Raio de Sol escrita por Han Eun Seom


Capítulo 9
Capítulos 9 e 10


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas~~ sim, vou postar dois capítulos aqui por que achei melhor juntá-los. O 9 ficou muito curto e o 10 ficou grande, espero que não seja de muito incomodo...
Uma boa leitura~~



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Capítulo 9 – Meu coração dói

Raiane disse a si mesmo que não iria chorar durante o velório e já havia conseguido passar quatro horas assim. Ismael havia a tirado daquele ambiente e talvez só por isso estivesse aguentando tanto. Raiane estava tentando segurar o sorriso com a memória de momentos antes, mas estava difícil.

– Desculpa Raiane – ele a arrastou até o portão do cemitério onde tinha uma banqueta de flores.

– Como assim? – ela apertou os lábios um pouco confusa, realmente estava começando a passar mal dentro daquele lugar.

– Mas seus pais são uns idiotas – ele bufou e Raiane olhou para ele assustada.

Ele abriu a boca e pareceu gaguejar algo, parecia estar surpreso consigo e com vontade de sair correndo. Ele ficou vermelho e Raiane disparou a gargalhar. Ela ria de verdade.

– Ei! – ele ficou um pouco irritado, mas se juntou a ela. – Estamos em um cemitério dá para parar de rir assim? – ele sorriu e Raiane sorriu também.

– Eles são mesmo uns idiotas não é? – ela olhou para baixo e seu sorriso diminui até virar um brilho divertido nos olhos dela.

– Aaah... – ele suspirou e passou as mãos no cabelo.

– O que foi? – ela voltou a olhar para ele.

– Estou feliz pelo brilho ter retornado ao seu olhar – e sorriu para ela.

Raiane e Ismael passaram mais alguns minutos daquele jeito antes de voltarem para receber os convidados que já estavam chegando. Fazia quatro horas que estavam naquela lenga-lenga e chororo insuportável, era praticamente um coral de “ela era tão boa” e “sinto muito”.

– Hipócritas – Raiane sussurrou e se dirigiu até um pequeno “altar” dedicado a sua irmã. Seus pais não quiseram deixar o caixão ali. – Ei Tália – ela chamou sua irmã.

Não havia ninguém por perto já que haviam deixado esse altar em uma sala separada então Raiane não se incomodou em falar em voz alta.

– Sabe... Eu chorei bastante já, mas creio que não é o que você gostaria... Agora que me dou conta nós nunca conversamos sobre morte, acho que nem passava por nossas cabeças. Eu... – Raiane disse olhando para a foto de sua irmã. – Eu confesso que queria morrer no momento em que tive a noticia, não posso esconder de que quando estive no hospital eu queria morrer, mas... Quando ele disse aquilo... Eu não tive mais essa vontade.

Raiane não estava chorando, mas sim sorrindo. Era um sorriso triste e conformado, talvez com a morte de Tália ou com o fato de Ismael ter alguma importância em sua vida.

– Eu acho que isso não é assunto para falar num velório – ela soltou um curto suspiro. – Acho que nem deveria estar falando assim, você está morta não está?

Um nó se formou na garganta de Raiane, mas com seu peito doendo ela conseguiu o segurar. Respirou fundo e tocou com a ponta de seus dedos a foto de Tália.

– Não é por que ela não está aqui que não se pode conversar com ela – uma mão tocou seu ombro e Raiane soube quem era pela voz. – Você me parecesse cansada Raiane.

– Mas é claro que estou cansada, garoto – ela apertou os lábios levemente – Estamos aqui há quatro horas.

– Cinco na verdade – ele disse e Raiane virou um pouco o rosto, o suficiente para ver seus olhos. – Se contar o momento em que chegamos até agora.

– Ah é – Raiane suspirou. – Quer ir embora?

– Hum? – Ismael inclinou a cabeça um pouco para o lado. – Estaria tudo bem se fossemos embora?

– Acho que não teria problema. Afinal, o que estava fazendo este tempo todo?

– Confraternizando – disse com um sorriso de lado.

– Você é bom nisso, não é? – ela arqueou uma sobrancelha.

– Melhor do que você eu suponho – os dois riram baixinho quando Raiane concordou com ele. – Vou chamar um táxi então.

– Ok, me espere lá fora – ela olhou para o foto da irmã novamente. – Eu já vou.

Ismael assentiu com a cabeça e saiu da vista dela. Raiane fechou os olhos e respirou fundo. Tália, muito obrigada. Ela pensava enquanto abria lentamente os olhos e mirava o sorriso de sua irmã. Se não tivéssemos combinado de nos encontrar nada disso teria acontecido, mas sei que nunca me culparia, em vez disso... Raiane sorriu levemente, ainda me deu de presente a oportunidade de conhecê-lo.

Raiane saiu da sala e deu logo de cara com seus pais.

– Seu amigo está indo embora – sua mãe disse com um tom azedo, ela não gostava de Ismael. – Aconteceu alguma coisa?

– Eu pedi para que me esperasse lá fora – Raiane disse com seu tom habitual.

– Esperasse lá fora? – Marcos perguntou. – Como assim?

– Bem... – Raiane achou que estava sendo óbvia. – Estou indo embora.

– Mas... – sua mãe estava exasperada. – Nós não a enterramos! Como pode ir embora?

Raiane soltou um longo suspiro e fez algo que surpreendeu os dois. Ela abraçou a mãe e ao pai para depois sorrir. Eles nem lembravam quando Raiane havia sorrido na frente deles.

– Eu não preciso ver minha irmã sendo enterrada. Ela sabe que eu a amo e que sempre a amarei, não tenho remorsos e muito menos raiva dela. Não sinto a necessidade de ver esse momento – Raiane olhou a sua volta e para todos os convidados que de repente haviam perdido o interesse em seu próprio luto e agora a observavam – se concretizar. Estou bem assim e tenho certeza que Tália também está.

Seus pais estavam atônitos por que nunca imaginariam Raiane falando com um tom tão doce e calmo, talvez por que nunca tivessem conversado realmente com ela e ficaram sem saber o que fazer quando lá da porta alguém começa a bater palmas.

De repente todos os convidados se juntaram a tal pessoa e Raiane não sabia o que fazer. Ela sorriu e se retirou do lugar não antes de dar um último abraço em seus pais – que estavam imóveis.

Ismael estava na metade do caminho para o portão e Raiane acelerou o passo.

– Foi você não foi?

– Não sei do que está falando – ele parecia conter um sorriso. – Mas parabéns.

– Hum – ela assentiu e entraram no táxi sem falar durante dez minutos. – Quer comer alguma coisa?

Ismael olhou para ela sorrindo e concordou então pelo resto do caminho eles discutiram sobre o que iriam comer. Acabaram aceitando uma sugestão do taxista e pararam num shopping. Não há nada melhor do que comer hambúrguer após um velório.

Capítulo 10 – Pesadelo

– Ismael? – Raiane chamou por ele. Já havia se passado das duas da manhã e Raiane ainda não tinha dormido.

Os dois haviam tido um dia cansativo, mas Raiane se surpreendeu pela diversão que teve. Chegaram a seu apartamento por volta das oito da noite. Depois do hambúrguer foram ao fliperama que tinha ali e passaram horas sem nem perceber. Raiane não falou nada para ele, mas sua mãe havia ligado cinco vezes enquanto estavam lá.

Quando chegaram, Raiane fez dois sanduíches com pão de forma para eles. Ismael insistiu em ajudar e acabou preparando os sucos (que é muito difícil de fazer...). Os dois estavam exaustos e assim que terminaram de comer Ismael disse que iria dormir.

Raiane havia dito o mesmo, mas sua mente estava inquieta demais para poder dormir.

Enquanto Ismael foi para o quarto, Raiane foi tomar uma ducha, se vestiu e foi para seu quarto. Como não conseguia dormir, Raiane pegou seu caderno e foi para a sala, ligou a TV bem baixinha e começou a escrever frases avulsas. Passaram-se duas horas e Raiane ainda não estava com sono algum.

Resolveu então parar de escrever e ler um livro. Pegou um que havia parado pela metade e se acomodou no sofá para lê-lo. A TV estava tão baixa que só se sabia que estava ligada por causa da luz que emitia. Deve ter sido por isso que escutou alguma coisa no quarto de hóspedes.

Raiane achou que era coisa da sua cabeça, afinal, Ismael estava dormindo... Não estava? Chamou por ele e se levantou, foi quando escutou um baque. Correu para o quarto dele e abriu a porta com força.

Ismael estava encolhido no chão, completamente encharcado de suor e chorando. Raiane deixou o livro cair e Ismael se assustou com o barulho, ele se encolheu ainda mais colocando as mãos nas orelhas.

Raiane não sabia o que fazer diante daquilo. Ismael parecia um animalzinho acuado e Raiane não sabia como reagir. Mas não posso não fazer nada! Ela se aproximou lentamente dele e se ajoelhou. Colocou uma mão em seu ombro e sentiu que ele teve um pequeno espasmo. Isso... Foi um pesadelo?

– Ismael? – ela sussurrou e o puxou com delicadeza. – Ismael olhe para mim, ok?

– Não! – sua voz estava embargada e ele estava ofegante. – É vergonhoso demais! – ele gritou e levou as duas mãos aos olhos quando Raiane o virou para cima. – Sai! Sai daqui!

–... – Raiane franziu o cenho. Tenho que ser calma, não posso assustar o paciente¸ lembrou-se das palavras de seu professor. – Eu não vou sair daqui. Vamos, me olhe.

Ismael balançou a cabeça vigorosamente e Raiane suspirou. Ela puxou os dois ombros dele para cima e antes que ele falasse alguma coisa ela o abraçou. Ele tentou se afastar, mas ela apertou o abraço e quando ele parou de resistir ao toque ela levou uma mão aos seus cabelos.

– Eu quero muito saber o que acabou de acontecer aqui – ela tinha um toque leve, ele percebeu. – Mas me parece que não vai contar. – Ismael não fez nada. – Vá tomar um banho. Estarei lá fora, na sala. Não o olharei ok? – ele assentiu levemente com a cabeça, mas a verdade era que ele não queria que ela o soltasse.

Mas Raiane não cumpriu o que falou. Ela respirou profundamente e encaixou a cabeça dele na curva de seu pescoço. Ele conseguia sentir o cheiro da casa dela, o cheiro dela. Era tão bom. Ele queria morrer naquele momento. Estava com seu coração saindo pela boca. Eu sou um idiota. Sou um estúpido. Como posso estar neste estado na frente dela? Como posso olhá-la agora?

Ismael não conseguia naquele momento. Não havia como ser forte após um pesadelo. Ele passou as mãos pela cintura dela e desatou a chorar novamente. Raiane estava tão confusa, ela não fazia ideia do que poderia fazer. Será que só precisava continuar abraçada com ele ou deveria dizer algo? Mas o que diria? Eram tantas coisas que passavam em sua cabeça em tão poucos minutos.

– “Nunca – ela só poderia dar algo que já tinha. Um poema. – esqueça como foi tocado por ela”.

“-Nunca admire outra como ela

Mesmo que não esteja em sua vista, ela continuará sem você.

Mesmo que não haja amor, você ainda pensará nela.

E lembrará momentos.

Do momento em que recitou para si mesmo:

‘Seu sorriso melancólico e triste

Nunca será meu por que ele não é de ninguém

Quando anoitece seu olhar

Parece morrer e se aprofundar,

Mas nem mesmo esse olhar eu poderia ter. ’”

– “Pois já sabia que nunca poderiam viver – Ismael sussurrava, sua voz estava embargada e as palavras eram difíceis de entender, mas Raiane sabia exatamente o que falava. – Sabia que sua admiração e seu amor nunca seriam o suficiente. – ele soluçou e parecia se esforçar para dizer o último verso. – Mesmo que nunca a fosse esquecer”.

Raiane estava inquieta. Como ele podia conhecer de cor estes versos? Mas não se atreveu a perguntar, seu choro tinha diminuído, mas não parado. Ela se levantou e não se separaram. Ela sussurrou para ele que deveria ir tomar um banho. Assim que se separaram os olhos de Ismael estavam inchados e ele não conseguia olhar para ela.

Estavam extremamente perto. Raiane tocou seu queixo com suavidade e seu coração batia desesperadamente. Seus lábios estavam quentes e Raiane se recusava a beijá-lo. Não posso. Ele está tão vulnerável e instável... Estarei me aproveitando dele se eu fizer isso, mas eu... ARGHHH.

Raiane beijou a bochecha dele e saiu do quarto. Ismael tocou o lugar em que fora beijado e colocou uma mão sobre o peito. Como eu sou idiota. Era óbvio que ela não me beijaria. Ele suspirou e se dirigiu ao banheiro com uma cueca Box na mão e uma camiseta limpa.

Ela não estava mesmo ali para olhá-lo e ele agradeceu por isso. Fechou a porta do banheiro, mas não a trancou. Despiu-se e percebeu que estava tremendo. Novamente, teve vontade de morrer. Ela iria querer saber por que ele estava daquele jeito, o que havia acontecido para ele ter surtado. Ele não estava preparado para responder a perguntas como aquela.

Este pesadelo fora tão perturbador que se debateu tanto que acabou caindo da cama. Não envolveu apenas ele, mas Raiane estava lá. Ela apontava para ele com uma expressão enojada. Ela o chamava de sujo e que nunca mais iria querer falar com ele. Ela ainda virava as costas e o deixava lá pedindo por ajuda.

Ele teve ânsia de vomito apenas ao lembrar-se do que aconteceu em seguida. Ele abriu o chuveiro e deixou a água quente escorrer pelas suas costas, molhou o cabelo passando as mãos e o deixando para trás. Fechou os olhos e sentiu seus joelhos fraquejarem.

Não irei cair, não posso deixá-la mais preocupada.

Sim, ele havia percebido o olhar de preocupação e confusão dela, mas isso não evitaria o olhar de nojo que vira em seu pesadelo. Ele não quis ficar muito tempo ali, era capaz de adormecer novamente e isso era a última coisa que queria.

Fechou o chuveiro, se secou com a toalha e percebeu que sua pele estava mais sensível. Tocou suas costas e reprimiu um gemido de dor. Quando caiu da cama havia batido em algo, aquilo iria ficar roxo.

Vestiu sua cueca e procurou pela camiseta. Onde eu a deixei? Ele revirou tudo, mas ela não estava ali. Provavelmente ela tinha caído. Ele disse a si mesmo para não entrar em desespero, mas ele não podia sair daquele jeito. Poderia vestir a calça, mas ela estava encharcada de suor.

– Ismael? – Raiane bateu na porta. – Está tudo bem?

Ele se assustou com a batida e ao dar um passo para trás escorregou no tapete. Desde quando tinha um tapete ali? Ela abriu a porta e o viu ali no chão. Ele ficou extremamente vermelho, mas ela correu para ele e pegou seu braço.

– Você está bem? Machucou-se em algum lugar? – ela tinha um olhar tão preocupado. – Vamos para sala.

Ela pediu para que ele sentasse no sofá. Ela pegou o kit de primeiros socorros e ele franziu a testa.

– Eu não me machuquei!

– É, mas também não trocou os curativos. – ela suspirou. – O que você é? Uma criança? – ela então começou a tirar os curativos de quando havia chegado ali, mas não fez nada. Nem cicatriz havia ficado. – Eu realmente sou boa.

– Convencida – ele resmungou. – Se não se importa eu gostaria de por uma calça.

Ela piscou e olhou para baixo. Sabia que ela iria ficar assim. Ela estava feito um pimentão. Não havia percebido?

– Não eu não havia! – ela respondeu e foi para a cozinha sem nem olhar para ele.

– Mas... – ele disse em voz alta. – Ah cacete, eu tenho que parar de fazer isso!

Quando voltou para o corredor achou sua camiseta jogada perto da porta do banheiro. Ele a pegou lançando para uma camiseta um olhar fulminante. Camiseta idiota pensou quando entrou no quarto e a jogou na cama. Colocou uma calça e a camiseta e voltou para a sala.

– Raiane?

– Estou na cozinha.

Ele dava passos hesitantes até lá e olhou para dentro da cozinha. Raiane estava sentada com as duas mãos segurando uma caneca. Ela bocejou e Ismael não conseguiu evitar se admirá-la. “Sabia que sua admiração e amor nunca seriam o suficiente” ele recitou para si mesmo.

– Você quer? – ela fez um gesto com a caneca para ele.

– O que é?

– Chá.

– Não, obrigado.

Raiane puxou a cadeira ao lado dela e Ismael se sentou. Ele olhou para ela que estava concentrada em seu chá, ela levou aos lábios a caneca e Ismael se lembrou da primeira manhã que a viu assim. Era realmente impressionante.

– Eu quero muito saber o que foi aquilo.

Ai está. Ismael queria respondê-la, mas sua voz não saia. Em vez disso, suas mãos começaram a tremer levemente. Raiane percebeu isso e colocou sua mão sobre as dele.

– Mas está mais do que óbvio que não está em condições de falar – as mãos dela estavam quentes por causa da caneca e isso o fez se arrepiar todo.

– Quer dizer que não vai...

– É claro que odeio ficar sem saber das coisas, mas vou deixar para outra hora – ela virou seu rosto e seus olhares se encontraram. – Não quero parecer técnica demais... Mas isso me parece reação a trauma de infância... Ou a um pesadelo – Ismael arregalou os olhos e Raiane suspirou tomando mais um gole do chá. – E pela sua reação eu acertei, só não sei qual.

– Os dois. – ele sussurrou.

– O que, Ismael? – ela apertou sua mão na dele e lágrimas silenciosas escorreram pelo rosto dele.

– Os dois Raiane – ele não soluçou igual a momentos antes, mas seus olhos estavam muito vermelhos. Raiane o abraçou e Ismael encaixou novamente seu rosto em seu pescoço. – Desculpe Raiane, por favor, me desculpe.

– Shh... – ela disse em seu ouvido. – Não há com o que se desculpar... – ficaram assim por alguns segundos. – Vamos dormir ok?

– Não! – ele se afastou dela. – A última coisa que quero é dormir, Raiane.

Raiane suspirou, toda aquela emoção havia a deixada muito cansada. Ela se levantou tomando o último gole do chá.

– Vem – ela o puxou pela mão que não havia soltado mesmo quando estavam abraçados. – Você tem que dormir. Nós dois temos.

Ela o levou para seu quarto e acendeu a luz. Ela o fez sentar na cama e saiu novamente. Ismael escutou uns barulhos e logo em seguida Raiane apareceu com o colchão do quarto de hóspedes. Ela afastou seu criado mudo e jogou o colchão ao lado da cama dela. Arrumou os cobertores e trocou os travesseiros.

– Pronto – ela apagou a luz, mas deixou a do corredor acesa. Não sabia se ele tinha condições de ficar no escuro. Ela pegou um chinelo e colocou entre a porta e o batente. – Agora durma.

Ismael não sabia o que fazer então resolveu obedecê-la. Ela deitou na cama no chão e ele se cobriu, mas estava com muito medo de adormecer. Não queria dormir, mesmo a presença de Raiane o acalmar ele não queria dormir.

Passou-se uns vinte minutos quando Raiane suspirou.

– Você ainda não dormiu?

– Como sabe?

– Sei lá.

Um silêncio se seguiu depois disso e esta pausa foi interrompida por uma ordem de Raiane.

– Desce.

– O que?

– Eu não vou repetir.

Ismael estava atônito, confuso e com o coração batendo rápido demais. Ele se descobriu e escorregou para a cama de baixo. Ela estava de costas para ele e sentiu-o pegando o travesseiro e se ajeitando para que os dois coubessem na cama de solteiro. Ele se cobriu também e sentiram costas com costas.

– Posso me virar? – ele sussurrou.

– Faça o que quiser – Raiane esperava que seu coração não se cansasse e parasse de bater.

Ele se virou com cuidado e juntou as mãos em seu peito, não sabia exatamente o que fazer com elas. Raiane respirou fundo. Ela queria se virar, ela queria encontrar o rosto dele, mas não podia. Não podia se deixar fazer isso.

– Eu...

– Pode – ela disse curta e grossa.

– Mas eu nem terminei...

– Se você terminar eu não vou deixar – ela o cortou.

– Hum... Ok – ele disse e passou seu braço pela cintura dela, seus corpos se encostaram mais ainda. – Raiane...

– Já disse que pode!

– M-mas eu ia perguntar se você queria se virar.

Ela virou o rosto surpresa, estava muito escuro, mas ela podia jurar que os dois estavam muito vermelhos. Ela não respondeu apenas se virou lentamente, sem tirar o braço dele. Ela inspirou. Ele tinha um cheiro bom.

Depois disso nenhum dos dois falaram mais nada. Raiane encostou a cabeça no peito dele e passou um braço pela cintura dele. Ele queria perguntar se estava tudo bem eles estarem daquele jeito, mas não queria estragar o momento.

E dormiram os dois assim. Ismael sonhou, mas neste sonho Raiane não tinha um olhar enjoado e repulsivo. Ela estava ao lado dele e não o deixou clamando por socorro.


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Notas finais do capítulo

~PS.: Não acho que poderei escrever por um tempo, mas não colocarei a fic em Hiatus. Não as deixarei esperando por muito tempo (acho)... Comentem, por favor, o que acharam :3333