O Despertar do Comensal escrita por Bia Salvatore, Ingrid Callado


Capítulo 2
O Professor de Feitiços




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Eu achei que sonharia com casas mau assombradas, mulheres com chapéus pontudos, verrugas no nariz e roupas rasgadas. Tive medo de dormir por isso. Mas o cansaço me venceu e eu adormeci.

Quando abri o s olhos estava de manhã, e eu não tive pesadelos.

Olhei para o relógio, eram 10:27h. Me sentei, afastei os cobertores e me levantei. Provavelmente mamãe já estava acordada, então eu podia ligar o computador e ouvir música enquanto me arrumava para o melhor evento do dia, o café da manhã. Fui para a mesinha onde fica o notebook e abri a pasta de músicas. Apertei play e começou a tocar Tiptoe de Imagine Dragons. Fui para a penteadeira e me sentei. Cara, meu cabelo estava horrível. Como, em uma noite, ele ficou tão... cheio? Cabelo revoltado!

Penteei até ficar de um jeito aturável e escolhi uma roupa. Uma blusa de um tecido grosso, mas confortável, era listrada, azul escuro e creme, e tinha mangas que iam até o cotovelo, e uma calça jeans. Meu banho durou duas músicas- Fallen e Monster de Imagine Dragons.

Quando saí do banheiro -já vestida- fui arrumar minha cama, foi quando reparei no envelope feito de pergaminho no criado mudo, peguei e vi o brasão da Escola de Magia e sei lá o que de Hogwarts, o texugo, a cobra, a águia e o leão em torno do H, abri e li novamente.

Não foi um sonho, pensei. Realmente aconteceu.

Eu realmente tinha explodido vários espelhos em cima de Suzanna Lightwood, realmente tinha recebido uma carta que dizia que eu era uma bruxa. O.K. a parte de machucar a Lightwood até que foi legal, mas ser uma bruxa ainda é uma informação meio estranha. Arrumei a cama e desci.

***

–Carly? - perguntou minha mãe quando comecei a descer a escada - Temos visita.

Desci e quando entrei na cozinha vi um homem baixinho em pé perto da bancada. O visitante era uma anão, que usava roupas bem estranhas, não sei se aquilo era um terno, mas ele usava uma capa por cima, o que era estranho. Quem usa uma capa assim além da chapeuzinho vermelho? A resposta é: Esse cara aí!

–Olá - eu disse - Bom dia? - Andei até a minha mãe e dei um beijo na bochecha dela.

–Olá Srtª Carly Price - disse ele - Eu sou o Prof. Flitwick de Hogwarts, caso queira saber, ensino feitiços.

–Prazer - eu disse enquanto colocava leite em meu cereal e me sentava para comer - Sem querer ser grossa, mas.. o que o senhor faz aqui?

–Ah, eu vim falar... conversar com você sobre as coisas essenciais no mundo bruxo. A Prof. Minerva foi informada de que você vive com sua mãe que é trouxa, então não tem a orientação que seu teria lhe dado... se ainda estivesse vivo.

–Hum... - Resmunguei enquanto mastigava.

–Então, eu vou lhe ensinar algumas coisas que não ensino em sala de aula - Disse ele tirando do bolso algumas moedas de ouro, prata e bronze - Isto é dinheiro de bruxo, é muito diferente do dinheiro de trouxa? - Assenti - Ah, então, as moedas de ouro são galeões. Dezessete sicles de prata fazem um galeão, e vinte e nove nuques - ele indicou as moedas de bronze - fazem um sicle. Entendeu? - Assenti novamente. Era fácil entender isso, um pouco. Galeões, sicles, nuques. Vou ter que viver com isso, tecnicamente, agora faz parte da minha vida.

–Ah, aqui - Ele me entregou uma lista de livros e as coisas que eu iria precisar para a escola. - Posso confirmar sua vaga? Você vai para Hogwarts?

Olhei para minha mãe, ela assentiu.

–Pode confirmar - eu disse - Eu vou para Hogwarts e vou aprender a ser uma... bruxa.

O prof. Flitwick sorriu.

Eu olhei para a lista de matérias:

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Uniforme:

Os estudantes do primeiro ano precisam de:

1. Três conjuntos de vestes comuns de trabalho (pretas)

2.Um chapéu pontudo simples (preto) para uso diário

3.Um par de luvas protetoras (couro de dragão ou similar)

4.Uma capa de inverno (preta com fechos prateados)

As roupas dos alunos devem ter etiquetas com seu nome.

–Couro de dragão? - Perguntei espantada, e voltei a ler:

Outros equipamentos:

1 varinha mágica

1 caldeirão (estanho, tamanho padrão 2)

1 conjunto de frascos

1 telescópio

1 balança de latão

Os alunos podem ainda trazer uma coruja OU um gato OU um sapo.

Lembramos aos pais que os alunos do primeiro ano não podem usar vassouras pessoais.

–Quem iria querer ter um sapo como bichinho de estimação? - Pergunto em voz alta

O Prof. mais uma vez só sorriu.

–Sra Price, eu posso levar sua filha para comprar o material?

–Se o senhor não se importa, eu gostaria de ir junto - Diz minha mãe.

–Claro. Vamos todos.

O professor sai do cozinha e minha mãe também.

Enquanto eu termino de comer, leio a lista de livros:

Os alunos devem comprar um exemplar de cada um dos seguintes:

Livro padrão de feitiços (1ª série) de Miranda Goshwk

História da magia de Batilda Bagshot

Teoria da magia de Adalberto Waffling

Guia de transfiguração para iniciantes de Emerico Switch

Mil ervas e fungos mágicos de Filia Spore

Bebidas e poções mágicas de Assênio Jigger

Animais fantásticos e onde habitam de Newton Scamander

As forças das trevas: Um guia de auto proteção de Quintino Trimble

Nossa, os bruxos tem até escritores.

–Carly, vamos - Grita minha mãe - E traga a lista!

Joguei a tigela na pia e sai da cozinha.

Encontre minha mãe e o professor na porta me esperando, peguei o casaco e saímos.

Minha mãe e o professor foram no banco da frente e eu atrás. O professor Flitwick falou para minha mãe como chegar a um lugar chamado O Caldeirão Furado, eu não sabia que tinha isso em Londres, até aquele dia.

Para um domingo as ruas estavam bem movimentadas. Havia pessoas andando pelas ruas, entrando e saindo das lojas, mercados e hotéis.

Entramos em uma rua de Londres que eu nunca tinha reparado, havia alguns carros estacionados no acostamento, minha mãe estacionou na frente de um barzinho - que também era uma pousada - e que eu nunca, mas nunquinha mesmo teria reparado. Mesmo que já tivesse passado por essa rua.

As pessoas passavam e sequer olhavam na direção do Caldeirão Furado, agiam como se o lugar não existisse.

Entramos e eu vi vários homens e mulheres sentados bebendo e comendo. Havia uns três homens fumando um cachimbo. O lugar era muito estranho.

O professor Flitwick nos guiou até os fundos do lugar, onde começou a bater em uma parede com o pedaço de madeira que eu supus ser a varinha dele. Então, depois de o Professor bater uma última vez na parede, a mesma se abriu revelando um beco estreito e cheio de gente. Havia lojas com animais na frente, uma loja com uma vitrine com uma vassoura.

Olhei para a lista e a entreguei a minha mãe, ela passou os olhos pela lista rápido e se inclinou para mim:

–Você acha melhor ver os livros ou as roupas primeiro?

–Roupas. Pesa menos. - eu disse e então me lembrei que não tinhamos dinheiro bruxo. Me inclinei para falar com o professor de feitiços. - Como vamos comprar tudo isso? Eu não tenho dinheiro de bruxo para essas coisas.

–Não se preocupe, seu pai tinha, ele deixou tudo guardado no Gringotes, o banco dos bruxos.

–Ah, então foi por isso que ele me deixou um papel escrito: cofre 429?

–Ótimo, eu não sabia qual era o cofre. E ele deixou a chave também, não?

–Acho que sim - Disse minha mãe colocando a mão em um bolsinho pequeno na bolsa dela - Isso é a chave do cofre? - Ela mostrou uma chave pequena - Eu sempre carrego comigo, é uma lembrança dele, sabe?

–Ah, que bom. É uma sorte a Sra querer lembranças por perto.

Ele nos guiou até uma construção de mármore completamente torta, mais inclinada que a Torre de Pisa, tá exagerei. Quando entramos vi vários anões com dedos enormes e orelhas pontudas. Não, anões não... Oh Deus, qual o nome?

–Duendes - Disse o professor como se lesse meus pensamentos - Podem parecer amigáveis, mas não são.

Instintivamente peguei a mão da minha mãe.

Paramos na frente de um balcão e um duende se inclinou para frente.

–A Strª Carly Price gostaria de entrar no cofre dela.

–A Strª Carly Price esta com a chave e com o número do cofre? - Disse o duende ao perceber minha expressão. Tudo aquilo era tão estranho que eu não conseguia esconder que estava maravilhada, assustada e confusa. Tudo ao mesmo tempo.

–Ah, um minuto - mamãe enfiou a mão na bolsa de novo - Aqui - ela mostrou a chave - E o cofre é... 429. Cofre 429.

–Hum

Apareceu outro duende, com cabelo branco perto de mim. Eu levei um susto, não vou mentir.

–Sigam-me

Nós seguimos.

Ele abriu uma porta que tinha no fundo do salão e indicou com a mão para entrarmos. Me surpreendi ao entrar no lugar escuro e cheio de trilhos, era como um daqueles trem fantasma que existem nos parques de diversões. Só faltava os esqueletos.

O duende pegou um lampião - o que foi ótimo, estava muito escuro. Mas então eu reparei um carrinho que estava na nossa frente.

Sinceramente só um suicida entraria naquela... coisa.

E advinha só?

Eu entrei.

Eu e minha mãe nos sentamos atrás, o duende e o professor Flitwick (que eu havia esquecido que estava ali) foram na frente. O carrinho disparou pelos trilhos. Eu não registrei nada do caminho, estava de olhos fechados e agarrada ao banco. Minha mãe estava apertando meu braço. Provavelmente estava enjoada.

O carrinho parou e abri os olhos. Estávamos em frente a uma porta enorme, com alguns entalhes na... aquilo é madeira? Acho que sim.

–Chave, por favor - pediu o duende. Ele já estava fora do carrinho, parado em frente a porta com a mão estendida. mamãe levantou cambaleando, com a mão na barriga (não disse? Enjoada) e entregou a chave a ele.

Quando ele abriu a porta eu vi várias moedas de ouro, bronze e prata. Entrei com minha mãe e peguei o máximo que pude e joguei na bolsa dela.

Voltamos para o carrinho (mamãe não gostou disso) e fomos embora.

Quando saímos de Gringotes o Professor Flitwick teve que ir embora.

–Os livros vocês podem comprar na Floreios e Borrões, a varinha no Olivaras e o uniforme na Madame Malkin. Vão ficar bem?

–Claro, damos um jeito. Pode ir, obrigada. - Disse minha mãe.

–Qualquer dúvida podem perguntar a qualquer um, eles vão saber ajudar.

E com um barulhinho estranho ele sumiu.

–O.K. O uniforme primeiro. Onde fica essa Madame Malkin? - Perguntou minha mãe enquanto descíamos a escada de mármore do Banco dos Bruxos.

***

Andamos por um tempinho procurando a loja da Madame Malkin até que minha mãe desistiu e perguntou para um homem alto que estava com uma garota baixinha de cabelo escuro e curto. Os olhos dela são lindos.

–Oi, com licença. O senhor pode me ajudar? - Mamãe pergunta com um sorriso - Eu nunca vim aqui, estou procurando a loja da Madame Malkin. O senhor sabe onde fica?

–Ah, acabamos de sair de lá. Fica logo ali. - Ele aponta para uma loja um pouco a frente de onde estamos.

–Obrigada. Tenha um bom dia. - Minha mãe segue na direção que o homem apontou, olho para a garota e sorrio. Ela retribui o sorriso e eu vou atrás da minha mãe.

Entramos na Madame Malkin - Roupas para Todas as Ocasiões, havia alguns banquinhos no fundo.

–Hogwarts? - Perguntou uma senhora baixa e sorridente, que provavelmente é a Madame Malkin - Por aqui querida - ela me leva até um dos banquinhos, enfia uma veste comprida em mim e começa a marcar a bainha e ajustar tudo que precisa.

Quando ela terminou, embalou todas as vestes e a capa. Mamãe e eu saímos.

Ela me levou até uma loja que tinha várias gaiolas com ratos, sapos...

–Eu não comprei um presente para você ontem - Ela diz e sorri - Pode escolher qualquer um. Não, qualquer um, não. Eu não quero um rato ou um sapo na minha casa.

–Não se preocupe. Esses eu não escolheria, tenho certeza.

Caminhei pela loja e vi um gato cinza com manchas pretas. Então eu vi uma gata branca, cheia de pelos e com lindos olhos azuis.

–Mãe, quero essa aqui - Aponto a gata branca.

–Ah, não é um sapo. Ótimo.

Quando saímos da loja, eu com uma gaiola enorme com um gato dentro e minha mãe com uma sacola com roupas que eu nunca imaginei que usaria, fomos para uma loja chamada Floreios e Borrões.

E depois com várias sacolas de livros, um telescópio, um caldeirão, uma balança de latão, um conjunto de frascos, um gato na mão e sei lá quantas ervas para fazer porções - que compramos em uma farmácia que vendia chifres de unicórnio - seguimos para o Olivaras: Artesões de varinhas de qualidade desde 382 a.C.

O lugar parecia um biblioteca, só que ao invés de livros havia caixinhas compridas nas prateleiras.

–Olá? - Chamei

Mamãe estava sentada em um banquinho com várias sacolas no colo e a gaiola da gata nos pés.

–Olá, Stra - Disse um velho que usava óculos que surgiu do nada - Primeiro ano em Hogwarts, hein? Ah, Bons tempos. Veio comprar sua varinha, suponho.

–É. A varinha - Falo

O Sr, Olivaras tira uma caixinha de uma prateleira - depois mede meu braço, meu antebraço, da axila até o joelho...

–Experimente esta. 20 centímetros, feita de Oliveira.

Pego a varinha e faço um movimento com a mão e alguma coisa explode.

–Não, não - diz ele guardando a varinha e pegando outra. - Esta é de salgueiro, flexível, 28 cm.

Pego a varinha e faço outro movimento com o pulso. Algumas varinhas que estavam na prateleira atrás do Sr. Olivaras tentam suicídio.

–Não, esta não - diz ele, guardando a varinha de salgueiro - Que tal essa? 26 cm, flexível, feita de mogno e pelo de unicórnio.

Pego a varinha e faço mais um movimento com o pulso (temendo destruir o lugar) cortando o ar e na hora faíscas douradas saem da ponta da varinha.

–Ah, Stra achou a varinha ideal. A do seu pai era de 28 cm, se me lembro bem, farfalhante de carvalho e corda de coração de dragão. Ah, mais a sua é tão poderosa quanto a dele. Lembre-se, a senhorita jamais terá resultados tão bons com a varinha de outro bruxo.

Paguei 7 galeões pela varinha, agradeci ao Sr Olivaras e saímos.

Quando estávamos na rua procurando um jeito de voltar ao Caldeirão Furado me lembrei de uma coisa.

–Você me deve cinco dólares. - Falo para minha mãe.

–O quê?

–Você me deve cinco dólares. Lembra de quando eu tinha oito anos e falei qque queria um unicórnio de estimação? - Ela assentiu - Você disse que eles não existiam, mas eu disse que sim e apostei com você que se eu provasse que existiam, você ia me dar cinco pratas? Então... eu provei. Eu tenho um papel com a sua assinatura, se sua memória estiver falhando...

–Eu me lembro - diz minha mãe mexendo na bolsa - É uma pena perder cinco dólares, mas... aqui está.

Ela me entrega o dinheiro e eu guardo no bolso.

–Nunca imaginei que esse dia chegaria - diz ela olhando ao redor - Com licença, moça. Mas, pode me dizer como voltar ao Caldeirão Furado?

–Ah, eu estava indo para lá agora. Venham.

Seguimos a mulher até uma parede e ela começa a bater nela do mesmo jeito que o Professor Flitwick havia feito para abri-la, e entramos nos fundos do Caldeirão Furado.

Quando eu entro no carro e minha mãe dá a partida eu tenho certeza.

A minha vida nunca mais será a mesma.

Tudo vai ser diferente.

Eu sou uma bruxa.

Eu vou estudar em Hogwarts.


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Notas finais do capítulo

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