. Não sabia onde estava indo. Foi apenas seguindo as placas que brilhavam no prédio escuro. Conforme ia se afastando da sala da qual saíra, a sirene diminuía seu som. E era isto que queria. Fugir do barulho, das luzes. Mas aquelas coisas... Elas o incomodavam. Tentava toca-las, mas quanto mais ele tentava, mais elas apareciam.

Cansado e dolorido, sentou-se no chão. As próprias mãos apertando seu rosto. Sentiu algo em seu rosto. Sua barba havia crescido. Começou a se perguntar: Qual a última coisa da qual se lembrava? Mas nada aparecia. A única coisa que ele conseguia ver eram aquelas malditas borboletas...

– Borboletas...? – perguntou-se ao entender o que acabara de pensar.

Tentou pegar uma, mas não conseguiu. Então, num movimento rápido do braço, agarrou uma com uma das mãos. Trouxe para perto de seus olhos e, ao abrir a mão, a surpresa: não havia nada. Repetira o mesmo movimento várias vezes. Ajoelhara-se para alcançá-las.

– O que são...? – gaguejava. – O que vocês são?!

Ele arfava em desespero. Seus olhos estavam injetados. Sentou-se num canto, assustado, desesperado. Sua boca estava seca. Suas mãos suavam. O pouco que vestia pinicava em sua pele. Coçava-se, as mãos trêmulas tentado puxar a roupa hospitalar. Assustou-se quando uma luz um pouco acima dele começou a piscar e uma sirene, muito parecida com aquele começou a tocar.

Levantou-se e saiu correndo. Foi abrindo portas, correndo para qualquer direção, sempre com esperança de encontrar a saída. Foi quando ouviu passos e vozes. Entrou no primeiro lugar que conseguiu e se trancou.

Estava em um banheiro. Foi espreitando até a janela. De frente para ele apenas uma parede. Mas aquela joça não abria mais que alguns centímetros e estava fraco demais para fazer força. Começou a andar pelo banheiro. Viu seu reflexo no espelho. Estava magro, pálido e com olheiras. Seus braços estavam cheios de marcas vermelhas. E, mesmo no reflexo do espelho, podia ver as borboletas. Viu, além do reflexo das borboletas no espelho, uma cadeira de auxílio. Sua mente raciocinou rápido e, sem prensar duas vezes, pegou o objeto e, sem fazer muito barulho, foi batendo com ele no vidro. Conforme ele ia trincando ele ia batendo mais e mais. Só parou quando pode empurrar os cacos com as mãos.

Levantou uma das pernas e a passou pela abertura. Sentiu os cacos que sobraram cortarem sua pele. Mas não hesitou. Abaixo dele nada mais, nada menos, que uma altura que o mataria caso se jogasse. À sua esquerda a escada de incêndio. Optou pela segunda opção.

Um tanto zonzo e aturdido, ele andou agarrado à parede. Um passo de cada vez, os pés mal se descolavam do solo que pisava. Por várias vezes assustava-se com uma ou outra borboleta que voava perto de seus olhos. Ao se aproximar da escada, esticou um dos braços e se jogou. Sentiu o sangue gelar. Seu coração batendo ainda mais rápido. Depois de alguns minutos de grande esforço, finalmente conseguiu subir. Mas ainda não estava a salvo. Era o que seus instintos diziam. Precisava sair dali.

Foi descendo as escadas, sempre com total cuidado para não cair. Foi descendo e descendo. Quando chegou ao chão, quase não conseguia respirar. A ansiedade e a fraqueza que sentia eram demais.

– O que eu faço...? O que eu faço agora? –perguntava-se.

Olhou ao redor e só viu paredes. Mas ali era mais úmido. O que fazer, afinal? Decidiu seguir para o canto com uma rachadura. Algo ali chamava sua atenção. No chão, uma abertura para o esgoto. Sem pensar muito, ele abriu de vez a tampa e se jogou no buraco. O fedor que preenchia o local aumentou sua dor de cabeça. Seu estomago embrulhou-se. Mesmo assim seguiu em frente.

Corria de pés descalços pela água fétida. Ratos enormes aparecendo de todos os lugares, insetos asquerosos e outros tipos de coisas. Não pensou para onde ir. Foi para o mais distante possível. Só parou quando sentiu que não agüentaria mais. Suas pernas tremiam. Sua barba pingava suor. Esfregou os olhos e viu, ao longe, uma escada. Não a vira antes. Tinha certeza.

Andou até ela e a subiu.

Receber uma rajada de vento fresco e limpo fez com que seu rosto esfriasse. Seu suor transformou-se em ardência e incômodo.

Subiu para a superfície de vez e andou alguns passos. Encostou-se numa coluna de concreto, e ali dormiu.

Não sabia dizer ao certo quanto dormira. Muito menos onde estava. Viu uma pessoa sentada a sua frente; fez menção de sair, mas sentiu seu corpo quente. Não queria mexê-lo. Olhou ao redor, o pânico ao lembrar-se da fuga começando a tomar conta de si.

– Não há ninguém procurando por você. Não aqui, pelo menos. Pode se acalmar.

Ele foi se afundando onde estava sentado. Mas não perdia o homem de vista.

– Você está fraco demais. Coma um pouco. – Ele estendeu uma pequena tigela a ele. Demorou a pega-la, mas sua fome era grande que não teve escolha.

Devorava o que tinha nela. Mal conseguia respirar, tamanha a voracidade.

– Do que fugia?

Ele levantou o olhar.

– Não sabe? Consegue falar, não é? Sei que consegue, pois falou enquanto dormia. Mas, se não quiser, não precisa responder. Cuidei de você porque não quero nenhum policial me perguntando o que um corpo fazia aqui. De novo. Aquela empresa farmacêutica sempre descarta corpos aqui...

Então, ele olhou para a direção de que viera.

– Eu sabia. Você veio de lá. Essa sua roupa hospitalar pode estar sem identificação, mas eu bem sei quando eles fazem algo esquisito.

– Eu não sei que lugar era aquele... Sei que algo me mandava sair dali. Apenas isso.

Ambos calaram-se. O homem levantou-se e mexeu em alguns pacotes que guardava. Em seguida, virou-se e jogou alguns trapos para o outro.

– Pode ficar. Não são as melhores que você pode vestir, mas são confortáveis. Seria meio estranho um homem crescido como você andando com a bunda de fora por aí.

Ele pegou as roupas e começou a se vestir. As peças ficaram um tanto largas, mas eram melhor que nada. Agora, apenas seus pés estavam descobertos.

– Experimente. Se servir, é seu.

E como uma luva! Ele calçou os sapatos e voltou a se sentar.

– Obrigado... – disse.

– De nada. Nada disso servia mais para mim. Me diga uma coisa: Qual é o seu nome?

Ele, então, parou de piscar. Não tinha a menor idéia de quem era. Tentou se lembrar, mas não conseguia. Sentiu que esquecera de algo importante, mas não conseguia lembrar-se do que era.

– Seja lá o que tenham feito com você, não foi nada bom, meu amigo... – disse o velho, olhando para o rosto assustado do outro.

A madrugada estava alta. O homem mais velho observava o estranho misterioso. Ele olhava para o nada, sem piscar. Não falava, apenas acompanhava algo com o olhar. Vez ou outra tentava pegar com as mãos algo, mas esse algo não estava lá, nem em nenhum lugar.

– Sabe ler? – perguntou o velho, causando-lhe susto.

– Ler, perguntei se sabe ler. Tenho algo aqui que talvez possa te trazer sono. Funciona para mim.

Ele mexeu na trouxa de panos e tirou de lá um livro. O título de “A Bíblia Sagrada”.

O fugitivo o pegou e começou a folhear. Ler... Era familiar ato de juntar letra por letra... Foi passando os dedos em cada palavra e tentando entendê-las.

– Pur-... Purgató-rio... Purgatório.

– Purgatório é o lugar para onde as almas vão depois que os corpos morrem.

– Isso existe?

– Se você acreditar que existe, existe.

E assim foi. Ele voltava a ler e tirava suas dúvidas, cada vez mais interessado e crente de seu destino. Caminhava com o velho, sempre atento a suas palavras. Mas sua curiosidade em si mesmo aumentava. Queria saber quem era. De onde viera. Por que não se lembrava?

Mas estas respostas viriam logo.

Junto de sua pesquisa espiritual, veio logo a coragem. Sua agressividade aumentara. Nem mesmo o velho senhor que o ajudara conseguia ser ouvido. Sua atenção estava totalmente voltada para seu renascimento.

– Quero te pedir uma coisa, meu bom – disse ele, olhando para o velho.

– Peça...

– Já não consigo me lembrar direito aonde me encontrou, por isso quero sua ajuda para voltar até lá.

– E qual o motivo?

– Se vim de algum lugar, se já fui alguém vivo alguém de lá deve me conhecer. Algo lá deve ter lembranças minhas. Quero tomá-las de volta. Mesmo estando assim, são minhas.

– Diga-me uma coisa: se você se conforma em estar morto, por que vai querer sua memória de volta? Quer ser um fantasma, vagando e revivendo as coisas, sozinho?

– Não um fantasma... Uma alma. E só sabendo que eu realmente sou, vou poder encontrar a Porta.

– Qual porta?

Mas o velho foi ignorado.

Eles andaram por dias. A volta parecia demorar muito mais para ele. “Mas, o que são alguns dias para quem tem uma eternidade?” afirmava para si mesmo.

O velho homem parecia cada vez mais calado, mais distante, fisicamente, dele. Como se o evitasse. Muitas vezes o perdia de vista. Mas, a única coisa que nunca perdia de vista eram as borboletas. Sempre o rodeando, sempre lhe fazendo companhia, para o bem e para o mal. Tão brilhantes e vivas.

Quando chegaram, o velho apenas apontou.

– Não vem comigo...? – perguntou. Mas ele sumira. Simplesmente desaparecera.

– Hei! Velho! Aonde foi?

Ele girava no mesmo lugar, olhando em todas as direções. Quanto mais procurava, mais daquelas borboletas apareciam, cegando-lhe totalmente o caminho. Estaria ficando louco, ou cego? O que acontecia, afinal?

Agora nada mais restava além de seu objetivo. A única pessoa que lhe fazia companhia o abandonara. Teria de ir sozinho para o lugar de onde fugiu.

Um passo de cada vez, tomando coragem, ele voltou. Seguiu por cima o caminho feito pelo esgoto. Por entre o brilho das borboletas ele via as pessoas. Nenhuma delas sabia quem era e nenhuma sentia sua falta. E, por pior que parecesse, ele mesmo não se incomodava com isso. Era como se já tivesse passado por tal coisa antes.

Aquela parte úmida que vira meses antes continuava ali. Agora, não só úmida como pingando água. Ele reconhecia bem aquele canto. Viu que aquela água desperdiçada escorria para o esgoto pelo qual fugira. Viu, também, a porta da qual saíra. Ia se aproximar, mas viu uma câmera. Como passar despercebido?

Voltou pela rua de onde viera e se sentou encostado à parede.

Para sua surpresa, alguém estava vindo. Fez menção de sair correndo, mas resolveu esperar.

Um homem, vestido com um macacão verde-musgo assoviava enquanto abria uma caixa de ferramentas. O que tinha a perder?

Esperou a câmera virar-se para outro lado e, num puxão rápido e preciso, ele trouxe o homem para mais perto, jogando-o no chão. Com a ferramenta que ele deixara cair, o atacou. De sua cabeça começou a escorreu sangue, que se misturou a água que escorria. Tirou as roupas que ele vestia, ao perceber que não se mexia mais, e as vestiu. Mas não teve a menor intenção de vesti-lo com as suas. Apenas abandou o corpo atrás dos sacos enormes de lixo. Andou até onde ele estava a princípio e fez-se passar por ele.

Fingia apertar algo no cano, mexer no registro e desligar a válvula. Mas estava mesmo era de olho na porta atrás dele. Quando um homem saiu, irritado e o xingando, teve a chance.

– O que diabos pensa que está fazendo! Você acabou de estourar uma das pias! Está que é só água lá dentro!

– Me mostre onde está esse novo vazamento. Não vou cobrar nada por ele!

– Acho bom! – disse ele, um tanto mais calmo. – Me acompanhe.

O homem ia logo a frente, seguido do outro. Passaram por algumas portas e, quando chegaram próximo a um corredor, ele o reconheceu. Mesmo com todos os corredores iguais, era esse que lhe dava arrepios.

– Ei! Aonde pensa que vai! – gritou, mas quando percebeu o perigo que corria, já era tarde demais. Foi atingido pela caixa de ferramentas, o que causou um estrondo enorme. Mesmo assim, ele não se conteve. Tomando cuidado para não ser percebido por nenhuma câmera, seguiu até o final do corredor. Todo o caminho feito em pânico agora se abria novamente para ele, que só sentia fúria.

Não tardou a chegar à sala da qual saíra. Abriu a porta de uma só vez. Mas não havia mais nada ali. Tudo estava diferente. Ela estava toda cinza e uma cortina na janela atrás de mesa com uma única cadeira era tudo o que havia naquela sala. Olhou o corredor para checar se era dali que saíra. Estava correto! Suas poucas lembranças estavam corretas! Mas, algo estava estranho, ali. Fechou a porta e voltou pelo mesmo caminho.

Algo no caminho chamou sua atenção. Uma escada. Ela estava quase escondida, mas, se não fosse por suas borboletas, tão companheiras, chamarem sua atenção num aglomerado logo ali, ele nunca teria visto.

Andou até o pé da escada e subiu.

Tudo naquele corredor era igual ao qual estava, menos uma coisa. Uma porta bem no final dele. Uma porta sem placa de identificação, apenas um aviso:

ACESSO RESTRITO

Ignorou a placa e forçou a entrada. Com cuidado ele entrou. Não havia ninguém lá. Apenas telas de teclados. E, num canto de uma das telas uma pasta com o título: “Arquivos Titan II”.

Por algum motivo, aquele nome “Titan” chamou sua atenção. A única dificuldade era acessar o tal arquivo. Não sabia o que usar como senha, e o medo de ser pego tentando acessar tal coisa era grande. O que fazer?

Então, quando pressionou um espaço para tentar uma senha, uma luz acendeu ao seu lado. Era fraca e vermelha, mas parecia atrair sua atenção. Era como se soubesse o que fazer, em todas as ocasiões, como se as lembranças de sua outra vida estivessem voltando à tona.

Com certo receio, colocou sua mão naquele espaço de luz e a luz fraca tornou-se forte. Um ruído leve saiu dele espaço, e, em seguida, a tela mudou. Estava com todos os arquivos abertos para ele. Olhou para trás, por segurança, e se sentou na cadeira ao seu lado.

– Gravações, Novos Soldados, Armas Biológicas, Mortos em Serviço...

Arregalou os olhos, como se algo o lembrasse do que tinha que fazer.

– Mortos em Serviço.

Abriu a pasta da mesma forma e começou a olhar foto por foto, cada um com seu obituário. Até que o que queria apareceu. Sua foto estava em um destes arquivos.

– Vincent Volaju, Morto Em Titan II.

Sentiu-se zonzo por um momento. As borboletas se tornaram um feixe só de luz. Sentiu sua pressão cair. Mesmo assim, continuou sua pesquisa. Desta vez, resolveu entrar em Armas Biológicas.

E lá estava sua foto, novamente. A data mais recente que sua morte. Os testes feitos, todos descritos. Minuciosamente. Algumas gravações perturbadoras e enfim a tal arma. As tais “nonamáquinas”.

Respirou fundo, fechou os olhos e rezou várias vezes até se caber em seu corpo novamente, todas as orações que aprendera nos últimos meses. Seu desespero era tão grande que nem mesmo seu medo de ser pego o trazia a razão. Mas, quem eram os culpados? Era o que se perguntava. Num ato de pavor, ao ouvir um barulho ecoando pelo corredor, copiou o máximo de informações que pôde e as roubou. Depois, seguindo as dicas do programa, apagou sua visita e saiu correndo. Desceu as escadas e saiu pela mesma porta, os olhos injetados e a pele pálida.

Agora, já sabia quem era, só faltava descobrir quem o mandara ao purgatório.

Meses mais tarde, Vincent andava em direção a um galpão. Suas roupas haviam mudado, assim como seu semblante, e não procurava mais o velho que andava com ele. Descobrira que ele não passava de imaginação sua. Estava sozinho, desde aquele dia. Desde sempre.

Olhou em volta, ninguém, exceto por um guarda que o viu. O homem, ainda jovem, foi em sua direção, mas não deu muitos passos. Cápsulas caíram no chão, totalmente vazias e um leve cheiro de pólvora dominou o ar mais próximo. O jovem soldado estava caído e em sangue. Sem remorso algum, passou por cima do corpo que jazia e continuou seu caminho. Arrombou a porta e entrou. Pegou o que queria e saiu.

Seguiu até o caminhão roubado e entrou nele. Antes de sair, checou se estava tudo pronto.

– A partir de hoje, todos deverão fazer suas preces e rezar por suas almas no purgatório.


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Notas finais do capítulo

Pois bem, aí está. Quase perdi tudo o que escrevi quando meu pen drive formatou outra noite, e ainda fiquei com medo de postar essa fic... Não costumo me arriscar em assuntos que ainda sou leiga. Espero que tenham gostado! Até a próxima!!



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