Segredos de um passado obscuro escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 14
Cacos de um coração estilhaçado


Notas iniciais do capítulo

O capítulo anterior satisfez todos os fãs de Stasha, mas esse aqui provavelmente não vai. Antes das reclamações, pensem assim: se eles nunca brigarem e se nada acontecer a fic fica chata e sem história. Então, pra isso não acontecer, vão ter que acontecer alguns conflitos e tudo mais.



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Eu não aguento nem mais uma piadinha ofensiva e constragedora de Stark. Passo a maior parte do tempo me perguntando qual será a missão e quando vou poder sair do ambiente desconfortável chamado mansão Stark.
Eu e Steve mal conversamos desde o ocorrido, porque toda vez que ficamos sozinhos, já somos motivo de zoação. Neste momento estou treinando na sala onde vi Tony pessoalmente pela primeira vez. Minhas mãos já estão doloridas de tanto acertar os sacos, mas não ligo.
Derrubo o terceiro. Estou dando um prejuízo e tanto para Tony. Como se ele fosse ligar para umas cem pratas. Pepper entra na sala com uma bandeja, e se senta com um sorriso.
— Quer comer?
— Não, obrigada. — estou sim morta de fome, mas fico envergonhada só de olhar para ela.
— Qual é! Venha cá.
Eu acabo indo, secando o suor numa toalha antes de me sentar.
— Então, vocês estão mesmo namorando?
— Eu... Não sei. Acho que sim.
— Ele é um homem muito gentil, vocês formam um belo casal.
— Por que eu sou gentil? — ironizo.
— Porque você não é.
A resposta atinge-me como uma pancada. Bem, eu sei que não, mas por que isso é bom?
— Ele pode ensinar a você as coisas boas que a vida ainda tem.
Eu insinuo uma resposta, mas somos interrompidas quando a porta é escancarada. É Coulson. Ele não parece muito feliz.
— Natasha Romanoff, venha comigo, agora!
Pepper me lança um olhar de pena, como se soubesse que isso estava para acontecer. Eu me lembro de explodir uma base da S.H.I.E.L.D e estremeço ao pensar nas consequências.
Sigo Coulson até uma sala mais reservada, e ele se vira para mim furioso.
— Dez segundos para uma explicação decente ou você vai para " a geladeira".
Meu sangue gela. Eu abro a boca umas três vezes, mas nenhuma palavra se forma.
— Eu não estava no controle...
— É isso? Essa é sua explicação fantástica?! Já vi você como assassina sanguinária e sei que foi difícil superar, mas você não pode ter recaídas. Não somos adolescentes falando sobre crises de depressão! Você matou meus agentes e destruiu uma base de extrema importância! - ele berrava, eu queria chorar, mas não iria fazer isso. — Se quiser manter seu serviço na S.H.I.E.L.D você não tem que ser boa, Romanoff, tem que ser perfeita!
— Eu sei, Coulson, mas me dê mais uma chance...
— Pra você arruinar tudo novamente?!
Eu respiro fundo, sentindo minha garganta se fechar com o choro.
— O que está dizendo?
— Que vou suspender seus serviços por um tempo.
— O quê?! Não! Não pode fazer isso!
— Posso sim, eu sou o diretor. — agora sim estou chorando. Meu trabalho na S.H.I.E.L.D é a coisa mais importante para mim! Bem, talvez depois de Steve.
— Coulson, por favor! — eu soluço. — Eu passei por torturas terríveis, mas eu não sucumbi, não é? Eu me esforcei para voltar!
— Ainda tem um dispositivo na sua cabeça, e sua personalidade é instável. Não saberíamos dizer se você está aqui porque quer ou por interesse, porque você é a "rainha da mentira", então vou mandá-la para uma clínica de recuperação da S.H.I.E.L.D, para que coloquem você no devido lugar.
— E quanto tempo isso vai durar?
— Eu não sei, depende de você, mas no mínimo seis meses.
— Seis meses?! Não faça isso comigo, Coulson, por favor!
— Sinto muito, Natasha. Queria que isso não fosse necessário.
Ele segura meu ombro por alguns segundos, e depois sai. Eu me sento no chão e cubro o rosto com as mãos. Ele não pode estar falando sério. Eu capturei o Soldado, não foi prova suficiente?! E eu quase fiz sexo com o Steve, isso signifca que eu gosto dele!
É justamente ele quem abre a porta. Eu o mando sair, não quero que ele me veja em prantos. Mas ele entra, fecha a porta atrás de si e senta-se do meu lado. Gentilmente, ele seca as lágrimas do meu rosto e beija minha testa.
— Vai ficar tudo bem, Natasha, quando chegar lá eles vão ver que você está ótima e mandarão você de volta.
— Você não entende! Esse trabalho foi tudo que eu tive por anos! É muito importante para mim, Steve!
— Eu sei. Eu sei. — ele afagou meus cabelos e eu me deitei em seu ombro. Ele iria me deixar ir. Nem tentaria impedir.
— Não deixe isso acontecer! Diga-os que estou bem! Por favor.
— Eu não posso. Não posso afirmar isso, Natasha.
— Mas... — eu fico sem palavras. Ele não confia em mim, depois de tudo que aconteceu. — mas você não hesitou quando estava comigo ontem, não é? Você não é diferente dos outros. Só queria dormir comigo.
— Claro que não. Natasha, preste atenção no que está falando. É idiotice.
— Não! Idiotice foi eu ter acreditado em você. Foi eu ter... Amado você. — eu digo a última parte como se estivesse preso no meu peito há muito tempo.
— Não fale assim, eu gosto muito de você. Quero o seu bem, por isso tenho que deixá-la ir.
Gosto. Não amo. Eu sinto um nó na garganta e tenho vontade gritar. Tenho vontade gritar, espernear, bater nele, pedir que ele tenha alguma reação que mostre que realmente se importa comigo. Mas ele não tem.
Eu me levanto e passo correndo pela porta, depois me tranco na suíte e penso no que fazer. Espero que Steve venha atrás de mim, mas ele não vem. De repente, aquela dor na cabeça volta. Inicialmente é como um zumbido, depois passa a ser como pontadas que vem e vão. Mas logo é algo incessante.
Eu mordo a almofada para não gritar. Eles não podem saber disso. Porque irão julgar. Dirão que eu estou louca e minhas chances de não ir para a cliníca serão de zero por cento.
Parece que todos os sons do mundo tentam passar pelos meus ouvidos, e o quarto começa a girar. As colchas antes tão brancas estão tingidas de vermelho vivo. Estou sangrando?
Só sei que cai porque consigo escutar o estrondo, mas não sinto nada.
Pov Steve
Os médicos socorreram Natasha logo depois que ela desmaiou no quarto. Ela estava empapada de sangue, e se contorcia no chão. Foi horrível ter que vê-la daquele jeito. Eu queria ter dito que a amava, mas não podia fazer isso quando iria ficar seis meses sem vê-la.
E havia parte de mim que acreditava que ela só tentara transar comigo porque alguém a ordenou, ou porque me queria na palma da mão. Me sinto culpado por pensar tão mal assim dela.
Bucky estava passando por um processo de recuperação, e era graças a ela que isso tinha acontecido. Eu não sabia o que faria com ela tão longe.
Quando ela finalmente acorda, eu entro no quarto e seguro sua mão. Os cantos de sua boca ainda estão sujos do sangue que ela cuspiu. Seus olhos parecem vazios e cansados. Espero um sorriso, mas ela junta as forças para dizer, tão fraca:
— Saia.
Eu a observo. Está tremendo embaixo dos lençóis, e há lágrimas se formando em seus olhos.
— Vou ficar aqui.
— Vou partir amanhã. — ela comenta. Meu coração quebra. — Vão me tratar como ele.
— Como quem?
— Como o Soldado Invernal. Acham que eu sou louca como ele. É o que você acha.
— Claro que não.
— Está mentindo quase tão bem quanto eu. Meus parabéns. — mesmo com a maldade e a ironia, sua voz continua carregada de desespero e fadiga.
Fixo os olhos nos dela. Não digo mais nada, porque não quero discutir, mas isso parece fazê-la querer atirar uma pedra em mim.
— Diga algo! — ela se esforça para levantar e coloca as mãos nos meus ombros. — Steve! Me fale alguma coisa!
— O que quer que eu diga?
Ela fita meus olhos, e de repente surta.
— Droga, Steve! Quero que diga que me ama! Quero que fique comigo enquanto estou sofrendo tanto!
Eu me odeio por isso, mas não tenho reação senão me afastar de seu toque. Vai doer menos nela se eu me afastar. Ela não vai ter que pensar em mim todas as noites solitárias que passará na clínica.
Aquilo acaba com ela. Ela se recosta novamente e chora tanto que meu peito dói. Não quero fazê-la sofrer, realmente não quero. A última coisa que ouço antes de sair é ela gritar: " Faça isso parar!".
Eu não sei se ela se refere a dor, ou a decepção, ou ao conjunto de tudo, mas sinto que é tudo minha culpa. Ela perdeu a família, perdeu os amigos, perdeu o trabalho, e agora perdeu a única pessoa que já amou. Eu sou parte dos cacos do coração dela, e já não sei se um dia ela será capaz de juntar as peças e montá-lo novamente.
Pov Natasha
Só consigo me acalmar quando os médicos me sedam. Eu ainda estou tonta quando ouço a porta se abrir. Rezo para que seja Steve, mas não. É Clint.
— Está acordada?
— Não. — resmungo.
— Tasha...
— Eu estou morrendo?
— Não. Você vai superar isso. Eu já vi você passar por muito pior, acho que ficou mal accostumada perto do Capitão. — eu sorrio. Clint nunca foi delicado comigo, sempre foi direto. Mas nunca duvidou de mim. Ele acha que eu sou forte o bastante para passar por tudo. Não é do tipo que dirá: " Eu sei que é ruim, Natasha" ou " Coitadinha".
— Como assim?
— Bem, você está sendo fresca. Ouvi dizer que você fez um escândalo quando o Capitão te deixou. O que é isso, Natasha? — minhas bochechas queimam de vergonha. — A Natasha que eu conheço iria mandar ele se ferrar!
— Essa Natasha não existe mais. Estou mudando, Clint. Não quero ser mais uma assassina fria.
— Prefere ser uma garota facilmente machucada? Prefere agir como uma criança e ter seu coração partido?! Você mesma disse, Tasha: amor é coisa de criança.
Eu sinto uma pontada no peito. Ele até que tem razão. Se eu não tivesse mudado, Steve não seria capaz de me machucar. Eu não estaria em cacos agora. Eu ainda detesto a ideia de ser fraca, mas neste exato momento, eu não pareço muito forte.
— Mas eu amei. — uma lágrima escorre pelo meu rosto. — Eu o amei, Clint. Eu fui uma idiota!
— Sim, você foi.
— E agora eu estou indo para uma clínica de recuperação! Estou sendo afastada da S.H.I.E.L.D!
— Pare de chorar, agora! — eu obedeço, mesmo tendo que fazer um esforço enorme. — Quando estiver lá, quero que concentre toda sua raiva nele. Ele te fez assim, Tasha, ele quebrou você. E então sua recuperação vai ser fácil! Você não terá mais a visão Viúva Negra do mundo, mas também não será frágil. Só precisa ser forte.
— Tem razão. Eu vou me sair bem, e vou voltar ao trabalho. Vou esquecê-lo.
— Exatamente. E mais uma coisa, quando estivermos lá, não quero nem um pio sobre o Capitão. Entendido?
— Espere um pouco. Nós? Pensei que fosse sozinha.
— Não vou deixá-la passar por isso sozinha. Só te deixei por alguns meses e você está desse jeito!
Eu sorrio e o abraço forte. Clint podia não ser o namorado ideal, mas era o amigo perfeito. Para mim.
— Obrigada! Você é um grande amigo!
— Quanto ao "amigo", ainda vamos ver. — ele sorri maliciosamente, e eu dou uma risada.
Por dentro ainda estou péssima. Não esqueci de Steve, não esqueci que quase dormi com ele e logo depois ele me dispensou. Não esqueci que eu disse que o amava e ele se afastou friamente. Mas talvez o tempo na clínica me faça melhorar, ainda mais que não vou estar sozinha.




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Notas finais do capítulo

Mesmo que estejam chateados com tudo, espero que tenham gostado. Quero saber o que vocês acham sobre o Clint, pq eu pessoalmente não gosto dele, mas se vocês gostarem eu posso fazer dele um personagem mais importante. Obrigada por lerem!