The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 66
Capítulo 66 - Disputada


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo cheio de treta pra vocês!



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Joguei minhas roupas pelos ares freneticamente.

Onde diabos eu tinha colocado a minha jardineira jeans e arregaçada?

Bufei e puxei os cabelos da nuca.

Nada estava dando certo.

Ouvi a campainha soar e desisti da minha missão impossível de encontrar roupa para sair a noite com Yukina, que alegava que eu precisava de um tempinho como adolescente mundana.

Enquanto tudo o que eu queria era que ela me treinasse mais.

Porque naquele momento, um Daniel que me odiava estudava comigo.

E eu tinha que… Seduzí-lo? Com muita sorte, sim.

Mordi o lábio inferior que tremia. Eu não sabia, não fazia ideia de como seduzir alguém e aquilo me desesperava.

O que eu andei fazendo a minha vida toda?

Selene, a fechada.

Selene, a fria.

Selene, o desafio de conquista de todo garoto.

Era só por isso que eu tinha conseguido ter alguns casos da oitava série até o terceiro colegial. Porque eu era um desafio para os garotos.

Bufei mais uma vez e cruzei os braços.

Ia me jogar na cama quando a campainha soou mais uma vez e desci as escadas de dois em dois degraus para ver o que diabos o meu pai fazia de tão importante que não podia atender a porta.

O mau humor me consumia e mal sabia eu que dali pra frente, as coisas só piorariam.

Meu pai empalideceu quando me viu surgir na sala.

Ele segurava a maçaneta da porta com força, enquanto outra pessoa do lado de fora tocava a campainha incessantemente.

– Pai? - perguntei desconfiada - quem é?

– Uma mulher doida que está atrás de mim - ele sorriu forçadamente - pode subir pro seu quarto querida, eu resolvo isso.

Franzi o cenho e dei de ombros.

Acreditei naquilo, por mais duvidoso que pudesse ser, afinal, várias mulheres enxergavam no meu pai um pretendente maravilhoso, um esposo perfeito, um partidão.

Ia fazer o que ele disse, mas desisti quando uma voz gritou.

– ABRA ESSA PORTA AGORA, DELARYON!

Aquela voz.

Eu a conhecia de algum lugar, era mais do que familiar.

Mas quem era Delaryon?

Franzi o cenho mais uma vez e encarei meu pai de forma incrédula.

O empurrei para longe da porta e a abri de supetão.

A mulher magra, loura e de olhos heterocromáticos que estava encostada na porta por pouco não caiu.

Ambos os seus olhos - o azul e o verde - focaram em mim e sua boca se abriu num “o”.

– Mãe? - perguntei, cética.

Sua expressão de surpresa logo foi substituída pela frieza habitual.

– Vim falar com seu pai - ela disse casualmente - não imaginei que fosse te encontrar aqui a essa hora.

– Selene já está de saída - meu pai interrompeu - pra faculdade.

– Hoje não tem aula - franzi o cenho.

– Que seja, Selene! - ele elevou o tom de voz.

Aquela era a primeira vez que eu via meu pai nervoso a ponto de falar alto comigo.

– Suba pro seu quarto - ele mandou.

Também era a primeira vez que ordenava algo, então achei que seria prudente obedecer.

Subi as escadas bufando a passadas fortes.

“Vai deixar por isso mesmo?”, minha voz interior disse, zombeteira.

– É claro que não - resmunguei.

Me joguei na cama e tentei ouvir algum som vindo da sala.

Mas o silêncio absoluto reinava naquele lugar.

Eu podia ouvir tudo na casa. Os relógios de ponteiros que papai gostava de deixar um em cada cômodo, a geladeira com seu zunido incessante, a lavadora de louças que fazia seu trabalho sem reclamar.

Mas a sala era um vazio completo.

Me lembrei de uma vez que Yukina tentara me ensinar magia de silenciamento e eu a ignorei. Não achei que fosse ter alguma utilidade, pelo menos não até aquele momento.

Meu pai ou minha mãe ter usado aquela magia era a única explicação plausível - ou não tão plausível, já que estamos falando de magia - para eu não conseguir ouvir nada vindo de lá.

Respirei fundo e me concentrei em quebrar a barreira que impedia o som de sair daquela sala.

Ao menos isso eu me lembrava de como fazer, já que era a parte fácil da aula que Yukina dera.

Só não pensei que fosse ser tão difícil na prática, ou talvez aquela barreira estivesse particularmente mais forte.

– E o que eu preciso fazer pra ajudar? - Aquela Mulher perguntou numa voz fina.

– Adalind - a voz do meu pai soava nervosa - eles estão atrás dela, não tem a ver com você.

– Você é Delaryon, o Rei! - ela esganiçou - prometeu, jurou cuidar da minha filha quando a arrancou dos meus braços! Eu queria criá-la, eu a amava! Ela tem tanto potencial e você joga tudo fora nessa mísera vida humana que levam!

Eu podia jurar que ela estava chorando. Mas Adalind nunca chorava. Não a minha mãe.

– Você sabia quem eu era e as consequências disso quando se envolveu comigo, elfa - ele estapeou algum móvel de madeira - não pense que haviam sentimentos da minha parte envolvidos. Quanto ao tipo de vida que levamos, não acha que temos muita escolha, acha?

– É claro que eu sabia - Adalind rangeu os dentes - mas Selene mudou isso, não é? Você a ama…

– Eu amo a minha filha - ele concordou - e a mais ninguém.

– Então deixe-me ajudar a protegê-la! - ela gritou enraivecida.

Me proteger? De quem?

Pisquei confusa e me concentrei mais em tentar decifrar a conversa.

Meu pai suspirou pesadamente e eu podia imaginá-lo passando as mãos nos cabelos, em uma forma de se acalmar.

Eu conhecia meu pai mais do que ninguém, ele não era esse tal Delaryon.

Pelo menos eu tentava me convencer disso.

– Essa vai ser a ultima vez que direi isso, Adalind - ele tornou a falar - fique longe dela.

– Não pode me impedir de cuidar da minha filha - ela se descontrolou - você sabe disso! Pensa que estive ausente da vida dela esse tempo todo? Eu posso ter estado, mas alguém sempre estava lá por mim!

Podia imaginar o sorriso vitorioso dAquela Mulher. O tom de voz utilizado por ela era de alguém que vencia uma discussão.

Mas do que diabos ela estava falando?

Um rosnado profundo ecoou e meu pai novamente estapeou algum móvel de madeira.

– Coraline! Aquela desgraçada! - ele urrou de raiva.

Eu já não o reconhecia mais. Ele parecia possesso… Por um demônio ou algo do tipo.

O pensamento fez com que os pelos da minha nuca ficassem arrepiados.

– Não pense que exilei minha própria irmã sem um motivo por trás - ela disse.

Pude ouvir um sorriso em sua voz e aquilo me irritou. Senti vontade de descer aquelas escadas e deixar claro que eu só queria meu pai por perto e nada mais. Era o suficiente.

Mas o nome “Delaryon” e os meus sonhos estranhos martelavam na minha mente como um alerta vermelho.

Eu precisava saber mais.

– Não pode protegê-la sozinho mais - ela disse, mais calma - aquele dragão… Daniel, não é?

– Ele não vai ajudar, não agora - meu pai murmurou.

– Acredite em mim, ele vai sim - minha mãe disse com ironia na voz - Selene pode não perceber, mas tem uma incrível influência sobre o coração dos imortais. Não vai demorar muito até ele comer na mão dela novamente.

– Ela puxou a mãe - ouvi meu pai resmungar pra si mesmo.

– O que disse? - Adalind perguntou, surpresa e confusa.

– Nada - meu pai rosnou.

– Que seja, aquele Seth o ajudará - ela continuou - Coraline vai voltar pra cidade.

– Eu já disse que não quero ajuda - ele repetiu, cansado.

Um tapa soou e fiquei chocada com o que pude deduzir do som. Adalind estapeando meu pai?

– Pare de decidir as coisas sozinho quando NOSSA filha está envolvida - ela disse com a voz embargada - não permitirei que cometa mais um erro.

Alguns minutos de silêncio se seguiram naquela sala.

Pensei que a conversa estava acabada, Adalind iria embora e meu pai subiria para ver o que eu estava fazendo.

Mas ambos suspiraram.

– Chame aqueles amigos dela aqui - ela disse - inclusive o vampiro, qualquer ajuda já é grande coisa.

– Não pense que vai passar impune por essa provocação, elfa - meu pai rosnou - quando tudo isso terminar, vai se lembrar de que sou um demônio, e não se pode mexer com um sem pagar as consequências.

Os saltos altos de Adalind ecoaram e ela abriu a porta.

– É - ela disse - eu mais que qualquer um sei disso.


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Notas finais do capítulo

O que acharam??