The Forest City escrita por Senjougaha


Capítulo 12
Capítulo 12 - Impressionada




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Não me lembro de quanto tempo fiquei trancada no quarto, aturdida. Só me lembro de ter forçado minha mente a esquecer tudo aquilo. Também me lembro de batidas leves na porta e vozes baixas e frustradas vindas do corredor.
Não me leve a mal, eu não estava sendo infantil. Pelo menos era o que eu achava. Eu só... Não queria que minha única amiga fosse uma feiticeira, que o único cara que se importava comigo além de meu pai fosse capaz de controlar o fogo e que eu fosse... uma elfa.
Não estava com medo. Só não queria ser AQUILO. Que mal tinha eu continuar humana ou ignorante em relação a tudo? Era culpa da minha mãe? Ou meu pai também não era humano?
Roí a unha do mindinho enquanto encarava a grande lua do teto. Me dei conta de que ainda não sabia se ela brilhava no escuro. Suspirei e virei de lado na cama, pra depois de alguns minutos cair em sono profundo.
~
Alguém me chacoalhou. Era uma mão quente familiar. Resmunguei e fiz careta quando a franja fez cócegas no meu nariz, mas a mesma mão a colocou atras da orelha novamente.
– Selene - ouvi uma voz ficando irritada me chamar.
– Hm? - perguntei ainda dormindo.
– Selene, você está dormindo há oito horas - alertou a mesma voz.
Me forcei a abrir os olhos e era Daniel. Ele estava com os lábios em linha reta.
– Desculpe - cocei os olhos - você está bravo comigo?
– Bravo? - ele perguntou pego de surpresa - não estou bravo, por que eu estaria?
Olhei para os olhos dele tentando decidir se o acusava de usar sarcasmo com uma pessoa que acabara de acordar ou não.
– Eu tenho sido manhosa e agido feito criança - expliquei me sentando e passando a mão nos cabelos, que deviam estar uma zona.
Ele me encarou por alguns minutos e pela primeira vez em minha vida, o silêncio foi desconfortável. Comecei a roer a pouca unha do meu mindinho. Ele suspirou e tirou minha mão da boca, como se aquilo o incomodasse.
– Sua reação tem sido melhor do que esperávamos, na verdade - ele confessou.
– Vocês me subestimaram então - fiz careta tentando não me sentir insultada.
Ele riu e abriu a boca pra dizer algo, mas logo a fexou. Estava indeciso.
– Desembucha - cutuquei sua barriga definida e ele se retraiu.
Arqueei a sobrancelha, ainda mais intrigada.
– É que você ainda não sabe o que Seth eu somos - ele resmungou.
– E isso te incomoda? - perguntei - é algo ruim de eu saber?
Ele assentiu com força, fazendo seu cabelo longo se esparramar. Suspirei e encarei o teto.
– Agora que entrei nessa merda, não adianta mais ignorar - murmurei por fim.
Ele sorriu parecendo ansioso, surpreso e satisfeito.
– Você acredita na existência de dragões? - ele perguntou como se aquilo fosse importante.
Pensei por algum tempo e assenti.
– Eu não duvidaria - respondi - mas o que isso tem a ver?
Ele passou a mão no rosto decepcionado. Eu estava deixando passar alguma coisa e me senti imensamente burra por isso.
– Não espera que eu leia sua mente, certo? - exasperei socando o travesseiro.
– Não se pode entrar na mente de um dragão, Selene - ele respondeu ríspido.
E então caiu a ficha. Se eu tinha achado engraçado enquanto Yukina me contava que era uma feiticeira, a vontade de rir nesse instante foi mil vezes maior. Mas algo me dizia que ele não teria a mesma reação que ela se eu risse. Então tudo o que eu fiz foi formar um "o" com a boca e arregalar os olhos surpresa.
– E por que isso seria algo ruim de eu saber? - perguntei antes que começasse a achar que eu ou ele estávamos pirados.
– Porque elfos e dragões não combinam, Selene - ele respondeu como se fosse óbvio.
Passou-se alguns segundos de silêncio e a compreensão caía sobre mim como um peso. O único som vinha do relógio de parede que mantinha seu compasso incessantemente.
– Mas você não é completamente elfa - ele disse como se aquilo fosse uma boa notícia - você é híbrida.
Arqueei a sobrancelha com ar questionador. Como aquilo podia amenizar as coisas? E se eu fosse uma híbrida de elfo com um dementador? Não, meu pai definitivamente não seria um dementador.
– Ninguém sabe ao certo a que raça o seu pai pertence - ele explicou - ele consegue ser ainda mais misterioso que sua mãe, mas definitivamente não é um elfo.
Fiz sinal com a mão para que ele parasse. Será que não tinha tipo um nível "zero" pra gente começar? Daniel pareceu entender e passou a mão nos cabelos, irritado consigo mesmo.
– Eu não quero assustar você - ele se desculpou.
Empinei o nariz e resmunguei algo sobre como eu não me assustava assim tão fácil, fazendo-o dar um sorriso torto.
– Me mostre alguma coisa que você sabe fazer - disse eu mandona - caso contrário, quando eu ficar sozinha vou me sentir pirada.
Ele assentiu e fexou os olhos. Quando tornou a abri-los, seus olhos, antes avelãs, agora estavam dourados e suas pupilas eram fendas negras. Eu teria ficado com medo, se a expressão naqueles olhos não fosse a mesma de quando ele me acordou há pouco tempo. Tenho certeza de que Daniel conseguiria matar alguém de infarto com aquele olhar, se quisesse.
O ar em nossa volta ficou mais quente e quando achei que fosse assar ali dentro, Daniel voltou ao normal. Dessa vez com um sorriso torto e trêmulo. Ele estava... com medo de que eu estivesse com medo? Com medo de me assustar.
– Legal - foi tudo o que eu consegui dizer.


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Notas finais do capítulo

Nãaaao! Daniel não é um bruxo haha.
Decepcionados? :(



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