Segredos de um passado obscuro escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 9
Monstros


Notas iniciais do capítulo

Tá aí um capítulo maior e com mais ação como prometido. Vou adicionar o Tony a história como foi pedido, e se alguém mais tiver alguma sugestão de personagens, pode dizer! Espero que gostem.



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– Natasha, espere! - Steve me alcança e me força a fitá-lo. - Nós só estávamos...
– Não precisa explicar. Eu estava ouvindo.
– Não fique brava.
– Não ficar brava?! Como espera que eu não fique brava?! Descobri que eu trabalhava para HIDRA há pouco tempo, agora descubro que Nick sabe mais do meu passado do que eu mesma, e não teve a coragem de me contar!
– Natasha! - Nick nos alcança e tenta falar comigo, ofegantes. - Eu sei que devia ter lhe contado, mas eu não podia...
– E por que não?! Por que não seu...
– Natasha! - Steve impede que eu fale algo mal educado. É tão impressionante como ele sempre mantém a compostura e nunca deixa escapulir um desaforo. Talvez Nick esteja certo. Talvez ele não seja o homem certo para mim.
– Porque eu iria contra o próprio Wolverine!
Não entendo nada do que ele está falando. Qual é a minha conexão com o Wolverine?!
– Explique, Nick! Eu não sei do que você está falando, droga!
– Fique calma. Sente-se, eu direi algumas coisas.
Eu tento me acalmar e me sento no sofá mofado do salão. Steve senta-se a uma distância razoável de mim, como se temesse que eu fosse atacá-lo. Tento ignorar isso.
– Quando você foi adotada pelo Romanoff, ele a convenceu que você era filha dele. Conseguiu amenizar os efeitos de Viúva Negra em você, e colocou você para treinar em sua própria escola de treinamento. Foi quando você aprendeu algumas técinicas tradicionais de espionagem: estratégia de roubo, autodefesa, manuseio de laminas, troca de informações... E onde conheceu Logan.
– O Wolverine.
– Foi com ele que você aprendeu combate corpo-a-corpo, rastreio, vale tudo e artes marciais. Não era mais que uma adolescente, mas ficou amiga dele. O problema é que você não sabia que ele estava ali em missão, e matou Taras Romanoff. - matou o homem que eu considerava pai. - E você não tinha para onde ir. Foi encontrada vagando pelas terras selvagens da Sibéria, pelo próprio Ivan Petrovic. Ele foi mortalmente ferido em uma missão, você estava com ele. Aceitou a proposta de... Alguém... de reafirmar sua lealdade ao governo soviético, assim caiu nas garras de um cientista soviético e manipulador do programa Viúva Negra. Como você já era uma, apenas sofreu uma lavagem cerebral. Ivan recebeu o presente de uma longa vida.
– Ele está morto? - pergunto. Quero conhecê-lo, quero me lembrar... E odeio a maneira como Nick diz "alguém" e não diz um nome.
– Ninguém sabe.
– É só isso? Que tal me contar quem é o tal alguém que salvou meu... - eu não iria dizer "meu pai". - Que salvou o Ivan.
– Acho que eu não deveria fazer isso.
– Pois eu acho que deveria.
– Natasha, esqueça isso. Você não pode viver do passado. Nick tem que ir, e nós temos uma missão para resolver. - Steve diz. Eu o encaro, incrédula. Ele quer mesmo que eu deixe pra lá?!
– Steve está certo. Vocês podem começar hoje. Já adiantei o possível endereço da sede. A agente Hill os acompanhará.
Eu penso em discutir, mas tenho um plano melhor. Eu mesma descobrirei tudo, não que eu queira viver do passado, mas eu só quero entender quem eu sou realmente.
Eu e Steve vamos para o quarto sem uma única palavra. Visto meu uniforme bem rápido e nós saímos do hotel. Sam fica.
Pegamos uma carona com a agente Hill, e chegamos a um edifício pequeno e abandonado, com luzes baças e sombrias. Eu sou a primeira a descer do carro, e já entro em ação quando um dos guardas me nota, e sou obrigada a nocauteá-lo com um chute no rosto. Seu colega tenta ajudar e vem por trás de mim, eu estico meu braço e dou-lhe um golpe quase fatal no pescoço.
Enquanto mais guardas avançam, eu utilizo as pulseiras ferrão no meu pulso e atiro um fio com gancho no telhado, tomo impulso e subo. Só quando chego lá em cima percebo o quanto minha barriga dói. Não consigo ver, mas espero que não tenha soltado os pontos.
Ignoro minha dor e examino o telhado a procura de alguma entrada. Encontro uma e destruo o cadeado. Olho para baixo antes de descer: é um corredor estreito e iluminado, aparentemente vazio, exceto pelos dois guardas mais à frente. Chamo atenção de um deles com um assobio, e quando ele vem, pulo direto em cima dele. O outro, assustado, aponta sua arma para mim, mas eu sou mais rápida e o derrubo com uma descarga elétrica.
Na minha frente há uma porta de metal, e eu a abro com cuidado. Imediatamente um alarme é disparado e eu me escondo precariamente atrás da parede. Pego minha arma, e assim que os guardas começam a passar por mim, eu disparo. Eles revidam, e eu entro na sala para me proteger. O ambiente é exatamente como aquele que eu fui torturada, e sinto uma sensação horrível tomar conta de mim. Vejo apenas crianças ali, nenhum adulto. Algumas estão encolhidas, outras choram.
Eu me abaixo no exato momento em que uma bala vem na minha direção. Atiro no guarda, e dou uma rasteira no mais próximo, me levantando com uma ponte e desfiro um soco na mandíbula de outro. O que tenta me socar tem o punho interceptado e quebrado. O mais esperto aponta uma arma de fogo para mim. Eu finjo que desisto. Levanto as mãos em sinal de rendição.
– Você não é a Natasha Romanoff? A Viúva Negra? - não me surpreende ele saber meu nome. Antes que ele possa puxao o gatilho, eu solto outra descarga elétrica da pulseira que o alcança.
Vejo de relance enquanto salto por cima de uma maca e acerto outro guarda com meu corpo que Steve e Hill já estão em cena. Estou pronta para atacar um dos últimos guardas, mas ele é rápido e entra em uma das "cabines de tortura", onde uma garotinha de menos de sete anos está encolhida na maca. Ele coloca uma faca em seu pescoço e olha para mim.
Se eu atirar nele, a chance de eu acertá-la é bem grande, e se eu fizer o truque da eletricidade, ela também será atingida.
– Tudo bem, deixe a criança.
– Renda-se.
Meu cérebro funciona a mil por hora para bolar um plano. Os olhares apavorados da garotinha só me fazem retornar aos dias que passei no laboratório. Por algum motivo, eu não consigo simplesmente deixá-la morrer como efeito colateral.
Percebo que o homem está embaixo do bastão de uma cortina, e se eu pudesse derrubá-lo, poderia pegar a garota antes que ela se ferisse. Eu já estou com a arma na mão, e ele sabe que não atirarei nele, mas leva um susto quando o barulho da arma indica que eu o fiz. Quando percebe que não foi baleado, o bastão já acertou sua cabeça, e ele cai inconsciente. A menina pula da maca e me abraça. É estranho para mim. Não costumo ser abraçada, ainda mais por crianças, que quase não alcançam minha cintura. Mas é uma sensação boa, eu a pego nos braços e coloco com outra garota que está se escondendo.
– Fique aqui, está bem?
– Onde você vai? Não me deixe! - os olhinhos apavorados dela só me fazem sentir pior.
– Vou voltar, prometo. Fique escondida, vocês duas.
Antes que ela possa protestar eu saio, e ouço a voz de Steve no meu transmissor de rádio:
– Saia da sala e encontre o laboratório químico. Destrua-o. Lá estão as substâncias responsáveis pela mutação das crianças.
– Espere um pouco, essas crianças estão danificadas?!
Antes que eu possa ouvir a resposta sinto uma forte pancada na parte baixa do abdome, e sinto os pontos se rompendo e o sangue escorrendo. Mordo os lábios para evitar um grito. Mas cambaleio para trás com as mãos em volta da cintura. Procuro meu atacante, mas só vejo a mesma criança que salvei, só que sem os olhos amedrontados, mas sim olhos raivosos.
– O que está fazendo? Eu mandei ficar escondida!
Ela não me responde, mas faz um barulho parecido com um rosnado, e de seus dedinhos saem garras enormes, que ela não pensa duas vezes antes de mirar na minha cabeça. Eu me esquivo por centímetros, e quando viro um pouco os olhos, vejo as garras tortas cravadas na parede.
– Não... O que fizeram com você?!
As outras garras se enterram na minha coxa, e eu grito. Com a perna livre eu chuto a criança para longe. Não posso acreditar que transformaram essas crianças em monstros. Monstros descontrolados. O experimento falhou, e esse foi o efeito colateral. Mas o que será que eles realmente pretendiam com criancinhas?!
Evito perder tempo e manco até a sala de laboratório que Steve estava falando. Na porta, há um aparelho que exige uma senha. Eu uso meus conhecimentos de espiã para decodificar o programa e depois de alguns minutos consigo abrir a porta. O laboratório é pequeno e claustrofóbico, cheio de prateleiras lotadas com diferentes substâncias.
Antes que eu possa pensar numa maneira de destruir tudo, sinto um braço ao redor do meu pescoço, me enforcando. Tento retirá-lo, mas está muito firme, então mexo minhas pernas, que são logo bloqueadas também, porque o meu atacante está me enrolando com sua própria perna, um truque bom e quase infalível para enforcamentos. Aproveito que ele está de pé apenas por uma perna e me contorço, quando percebo que ele perdeu o equilíbrio eu abaixo minhas costas e rolo seu corpo por cima delas, e ele cai na minha frente. Não é um segurança e me é vagamente familiar, de quando fui capturada.
– Você! - eu grito.
– Natasha! O que está fazendo?! - Steve chega na hora.
– Seu monstro! Você destruiu a vida de criancinhas! Como fez comigo, não foi?!
Ele me mostra um sorriso sádico em resposta.
– Ah, Natasha... Pela experiência que tive com você sei que nenhum dano é irreversível, por melhor que fosse o soro que apliquei em você, depois que se juntou ao Gavião Arqueiro você mudou. Mas se você transforma alguém cuja mente ainda não foi formada, e mantém essa pessoa presa, colocando na cabeça dela aquilo que você quer, aí sim é infalível.
– Seu velho nojento, asqueroso...! - eu dou-lhe um tapa no rosto.
– Você não tem ideia do que está prestes a acontecer. Por tudo aquilo que você lutou tanto, tudo aquilo que sofreu, foi em vão.
Antes que eu possa questioná-lo sobre isso, a agente Hill perde a paciência e tira-o da sala. Steve continua me encarando, e então percebe o corte na minha coxa, que eu mal sinto.
– Natasha! O que houve?! - ele me envolve com os braços no momento em que aquela perna cede e eu quase caio no chão.
– Crianças com garras, você sabe... - me impressiono com o quanto minha voz está fraca. Só tenho vontade de me deitar no ombro de Steve e deixar que ele me tire desse pesadelo. - O que vai acontecer com elas?
– A agente Hill disse que as levará para uma base que estão construindo, vão tentar reverter os danos. Aposto que vão conseguir. Como fizeram com você.
Pegamos uma carona com a agente Hill de volta ao hotel que deixamos Sam, apenas por essa noite, porque logo de manhã pegaremos um avião para Nova York, rever Tony Stark. Nick tem uma missão para nós, e tenho certeza que envolve a de hoje. Minha perna é devidamente enfaixada.
Não consigo esquecer as palavras do velho, elas ficam retumbando na minha cabeça, como um CD no replay. Mas quando Steve pergunta se estou bem, eu minto e digo que sim. Afinal, ele não quer realmente saber.
– Acho que isso foi uma distração. - comenta Hill ao entrarmos no carro. - E ainda há uma surpresa.
– Foi o que pensei. Foi fácil demais. - retruco.
– Acha que o que o cientista disse tem algo a ver? Acha que estamos sendo enganados outra vez?!
– Não acho que seja sobre nós.
– Acha que é sobre você. - Steve completa, e parece sarcástico.
Eu não respondo. Realmente acho, afinal, ele citou o meu nome, não o deles.
– Agente Hill, pode me entregar os relatórios do homem? Quero saber mais sobre ele.
– Claro, agente Romanoff.
Nos despedimos dela e entramos no hotel. O silêncio entre nós chega a ser doloroso. Até que enfim Steve diz:
– Sei que as coisas estão meio estranhas entre a gente desde que...
– Que nos beijamos.
– Outra vez. - ele acrescenta, com um sorriso. Seu sorriso me faz sorrir também. Quando ele abre a boca para continuar, ouvimos um estrondo vindo diretamente do nosso quarto.
Nós nos entreolhamos e corremos até lá. Ao abrir a porta damos de cara com um quarto revirado, com roupas e lençóis espalhados, vidro quebrado, e Sam estirado no chão com um olho roxo.
– Sam! - Steve tenta ajudar o amigo, e eu fico paralisada na porta. No espelho praticamente todo quebrado há algo escrito em vermelho " Acorde Capitão, ela não é o que você pensa!"
Eu fico horrorizada e penso nas possíveis pessoas que escreveriam aquilo. Pessoas que sabem sobre mim. A resposta está logo atrás de mim, quando ouvimos alguém dizer:
– Então Natasha, sentiu minha falta?


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Deixei um mistério para o final, vocês podem ir tentando adivinhar quem é hahaha. Algumas informações eu tirei da internet e adaptei. Comentem o que acharam!