Acordei com suaves batidinhas em meu ombro, abri meus olhos com certa dificuldade, tentando focar na pessoa que estava me acordando, mas foi uma tentativa falha, pois fechei meus olhos pouco tempo depois.

- Kid! – A pessoa me chamou e logo reconheci a voz de Killer – Acorde! Você vai chegar atrasado se você dormir demais

Abri os olhos assim que minha mente processou a informação. Sentei-me na cama e Killer estendeu a mão para bagunçar os meus cabelos, tentei ao máximo me esquivar de sua mão, mas mesmo assim ele ainda bagunçou-os.

- Hoje é o grande dia, não é? – Ele sorriu.

- Sim. – Sorri de volta pra ele

Sem duvida hoje é um grande dia, afinal hoje é o dia em que finalmente iria deixar o orfanato para ir para o meu primeiro apartamento. Por um lado estava mais que feliz de finalmente sair do orfanato e viver a minha própria custa, porém ainda temeroso pelo mesmo motivo. Mas tentava me convencer que seria melhor, já que o apartamento ficaria perto do trabalho e da faculdade.

Deixando os pensamentos de lado, levantei-me e fui até o banheiro, tomando um banho rápido e logo vestindo uma calça e uma blusa preta. Sai do banheiro e vi Killer sentado em minha cama com um exemplar de Sherlock Holmes em seu colo.

- Você já deve ter providenciado o taxi, já que está lendo. – Fui até o espelho ajeitar o meu cabelo.

- Não entendo a sua revolta com Sherlock, ele é incrivelmente inteligente e observador. – Killer revirou os olhos, mas logo depois sorriu – Ou será que é por isso que você não gosta dele? Porque você não entende?

Ignorei o comentário de Killer e voltei a pegar gel para o meu cabelo.

- De toda forma, – Killer quebrou o silencio. – Sim, eu chamei o taxi.

- Isso é bom – Dei uma ultima olhada para mim no espelho e virei para Killer – Porque eu estou pronto.

xXx

Despedi-me das pessoas do orfanato e fiz o meu melhor pra consolar Mrs. Adler, a mulher que cuidou de mim desde que tinha 7 anos. Mrs. Adler é como uma mãe para mim e partiu meu coração ter que se despedir dela, mas o olhar de orgulho dela compensou qualquer coisa.

Agora Killer e eu estávamos no taxi esperando ansiosamente para que o mesmo chegasse o mais rápido possível em minha nova casa. Quando o condomínio entrou em nosso campo de visão, ouvi Killer soltar uma risada e não pude deixar de fazer o mesmo. Killer ajudou a tirar minhas malas do taxi e eu fui pagar o motorista.

- Kid. – Killer me chamou, fazendo-me virar para ele. – Você não acha que essas pessoas estão olhando de forma estranha para gente?

Olhei ao redor e vi alguns de meus novos vizinhos olhando para nós dois. Alguns olhavam de forma curiosa, outros de forma assustada e eu pude jurar que havia uns que olhavam de forma desafiadora.

- Oh, agora já posso dizer que meus novos vizinhos me amam. – Disse ironicamente fazendo Killer ri um pouco.

- Sempre sendo adorável com os vizinhos, certo? – Killer pegou uma de minhas malas e foi levando-a para o apartamento.

- Claro. – Ri e Peguei as outras duas que restavam, seguindo Killer.

xXx

- Você não me disse que o apartamento era mobiliado. – Foi a primeira coisa que Killer disse quando entrou no mesmo.

- Eu não achei que era totalmente mobiliado. – Disse enquanto analisava os moveis de aparência antiga e cara.

- Você não deveria agradecer por isso? – Killer colocou a mala perto do sofá e se sentou no mesmo.

- Não muito. Não gostei desse estilo. – Sentei ao lado de Killer. – Acho que vou troca-los.

"Não, você não vai"

- O que? – Perguntei para Killer

- Eu não disse nada. – Ele franziu o cenho.

- Hm, devo estar ouvindo coisas. – Levantei-me e fui até o telefone, que ficava na cozinha. – Almoço?

- Claro. – Killer sorriu.

xXx

O almoço passou rapidamente e logo Killer estava me ajudando a organizar minhas coisas. Por volta das 18:00 ele decidiu que já tinha me ajudado demais e decidiu ir para a sua própria casa. Terminei de arrumar as coisas sozinho e lá pelas 20:00 pedi uma pizza, sentei-me no sofá e comecei a assistir Tv.

"Hábitos alimentares nem um pouco saudáveis. Vai morrer cedo."

Paralisei no lugar por um instante, mas logo deixei pra lá, achando que essa voz era coisa de minha cabeça. Mudei de canal e comecei a assistir um programa qualquer.

"Programa odiável."

- Que porra é essa? – Perguntei, virando para ver se tinha alguém atrás de mim. Não havia nada.

"Cabeça de tomate entediante..."

Arquei uma sobrancelha, percebendo que o "Cabeça de tomate" foi uma forma nada agradável de me chamar.

- Okay, vamos parar com a brincadeira! – Levantei-me do sofá, estava irritado e quem quer que fosse ia pagar por isso. – Quem é você?

De repente a sala começou a ficar fria, não que eu não gostasse de frio, mas parecia que eu estava em um freezer. Suspirei, percebendo que acabara de sair fumaça de minha boca por causa de tanto frio.

Um homem, aparentemente de 20 anos de idade, apareceu em minha frente e por um momento eu achei que estivesse vendo coisas. Sua pele era extremamente branca, um branco doentio, seus cabelos pretos contrastavam com sua pele e seus olhos eram de um tom cinza que eu nunca vira antes.

"Sou o fantasma que assombra essa casa"– Ele sorriu e eu pude sentir os meus pelos se arrepiarem – "E você tem uma semana pra deixar esse lugar"