The Forest City escrita por Senjougaha
Notas iniciais do capítulo
Leio cada comentário, cada recomendação e fico feliz que ainda estão gostando da história!
Como prometido, I'M BACKKKKKKKKK
Alguns passos leves me acordaram.
Abro um dos olhos e vejo as duas criadas elfas tentando não fazer barulho ao colocarem ao meu lado um carrinho com meu café da manhã e água na banheira.
— Bom dia - bocejei e me sentei.
Uma delas se assustou e fez uma reverência.
Sorri e me empenhei em botar pra dentro do meu estômago a comida estranha e gostosa.
Assim que eu terminei, uma criada tirou o carrinho e a outra tentou me ajudar a tirar a roupa, mas no fim eu fiz isso sozinha e dispensei ambas.
Saí do quarto e chamei Solara com a mente.
Não demorou pra que ela aparecesse.
— Boo! - ela tentou me assustar.
Revirei os olhos.
— Diga à Adalind que agradeço pela hospitalidade - eu disse - e que já fui pra casa.
Solara franziu o cenho, mas assentiu sem fazer perguntas.
— Bom, então vamos voltar - ela abriu um sorriso animado.
Retribui e peguei a mão que ela me estendia.
“Lembre de fechar os olhos, Sardene”, a voz disse.
Fechei imediatamente, mas ainda pude sentir as luzes amarelas e quentes penetrarem meus olhos.
— Argh! Solara, isso nunca passa?! - perguntei, irritada e esfregando os olhos.
Ela suspirou, acenou um “tchau” e foi para sei lá onde.
Limpei a poeira inexistente em minha roupa e caminhei de volta pra casa.
Solara tinha me deixado um pouco mais longe do que quando nos encontramos pra ir.
Bufei e continuei a caminhar. O céu estava clareando o que devia significar que estava amanhecendo.
Bom pra mim, já que eu não iria conseguir dormir de novo.
Entrei na casa e papai já estava descendo as escadas, disposto a preparar o café da manhã.
— Oh, querida - ele pareceu surpreso - pensei que fosse ficar mais tempo lá.
— Não - neguei com um aceno de cabeça - eu pretendia, mas meu lugar é aqui.
Ele abriu um sorriso e eu retribuí.
Subi para me trocar e apertei o botão do celular.
Terça-feira. O que significava que eu teria aula.
Abri o guarda-roupa e peguei uma saia de pregas azul e uma blusa branca.
Tomei um banho rápido e me vesti enquanto procurava minha mochila e me calçava.
Quando desci, já estava pronta e mais adiantada que o habitual.
— Bom dia, filhota - meu pai sorriu como se estivéssemos nos vendo pela primeira vez no dia.
Soltei uma risada e lhe dei um beijo na bochecha.
Nos sentamos na mesa e comemos juntos.
Era confortável essa rotina e eu queria aproveitar o momento ao máximo.
Mas eu tinha aula.
Me levantei e passei a mão nas chaves da laranja berrante.
— Que anel é esse? - meu pai perguntou, curioso.
Olhei para meu dedo anelar.
O metal negro era frio, mas eu já estava acostumada.
Até gostava dele.
— Ganhei de um amigo - respondi, mandei-lhe um beijo no ar e saí.
Me joguei no banco do motorista e dirigi devagar até chegar na faculdade.
Estacionei na vaga mais próxima da saída que encontrei disponível.
Eu me sentia calma.
Adalind estava certa: eu tentei fugir dos meus problemas.
E eu não devia correr atrás de algo que não quer ser pego.
Alguém agarrou minha cintura e me deu um beijo no pescoço.
Ouvi uma risada abafada e familiar.
Olhei pra trás assustada e surpresa.
— Seth - repreendi - você tem uma namorada agora.
Ele deu de ombros.
— Isso não me impede de ter o meu passatempo preferido: provocar você - ele sorriu de lado.
Revirei os olhos, mas não pude deixar de sorrir também.
— E então? Como foi lá? - ele perguntou.
— Lá onde exatamente? - perguntei, tentando fugir do assunto.
— Na cidadezinha brilhosa dos elfos - ele respondeu, pacientemente.
— Foi… pacífico até - assenti, concordando com a palavra escolhida por mim.
Seth me encarou com seus olhos lilases e sorriu.
— Que bom - disse, e saiu andando na frente.
Parei de caminhar e fiquei ali, piscando confusa.
“Certo, eu senti falta dele”, a voz da Selene-demônio (decidi que a chamaria assim) cantarolou.
Revirei os olhos e voltei a andar.
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Certo.
Eu ter decidido que esqueceria Daniel não significava que eu podia ficar sentada ao seu lado numa boa.
Coraline entrou na sala com seus scarpins polidos fazendo barulho no piso.
— O professor da próxima aula precisou ir embora devido a uma emergência, então todas as aulas do dia serão minhas - ela sorriu, não parecendo sentir pena do tal professor.
Ninguém protestou.
Contabilidade não era a aula preferida dos alunos, afinal.
Abri meu caderno e busquei uma caneta na minha bolsa.
Sem sucesso.
Franzi o cenho e despejei todo conteúdo sobre a mesa, na esperança de encontrar alguma perdida.
Não tinha
O que era estranho, já que eu sempre deixava meu material em ordem.
“Okay, Selene, não é como se você fosse prestar a atenção na aula com uma caneta pra rabiscar o caderno em mãos…”.
Coloquei o cabelo atrás da orelha e devolvi os cadernos e folhas pra dentro da bolsa.
Senti um cutucão gelado e olhei para o lado.
Daniel não me olhava, mas me estendia uma caneta.
Murmurei um “obrigada” e usei o verso do caderno para desenhar coisas aleatórias enquanto ouvia Coraline falar.
Ela estava tentando explicar - sem sucesso - como os grandes empreendedores antigos agiam em momentos de crise.
Parei de desenhar e viro a cabeça de lado para olhar o resultado.
Várias foices, lado a lado e vários arcos uns contra os outros.
Bufo e passo para outra folha.
— Então a partir de agora a aula será dedicada a trabalho em grupo - ouvi Coraline dizer em voz mais alta - “o que você faria num momento de crise, como empresário?”
Todos encararam a “professora”, inclusive eu.
— Lição de casa - ela sorriu para mim.
Devolvi um sorriso falso.
Yukina arrastou uma mesa de forma barulhenta para o meu lado e se jogou na cadeira.
— Você podia ter erguido - disse eu.
Ela me agarrou num abraço e me deixa sufocada.
— Senti tanto sua falta, Sel! - ela choraminga, alto demais.
— Também senti a sua - dei umas batidinhas em seu braço, tentando respirar - Yukina, está me sufocando!
Ela se afasta com uma expressão travessa e me mostra a língua.
— Quanto tempo fiquei fora? - perguntei, mesmo que eu não quisesse saber.
— Uma semana e dois dias redondinhos - ela respondeu e torceu o nariz para o desenho que eu fazia - pensamos que ficaria mais.
— Até parece que desejaram isso - resmunguei.
— Eu desejei - Daniel interrompeu.
O olhei, surpresa por ele decidir nos dar a graça de ouvir sua voz.
— Na verdade, cada escama do meu corpo desejou - ele sorriu de lado.
Apoiei meu queixo no punho e sorri de volta.
— Pena pra você - respondi e me virei de volta para Yukina.
“Tão infantil…”, a voz zombou.
Revirei os olhos.
— Liam disse que te buscaria às 7 assim que você voltasse - Yukina pescou dois chicletes da bolsa e me deu um.
— Ele já deve saber que voltei - suspirei.
— Ei, você mesma estava animada pra isso, não amarele - ela me cutucou.
Levantei as mãos pra cima em sinal de rendição.
— Não estou amarelando, eu ainda quero ir - disse eu - apesar de não fazer ideia de como agir.
O rangido de uma cadeira sendo arrastada soou estridente aos meus ouvidos.
Olhei para o lado e Daniel não estava lá.
— Qual é o problema dele? - perguntei.
Yukina deu de ombros.
— Talvez amanhã eu te entregue a lista - ela riu.
Bufei.
— E eu ainda não terei terminado o primeiro capítulo do meu livro - respondi.
Sorrimos.
Continuei rabiscando em meu caderno.
A lição de casa ficaria mesmo pra casa afinal.
Alguns minutos de silêncio correram até que a japonesa baixinha resolveu interrompê-los.
— Você acha… - ela disse, hesitante - acha que Daniel não se importa com você mais?
A encarei sem acreditar na pergunta.
— É óbvio que acho - respondi - ele me abomina, agora que teve sua parte humana reprimida ele é só um dragão e somos inimigos naturais.
Yukina mordeu o lábio inferior.
— É - concordou com um aceno de cabeça - talvez esteja certa.
— Por que a pergunta? - questionei, curiosa.
Ela deu de ombros.
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Me olhei no espelho.
Uma camiseta gigante de basquete, um short jeans, uma sandália confortável e uma bolsa carteiro.
Eu só torcia pra que Liam não me levasse pra nenhum lugar sofisticado.
Ouvi alguém bater na porta e desci as escadas correndo.
Eu nem sabia ao certo porque estava tão ansiosa.
Não gostava de Liam da forma que ele queria que fosse.
Será que era a perspectiva de recomeçar?
Eu não sabia.
“Você sabe que quer ver como Daniel vai reagir”, a voz disse e pude imaginá-la revirando os olhos.
— Você sabe tão bem quanto eu que não é isso - rebati em voz alta.
Meu pai abriu a porta e tentei agir normalmente atrás dele.
Liam estava com uma camiseta branca simples e jeans escuros.
Agradeci mentalmente por isso.
Ele sorriu.
— Olá, senhor Reed - cumprimentou amigavelmente - posso levar sua filha pra sair?
Meu pai me olhou surpreso, com o cenho franzido.
Sorri.
— Cuide bem dela - ele fingiu uma expressão severa e Liam riu.
— Pode deixar.
Ele me estendeu o braço e o entrelacei no meu.
— Aonde vamos, senhor? - perguntei.
Seus olhos com fundos avermelhados sorriram e seus caninos ficaram à mostra.
Eu gostava da combinação.
— A um lugar especial - ele respondeu.
Certo.
Talvez eu sentisse falta de ser especial pra alguém.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
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