Rosa:

–Qual o problema princesinha? Não se acustumou comigo ainda? Ah qual é, já estou aqui há meses - Disse a imagem do reflexo com as mãos sobre a mesa.

–Para começar não me chame de princesinha, e eu nunca me vou acustumar com o fato de que estou ficando tão louca a ponto de ver meu proprio reflexo em outra forma e falar com ele – Eu disse também colocando as mãos sobre a mesa.

–Ah não se esqueça, você discute com ele – Disse a imagem sorrindo para mim e se sentando sobre a mesa.

–Exatamente, isso só prova o quanto estou ficando louca a ponto de discutir comigo mesma – Eu disse tentando me concentrar em outra coisa.

–Não, você esta discutindo com a sua parte legal, a parte corajosa que te faria feliz, mas você houve? Não! Você se mantem princesinha – Ela disse sorrindo e pegando um celular.

–Eu sou decente e correta, você não pensa nos seus atos, você só quer ser feliz! Eu matei aula para ficar com um garoto por sua culpa! E tenho sorte que meus pais não descobriram isso ainda! –Respondi.

–Admita, você gostou, foi o melhor momento da sua vida nesses 17 anos cheios de regrinhas e mimimis que você vive – Ela disse parecendo gostar de me provocar.

–Foi errado! E além do mais... Ele nem liga para mim, eu sou só mais uma, ele age assim com todas as amigas dele, eu disse me virando de costas para o espelho, cruzando minhas pernas em X e de cabeça abaixada como sempre fazia ao ficar mal com algo.

–Bem, eu não tenho culpa por você se apaixonar por ele! –Disse a imagem.

–Não tem culpa? Não tem culpa? Eu estava bem, eu estava apenas tendo uma quedinha por ele! Ai depois do que rolou eu me apaixonei, tiro e queda - Eu disse me virando para o espelho, porém ela já não estava mais lá.

– Não tenho você devia começar a aprender a separar as coisas – Disse ela.

Eu entrei em panico, ela estava lá, em carne e osso, ela estava fora do espelho, ela estava andando e mechendo nas minhas coisas, usava uma sandalia de salto preta, a meia calça dela era preta combinando com o vestido que tinha um cinto escrito “Guns n’ Roses” em dourado, porém a mantinha super feminina e fofa, ela era muito mais natural que eu, mesmo com maquiagem escura, e parecia mais viva, mais alegre que eu, com certeza tudo o que eu seria se tivesse coragem.

–Você... Esta fora do espelho... Isso nunca aconteceu... Eu estou muito mais louca do que pensava... – Eu disse com a voz tremula.

–Querida entenda, eu estou fora do espelho a muito mais tempo do que você imagina, eu sempre estive com você, e você sabe disso, você sempre ouvia minha voz quando estava com medo, triste, ou irritada lembra? – Perguntou ela olhando para mim.

Era verdade, ela sempre esteve dentro de mim, ela era minha parte mais obscura, a mais gritante, a que era mais tentadora, mas eu sempre me matinha sa, e pensadora, eu sempre usava minha sabedoria contra ela.

– Então porque resolveu sair agora? – Perguntei olhando para ela.

– Porque finalmente algo que preste esta para acontecer na sua vida a partir do momento em que você completar 18 tudo vai virar de cabeça para baixo. Você vai sofrer demais, mas é nescessario - Disse ela com os olhos brilhando.

–Como pode saber? Você é uma parte de mim certo? Então seja lá o que você saiba eu deveria saber também não? –Perguntei na tentativa de arrancar respostas.

–Ah... Não e esta na minha hora – Ela disse sumindo.

Ouvi uma batida e depois vi meu pai com o terno e a maleta dele entrando no meu quarto, meu pai conseguia ser mais branco que eu, porém tinha cabelos pretos bem escuros e olhos verdes.

–Filha sua mãe pediu para eu avisar que nos dois teremos que fazer uma viajem de ultima hora e não poderemos levar você, e eu sei que isso te chateia, por isso vim pedir desculpas, e te dar esse dinheiro para você comprar algumas coisinhas baratas que com isso não da para comprar muito coisa, mas ainda assim é um pedido de perdão – Disse ele colocando o envelope na minha cama.

–Tudo bem pai, pelo menos você se importa comigo – Eu disse sorrindo e o abracei.

– Bem estou indo, antes que ela dê um ataque daqueles, até daqui a uma semana filha – Disse ele dando um beijo na minha testa e indo embora.

Peguei o envelope e lá tinham Cinco mil dolares, para ele isso é coisa de pobre, porém para mim que era rica, mas com jeito de pobre dava uma festa e tanto.

Guardei o dinheiro na minha gaveta e peguei meu celular modificado e liguei para a Bianca e disse:

– Bia? Que tal sair comigo para algumas compras e balada amanha?

– Perfeito, só me diga quando, porém terei que voltar edo da balada, você sabe como são meus pais – Ela disse.

– Esta tudo bem só quero compainha mesmo – Eu disse – Que tal as 13h00min no Plaza? – Perguntei.

–Perfeito! Mas você paga! –Ela disse rindo.

– Por mim perfeito, agora vou desligar viu, beijos até amanha- Eu disse.

–Até – Ela disse desligando.

Coloquei meu celular na comoda e me deite na minha cama, e de repente a cena mudou, havia varios homens de farda correndo na direção do meu pai que estava muito diferente, mas eu conseguia reconhece-lo pelos olhos verdes escuros, ele levava algo nos braços até que caiu e o que estava em sua mão caiu e começou a chorar era uma bebezinha linda, cabelo pretinho bem escuro, porém com olhos de cores diferentes e brilhantes, ele a colocou em algo que parecia um porão e correu.

Acordei com a luz do sol batendo na minha cara, e com tudo bagunçado como sempre, mas como sempre a unica coisa na qual podia pensar era porque eu tinha esses sonhos tão estranhos e confusos? E porque eles estavam se tornando mais frenquetes?