O vento batia forte no meu rosto, mas eu não sentia nada frio, talvez seja o nervosismo, piloto a moto devagar, para poder ver todas as paisagens, é a última vez que faço esse caminho, só de pensar que eu não vou ver mais essas arvores secas que tem por aqui, não vou ver os guardas da rainha, eu ainda não sei como esses carinhas não se mexem. Não vou ver mais o London Eye, nem o palácio de Buckingham e nem os ônibus de dois andares, olha é difícil mas é só pensar que pra um bem maior, e esse bem maior tem nome e sobrenome.

Assim que cheguei a casa da arvore, me sentei lá e me lembrei das diversas vezes que trouxe ela aqui, também me lembrei de quando eu e o meu pai fizemos essa casa, e isso me fez pensar, será que ele vai ficar triste? Será que vão contar pra ele? Eu duvido que ele deixa a sua vida perfeita com a nova família para poder ir no meu enterro. Também pensei na minha mãe, aposto que se ela soubesse do que eu ia fazer ela me mataria mesmo eu já estando morto, mesmo ela não sendo presente, ela se importa, mesmo não demostrando eu sei que sim, mas ela sempre está viajando, mas meu pai deixou a gente e ela teve que dar um jeito de se manter, e bem agora nós vivemos em condição boa, mas sem amor, como era antes, eu me desculpo por fazer essa ação suicida mas é necessário. Eu fiz uma carta para cada um dos meu amigos e familiares que me importam, e também deixei bem claro que o meu vídeo game vai ficar com o irmão da Meg, e a minha moto pode ficar com qualquer pessoa menos o Guto, aquele invejoso sempre teve inveja da minha moto, e não é agora que eu vou dar esse gostinho pra ele. Depois do momento nostalgia, fui ver a hora, e percebi que já tinha que ir, veio um frio na barriga, esperei o pôr do sol, o ultimo que eu vou ver, porra, chutei umas pedras e peguei minha moto de novo, vamos antes que eu desista.

...

Eu encarava o corpo dela naquela cama de hospital, seus lábios que sempre estavam a vermelhados agora estavam brancos e rachados, seu cabelo sem vida, seus olhos que todas as vezes que eu olhava transmitiam alegria, agora estava com olheiras e seus corpo mais magro sem falar de todos os fios e soros no seu corpo, mas para mim ela sempre será linda, a mulher mais linda do mundo, fiquei encarando por um tempo e pensei, você tem certeza que quer fazer isso? mas no mesmo momento mudei de ideia, a Megan não tem muito tempo, eu não posso ser esse covarde pra sempre, eu finalmente vou fazer alguma coisa, eu não vou ficar parado vendo ela morrer, eu sei que quem vai morrer sou eu, mas tudo bem, eu não tenho medo da morte, eu quero que ela viva mais, que ela realize seus sonhos e tenha uma família mesmo que não seja comigo.

Me levantei do sofá que eu estava e andei em sua direção, passei minha levemente em seu cabelo e me lembrei de quando ela pintou o cabelo, nós estávamos brigados, mas eu não consegui não deixar de sorrir vendo ela tão feliz por ter mudado o cabelo, me lembro de quando eu a tranquei no armário, eu estava morrendo de ciúme do Henry, eles ficaram cantando, rindo, só faltavam se beijar ali, mas era só o ciúme mexendo com a minha cabeça. Olhando pra ela eu me lembro de muitas histórias, de muitas brigas, de muitos beijos e isso só me dá mais certeza que eu a amo e não vou deixa-la. Meu relógio começou a apitar e eu me lembrei que estava na hora.

Me agachei e lhe dei um beijo na testa.

– eu te amo Megan, só não se esqueça disso. Coloquei minha carta na sua bolsa que estava do seu lado, dei uma última olhada nela e sorri, era a coisa certa a se fazer, me virei e quando eu coloquei a mão na maçaneta.

– não faz isso Cam. Uma voz fraca e rouca falou, quando me virei, e vi, meus olhos se encheram de lagrimas, ela estava com os olhos entre abertos, imagino a força que ela deve ter feito para acorda.

– eu tenho que fazer isso Meg, para você sobreviver. Eu disse andando até ela.

– não seja estupido Cameron, eu já tive muito o que viver, essa é a minha deixa. Ela disse dando um sorriso fraco. - não tem graça viver se você não estiver do meu lado, então não faça isso, só aceite igual a todo mundo. Ela disse dando um sorriso fraco.

– não Meg, eu vou fazer isso, eu não tenha nada se não tiver você, você tem a sua família e um futuro brilhante. Eu dizia meio desesperado, ela não deveria estar me agradecendo?

– e os olheiros que vão no último jogo do time da escola Cam? O treinador falou que eles estavam de olho em você, você não pode deixar isso ir embora pelas suas mãos. Ela disse e isso me acertou como um soco de realidade, eu nem me lembrava mais desse jogo, nem passou pela minha cabeça.

– mas Meg, como eu a fazer esse jogo pensando em você morta, pensando que você não vai estar mais no meu lado? Não dá, seria inútil. Eu disse já sentindo as lagrimas, no meu rosto, porque ela não aceita logo e torna isso menos difícil pra gente? Eu não vou desistir agora. - Só leia a carta que eu deixei pra você e tudo vai dar certo. Eu disse, selei seus lábios pela última vez.

–não. Ela sussurrou antes que eu fosse embora.

– eu te amo. Eu disse e fui embora para a sala de cirurgia aonde Kath e os médicos me esperavam, fui andando até a sala que ficava do outro lado do corredor e encontrei quem eu menos queria encontrar, Senhor Grace.

– o que você está fazendo aqui Cameron? Ele perguntou curioso, estava na cara que ele estava triste, ele nem me chamou de incompetente ou coisa parecida.

– err, eu vim dar um último adeus para a Meg. Menti

– ah claro. Ele disse e foi como um choque de realidade, acho que ainda não caiu a ficha que vai perder a filha, do mesmo jeito que perdeu a mulher. - olha Cameron, nós tivemos nossas brigas mas você fez ela feliz, você deu o direito de amar a ela, e mesmo eu não gostando de você, eu digo, obrigado. Ele disse me surpreendendo com um abraço que eu logo retribuí mesmo assustado, eu estava evitando o Jack de sofrer, ele vai me agradecer de verdade. - eu sei que depois que ela se for nós não vamos nos ver então, foi um prazer te conhecer Cameron. Ele finalizou e foi embora.

Oque? O senhor Grace me agradecendo? Só quando eu vou morrer mesmo.

...

– oque que você quer que eu faça? O médico me olhou assustado.

– colocar o meu coração nela. Eu disse me deitando na maca.

– mas assim você vai morrer criança. Ele me repreendeu.

– prefiro morrer do que deixar a Meg morrer. Olhei para a sala e a Kath estava no canto chorando, e o médico me olhando com um sorriso, acho que foi pelo o que eu falei da Meg mas tudo bem

– ah o amor jovem, okay vamos lá.

...

Megan.

Não, o Cam não podia morrer por mim, eu não quero o coração dele, ele não deve fazer isso. Comecei a me desesperar na maca, comecei a suar e as maquinas atrás de mim começaram a apitar, essa porra tá me irritando, puxei todos os fios que estavam em mim, arranquei o soro, doeu, mas eu só conseguia pensar “não posso deixar o Cameron fazer isso, não posso deixar o Cameron fazer isso”.

– não, deus, me ajuda, o que eu faço? Eu comecei a chorar a e me esgoelar. – não Megan, você não pode chorar você tem que salvar o Cameron, engole isso Megan, seja corajosa pelo menos uma vez na vida. Eu falava para mim mesma, me batendo para me controlar. – Deus me dê força, me dê força para salvar o meu amor. Eu comecei a clamar, e não, eu não posso ficar aqui e pedi a Deus, eu tenho que fazer isso sozinha.

Tentei me levantar mas estava muito fraca então joguei o cobertor no chão, e tentei pensar em um jeito mais eu não consegui pensar em nada e caralho, o amor da minha vida está prestes a se matar por mim, eu tenho que fazer alguma coisa. Sem pensar em nada me joguei no chão, soltando um urro de dor, minha perna doía muito, mas pra que uma cama tão alta? Minha perna doía tanto, uma dor interminável, ignorei a dor e fui me rastejando, abri a porta com dificuldade, mas consegui, e sai corredor a fora tentando achar a sala que o Cam estava, sai tentando abrindo todas as portas e gritando seu nome pelos corredores, quando eu coloquei o olhar em uma sala, eu tinha certeza que era aquela, me arrastei com presa até ali. Mas alguém me puxou, quando eu fui ver era uma enfermeira.

– venha, você está maluca? Volta para seu quarto. Ela me puxava e eu tentando lutar para chegar até a porta.

Ela me puxava com muita forca, e eu sentindo as lagrimas de desespero caindo pelo meu rosto, eu tenho que salvar o meu amor, eu pedi a deus para matar essa mulher satânica que não me solta.

– ME SOLTAAAA. Eu gritava tentando me soltar, mas aquela mulher era forte, ela me deu um puxão no braço que me fez bater de boca no chão e eu senti o gosto do sangue na minha boca. – ME SOLTA SUA MALUCA.

– eu vou ter que te sedar, deixe de maluquice e venha para o quarto. Ela começou a me puxar pelo o pé, meu pé machucado, e eu berrei de dor, acho que toda a Londres ouviu, e ela parecia que não tinha percebido, agora o choro era de dor, com o meu pé bom comecei a dar vários chutes na cara dela e ela não soltava só gritava comigo.

– ME SOLTAAA. Eu disse e peguei impulso e chutei a cara dela e ela me soltou, quando eu olhei para trás ela estava desmaiada, quer saber? Foda-se, foi você que pediu, não senti nenhuma culpa, continuei a me arrastar ignorando a dor da minha boca e a da minha perna, tentei ficar em pé mas não consegui, me estiquei totalmente tentando abri a maldita porta e com muito esforço foi.

– PAREM COM TUDO ISSO. Eu entrei gritando quando vi o médico preparado para tirar o coração do Cam, ele estava com as mãos sujas de sangue e com o bisturi na outra, e eu me desesperei, não, não pode ser tarde.

– Meg. Ouvi uma voz atrás de mim, e vi a Kath lá, ela estava com a cara abatida e eu fiquei com muita raiva.

– OQUE? VOCE SABIA DISSO? PORQUE VOCE NÃO EMPEDIU? SUA ESTUPIDA, AGORA O CAM VAI MORRER, SUA INUTIL. Eu gritava e chorava igual a uma louca, me joguei no chão e continuei chorando, sai quebrando tudo e ouvia as pessoas me pedindo para parar mas não eu não conseguia e nem queria, me levantei com raiva ignorando a toda a dor, e sai quebrando todo o equipamento, e só parei quando dois enfermeiros me seguraram. – ME SOLTA ME DEIXAAA. Eu gritava me debatendo e eu senti a agulha em mim, eles me sedaram e meus olhos foram se fechando e eu parei de lutar.

Esse não podia ser o fim.