– Não pode ser! Como isso é possível?! – Molly ouvia uns berros, enquanto subia as escadas em direção a seu apartamento. Reconheceu a voz. Sherlock.

Uma semana tinha se passado desde o ocorrido com William. Molly tinha conseguido manter seu emprego no St. Bartholomew’s Hospital e agora, Sherlock tinha voltado a morar com ela e com William, é claro.

De vez em quando Molly se pegava pensando em como tudo tinha mudado. Principalmente em Sherlock. Ela ainda não conseguia aceitar direito que ele era um assassino. Soava tão cruel quando ela definia nessa palavra o que ele tinha feito, mas ela nunca conseguia definir de outro jeito.

Molly tinha escutado em silêncio a narrativa de Sherlock depois que eles chegaram naquele dia.

Sherlock parecia estar em choque em algumas partes da narrativa, mas no fim, pareceu convencido de que tinha feito o necessário. E Molly também se convenceu disso. Sherlock salvou a vida de William, e era isso o que importava.

Enquanto abria a porta do apartamento, ainda ouvindo os gritos vindo de lá de dentro, Molly sorriu. Ela tinha a família perfeita. Ela sabia disso agora.

– Xeque mate, de novo pai! Eu sou IN-VEN-CÍ-VEL! – William gritava em pé na poltrona de frente para Sherlock. Os braços erguidos para cima, comemorando a vitória. Jogar xadrez, era a única coisa que os dois faziam o dia todo. Na realidade eles revezavam entre estudar alguns casos resolvidos de Sherlock, em Sherlock ensinar a William algumas notas no violino e os dois fazerem uma leitura compartilhada dos mais diversos livros. Os dois não se desgrudavam mais.

– Mas o que é isso? – Molly disse tentando parecer brava enquanto abria a porta. Rapidamente William se jogou para se sentar na poltrona. Molly não permitia ficar em pé no sofá. Isso valia para a poltrona também.

– Ah, oi mãe! Ganhei do papai de novo! – William disse todo orgulhoso com um sorriso enorme no rosto. Sherlock era o oposto. O olhar fixo no tabuleiro a sua frente e a cara amarrada, mostravam que ele ainda não entendia como William ganhava TODAS as vezes.

– Bate aqui filho! – Molly ergueu a mão para William bater. Molly era completamente declarada Team William. Ela adorava provocar Sherlock e os dois juntos conseguiam fazer isso sempre.

Molly se aproximou de Sherlock para lhe dar um beijo na testa. Jurava que ele nem tinha percebido a presença dela ali, mas foi surpreendida quando sentiu ele puxá-la pelo braço para sentar no colo dele e beijou os lábios dela apaixonadamente. Sherlock ainda sabia como surpreender Molly.

– Eca! – Foi tudo o que os dois ouviram antes de cair na risada e interromperem o beijo. William estava de platéia e contorcia todo o rosto numa expressão de nojo.

Molly e Sherlock se olharam como se fossem cúmplices planejando algo terrível e rapidamente se levantaram para agarrar William e o encherem de beijos. De longe, podia se ouvir os risos e os gritos de alegria de uma família que estava finalmente, unida.

***

♫

Molly tinha acabado de sair do banho. Estranhou o silêncio no apartamento, mas continuou andando em direção ao seu quarto. Sherlock e William deviam estar aprontando mais alguma, ela podia sentir.

Quando entrou no seu quarto, viu um vestido preto junto com um bilhete em cima da cama:

Um presente.

Temos uma surpresa para você,

Williams

Molly riu com a assinatura do bilhete. Tudo que Sherlock e William faziam juntos, eles falavam que fora feito pelos Williams. Não bastava um protetor, ela tinha dois.

Então Molly se vestiu. Sherlock ainda sabia exatamente que número ela vestia e qual tipo de vestido ficava certo para o seu corpo. Aquele tinha um ar sexy, mas ainda a definia como uma mãe.

Colocou um brinco que brilhava bastante e prendeu o cabelo num coque que deixava alguns fios soltos. Fazia um bom tempo que Molly não se arrumava tanto assim. Passou um leve batom vermelho e caprichou no rímel. Ainda não sabia o que os seus Williams tinham planejado, mas resolvera se arrumar e caprichar. Tinha que estar preparada para seja lá o que fosse que eles tivessem armando.

Por fim, passou um perfume leve, que ela sabia que Sherlock amava e vestiu um par de sandálias preto não muito alto. Ao se olhar no espelho, gostou do que viu. Perfeito.

Ao sair do quarto, Molly foi direto para a sala esperando encontrar alguém. Mas tudo estava no perfeito silêncio, com uma luz bem fraquinha iluminando a sala. Onde estão aqueles dois? Molly começava a ficar preocupada. De repente ouviu uma música leve e baixinha vindo da cozinha. Sentiu alguém tocar na sua mão:

– Madame, o jantar é por aqui! – William estava vestido com uma pequena gravata borboleta preta e uma camisa branca. Num dos braços, tinham um paninho branco, imitando um garçom de Paris.

– Will, o que é isso? – Molly disse sorrindo. Foi quando viu Sherlock a esperando em pé na cozinha. O cômodo era iluminado apenas por duas velas que estavam na mesa arrumada na frente dele. Sherlock vestia um de seus ternos preto com uma camisa branca. Estava lindo.

– Por Deus, eu sabia que vocês estavam aprontando mas não pensei nisso! – Molly dizia enquanto Will a guiava até uma das cadeiras na cozinha. Na mesa havia apenas dois pratos. – Somente dois pratos? Mas e você filho? – Molly disse surpresa, se sentando.

– Eu vou pra casa da Olivia, quer dizer, pra casa do John. – Will foi se explicando. – Ele disse que vai deixar eu postar alguma coisa no blog. – William não se continha de tanta ansiedade.

Assim que ele terminou de falar, a campainha tocou.

– Tchau mãe! Tchau pai! – William disse tirando a gravata e largando o paninho que estava no braço. Molly apenas riu. Agora estava a sós com Sherlock. Não sabia porque mas estava nervosa.

– Bom, parece que estamos sozinhos. – Molly disse enquanto olhava para Sherlock, que tinha um sorriso encantador no rosto.

– Você está linda. – Sherlock disse observando-a – E parece estar um pouco nervosa. – Sherlock disse cruzando as mãos perto do rosto, levantando uma sobrancelha. Tinha um sorriso nos lábios, como se estivesse fascinado. Molly colocou uma mecha que caiu do coque atrás das orelhas.

– Não, é claro que não. – Dizia tentando esconder seu nervosismo. Pare com isso Molly, ele é seu marido esqueceu?, a consciência de Molly a lembrava.

– Hum, tudo bem. – Sherlock assentiu. – Vou servir nosso jantar.