Minha doce fera escrita por C0nfused queen


Capítulo 4
Capítulo 4.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo dedicado a minhas queridas leitoras que~nunca deixam de comentar obrigada RaiaraBorges e Ana PAula Somerhalder



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Tudo parecia passar lentamente, eu não conseguia dizer ao certo se ainda estava na floresta, tentei abrir os olhos, mas algo, um estupor me impediu de fazê-lo, senti algo quente escorrer pela minha testa, provavelmente deveria ser sangue, havia sido uma queda feia e agora eu estava inconsciente ou pelo menos incapaz de tomar qualquer atitude no meio de uma floresta repleta de lobos, aquele provavelmente seria o meu fim.

Ouvi vozes ao longe, duas pessoas pareciam discutir imaginei que deveriam ser Gastón e meu pai a minha procura e já podia sentir o couro novamente em minha pele, dessa ela não me perdoaria, as lágrimas começavam a cair e eu sussurrava palavras sem sentido, algo pressionou o machucado em minha testa, porém o toque não me fez recuar, eu provavelmente deveria estar fraca de mais ou apenas sentia que aquela pessoa seja ela quem for seria responsável por minha vida, afinal cabia a ela agora decidir para onde me levar.

Fui erguida do chão, e tive minha cabeça apoiada no ombro de alguém, eu deveria fazer algo, tomar qualquer atitude, mas aqueles braços que agora estavam a minha volta e me seguravam de maneira tão protetora me convidavam cada vez mais para a inconsciência. Minha cabeça doía muito, eu mal conseguia me concentrar em algo e assim me permitir ser entregue ao desconhecido.

Quando finalmente tive forcas para abrir os olhos eu me encontrava em um lugar completamente estranho, a escuridão tomava conta do lugar com exceção de uma pequena chama que emanava do corredor, tateei o chão e as paredes frias de pedra em uma tentativa de me manter em pé, uma pequena janela permitia que um fino fecho de luz entrasse com dificuldade me aproximei da mesma e percebi que estava em uma torre, então o que seria aquele lugar? Eu havia sido presa? Papai agora havia permitido que isto acontecesse?

Fui em direção a porta ainda cambaleando e olhei ao redor, não havia ninguém eu parecia ser a única naquele lugar, que tipo de prisão só possui um prisioneiro.

Passos foram ouvidos do lado de fora, apertei meu rosto contra a grade de ferro e avistei ao longe um homem gorducho, baixinho e visivelmente bastante assustado com toda aquela situação. Ele se aproximou de mim.

–Vejo que finalmente acordou... E seu machucado na cabeça, ainda dói? – levei minha mão instintivamente para o local e uma dor aguda percorreu meu corpo, encolhi-me e ele parecer ter a resposta para sua pergunta de segundos atrás.

–Onde estou? – eu perguntei com minha voz ainda falhando.

–No castelo de vossa alteza real, você o invadiu durante a madrugada, não se lembra?

–Eu... Não era a minha real intenção, eu estava fugindo.

–Fugindo? – ele levou a mão ao pequeno cavanhaque. – Do que você poderia estar fugindo, meu bem?

–Do que não fugir... – ele me fitou curioso. – Eu fui vendida pelo meu pai, seria forcada a me casar com um monstro, na verdade um filho de um monstro, eu fui torturada, eu não poderia mais ficar ali, não agüentaria aquela situação, não mais.

–Então foi ela que fez isso em suas costas? – balancei a cabeça positivamente.

Ele me olhou com pena enquanto eu contava a ele minha história, percebi uma movimentação na escada que dava acesso a torre e logo se aproximou de nós um homem bastante magro, com pele branca como a cera de uma vela e um enorme sorriso no rosto.

–Que bom que acordou senhorita. Come se sente? – eu não o respondi.

–Posso ir embora, não aparecerei de novo, eu juro.

Ele balançou a cabeça negativamente.

–Você invadiu, apesar dos seus bons motivos, é uma prisioneira agora.

Levei minha mão à boca e fui para o fundo da cela, sentei-me no chão e chorei, eu havia fugido e olha onde eu me encontrava agora presa, em um castelo desconhecido no meio de uma enorme floresta. Encostei minha cabeça na parede de pedra e pensei em minhas possibilidades.

–Amanhã começaram suas tarefas – o homem gorducho falou – É uma prisioneira e deverá trabalhar.

Olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas e abaixei a cabeça, eles se retiraram e eu fiquei ali no escuro e no frio chorando. Deitei-me e fechei os olhos, em meio a tantas perguntas acabei caindo no sono não antes sem sussurrar:

–Você não veio.

Acordei no outro dia com barulhos provenientes do lado de fora da cela, levantei ainda um pouco tonta e avistei o mesmo homem gorducho com algumas roupas limpas em mãos e uma expressão severa em seu rosto.

–Senhorita, hoje deveras limpar toda a escadaria, retirar as folhas secas do jardim e ajudar madame Marta na cozinha, ouviu bem?

Balancei a cabeça e sem dizer nenhuma palavra peguei as roupas de suas mãos, ele me deu licença enquanto eu deixava meu vestido de lado e colocava agora algo bem mais simples. Quando finalmente estava pronta o chamei e ele abriu a porta da cela para que eu pudesse realizar minhas tarefas.

Descemos as escadas lentamente e à medida que caminhávamos todo aquele lugar me parecia estranhamente familiar. O dia passou extremamente devagar. As tarefas eram pesadas e haviam deixado todo o meu corpo bastante dolorido. NO fim do dia ele me entregou um pesado balde para que eu limpasse a escadaria do salão principal, mas fui impedida por algo que me fez perder o fôlego, ao longe avistei o mesmo espelho de meu sonho, ele continuava em pedaços e me perguntei se aquele castelo pertencia a ele.

Tomada pela curiosidade subi as escadas lentamente e caminhei pelo amplo corredor que agora parecia ser bem maior, abri a porta de seu quarto de modo a não fazer barulho, o quarto não estava destruído como em meu sonho e ele não parecia estar ali, caminhei para a sacada de pedra e o encontrei virado olhando para o horizonte, uma felicidade imensa tomou conta de meu ser, ele realmente estava ali, aproximei-me dele e toquei seu ombro, porém quando ele se virou algo parecia ter mudado. Ele levou as mãos ao rosto, tentando esconder as cicatrizes que se estendiam pelo mesmo, ao olhá-las com mais atenção fiquei petrificada de pavor, aquele não poderia ser ele, eu não conseguia acreditar.

–Como ousa? – ele falou sua voz era firme, diferente da voz aveludada que eu ouvia em meus sonhos, mesmo que esta às vezes estava tomada pela mágoa.

–Eu... Perdoe-me. – recuava aterrorizada enquanto ele parecia querer me matar, conservando em seus olhos uma expressão nada acolhedora.

–Saia... Agora! – ele gritou enquanto eu corri do quarto, sentia tanto medo dele que corri para a porta principal do castelo e abandonei o local, novamente me encontrava na mata completamente perdida.

A noite escura tomava conta do local e eu não sabia ao certo que caminho tomar, como eu poderia ter me enganado tanto em relação a ele?

Os galhos soltos me causavam arranhões e o frio cortante parecia chicotear minha pele já tão maltratada. Até ouvi uivos, que cortaram a noite, sem esperar nenhum minuto corri sem rumo até atingir uma clareira e vendo que não tinha para onde ir preparei-me para o fim.


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