Unapologetic escrita por oakenshield


Capítulo 33
Just Harriet


Notas iniciais do capítulo

Essa semana não postarei mais porque minhas provas estão de volta (as últimas antes das férias, amém!), mas na semana que vem estou de volta. Boa leitura!



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Hana procura pela mãe pelo Pequeno Salão. A ruiva pergunta as pessoas se viram Harriet, mas todos tem a mesma resposta: não. A garota deve ter rodado o salão pelo menos três vezes e nada.

Triste, ela sai do salão e vai para o corredor. Com os pés doloridos por causa dos saltos e com as mãos cansadas de tanto segurarem o enorme vestido que lhe deram para usar, ela tira os sapatos e senta no primeiro degrau da escadaria que liga o Pequeno Salão ao terceiro andar e chora.

Chora por não ter encontrado a mãe. Chora por saber que ela está ali, mas que ela não consegue vê-la. Chora por ter ficado todos esses anos longe e o destino não colaborar, mais uma vez, com seus planos.

– Eu não lhe ensinei que garotas bonitas não podem chorar? - uma voz feminina e conhecida a desperta dos seus devaneios. Hana levanta e sorri para ela.

Finalmente, ela pensa.

– Mãe.

As duas correm para se abraçar.

– Eu te amo, eu te amo, eu te amo - Hana repete enquanto chora de soluçar. - Eu senti tanto a sua falta, mãe. Por favor, nunca mais fique longe de mim. Eu te amo.

– Han, eu nunca abandonei a você e a sua irmã. Não houve um dia sequer que eu não pensasse em vocês. Eu só quero que você saiba que eu não fugi e que não...

– Eu sei, mãe. Eu acredito em você - ela sorri. - Eu não preciso saber de nada que você não queira contar.

Harriet agradece, aliviada. Não queria relembrar dos seus dias naquela cabana de madeira no meio da floresta cercada dos rebeldes de Joffrey.

– Olha só como você está grande! - ela gira a filha. - Eu gostaria tanto de ter visto você se tornar essa mulher linda.

– Você está aqui agora. É isso que importa.

Harriet beija o topo da cabeça da filha.

– Você sabe onde seus primos estão? - ela pergunta. - Gostaria de ver Michael. E Rebekah - ela completa. Estava claro que ela não queria ver a menina, mas falou apenas por conveniência.

– Vamos - ela pegou a mão da mãe. - Eu levo você.

Infelizmente, Harriet encontra Rebekah primeiro. Ela está a cara de Ivna, isso estava escrito no rosto. Os cabelos escuros e compridos que a esposa de Joffrey tinha na adolescência eram os mesmos cabelos da sua filha agora. Os olhos castanhos também, no mesmo tom.

– Tia Harriet.

– Rebekah - ela a cumprimenta com um beijo no rosto.

– Sua aparição na coroação causou bastante confusão.

– Creio que os jornalistas ficaram mais do que satisfeitos do que ficariam se houvesse apenas a coroação de minha filha.

– Claro, são como abutres a procura da discórdia de famílias ricas e importantes como a nossa - a inconveniente Ivna aparece, sempre reclamando de tudo e de todos. Filha mais velha do imperador da Rússia. Logo que o velho morrer, Joffrey herdará o enorme país que ocupa dois continentes.

Ele não dá ponto sem nó, Harriet reflete. Puxou o falecido Caine.

Caine Archiberz, pai de Kurt e Joffrey, foi assassinado pelos rebeldes. O ódio dos Apátridas por Frömming já existia desde que Joffrey era uma criança, então ela não poderia ser o comandante deles no início. Na época, Harriet era a namorada secreta de Joffrey. Quando Caine descobriu ficou furioso e prometeu a ruiva para o seu filho mais velho, Kurt. Claro que estava de olho em Las Mees, que na época havia descoberto várias minas de ouro perto da fronteira do país. Mesmo sabendo que na verdade o rei de Las Mees era o pai de Petrus, Jefferson Hüfner, ele tinha a esperança que todos morressem e quem herdasse tudo fosse Harriet. Para isso, Jefferson, Petrus e Branka tinham que morrer. Harriet nunca achou uma ideia tão absurda.

Assim que Caine Archiberz morreu, a mãe dos garotos ficou desesperada por não ter um homem no trono e casou Harriet e Kurt às pressas. Joffrey ficou furioso e a mãe fez um acordo de paz com os russos, negociando o casamento da filha do imperador com o seu segundo filho, Joffrey.

A família de Harriet e de Branka era muito rica, possuía várias terras em Las Mees e ficaram mais ricos ainda depois que as minas de ouro na fronteira foram descobertas bem nas terras deles. Venderam o local por um preço milionário e junto entregaram a sua filha mais velha, Branka. A família das duas garotas tinha um parentesco distante com os Hüfner.

Apesar do dinheiro, eles não possuíam nenhum título até Jefferson conceder ao pai das garotas o título de Senhor do Rochedo Horbelt. Horbelt era o nome do setor em que as minas se encontravam. Agora que a família possuía um título, Jefferson poderia se casar com Branka.

– Não é todo dia que uma rainha volta do mundo dos mortos - a voz irritante de Ivna tira Harriet dos seus devaneios. - A aparência é de um deles, com certeza.

– Creio que a aparência não seja tudo - Harriet cruza os braços. - Afinal o seu marido me amou a vida toda desse jeito. Com a minha cara de morta, não é mesmo?

Hana solta um riso de leve e Harriet fica aliviada pela filha não ter ficado chocada e nem nada do tipo. A ruiva não deixaria Ivna a humilhar mais uma vez. A morena sempre adorou passar por cima de todas as pessoas, parece que é o único jeito dela conseguir um pouco de felicidade.

– Rebekah, acho melhor nós irmos pegar uma bebida - Hana puxa a prima pelo braço para longe das duas.

– Finalmente nos reencontramos, Hattie. Não é assim que o seu amado te chamava? - ela dá risada. - Grande amado. Matou o seu marido.

Isso a abala. Harriet amava o marido, até os dias atuais sente que ainda o ama, mas não pode viver em função de um amor que não tem futuro. Agora que está livre ela tem que desapegar e ser adulta.

– Acredito que o seu marido não tenha matado nem uma formiga por você.

Ivna não esperava tamanha frieza de Harriet. A ruiva sempre fora muito emocional. Acontece que ela havia passado doze anos da sua vida presa em uma cabana e isolada do mundo. Isso a fez amadurecer.

– Eu não me importo com o meu marido. Você sabe disso.

– É claro que eu sei. Não existe porquê você se importar com alguém que não se importa com você.

– Tudo estava planejado para a coroação - Ivna muda de assunto. - O único fator indesejado foi a sua aparição surpresa.

Com um sorriso nos lábios, Harriet se aproxima de Ivna para dizer:

– Surpresa, vadia!

E vai atrás de Michael.

– Lorde Michael Archiberz.

Michael a olha e sorri. Desde pequeno Michael dizia que sonhava com o dia em que seria o Senhor de Frömming e as pessoas o chamariam de Lorde Michael Archiberz. Desde a confissão, Harriet o chamava assim.

– Tia Hattie - ele a abraça. - Soube que voltou para a terra dos vivos.

O coração dela fica apertado ao ouvi-lo chamá-la de Hattie. A única pessoa que a chama assim é Joffrey e Michael pegou o infeliz costume.

– Vivos e fofoqueiros, não é mesmo? - ela sorri de volta para ele. - Devo admitir que não há lugar mais polêmico do que esse palácio.

– Pelo menos nossa vida não é monótona.

– Devo admitir que no fundo eu senti falta desses corredores movimentados - ela fala, nostálgica. - Lembro-me de quando via vocês correndo pelos jardins, escondendo-se em meio aos pinheiros. No inverno fazendo bolas de neve e jogando-as nos outros, os bonecos de neve que eu os ajudava a fazer e a risada contagiante de uma criança. Foram bons anos.

– Com certeza os melhores da minha vida - Michael fala. - Sem preocupações e com a inocência típica de uma criança.

Uma mulher pequena, de cabelos loiros presos em um coque perfeito, nariz comprido, lábios e olhos azuis pequenos apareceu com um vestido verde bandeira.

– Leninha, essa é a minha tia - Michael apresenta. - Tia Hattie, essa é Leona, minha esposa.

– É uma honra conhecê-la... - Leona fica sem jeito. - Desculpe, mas não sei como chamá-la. Senhora de Frömming, rainha...

Harriet pensa no assunto. O título de Senhora de Frömming era destinado a esposa do Lorde Archiberz e o Lorde da vez é Joffrey. Já rainha é a sua filha e ela... Bom, ela não é nada. Nem Senhora do Rochedo Horbelt ela pode ser. Desde que seus pais morreram, o cargo ficou para Branka.

– Eu sou Harriet - ela diz. - Apenas Harriet.

Uma nova Harriet, ela diz a si mesma.

+++

Katerina vai em busca de Joffrey para conversar. Desde que brigou com Fabrizio não teve a oportunidade de falar com o tio e mesmo que isso a incomodasse profundamente, ela tinha que tirar algumas dúvidas. Passando por cima do seu orgulho, ela decidiu procurá-lo.

Mas a ruiva parou na porta do escritório dele quando ouviu os gritos da sua mãe.

– Eu preciso contar para ele, Joffrey! - ela grita. - Eu não consigo mais viver sabendo que Michael não sabe da verdade.

– Michael é meu filho e está acabado - Joffrey fala com toda a calma do mundo.

– Você sabe que não é verdade...

– No começo eu o odiava como sempre odiei Kurt, você sabe disso. Quando eu a visitava eu sempre a dizia sobre a minha raiva por ele - Joffrey admite -, mas eu aprendi a ver as qualidades em Michael. Eu o criei como meu filho e ele é meu desde o dia em que a mãe dele me pediu para criá-lo como se fosse sangue do meu sangue.

– Joffrey... - a voz de Harriet se suaviza. - Por favor.

– Você deve estar preparada pelas consequências - ele fala. - Michael não a perdoará por isso, Ivna ficará mais ressentida ainda. Ela também tem sentimentos por ele.

– Ela não o ama como deveria.

– Ela lhe deu carinho na infância quando ninguém mais o fez - Joffrey a contraria. - Eu nunca vi Ivna se apegar a uma criança que não fosse Rebekah.

– Eu não acredito nisso.

– Você também deve preparar as meninas - ele diz. - Katerina e Hana ficarão surpresas. Elas não aceitarão.

– Eu não preciso da aceitação de ninguém.

Pela fresta na porta, Katerina vê Joffrey se aproximar da sua mãe e colocar uma mecha do seu cabelo ruivo claro atrás da orelha. Ele expressa um sorriso pequeno e rápido.

– Eu sempre a aceitei do jeito que você é e com toda a sua bagagem - ele fala, passeando com o polegar pela sua bochecha. - Se fosse comigo eu teria a acolhido de braços abertos. Você e ao seu bebê - o polegar de Joffrey pousa no pescoço de Harriet e ele a faz olhar nos seus olhos. - Eu nunca teria feito como o meu irmão e você sabe disso, Hattie. Você mais do ninguém sabe como eu era bom antes de tudo acontecer.

– Eu sempre tive as minhas dúvidas.

– Mas eu a amei. Eu a amei como eu nunca amei ninguém em toda a minha vida - ele toca os ombros nus de Harriet, que está com um vestido tomara-que-caia preto e depois volta a colocar a mão no pescoço dela. - Eu ainda a amo.

Ele tenta beijá-la, mas Harriet apenas abaixa a cabeça. Ela não recua para trás, não o empurra e nem nada. Ela simplesmente se nega. Isso surpreende a Katerina.

– Não temos tempo para isso - ela diz de olhos fechados. - Eu preciso contar a Michael que ele é meu filho.

Katerina segura um grito e toda a sua curta história com Michael passa diante dos seus olhos. Os olhares trocados desde a infância; o primeiro beijo dos dois, fruto de uma brincadeira; a noite em que eles quase transaram; as declarações de Michael e a sua vida antes de Fabrizio aparecer. Ela sempre gostou de Michael e achava que se algum dia tivesse algo fora do seu casamento, com certeza seria com ele, mas agora...

Ele pediu para fugir com ela. Eles se gostavam. Eles se beijaram. Eles quase dormiram juntos!

Eu quase transei com o meu irmão, a ficha cai. Eu quase fiz o meu irmão desistir de se casar para ficar comigo.

Mas antes que possa fugir para qualquer lugar, ela acaba tropeçando e esbarra na porta, indo parar dentro do escritório. Harriet e Joffrey se afastam rapidamente.

– Katerina - eles dizem ao mesmo tempo.

Tentando controlar o choque, ela pousa as mãos trêmulas sobre a cintura.

– Acho que temos que conversar.


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Notas finais do capítulo

Fortes revelações! Só postarei mais na semana que vem que é quando minhas provas finais acabam. Hoje quebrei um pouco da rotina para dar um gostinho do novo rumo da história para vocês. Nem toda história tem só romance, não é mesmo? Precisa ter conteúdo.



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