A Noiva escrita por Felipe Melo


Capítulo 3
Capitulo 3


Notas iniciais do capítulo

- Oe gente mais um capitulo... amei escrever esse... Beijos & Beijos



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Capitulo Três

(Qualquer um que infligir à Nova Ordem este será punido conforme pelos seus atos e decisões).

– A Ordem Artigo Sete parágrafo 8

Voltei para a casa passada. Minha tia queria que eu lutasse pela minha felicidade. Aquilo chegava a ser bom e ao mesmo tempo bizarro. Ela me olhava confiante esperando que a qualquer hora eu desistisse de tudo e fugisse para a ilha do nunca.

Em casa tudo parecia normal. Ainda não conseguia falar muito bem com minha mãe. Mas tudo estava normal. Meu pai tentara encher minha cabeça com coisas ridículas dizendo que quando fosse mais adulta e entendesse a Ordem, estaria melhor. Tudo o que eles falaram até agora, - entraram por um ouvido e saíram pelo outro.

– Liz – disse minha mãe – sua tia me disse que você está calma. Fico contente que tenha compreendido.

Olho para minha tia. E ela pisca imperceptivelmente. Sorrio, e minha mãe se deslumbra achando que eu sorrio para ela.

– Oh querida – ela vem e me abraça – eu sabia que iria entender.

Tento me manter impassível. Minha tia quer que eu lute. Se for assim vou lutar. Tento me desgrudar da minha mãe aos poucos e digo que vou para o meu quarto. O sinal de internet está péssimo. Tento mandar um whatsapp para Camila, mas ela não visualiza.

– Inferno – comentei e fui tomar banho.

Estou secando meus cabelos quando o meu quarto é inundado por uma batida. As batidas são policiais autorizados pela Ordem para entrar na casa de alguém que inflige às regras. Corro até a janela e percebo que estão entrando aos trancos e barrancos na casa de minha vizinha Leonora. Observo aquilo perplexa. Nunca havia visto uma batida policial. A porta da casa foi arrombada a pontapés, eles estão com armas de fogo e borracha. De repente meus pais e minha tia Helena me afastam da janela e fecham as cortinas.

– Querida – diz meu pai – você tem que descansar. Já é tarde.

Observo e sei que estou com uma cara perplexa. Escancarada. Lá fora o latido de um cachorro é silenciado por um disparo. Grito e coloco as mãos nos ouvidos. Minha mãe vem e me abraça.

– Calma meu amor – disse ela – não há motivos para se ter medo. A Ordem só está eliminando a sujeira.

Olho para ela querendo transmitir raiva, - mas estou assustada demais para isso. Como assim limpar a sujeira? Leonora e seu marido Esteves vivem bem. Vinham aqui em casa, traziam pedaços de bolo. Como minha mãe podia dizer uma coisa dessas? Chorei mais ainda. Minha mãe estava cega.

Meu pai tentou me levar para a cama, mas me recusei. Tia Helena foi à única que ficou no quarto comigo. Limpou minhas lágrimas e sorriu, - seu sorriso parecia inflamado de tristeza, mas ao mesmo tempo esperançoso.

– Não tenha medo Elisabeth – disse ela – você ainda não viu coisas piores.

Tento assimilar o que ela me diz. Aos poucos minha fala volta e consigo responder.

– Isso é desumano. Como eles podem chamar isso de Nova Ordem?

Minha tia suspira e vem para o meu lado. Pega uma mecha de meus cabelos, que por sorte são lisos e me olha.

– O que você faz quando seus cabelos começam a crescer?

– Eu os corto.

– O que você faria se você dona de um país inteiro e percebesse que alguém está infligindo às regras?

– Eu tentaria convencê-lo a segui-las.

De repente entendendo a metáfora e a comparação. Olho para minha tia e ela apenas assenti para que eu prossiga.

– Está dizendo que eles eram “simpatizantes” e que convencer a seguir as regras no caso Da Nova Ordem é matar?

Ela me olha e assenti mais uma vez. Eu abaixo a cabeça e penso extremamente em como a Terra era antes. Quando as pessoas tinham liberdade de escolha. Tento entender toda essa situação pela primeira vez. Mas tudo parece distante.

– Algumas situações – diz minha tia interrompendo meus pensamentos e se levantando – não são para entender. Viva sua vida de forma segura, e terá recompensas. Esse é o lema da Nova Ordem camuflada por seus livros didáticos.

E assim ela sai do quarto e fecha a porta. Volto à janela e vejo dois corpos saindo em macas cobertos por uma lona branca. Aquilo me aflige, e uma lágrima escorre. Penso na promessa que fiz, mas não surte efeito. Eles tiram vidas. É tudo o que consigo pensar no momento.

– O direito é questão de compromisso – diz minha professora na aula de ciências humanas.

Estou atônita pelo o que aconteceu. Contei tudo para Camila e Melina. Elas apenas assentiram e não disseram nada. Camila pelo jeito ficou péssima, pois até teve que ir embora. E Mel, teve que ir embora mais cedo para provar o vestido para a seleção.

– Elisabeth – grita minha professora – preste atenção. Não quero deixá-la de recuperação. Muito menos vê-la aqui no final de ano, enquanto suas amigas estão casando.

Aquilo me causa repulsa. Não respondo por querer terminar o ensino médio logo. Mas a palavra Casamento e eu não nos damos bem. Anoto os últimos parágrafos e o sinal final toca. Pego minha bolsa e corro para a porta.

– Mocinha – sussurra uma voz atrás de mim – espere. Está tendo um ataque e protesto agora. É perigoso sair.

Protesto? Tento me acalmar. Os protestos são ruins. Dizem que humanos selvagens invadem e matam. Sem motivos. Encolho-me e sigo a mulher que reconheço ser a inspetora. Vamos ao pátio e bem ao centro uma enorme TV está ligada no canal da Fox.

– O que aconteceu? – digo para ela.

– Os humanos selvagens resgataram mais de quinhentas jovens do presídio. E agora estão sendo procurados nas fronteiras do país. Com certeza em minha opinião eles vão matá-las.

Olho para a TV e vejo Elisa Martins tentando transmitir as imagens e noticia do que aconteceu no palácio da Ordem. Vejo Thomas Salazar o menino que terei que encarar dali a duas semanas e sinto raiva.

– O que foi Elisabeth? – diz a inspetora.

Faço sinal que não. E continuo quieta. O helicóptero da Fox continua filmando e de repente vejo um grupo de pessoas passando e jovens correndo. Reparo que são os humanos selvagens. A voz de Elisa fica abafada. Nós nos encolhemos. Eles estão passando em frente a nossa escola, perto da fronteira do país. Algo bate na porta e corremos desenfreadas pela porta de incêndio.

– Acalmem-se. E corram – grita a inspetora.

Não penso duas vezes e corro. Tropeço em alguma coisa e de longe ouço barulho de salas sendo quebradas e coisas sendo arrastadas. Sinto milhares de pés passando por cima de mim. Acho que vou morrer. Fecho os olhos e sei que minha cara deve estar desfigurada. Ouço o barulho mais perto e tento me levantar mais não consigo. Sinto uma enorme dor nas minhas pernas.

– Giovanni – sussurra uma voz masculina – tem algo caído ali na frente.

Quero gritar. Eles vão me matar. Tento me levantar, mas minhas pernas doem muito.

– È uma menina – diz o que penso ser o tal Giovanni – vamos levá-la.

– Não – diz o outro cara – já temos jovens demais. Vamos deixá-la aqui.

– Ela foi pisoteada Rafael. Provavelmente fugindo de nós. Vamos salvá-la pelo menos.

Tento responder gritar por socorro, mas não consigo. Um deles me pega nos braços e caminha em direção ao hospital. Tento olhá-lo, mas não consigo. Meus olhos estão pesados.

– Calma você ficará bem. Vamos salvá-la.

A voz soa tão melodiosa e perfeita que me conforto. E fecho meus olhos sem saber onde minha consciência me levará dessa vez.


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Notas finais do capítulo

- Beijos & Beijos ... Comentem Gente



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