Kyoko acordou mais uma vez com lagrimas nos olhos e o corpo coberto de suor. Aquela cena vinha repassando-se em seus pesadelos havia semanas.

–Já faz tanto tempo que eu não tinha esses pesadelos... Por que eles voltaram tão de repente...? - perguntou-se em um baixo sussurro. Era sempre assim, ela dormia, tinha esse pesadelo, acordava apavorada, se perguntava por que aquilo estava acontecendo, voltava a dormir e só acordava quando o despertador soava. E dessa vez não seria diferente.

~Já pela manhã~

Ela seguiu rumo até o prédio da LME, precisava falar com a Kanae e rápido!

Ao chegar em frente a sala da seção Love Me, hesitou. Não tinha certeza se entrava ou não, mas precisava entrar.
Kyoko abriu a porta calmamente e ao ver sua amiga, sorriu.

–Bom dia, Moko-san. - disse simplesmente. Kanae estranhou. Sem abraços? Sem gritos de felicidade? Essa era mesmo a Kyoko?

–Bom dia, Kyoko. - cumprimentou-a em resposta. Ela já notou que alguma coisa estava errada. Só não sabia o que era. - Aconteceu alguma coisa? Você parece meio pálida...

–Moko-san... Se eu lhe contar uma coisa, você promete não contar para mais ninguém? - perguntou séria. Kanae não conseguiria dizer não, mesmo se quisesse, ela tinha medo do que sua amiga estava prestes a lhe contar.

–Eu juro que eu não vou contar para ninguém. - Kyoko sorriu fracamente e se sentou, manteve-se em silencio por alguns segundos, deixando Kanae cada vez mais nervosa. -Mou, Kyoko! Conta logo o que você quer me contar!

–Lembra do que eu contei sobre meu pai ter morrido de uma doença? - perguntou baixinho.

–Hn, sim, eu lembro. Por que a pergunta?

–Eu menti quando eu lhe contei isso. - Kanae quase pulou da cadeira em que estava sentada. Kyoko mentiu para ela? Era praticamente impossivel de se imaginar que isso fosse um dia acontecer.

–O que realmente aconteceu, então? - ela tentava escolher as palavras certas, pois via que era um assunto muito delicado para se falar com outra pessoa.

–Meu pai foi, na verdade, assassinado... E eu presenciei essa cena com meus próprios olhos... - ela começou a abraçar o próprio corpo, como se tentasse se esconder, se proteger. Kanae permaneceu em silencio, sabendo que provavelmente havia ainda mais para ser contado. - O s-sangue dele estava para t-todos os lados... até mesmo em mim...! - lágrimas ameaçavam cair e Kanae percebeu que era a deixa para ela ajudar Kyoko. Ela abraçou Kyoko, como em um gesto mudo de consolo.

–Shh... Kyoko, respire fundo e tente se acalmar... relaxe... - ela sussurrava em uma voz calmante. Não gostava de ver sua amiga chorando ou ao menos triste. Era estranho, não parecia certo. Elas ficaram alguns minutos assim até Kyoko se acalmar 100%.

–*sniff* O-Obrigada, Moko-san... Eu realmente estava precisando contar isso para alguém...

–Não se preocupe, Kyoko. Eu sempre estarei aqui quando você precisar. Melhores Amigas são para isso. - disse com um sorriso. Kyoko também sorriu e abraçou a mais velha.

–Nós precisamos ir, antes que nos atrasemos. - Kyoko falou levantando-se. - Lembro-me do presidente ter peço para mim me encontrar com ele hoje, as 9h e já são 8:40min.

–Boa sorte com aquele maluco. - Kanae também se levantou, deu mais um abraço na amiga e deixou-a ir ao encontro do chefe maluco, estranho e muitas outras coisas mais.

~Na sala de Lory~

–Senhor, Mogami-sama já chegou. - Sebastian avisou.

–Hm, ela veio 10min mais cedo do que o esperado... Mande-a entrar. - em pouco menos de 1min, Kyoko já estava lá dentro, mas ela não parecia a mesma de antes. Estava quieta demais...

–Precisa de alguma coisa, presidente? - ela perguntou, sentando-se em frente ao homem vestido de índio.

–Ah, sim. Nós temos um novo talento aqui e precisamos que alguém guie ele. Ele estará no ramo de atuação também, mas é mais velho que você.

–Desculpe-me, mas eu escutei direito? Vocêquer que eu seja a Senpai de um novo talento daqui? Eu também não passo de uma amadora, não tem como eu conseguir ajudar alguém nessas condições.

–Por favor, Mogami-kun. Eu realmente quero que você ajude esse rapaz. Será muito bom para vocês dois. Se você conseguir ajuda-lo direitinho, talvez eu pense em tira-la da seção Love Me. - Lory sorriu ao ver a reação da jovem. Ela estava pensando na proposta e isso era algo bom.

–Certo, então. Quando vou conhecer ele? - ela ter se rendido tão facilmente surpreendeu Lory. Ele esperava ter de, praticamente, força-la a aceitar. Ele estava certo quando pensou que ela não parecia a mesma...

–Ele já está aqui. Por favor, deixe-lo entrar, Sebastian. - o mordomo logo saiu e voltou com um rapaz um pouco mais alto que ele, de cabelo preto e olhos verdes. Kyoko congelou ao ver ele. O jovem se assemelhava muito ao causador de sua perda.

–O nome dele é Ichinose Akira. - o mais velho apresentou-o.

–I-Ichinose...? - ela repetiu baixinho. Era tudo muito de repente. Akira era muito parecido com o assassino e até tinha o mesmo sobrenome que ele.

–Prazer em vê-la, Kushieda Kyoko-san. - o rapaz sorriu de forma gentil de mais.

–Kushieda? - Lory perguntou confuso. Tinha certeza de que o nome da moça era MOGAMI Kyoko e não KUSHIEDA Kyoko.

–Esse era o sobrenome do meu pai. - Kyoko respondeu com um sorriso falso.

–Você parecem já se conhecer... - ele comentou olhando de uma para o outro.

–Nós costumávamos brincar juntos quando crianças. Ela tinha 4/5 anos na época e eu 7. - Akira informou. - Nós paramos de nos ver quando ela se mudou de Tokyo para Kyoto. - Lory estava prestes a fazer mais uma pergunta quando foi interrompido pela menor.

–*coff coff* Ichinose-kun, você poderia, por favor, parar de falar dessa época? Se quiser, podemos conversar sobre isso em particular, mas não aqui. - Kyoko levantou-se e pegou o rapaz pelo braço, lançando-lhe um olhar de Mio que nem chegou a assusta-lo.

–Se nos der licença, presidente. Como pode ver, temos muito que conversar. - ela saiu antes de ouvir o homem dizer algo, puxou o rapaz pelo braço o tempo todo.

–...Sebastian, pesquise sobre a família Kushieda e sobre a família Ichinose, esses dois me deixaram muito curioso...

~Lá fora~

–O que você está fazendo aqui, seu filho de assassino?! - gritou irritada. Agradeceu em silencio por aquele ser um ponto bem pouco usado e que nessa hora estava vazio.

–Que rude, onde foram suas maneiras, Kyoko? Pensei que a Saena-san tinha lhe ensinado tudo direitinho. - ele sorriu de forma brincalhona, sabendo que estava botando sal na ferida.

–Estou apenas lhe chamando do que você é!

–Hn, fato. - Kyoko olhou para ele mais uma vez. Ele não tinha nada haver com o assassinato do pai dela, exceto pelo pai dele ter o matado. Ele era apenas uma criança na época, não tinha como ele saber o que havia sido feito...

–*suspiro* Esquece.Eu vou lhe mostrar um pouco do prédio, Akira. - ela sorriu para ele. O sorriso ainda era meio frio, mas havia um pouco de verdadeiro nele. Akira ficou surpreso. Uma hora ela estava com um olhar de quem iá matá-lo e agora, ela sorria para ele, dizendo que guiaria ele por ai.

–Ugh, certo. - eles começaram a andar pelo edifício, conversaram um pouco sobre cada coisa, mas nada em referencia a qualquer uma das famílias. Quando ela começou a falar sobre suas amigas, ela foi as alturas, pareceu esquecer tudo que havia acontecido entre suas famílias e tudo mais. Akira não pode evitar pensar o quão fofa ela parecia daquele jeito. Depois deles almoçarem e voltar ao seu 'passeio', Kyoko avisou que teria de ir para as gravações de Box-R e disse que Akira poderia ir junto se ele quisesse. Ele obviamente aceitou e assim eles foram.

–Na-chaan~! - o diretor gritou ao vê-la entrando lá, mas dai, notou o rapaz ao seu lado. - Quem é ele?

–De acordo com o Presidente, meu Kohai. Hoje é o primeiro dia e como não tinha ninguém para faze-lo companhia enquanto eu estava aqui, resolvi deixa-lo vir junto. Há algum problema, diretor?

–Não, nenhum. A maquiadora já está esperando, vá logo. - Kyoko foi sorridente até o trailer, deixando os dois a sós. - Você pode ficar por ali, tudo que você tem que fazer é não atrapalhar em nada, ok?

–Ok. - ele se sentou e esperou para ver como seriam as filmagens.

Alguns minutos se passaram quando Kyoko- correção, Natsu saiu do trailer com seu figurino pronto. Ela estava simplesmente estonteante. Akira não pode evitar se perguntar se aquela era a mesma pessoa de antes. Os atores e o diretor conversaram um pouco e começaram a gravar. A cena em questão era uma onde Natsu seduzia o namorado de uma garota que ousou desafia-la e tentar faze-la de boba.

Cena1#

–Então, Na-chan, o que iremos fazer com ele? - uma de suas companheiras perguntou.

–Não se preocupem com isso, meninas. Basta deixar tudo sobre meu controle... - ela foi até o pobre rapaz e em menos de 10min, ele já estava comendo na palma dela. Nesse exato momento, a garota apareceu e presenciou a cena toda. Ela nunca havia se sentido tão humilhada em toda a sua vida.

–Viu? É isso que acontece quando se desafia a Na-chan. - Yumiko disse com um olhar de divertimento no rosto. Ela adorava ver as 'vitimas' sofrendo, não tanto quanto Natsu, mas chegava perto.

–Yumiko, agora é a sua vez de se divertir. O que acha? Você da conta do recado? - Natsu perguntou com um sorriso repleto de malícia.

–Pode deixar comigo... - Yumiko foi até a menina que possuía uma expressão de repleto terror.

Cena1#Corta

–Perfeito, meninas! - o diretor gritou. - Vocês me fizeram sentir arrepios! Apenas peço que maneirem um pouco no grau de medo, caso o contrario, Box-R vai se tornar um Drama de terror. - disse com uma gota, rindo meio sem jeito.

Akira apenas olhava para Kyoko abismado. Ela era uma atriz de 1ª classe, e isso era um fato! Seria impossível alguém poder ser melhor que ela!

–Está olhando o que, rapaz? - Natsu perguntou com certa indiferença.

–N-Nada. - gaguejou, nervoso pela mudança repentina de atmosfera.

–Hn, certo então. - ela deu um sorriso e uma piscadinha para ele e voltou para seu grupo.

–Vamos gravar mais algumas cenas e depois acabou por hoje! - o diretor avisou.

Continua~