Getting closer escrita por LovelyFallenDreams


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Tive a ideia para essa one semana passada, quando estava relendo a Hospedeira (pela quarta vez :3). Sendo sincera, desde a primeira vez que li o livro fiquei incomodada com o jeito insensível e calculista que o Jared trata a Peg durante a maior parte da história. Estava pensando sobre como seria um Jared menos cabeça dura e que a tratasse mais do modo que ela merece, aí uma coisa levou à outra, e nasceu essa one shot.
Enfim, sem mais delongas, boa leitura e espero que goste =)



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– Peg – a voz de Jared me pegou de surpresa.
Era a primeira vez que ele falava conosco usando o meu nome.
– Eu nunca pensei que... – ele encarava um buraco na parede, nitidamente sem jeito – que você...
Ele parou. Eu nunca o tinha visto lutar com as palavras antes, e, por sua curiosidade desconfiada, parecia que Mel também não.

Jared respirou fundo e olhou para nós.

De repente fui atingida pelo fato que daquela vez, ao menosdaquela vez, era para mim que ele estava olhando. Eu, Peregrina, a alma habitando o corpo de sua preciosa Melanie. Ele nos olhava enxergando a mim, e não havia sombra de hostilidade ou indiferença em sua expressão.

– Jamie confia muito em você – ladrou ele de repente.

Eu pisquei, sem entender muito bem, então senti a mão dele cobrir a minha. Um pequeno sorriso curvou para cima o canto da sua boca.

– Desculpe, ando meio tenso ultimamente. O garoto já a ama, sabe? Jamie.

Ele a ama quase tanto quanto ama Mel. E Ian... Ian também. –elenão parecia muito feliz com isso.

Meu coração deu um salto no peito. Eu podia ouvir Mel resmungando no fundo da minha cabeça, mas dessa vez foi fácil ignorá-la. Uma garota podia ao menos sonhar, não é? O importante é que eu sabia bem, assim como ela, que aquele vislumbre possessivo nada tinha a ver com a possibilidade de Ian me amar. Era em Mel que ele pensava agora, a única de nós duas com quem ele realmente se importava.

Ele se importa com você, ela protestou, ainda que não soasse muito convincente.

Tudo bem. Não precisa mentir, Mel.

– A Mel não acha que ele goste dela desse jeito. - eu sorri para Jared, tentando não parecer magoada.

O rosto dele se tornou cauteloso, como sempre ficava quando ele não queria que soubéssemos o que estava pensando.

– Eu quis dizer você, Peg. O Ian ama você. – ele disse brandamente.

– Ah. – foi a melhor resposta que consegui formular.

Eu não estava entendendo muito bem qual era o ponto dele.

Jared abriu a boca, mas pareceu pensar melhor e fechou-a outra vez. Nós nos encaramos em silêncio por um minuto.

Havia alguma coisa diferente.

O clima entre nós estava leve, descontraído. A leveza se estendia aos olhos dele, suas maneiras, sua expressão. Fazia-o se parecer com o Jared das memórias de Mel.
– O modo como você tratou o Walter... – ele começou outra vez, ele entrelaçou os dedos nos meus sem nem parecer notar o que fazia – E como salvou Kyle mesmo quando ele tentou te matar...
Um protesto débil escapou de minha garganta e ele ergueu uma sobrancelha para mim.
– Chega de fingir, Peg. Todos sabemos que ele tentou matar você.
Eu estava ficando confusa. A expressão suave em seu rosto, o calor nos olhos verdes...

Aquele não era o Jared endurecido, hostil e taciturno com quem eu estava acostumada, o pós-perda de Melanie. Naquele momento ele se parecia muito mais com o homem despreocupado e amigável das lembranças dela.
– Qualquer um teria feito o que eu fiz por Walter – me ouvi dizendo – Ele era... provavelmente o humano mais gentil que conheci, tirando o Doc.
Minha voz tremeu, um bolo quente obstruindo minha garganta. Eu não consegui continuar. Podia sentir o olhar intrigado de Jared em mim quando inclinei a cabeça para baixo e deixei uma parede de cabelos dourados se formar entre nós dois, para que ele não visse meu rosto. Eu o amava, mas não gostava nada quando ele resolvia me fazer de experimento.
– Quanto a Kyle... ele é um de vocês – obriguei-me a continuar – Não merece ser punido por tentar matar uma alienígena.
Dei um pequeno pulo, surpresa ao sentir o braço de Jared ao meu redor. Ele afagou meu ombro brandamente.
– Você também é uma de nós. – disse baixinho – Peg, eu não vou mentir. Ainda quero a minha Mel de volta. Nunca vou deixar de querer.
Ela ficou exultante ao ouvir aquilo.

Eu... deixei meus ombros caírem e tentei ignorar os pedaços latejantes do nosso coração.
Ei, Mel reclamou,isso dói.
Desculpe.
– Mas você também conquistou o seu lugar entre nós – ele prosseguiu – Já provou que é mais humana do que alguns por aqui. Você é tão altruísta que chega a ser alarmante. Ian tem toda a razão, você nunca pensa em si mesma. Precisamos te ensinar um pouco do egocentrismo humano.

– Eu penso em mim. – minha resposta automática foi rápida demais para parecer verdadeira.
Ele riu.
– Precisei ouvir os discursos inflamados do Ian vezes demais – disse ele – Mas finalmente consegui ver o quanto vocênãopensa. Nunca se coloca acima de ninguém, para começar.
Baixei os olhos para meus pés e abracei os joelhos.
– Como poderia fazer isso, Jared? – as palavras saíram em um sussurro, contra minha vontade – Eunãosou uma de vocês. Quero te devolver sua Melanie. Quero devolver o corpo dela, mas não sei como. Tem ideia de como isso é frustrante? Ver aqueles que eu amo decepcionados porque eu existo.
Lágrimas de frustração queimaram meus olhos, mas eu me recusei a deixá-las cair. Outra coisa boa em minha hospedeira: Melanie era uma garota durona. É preciso muito para fazê-la chorar. Aquelas lágrimas chegavam a ser estranhas, levando em conta tudo que suportei sem derramar nenhuma.
Eu não estou decepcionada porque você existe, Mel declarou,Apesar de tudo gosto muito de você, Peg.
Obrigada, Mel...
– Ian não está decepcionado porque você existe – surpreendendo-me outra vez, Jared puxou meu queixo com delicadeza e secou muito suavemente minhas lágrimas – Nem Jamie, nem Jeb, nem Doc, nem metade das outras pessoas por aqui... e aposto que Mel também não.
Ele está certo, apoiou Melanie.
Mas meu coração ainda sangrava. E as lágrimas começaram a cair, deixando-me mortificada, porque eu sabia queJarednão queria que eu existisse. Eu era apenas um empecilho entre ele e sua Mel. Jamie provavelmente só me amava porque eu estava no corpo de Melanie, ele nunca soube nos separar como devia...

Jamie sabe nos separar. Ele também ama você, Peg!Todos nós amamos. Ele, eu, Ian, Doc... Jared tem razão, você conquistou seu espaço aqui.

... e o mesmo podia ser dito de Jeb. Doc era uma criatura tão bondosa que era difícil imaginá-lo não gostando de alguém. E Ian...
– Ian – o nome dele saiu dos meus lábios em um suspiro involuntário.
Notei a sombra que passou pelos olhos de Jared. Pelo silêncio súbito de Melanie, cujos argumentos eu me esforçava para ignorar, não parece ter sido imaginação minha.

Ela também percebeu.
– Você o ama? – ele perguntou de repente.
– O quê?
– Ian. Você ama o Ian?
– Claro que sim.
– Acho que você não entendeu...
Não, Peg, disse Mel,ele quis dizer se você ama o Ian como nós amamos ele.
Ela me mostrou rápidos flashes de suas lembranças com Jared, seu sorriso, os dois de mãos dadas, a sensação de estar em seus braços, como voltar para casa, a ternura e a confiança que ele despertava nela. O modo como seu toque a queimava, como eles eram quase um só.

Suspirei.

Podia sentir o braço de Jared ao meu redor me queimando exatamente daquele jeito. Quando eu pensava em Ian... Ele também tocava meu coração. Eu também me sentia segura com ele, confiava nele cegamente. Também havia aquela sensação quente e terna.

Mas tudo era diferente.

Enquanto com Jared era como gasolina e fogo, com Ian era mais sutil, como a lava presa em uma rocha. Também me aquecia, porém mais profunda e lentamente.

Ian tocava apenas a mim, a alma Peregrina.
– Sim, Jared – eu falei devagar e com firmeza, dando-me conta de como aquelas palavras eram verdadeiras – Eu amo o Ian. Com toda a minha alma.
No meu caso, aquela era uma grande distinção. Corpo e alma, duas coisas muito diferentes.
Pensei tê-lo visto enrijecer, o estranho brilho voltando aos seus olhos por uma fração de segundo antes da expressão neutra me deixar em dúvida.
Ele estava... com...ciúme? Demim?
É o que parece, Mel resmungou mal-humorada.
– Mel o ama também? – Jared perguntou, nos distraindo.
– Só eu – me forcei a tranquilizá-lo o mais rápido que pude – Ela não gosta nem um pouco dele, para ser sincera, fica enchendo nossa cabeça com ideias bastante agressivas quando ele nos toca ou mesmo chega perto – não consegui conter uma careta.

Ele parecia mais aliviado, assim como Mel. Só que ainda havia cautela em sua postura, quase como se ele escondesse algo de nós. Eu gostaria de acreditar que ao menos uma pequena centelha de seu ciúme era por mim. Gostaria que ele desejasse ouvir que eu o amava também.
E mesmo sabendo a verdade, tendo plena consciência de que me iludia deliberadamente, o desconforto de Melanie só tornou mais fácil para mim me afundar em minha doce ilusão.
– Bom, o que eu realmente queria dizer, é que... – Jared pigarreou – Não estou nem um pouco decepcionado por você existir, Peg. Eu gosto de você. Confio em você. De verdade.
Ele apertou minha mão significativamente. Senti um sorriso tímido se abrir em meu rosto.
– Obrigada, Jared.
– Amigos? – ele retribuiu o sorriso.
Aquela palavra não parecia ser o bastante para mim. Mas resolvi concordar, verdadeiramente tocada pela sinceridade dele.
– Amigos.
Então os braços dele envolverem meu corpo e ele me puxou para mais perto. Eu retribuí seu abraço, quase que por instinto, deixando meu corpo se moldar ao dele enquanto descansava o rosto em seu peito.
A sensação foi diferente de todas as outras vezes em que ele me tocou.
Claro, a vontade de que ele me beijasse até que eu esquecesse meu próprio nome ainda estava ali, o calor emanando de suas mãos e de cada parte nossa que se tocava para todo o meu sangue, tão intenso e profundo que penetrava os meus ossos. Antes de pertencer a mim ou a Melanie, aquele corpo pertencia aele.

Só que havia algo mais naquele contato. Não apenas o desejo desesperado como nas outras outras vezes.
Dessa vez, havia também um calor confortável, amigável e terno.

Jared falava sério. A partir de agora, ele seria meu amigo.

A pessoa mais importante, a que eu mais amava, depois de Jamie, se importava comigo também. Não apenas com Mel ou seu corpo, mas comigo.
Ele beijou minha testa e eu fechei os olhos, sem saber nomear aquele sentimento novo e muito cálido.


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Notas finais do capítulo

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