A Noiva escrita por Felipe Melo


Capítulo 27
Capitulo 27


Notas iniciais do capítulo

Meus leitores sumiram... n comentam mais nda... eu to triste... Me abandonaram.. Mas de boas.. pra quem acompanha da um alô lá... Me deixa feliz.. O capitulo ta legal.. eu amei escrever.. Espero q gostem... Bjins...



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Capitulo e Vinte e Sete

(Diga-me com quem andas que direi quem tu és)

– Ditado Popular

Os dias ficaram mais calmos, e depois de muitas conversarem em pequenas reuniões chegou todas á um acordo. O grupo teria um nome que seria votado hoje mais tarde. Isso me aliviou, pois todas estavam cooperando. Até mesmo Rebeca se sai melhor em suas exposições de idéias. Isso me deixava mais que animada, pois, os outros passos seriam fáceis. O mais difícil seria manter Lorena longe.

Lorena continuava evitando a todas não só a mim. Em uma das reuniões de etiqueta com uma nova senhora chamada Mileide, ela disse que teríamos que andar em pares com livros apoiados na cabeça e uma ajudando a outra. Lorena e eu fizemos uma dupla, - ou era para ser uma dupla. Ela me empurrou e saiu do salão absurdamente brava sem motivo algum.

Falando em como as coisas estavam no Castelo da Ordem é tarefa fácil. Carmela comandava tudo de longe, e às vezes inspecionava para verse havia algum desentendimento. Claro que logo que a palavra “encrenca” fosse mencionada ela olhava para mim, - fato com que me fazia odia-la ainda mais. Na verdade odia-la seria errado, eu queria na verdade que ela nos deixasse em paz.

Hoje nos teríamos uma prova surpresa que analisaria os conhecimentos mais uma vez. Mas duvidada que fossem apenas testes comuns, - o último matou Leonora. E para mim aquilo tinha sido horrível, fato que a Ordem escondia das pessoas atrás dos portões.

Peguei o formulário que chegou ao meu quarto naquela manhã e os resignios indicadores eram: nome, estado, idade, matéria favorita, livros, preferência em ficar ao castelo e se toparia fazer seletivas para “A Prova”. O nome estava grifado com muito destaque, e isso me arrepiou. Aquela A Prova com certeza seria algo que testaria nossos limites. O que aconteceria se eu me recusasse? Morreria também assim como Leonora e Melina? Mandariam-me embora? Como Thomas reagiria se descobrisse que não sobrevivi às provas?

Percebi que precisava ser forte, e encarar o que quer que venha. Eu seria líder de um grupo resistente dentro do castelo, significava que teria que mostrar resistência, amor e competência. Entendia como os Champions se sentiam em parte, - mas ainda só saberia como seria desafiador quando alguma coisa acontecesse e eu tivesse que testar minhas habilidades.

Ao preencher o formulário divagando em meus pensamentos reparei que sentia saudade de Felipe, e há muito tempo não tocava em seu nome. Parecia um ano que Thomas havia viajado quando completavam apenas três dias. Estávamos próximos do sábado. E sábado me lembravam os encontros no jardim com Felipe. Quando conversávamos riamos e eu esquecia que ele fazia parte do meu mundo. O meu mundo de antes, - pensei. Mas aquilo não é verdade, eu não havia mudado. Apenas não queria que Thomas se machucasse. Isso envolvia muitas coisas, esperava que tudo desse certo.

Descendo finalmente as escadas encontrei o carteiro da realeza vestido em suas tradicionais cores, vermelha e branca e com o bordado do governo. Ele é meio gordo e muito calvo, o bigode desagrada um pouco, - mas tinha olhos gentis que me faziam sorrir. Reunindo todas nós em filas por ordem alfabética ficamos entre a décima sétima e não me importou que demorasse. Eu queria mesmo apenas que aquilo acabasse meu psicológico hoje estava me matando.

– Elisabeth Smith – disse o carteiro sorrindo – chegou três cartas para a senhorita. Quer que eu leia? Ou quer lê-las sozinha?

Assenti que queria lê-las sozinha e me dirigi ao meu quarto. As outras meninas recebiam cartas de casa ou de seus avós, mas eu recebera mais que as outras. Mais uma vez eu era alvo de atenções e porque receberam tantas. Sentei-me no pé da escada e abri a primeira que veio endereçada de casa:

Para: Elisabeth Smith

Endereço: Washington – Palácio Oficial do Governo da Nova Ordem Americana

De: Mamãe e Família

Querida está longe, mas queremos que saiba que estamos orgulhosos de você. Achamos que não duraria muito na competição, mas vejo que você está empenhada nisso. Seu pai e eu compramos um banner e fizemos um pôster seu para a nova competição que se aproxima. Espero que resista.

Sua tia Helena está ainda hospedada conosco e anda muito estranha. Tentamos conversar com ela, mas ela apenas disse que não estava acontecendo nada. Torcemos para que você chegue ao final e ganhe o coração de Thomas. Queria poder estar ai, mas a Ordem achou melhor que esse ano as mães deveriam ficar afastadas. São tantas coisas que queria te contar...

Sonhei com você semana passada vestida de Noiva. No meu sonho todos do país a recebiam com vivas e gritos histéricos. Você tinha sido escolhida A Noiva, e o anel brilhante dos três chefes da Ordem pendiam no seu dedo cintilando a escolha de Thomas.

Espero que mantenha sua postura firme, você é forte e sabemos que você é melhor que todas as outras. Espero que fique bem. Estamos sempre no seu coração. Amamos-te. Logo envio noticia.

PS: A nova competição consiste em erros e acertos e uma isolação fora dos domínios do castelo. Tome cuidado e mostre o máximo de talentos possíveis. As câmeras estão em todo lugar...

Beijos da sua Família

Terminei a carta com um misto de terror e amor ao mesmo tempo. Talvez se não fosse minha mãe eu jamais saberia o que seria A Prova mencionada nos formulários recém assinados. Pensei em como Tia Helena esperava que eu fosse diferente, - e percebi que talvez sua tristeza se derivasse a mim não ter ingressado nada de especial e estar como as outras. A disposição do governo. Aquilo me entristeceu, e logo enxuguei uma lágrima que escorreu.

Peguei a próxima carta e percebi que essa não tinha remetente. A letra não me é familiar e logo pensei em quem poderia ser. Abri com cuidado e percebi que as letras eram na verdade mais organizadas que as minhas e logo sorri ao ver meu apelido e o nome do meu remetente.

De: Felipe

Para: Elisabeth Smith

Liz sinto tanta a sua falta, - os dias parecem ficar intermináveis sem você. Quando parti do castelo achei que tudo fosse mais fácil, - mas vejo que meu coração sente falta de você todo dia. Precisava apenas te ver e aliviar minha tristeza. Os ataques rebeldes estão se intensificando e quero que quando termine de ler essa carta, por favor, a queime.

Eu me juntei ao grupo denominado Champions e que a Ordem vê como vilão. Logo chegaremos ao castelo e tentaremos libertar todas vocês. Espero que você venha conosco, poderá ter sua vida normal de volta. E poderemos até recomeçar em outro lugar se quiser. Aprendi muitas coisas e dentre elas que a Ordem que você se encontra agora está atolada em problemas. Espero que entenda. Ou melhor, que não tenha me esquecido.

Se te aborreci fazendo essas revelações, por favor, não fique. Estou fazendo o que acho certo e o que qualquer homem desesperado faria para salvar a garota ama. Nesse momento, por favor, pense Thomas jamais iria contra o pai. O amor que sinto com você não está acabando e muito menos longe. Estou no seu coração sempre, até o natal. Meu amor só morrer quando você parar de respirar.

Com amor Felipe...

Meu coração tornou-se cheio de angústia, e ao mesmo tempo lágrimas escorriam desesperadamente pelo meu rosto. Eu pensei que nunca mais fosse ouvir falar de Felipe, - mas o destino sempre nos unia de uma forma ou de outra. A carta que ele mandara aumentava ainda mais meus temores, - ele tornava-se um rebelde Champion. E agora eu não sabia o que fazer. Eu não esperava uma carta dele. Pelo menos não agora.

Meninas estavam paradas nas paredes sorrindo ou acenando, e fofocando sobre os fatos das provas que havia descoberto, e eu talvez fosse à única que estivesse confusa, - e talvez bem desolada. Levantei-me com cuidado tapando o rosto para que não percebessem minha expressão e me encaminhei para o quarto. Pelo menos lá, Camila não me julgaria. Talvez achássemos uma solução, - o que eu duvidava, pois, que mandava em sentimento? Poderia reprimir Felipe? Nem ao menos o endereço dele ele colocara? Será que as cartas não eram inspecionadas? A Ordem deixaria uma brecha assim em seu sistema? Ou isso fazia parte de algum teste?

Não querendo abrir a última carta ainda que também não tivesse remetente, deitei-me na cama agora que tinha acabado de chegar ao meu quarto. Camila não estava lá, com certeza deveria estar em outro lugar, apenas a tinha visto na fila, mas mesmo assim depois ela sumiu. Peguei a carta meio ofegante pensando de quem mais poderia ser... Havia um selo dourado muito chique e até mesmo o envelope era de um veludo que achei que não fosse possível existir. Realmente é uma carta chique. Pensando em contar para Camila depois do ocorrido com Felipe e seu novo grupo de resistência, abri a carta e logo meu coração estava mais uma vez em ritmo acelerado.

De: Thomas Salazar

Para: Elisabeth Smith (Salazar)

Destinatário: Castelo da Nova Ordem Americana em Washington Capital

Liz...

Eu espero que a competição esteja mais tranqüila com minha saída do palácio. Sei que você está no castelo, pois reconheço sua força. Sei que não perderia. E mesmo se perdesse eu a escolheria para ser minha. Minha Noiva. Espero que esteja se acostumando com essas palavras. Logo ensaiaremos os votos.

Desde que a deixei no salão aquele dia, - não paro um minuto de pensar em você. Espero que esteja cuidando bem do meu coração, pois ele está guardado com você e só você tem a chave! Os rebeldes estão sob controle, mas se dispersaram ao norte além das nossas fronteiras. Estou voltando para a casa dentro das próximas semanas!

Carmela manda relatório todos os dias e pelo que poso ver essa nova prova será temível. É provável que quando ela ocorra já estarei chegando, - mas, por favor, minha senhorita, não se machuque nem ao menos pense em se colocar em perigo. Entraria naquela prova e a salvaria de qualquer modo. Espero que saiba que os desafios dessa prova testaram seus limites ao extremo, a área não urbanizada está toda vigiada, portanto não se preocupe. Agüente até lá.

Escrevi um poema para você, mas quando eu chegar eu mesmo o leio quando anunciar nossa união. Você é minha existência Elisabeth. Amo-te mais do que qualquer coisa...

– Thomas

Eu queria gritar, mas ao mesmo tempo sentia tanta gratidão por Thomas estar bem. Meu coração batia e minha pele ardia em chamas ardentes ao pensar que logo eu estaria em seus braços, que ele me envolveria e me beijaria. Que sua voz grossa e sedutora chamaria meu nome e que assim ficaríamos inabaláveis. Pensar assim significava só ver o lado bom das coisas, - e isso é muito luxo. Coisa que no momento na minha vida já não posso ter. Felipe esperava que o ataque viesse aqui ao Natal, eu liderava um grupo para atrasar Carmela e tinha que tomar uma decisão rápida, - e Thomas voltaria para acabar com a competição das Noivas. O que aconteceria depois? A ida de Victor não tinha sido um golpe militar? Eu tinha tantas perguntas...

Camila entrou no quarto com olhos marejados e percebi que era a segunda vez que a havia chorar aqui. Com certeza a carta que recebera tinha sido da família, - ela os amava arduamente. Olhei em seus olhos e ela me abraçou e soluçou em meus ombros, eu afaguei suas costas e disse que tudo ficaria bem. Ela assentiu e logo sumiu no banheiro e voltou com a cara muito melhor. Quisera eu ter a disposição de Camila.

– Está melhor? – disse eu levantando das camas e tratando de guardar as cartas – carta da família?

Ela dirigiu seus olhos castanhos escuros a mim:

– Sim – disse ela – minha avó está doente e minha mãe deu pistas sobre a próxima prova. Creio que você também recebeu as suas...

Então a causa do choro tinha sido a avó. Andei até ela e a abracei novamente, Camila amava esconder o que sentia. E além daquela cara de “estou bem mundo”, eu sabia que não estava. Ela só melhoraria quando noticias boa começassem a correr, ou quando o sofrimento da avó acabasse.

– Para de me abraçar – disse ela rindo – sério Liz já estou melhor. Enquanto estivermos aqui, temos que nos preocupar.

Assenti e voltei para minha pequena escrivaninha. Estava quase guardando as cartas quando ela deu pigarro:

– Não vai me falar de quem recebeu essas duas cartas? – em seus olhos vi um brilho brincalhão e logo as entreguei para que pudesse ler.

Percebi que a de minha família não a interessou tanto, já a de Felipe e Thomas fez seus olhos brilharem mais ao mesmo tempo soltar espamos e ar de perplexidade com a entrega dos dois na carta. Ela me olhou com que não sabe o que fazer e eu apenas suspirei enquanto guardava minhas cartas na gaveta.

– Felipe disse para você queimar não foi? – disse ela sentada na cama me olhando ainda com um ar de curiosidade.

– Tinha me esquecido – disse eu – é só que queria senti-lo perto de mim novo.

Meus olhos mais uma vez queimaram e logo descemos as escadas na grande lareira do salão de jogos e queimamos a carta ali. Minhas lágrimas escorreram e percebi que teria mesmo que escolher. Felipe acertara em dizer que Thomas não abandonaria o pai absolutista e monopolizador. Mas eu queria tentar, - eu precisava tentar. Por outro Felipe mataria Thomas se tivesse chance de ser o herói que salva a dama em perigo. O grande problema é que nenhum dos dois precisava me salvar além de eu mesma. Tudo se resumia a mim.

Vi as labaredas queimarem e apagarem os últimos vestígios da carta de Felipe. Levantei e logo quando saiamos nos deparamos com um jovem guarda que parecia com grande dificuldade de subir as escadas. Achei que estava passando mal e logo corremos ao seu encontro, ele nos olhou e percebi que seus olhos estavam “estranhos”.

– Quem é? – sua voz rouca deixou claro que ele não estava bem. Fiquei com medo, mas Camila respondeu:

– Somos competidoras Noivas. O senhor é um guarda não é mesmo? Está ferido? Passando mal? Quer que acionemos os outros guardas?

Ele pareceu por um instante concentrado no som ao seu redor, quase como se sua vida dependesse daquilo. Ele tateou a parede e o corrimão e logo se colocou de pé. Podendo o ver melhor ele é bonito. Sua pele negra dava um realce aos trajes vermelho e branco e o sorriso branco e largo surgiu em seus lábios para nós. Percebi que Camila corou.

– Meu nome é Samuel Reis – disse ele – ao dispor de vocês senhoritas.

Camila ainda continuava vermelha e me perguntei se Samuel não havia notado. Tudo aquilo estava muito estranho, - percebi que minha amiga estava gostando dele. Mesmo sem conhecê-lo Camila estava encantada. Sorri com a possibilidade disso.

– Você... Você é cego? – perguntou Camila com a voz trêmula demais. Para mim ele não parecia cego. Seus olhos tinham cor de mel bem claro, e eram focados, mas percebi que ele nada enxergava. As orbitas logo procuravam outro lugar para se fixar.

Samuel abriu ainda mais o sorriso. Ele queria que alguém percebesse? Camila sorriu também. Eu fique com cara de ué sentindo pena do pobre lindo e jovem guarda Samuel. Okay Liz. Você já tem homens de mais não acha? Deixe esse para Camila!

– Sou sim – disse ele – e trabalho como guarda real da senhora Carmela faz mais de dois anos. Entrei com dezoito anos e agora estou com vinte. Nunca tive dificuldades com escadas e ambientes. Os meus outros sentidos como a audição sempre me ajudaram a sentir o ambiente ao meu redor. Nunca entrei no castelo antes e, portanto pensei em entrar. Mas esse ambiente é sem vida, sem som. Não consegui me orientar.

Fiquei fascinada ao ver como Samuel parecia perfeitamente conformado em expor isso. A parte também que mais me interessou por sua história foi Carmela. Para que diabos ela queria um guarda real cego? Carmela é muito esnobe para esse tipo de gente... Havia alguma coisa ai!

– Entendo – disse Camila interrompendo meus pensamentos – quer que o ajude a descer?

– Seria uma honra – disse ele estendendo a mão e pegando na de Camila que corou instantaneamente.

Eles desceram calmamente e os segui ate as escadarias e a noite fria que se instalava lá fora. O inverno chegaria e logo o Natal também. Minha cabeça começou a doer quando reformulei esses pensamentos e prestei atenção em Samuel e Camila novamente.

– Qual o nome de vocês se me permite? – disse ele.

– Camila – disse ela – e Elisabeth.

Ele sorriu ainda mais, e beijou as mãos de Camila. Ela quase desmaiou, mas eu sorri e logo corri para mantê-la acordada. Ela se recompõe e logo seus olhos tentavam esconder o brilho que iluminava totalmente seu rosto.

– Espero poder agradecê-las de algum modo – disse ele fazendo mais uma mesura para Camila do que para mim – esse aqui é meu cartão. Ele esta em braile, mas creio que também tenham meu endereço. O que precisar me chamem, e eu as ajudaremos. Fico nas acomodações leste do castelo pequeno.

E assim como qualquer cavaleiro de uma idade mais avançada ele fez mais uma mesura e desceu as escadas praticamente. Com certeza seus sentidos são muitos desenvolvidos. Sorri ao ver o rosto de Camila se iluminar. Ela merecia aquilo. Logo eu arrumaria um jeito de aproximá-los. Ainda a observando discretamente vi um sorriso surgir em seus lábios. Fechei os olhos e fiz uma prece para que Camila encontrasse a felicidade e fosse enfim feliz.


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Notas finais do capítulo

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