Reyna o observou. Lhe parecia chocada e triste:

–-Eu esperava que você dissesse que não era verdade.

–-De que adiantava? Você já tinha entendido.—Leo deu os ombros, fingindo não se importar.—Mas acho que o assunto ainda não são os meus infortúnios amorosos.

–-Eu me pergunto de novo por que você quer saber de Jason. Você admite que esta apaixonado mas quer me ouvir falar do garoto por quem estou...—Reyna se conteve.

–-“Por quem estou...”?—Leo perguntou.

–-Presa.—Reyna completou. A palavra “apaixonada” não lhe parecia adequada.

–-Eu quero ouvir, Rey. Acredite, ver você triste me parte o coração.—Apelou Leo. Reyna o olhou parecendo relutante, mas cedeu.

–-Ok, como queira.—a garota suspirou.—Eu tenho sérios problemas em aceitar que Jason esta fora da minha vida. Ver ele com a Piper depois de tudo o que passamos juntos é...doloroso.

Leo fez uma nota mental de se chicotear quando saísse do quarto. Ele definitivamente não deveria ter trazido a Reyna para a casa da Piper.

–-Me desculpe por ter sido um idiota. Eu não deveria ter te trazido aqui de forma alguma, deve estar sendo torturante para você.

Reyna deu um sorriso vazio.

–-Pelo menos eu não estou vendo Piper nem Jason.—Ela deu os ombros.—Eu aceitei por que achava que deveria enfrentar a mim mesma vindo para cá. Mostrar para mim mesma, num choque de realidade, que as coisas são diferentes agora.

Leo fez uma segunda nota mental: Lembrar que Reyna é a pessoa mais forte que eu já conheci.

–-Eu vi sua reação na comemoração do Half-Blood. Pode parecer estranho, mas eu queria q Jason lhe puxasse da sua cabeira para um beijo. Até isso era melhor do que vê-la tão triste..—Leo suspirou.

Reyna tentou se conter, mais sua surpresa a denunciou. A sinceridade de Leo estava sendo cada vez mais chocante.

–-Por que esta me dizendo isso?—Reyna perguntou.

–-Eu queria lhe dizer como me senti. Você esta aqui, falando do seu problema com o Jason e eu estou aqui para ajuda-la. Reyna, eu posso ser apaixonado por você, mas o mais importante não é a minha felicidade, é a sua.—Leo tentava explicar, e pegou nas mãos dela.—Eu acho que essa é a real expressão do amor: é você ser capaz de abrir mão de tudo pelo outro.

–-Leo, isso é lindo.—Reyna disse depois de procurar palavras para dizer.

–-Eu não me importo de sofrer por você Reyna. Você é tudo para mim. Eu me importo é em ver você sofrer.

Reyna o observava atentamente enquanto ele falava, mas depois levou seu olhar ao chão. Era muito para uma pessoa normal digerir, mas Leo não tinha culpa por ser louco. As suas próprias palavras o dilaceravam, mas ele tinha que dizer a Reyna que era tão apaixonado por ela, que poderia abrir mão dela para que ela fosse feliz.

–-E minha opinião, de quem esta todo santo dia do lado do Jason, é que ele não pretende se separar da Piper.—Leo falou.—Eu acho que tudo o que você sente é ressentimento, não exatamente algum sentimento real. Você vai ter que se libertar disso se pretende ser feliz.

–-Fala isso por que lhe dá uma chance?—Reyna perguntou com um leve toque de desconfiança na voz.

–-Eu disse isso? Se você acha que pode ser feliz me dando uma chance, muito obrigado. Posso lhe garantir que nunca existiu ou vai existir garota mais feliz do que você. Você vai ficar com dor nas bochechas de tanto rir.—Leo falou, tentando conter seu aborrecimento. Era muito difícil acreditar que ele estava fazendo isso porque queria trazer uma solução para o sofrimento? Era muito difícil acreditar que ele queria entende-la?—Eu só disse o que qualquer amiga sua já deve ter lhe dito.

–-Eu não tenho amigas. Meu único amigo era o Jason.—Reyna falou abraçando o próprio corpo, se sentindo sozinha de repente.

–-Bom, isso dificulta as coisas.

–-Bem isso.

–-Posso me candidatar como voluntario ao cargo?—Leo perguntou tentando esconder sua esperança na voz.

–-Amigo?

–-Sim. Eu sei que soa como friendzone, mas pensar em você tão sozinha me deixou sentido.

–-Sim, seremos amigos então.—Reyna deu um sorriso fraco.—Você quer ser só o meu amigo?

–-Sim, eu sei que isso soa muito gay, mas...—Leo afinou a voz e fez alguns trejeitos femininos.—é porque é você é muito diva para ficar chorando por bofé, amiga. Levanta esse queixo e samba com salto quinze na cara das inimigas, sua diva.

Reyna se jogou na cama de tanto rir. Leo admirou a cena: Reyna sorridente, chorando de rir. Era raro ver apenas um sorriso do canto de boca em Reyna, ver ela dar uma gargalhada era quase um milagre. Leo se perguntou porque ela não fazia isso com frequência, já que ficava tão bela rindo.

–-Essa risada vai ser a oitava maravilha do mundo moderno.—Leo comentou enquanto Reyna tentava se acalmar.

–-Te adoro, amiga!—Reyna disse entre uma risada e outra.—Mas nunca mais faça isso. Foi estranhamente convincente.

–-Eu sei que deveria ganhar o Oscar por melhor interpretação, mas eu sou humilde e deixo aquela ralé de Hollywood ganhar.—Leo disse já no seu tom normal.

Reyna parecia mais relaxada. E Leo ficou feliz em saber que servia para alguma coisa nesse mundo.

–-Nós não vamos sair hoje, não é?

–-Se bem conheço meus amigos pervertidos e malvados: não.—Disse Leo.—Mas se você quiser descansar, aquela porta ali é um banheiro. Piper tem uma gaveta que só tem pijamas, e tenho certeza que muitos deles estão com etiqueta ainda. Além disso, como eu vou mata-la por ter feito esse plano maluco com os Di Angelo, ela nem vai precisar mais. Eu durmo no divã aqui e você na cama.

–-Sério?—Reyna levantou uma sobrancelha.

–-Você acha que eu seria capaz de tocar em você depois de ver você ganhar de Judy nos Jogos? Eu vou lhe dizendo que eu tenho amor a vida.—Disse Leo.

Reyna riu, procurou nas gavetas e foi ao banheiro.

ooo

Reyna estava presa pelos pulsos a duas cordas. De um lado Leo a puxava com força, e do outro Jason também a puxava, mas com muito menos esforço que Leo. Era um cabo de guerra. Em um determinado momento, Piper chegava e desamarrava a corda que Jason puxava do pulso de Reyna e ela era puxada em direção a Leo, caindo encima dele. Leo sorria e dizia que nunca tinha nem sonhado que ele seria capaz de vencer Jason.

Mas ele tinha vencido, e Reyna também não acreditava.

Reyna acordou no meio da noite um pouco assustada. O quarto estava escuro e a festa que acontecia no andar de baixo parecia ter terminado. Poucos ruídos vinham do lado de volta do quarto, e Reyna nem queria imaginar o que aquilo significava. Ela olhou ao redor, tentando discernir alguma coisa em meio ao breu, e encontrou Leo debruçado sobre a janela do quarto.

–-Leo?

Leo virou seu olhar para a cama. Ele atravessou o quarto e ligou a luz. Ele parecia surpreso por vê-la acordada tão tarde.

–-O que houve? Teve algum pesadelo?

–-Não...exatamente.—Ela respondeu.

Leo a olhava com cautela enquanto se sentava na cama. Ela notou que ele não era o único que tinha perguntas.

–-Porque ainda esta de pé?

–-Eu estava pensando.—Leo sorriu.—Aproveite a promoção, porque eu não costumo fazer algo tão cansativo.

–-Você não dormiu ainda?

–-Não. Não consegui.—O sorriso de Leo desmanchou.

–-Por que não conseguiu?

–-Só estou um pouco abalado. Só isso. Acho que falei coisa demais hoje.—Leo disse, dando os ombros.

O olhar o garoto estava enevoado, sombrio, confuso. Reyna se sentia culpada por isso, se sentia mal por toda essa confusão.

Sem falar nada, Reyna se aproximou um pouco mais de Leo. Ele a olhou desconfiado, mas não fez menção de se afastar. Claro que ele não fará, sua tola. É isso que ele quer! A mente mal-humorada de Reyna resmungou.

Ela puxou a mão de Leo de cima da cama e colocou em seu rosto. Leo se aproximou mais dela, a olhando nos olhos, tentando entende-la, ler seus pensamentos. Ela colocou a mão na nuca dele, enrolando seus dedos nos seus cachinhos.

–-Talvez eu possa te beijar?—Leo perguntou, tentando testa-la.

Reyna não respondeu.

–-Reyna, eu preciso que você me responda. Eu não entendo porque esta fazendo isso, por favor.—Leo disse devagar.—Eu posso te beijar?

–-Pode.—Ela sussurrou tão baixo que se Leo não quisesse muito ouvi-la, não teria ouvido.

Então seus rosto se aproximaram mais e mais, bem devagar. E então se beijaram. Era uma mistura de medo e desejo, de confusão e certeza. Um beijo calmo e quente ao mesmo tempo.

–-Por que esta fazendo isso, Rey?—Leo perguntou quando o beijo foi rompido.

–-Por que você venceu.

–-Hã?—Leo perguntou confuso.

Mas antes que Leo pudesse fazer mais alguma pergunta idiota, Reyna fez o que sentia cada vez mais vontade de fazer: o beijou.