Ela chorava constantemente. Sua madrasta mandara se casar com um homem que ela não conhecia.

“Tudo pelo reino.”                   

Sua mente lembrava perfeitamente do tom de sua voz, e de suas palavras ásperas.

Encostada na parede, atrás de sua cama, respira fundo, tenta ficar calma. Nunca chorou assim, em toda sua miserável vida. Desde o dia em que seu pai morreu, ela já sabia seu trágico fim.

Secava as lágrimas que percorriam seu rosto, e abraçava seu corpo, temendo que aquele único minuto de silêncio, lembrasse do dia de sua perda mais preciosa: Sua mãe.

Ela levantou rapidamente, ao ouvir o barulho da porta se destrancando. Sua madrasta sempre a trancava no seu quarto, pois ela temia que sua ‘’filha’’ conhecesse o mundo, e se perdesse por causa das pessoas más. A menina levantou-se e suas mãos brancas como a neve ajeitaram seu vestido vermelho sangue, seria uma irresponsável se o deixasse amassar.

Saindo do quarto, a menina senta na cadeira forrada a ouro, e começa a fitar o porta-retrato, onde fica a foto de seu pai. Uma das únicas quatro pessoas que não teve culpa do que está acontecendo com ela. Pois todos que falavam que a amavam, estavam na mesa gigantesca de jantar, conversando com seu futuro marido. O qual só conheceria no casamento. Pensando assim, ela se retirou dali, e foi direto para a cozinha. Dona Marina era a melhor pessoa para conversar no momento. Ela acertou, pois ela começou a reconfortá-la, como sua mãe faria nesse momento.

- Não fique assim, pequena Branca. – Dizia a cozinheira abraçando-a, sempre desajeitada. Não sabia a Dona Marina, era por esse jeitinho que a pequena – que não era tão pequena assim - Branca gostava.

Desde seus 15 anos, Branca vem tentando fugir daquela casa. Mais não poderia deixar Dona Marina sozinha. A menina, que a cozinheira julgava pequena, abraçou-a fortemente; pois ela era seu porto seguro.

- Obrigada por tudo, mãe Marina. – Disse Branca, com sua voz doce e sorrindo.

Sim, apesar de tudo o que passou, ela ainda conseguia sorrir.