The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 48
Capítulo 48 - Trocada


Notas iniciais do capítulo

Mil desculpas pela demora! Estou meio que sem criatividade pra TFC embora eu queira MUITO continuar escrevendo-a eternamente.
Já leram Sagira (minha outra fic)? Não? Leiam :p
Espero que gostem do capítulo ♥



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Yukina pulou e acenou para a sereia como se ela fosse entender o cumprimento. Talvez tenha entendido, mas aparentemente essa raça não dá muito crédito ao sexo feminino.

Iria colocou a cabeça para fora de sua cabine e espiou o que estava acontecendo. Assim que viu as mulheres-peixe pulando para fora da água, emitiu um rosnado ameaçador e… Cara, aquilo era o cabelo dela se arrepiando feito pêlo de cachorro?

Semicerrei os olhos para tentar confirmar, mas logo Yukina agarrou meu braço e um flash me cegou completamente.

– Que droga é essa? - perguntei esfregando os olhos e me segurando no corrimão do iate.

– Oh, eu devia ter dito “diga xissss!”? - ela perguntou pensativa e chateada.

– Não - resmungo e volto a me sentar.

Já passamos da Ilha das Sereias. Pelo menos foi assim que Seth chamou o local onde um conglomerado delas se encontrava. Daniel disse que existiam mais pelo caminho, e que devíamos ficar atentos porque diferentes raças existiam naquele mar e nem todas eram “amigáveis”.

– Onde estamos indo agora? - perguntei e abaixei o óculos de sol.

– À uma ilha não muito longe daqui - Daniel respondeu - ficaremos um tempo por lá.

Depois de ter dito isso, um silêncio cheio de suspensa e tensão se instalou no ar.

Resisti ao impulso de perguntar o que tinha lá, quando o olhar de Daniel cruzou com o meu.

Ele estava… amargurado.

Aquilo me sufocou, como se algo estivesse apertando meu coração.

O que teria acontecido para que DANIEL ficasse amargurado?

Senti algo em minha mente. Como um carinho, um afago.

Instintivamente, sorri para Daniel, que sorriu de volta.

“Está tudo bem”, ele sussurrou mentalmente.

“E vai continuar assim, eu prometo”.

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O balanço do iate não me deixava dormir. Se eu não tivesse visto coisas que jamais imaginaria, diria que estava sendo impossível pegar no sono, mas já tinha adotado o lema “nada é impossível”.

O ronco de Seth era mais um item a se colocar na balança da insônia e Iria não parava de resmungar e rosnar coisas sem sentido.

Me virei e revirei de um lado para o outro até encontrar olhos dourados me fitando no escuro e meu coração parou.

– Que susto - sussurrei para não acordar os outros.

“O que faz acordada?”, ele perguntou.

“Não consigo dormir”, respondi e fechei os olhos, deixando escapar um suspiro.

Senti um calor me envolver e quando abri os olhos, Daniel estava na minha frente. Ele fez com que eu virasse de costas e me aconchegou em seu peito. Aquilo era… dormir de conchinha?

Finalmente, consegui acalmar as batidas do meu coração, mas antes que pudesse xingar a mim mesma, caí no sono.

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– Acorda, acorda, acorda! - Yukina pulava freneticamente em cima de mim.

– O que foi? - acordei irritada e sobressaltada.

– Nós chegamos! - ela respondeu como se fosse óbvio e me jogou um vestido floral.

Resmunguei palavras inaudíveis e incompreensíveis até mesmo para mim enquanto me trancava no banheiro para fazer minha higiene e me trocar.

Alguém bateu com muita pressa e impaciência na porta, fazendo com que eu me irritasse ainda mais e a abrisse abruptamente.

– Qual é o seu problema? - perguntei à Iria, que roía as unhas compridas e mal feitas.

Ela simplesmente me olhou feio, me puxou para fora e se trancou.

Céus. Iria estava… Horrenda. Seu rosto parecia não ter mais lugar para tanta olheira e seus cabelos estavam desgrenhados.

Quero dizer, cabelos desgrenhados são normais em quem acabou de acordar, mas os dela estavam mais do que isso.

– O que aconteceu com Iria? - perguntei à Yukina enquanto descíamos as malas e as colocávamos em um carrinho que seguiria por uma trilha na areia da praia.

– Oh, ela está naqueles dias - ela respondeu misteriosamente.

Franzi o cenho.

Resolvi deixar Bitch Iria de lado e avaliar a ilha que estava à minha frente.

Era realmente muito bonita. O céu azul estava pontilhado com pequenas nuvens brancas e ralas, a mata verde e densa parecia ser misteriosa e convidativa. A areia da praia era a mais fina que eu já tinha visto em minha vida toda e os coqueiros se envergavam quase até o chão com o vento que soprava forte. O mar estava brilhando sob o sol, que acabara de nascer juntamente com nossa chegada.

– O que achou? - Solara perguntou com sua voz calorosa, quase me assustando.

– É muito bonita - confessei.

Eu odiava praias com todo o meu ser. Odiava ficar exposta ao sol por muito tempo, a areia causando alergias em meus pés e principalmente os pernilongos que surgiam nas noites de calor sem fim.

Mas aquela tinha algo surreal. Como se fosse de outro mundo.

Talvez fosse.

– Sim - Solara concordou - é a praia mais incrível que eu já visitei.

– Já veio aqui antes? - perguntei surpresa e desconfiada.

Solara desviou o olhar e cutucou uma conchinha com o pé.

– Olha, vamos juntar! - ela se agachou e apanhou, sorridente.

A encarei inexpressivamente por alguns longos segundos e suspirei. Eu teria que deixar aquela passar.

Mas realmente era muito suspeito.

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Não me lembrava de quando caí no sono. Seth disse que assim que guardamos as malas na grande e antiga casa de praia de Daniel, eu adormeci no sofá.

Esfreguei meus olhos para espantar o sono que insistia em estar impregnado em mim.

– Selene, gosta de peixe? - Daniel perguntou da cozinha.

Estávamos à sós.

– Sim - respondi não alterando muito o tom de voz.

Ele me ouviria mesmo que eu sussurrasse, de qualquer jeito.

Seth e Solara saíram da casa aos risos abafados para caçar vagalumes. Eu diria que as coisas estavam dando certo demais para aqueles dois.

Yukina e Iria foram buscar madeira, pois a japonesa baixinha e irritante bateu o pé e insistiu para que tivéssemos uma roda em volta da fogueira para contar lendas antigas sobre nossos povos.

Suspirei. Desisti de tentar procurar algum canal decente. Nada passava ali.

Levantei-me do sofá e fui ajudar Daniel.

– Pique as azeitonas - ele disse quando eu abri a boca para perguntar se eu podia ajudar em algo.

Sorri e assenti. Era o que meu pai sempre me pedia para fazer quando estávamos em casa.

Deve ser uma forma de me deixar “ajudar” sem realmente fazê-lo, só pra me manter por perto.

O silêncio se instalou sobre nós. Não era ruim. Mas eu queria ouvir a voz de Daniel.

“Idiota!”, pensei e me senti tentada a fincar a faca pequena que estava manuseando em alguma parte do meu corpo. Talvez no cérebro, assim eu deixaria de ser retardada para sempre.

– Deve estar com saudade do seu pai - ele quebrou o silêncio, me tirando dos meus pensamentos.

Pensei um pouco antes de responder.

– É, sim - respondi.

– Você mudou - ele disse, mudando completamente de assunto.

– Como assim? - perguntei tentando conter meu desespero.

Será que ele gostava menos de mim agora?

“Ah, pelo amor de Deus, Selene! Deixe de ser idiota”, gritei mentalmente para mim mesma, resistindo ao impulso de puxar os cabelos da nuca e ranger os dentes.

Por que eu era tão infantil perto dele?

Talvez eu estivesse lendo e assistindo romances baratos demais.

– Você não hesita em estar perto de mim mais - ele respondeu escolhendo bem as palavras - eu gosto.

Meus olhos a qualquer momento poderiam saltar para fora, tamanha foi a minha surpresa em ouví-lo dizer aquilo.

– Bom, eu gosto que você goste - murmurei, corada.

“Sardene, morra!”, minha consciência gritou.

Ele fez um afago em minha bochecha e sorriu, antes de me puxar para um beijo urgente, demorado e apaixonado.

Daniel segurou minha cintura e sem me conter, mexi em seus cabelos, sentindo saudades de quando eram grandes.

Um som gutural veio do fundo da garganta dele de novo, mas dessa vez eu gostei. Muito. Significava que ele me queria ainda mais do que demonstrava e quase não podia se segurar.

Foi diferente da primeira vez, em que havia sido hesitante, com medo de que eu fugisse.

Agora ele sabia que eu não fugiria, pelo contrário: eu ficaria para sempre.

Ele me puxou para ainda mais perto de seu corpo e ficamos colados. Para a minha surpresa, Daniel me ergueu e me depositou sobre a mesa de mármore, sem interromper o beijo.

Soltei um gemido de frustração quando precisamos nos afastar devido à minha necessidade de ar e lamentei mentalmente por elfos serem dependentes de oxigênio.

Quando pensei que Daniel estaria com a respiração estável - já que ele era O Incansável - me surpreendi ao vê-lo com os olhos dourados e a boca aberta para respirar melhor. Sua pele tremulava em cor de ouro derretido e algo me fez olhar para baixo e encontrar o volume de sua calça.

Quando eu ia fazer algum comentário sarcástico sobre aquilo do tipo “foi só um beijo, imagina se fosse mais?”, Daniel sorriu de lado e qualquer linha de raciocínio que eu tinha foi para o espaço.

– Acho que você não está muito diferente de mim - ele murmurou.

Olhei para mim mesma no reflexo da cozinha planejada em inox e arfei. Eu estava toda iluminada, refletindo prateado nos móveis e a luz do cômodo piscava o tempo todo, ameaçando nos deixar em completa escuridão.

Depois de minutos de silêncio constrangedor, Daniel e eu tivemos um ataque de riso.

Só então eu notei que nunca tinha ouvido ele rir daquele jeito. E era tão bom...

A porta da sala se abriu e uma rajada de vento frio entrou, quebrando totalmente nosso “clima”.

– Daniel, é a Iria -Yukina entrou, desesperada - ela sumiu.

Ele alternou o olhar entre ela e eu, parecendo sofrer para tomar uma decisão.

Hoje é lua cheia - Yukina sussurrou assustada.

Aquilo de alguma forma foi o suficiente para fazê-lo assumir sua habitual expressão de tédio e sair em disparada pela porta.

Pisquei, confusa.

– Selene, me desculpe, me perdoa - Yukina choramingou, com culpa no olhar - mas…

– Tudo bem - respondi e sorri, ainda confusa - o que aconteceu?

– Iria é uma lobisomem sangue-puro, você sabe e hoje é lua cheia e ela sumiu - disparou - essa ilha é famosa por ter os melhores caçadores de raças e ela está por aí, solta e transformada e…

– Daniel vai encontrá-la - eu interrompi com certeza e surpreendentemente, amargura - eu sei que vai.

Deixei Yukina onde estava, petrificada com o tom de minha voz e subi para o quarto.

Minha esperança era de que se eu dormisse, não me sentiria tão trocada.


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Notas finais do capítulo

E também me desculpem pelos erros de digitação que EU SEI que vão ter muitos :(
Beijos!



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