Megan

Abri meus olhos lentamente e percebi que ainda estava no hospital, ou pelo menos eu acho, o quarto que eu estava era diferente, só tinha uma cama, uma mesinha, uma janela, uma porta que era um banheiro super pequeninho e uma porta que provavelmente seria a saída, depois da conversa de ontem, eu tive uma crise e então colocaram uma injeção em mim com algum tipo de anestesia que eu apaguei na hora, foi um choque pra mim...

FLASHBACK...

“ – A sua mãe tinha Leucemia e por isso você tinha várias chances de ter também e...

Eu interrompi o médico.

– como assim, a minha mãe tinha leucemia? Eu perguntei e olhei pro meu pai que tinha uma cara de sofrido. – eu não acredito que você não me contou isso. Eu disse gaguejando e abaixei minha cabeça e chorei mais ainda.

– filha entenda sua mãe que pediu isso, pra mim não contar pra você ou para o Nick. Ele disse e tentou segurar a minha mão mas eu recuei. – você tem que entender.

– me contar tudo agora mesmo. Eu disse sussurrando.

– bem sua mãe descobriu a doença quando tinha a sua idade e ficou bem triste mas continuou vivendo sua vida normalmente, nós começamos a namorar e só no terceiro mês de namorou ela me contou da doença mas isso não mudou nada na nossa relação, nós nos casamos e estava tudo perfeito mas ai sua mãe ficou gravida de você foi ótimo, ela não podia estar mais feliz, até a gente descobrir que tinha grandes chances de você ter a mesma doença. Ele parou a história e secou algumas lagrimas e voltou a falar.- a doença da sua mãe tinha parado, não aumentava e nem diminuía e estava tudo bem, quando você nasceu você parecia ser normal não ter nada de diferente, mas nós estávamos errados, quando você tinha uns seis a sete anos, saia sangue do seu nariz, você estava com várias marcas no corpo e seu cabelo sempre foi e é muito frágil, mas devamos remédios que ajudavam, você estava bem, sua mãe também tudo estava bem, sua mãe engravidou do Nick e tudo estava perfeitamente bem, mas ai a doença da sua mãe voltou. Ele falou com uma raiva e me dava um certo aperto no coração toda vez que ele falava doença eu sentia a raiva que ele tinha. – e ai passaram anos e sua mãe cada vez pior, quando vocês percebiam nos dávamos qualquer desculpa, você nunca acreditava mas também não falava nada, e ai teve um dia que eu estava em uma reunião e a sua mãe invadiu a reunião chorando muito, e eu fui falar com ela e ela me disse que tinha feito um exame e o médico falou que ela só tinha mais duais semanas de vida e que ela tinha que se interna urgentemente. Ele parou de falar deu uma fungada e voltou. – e ela não queria ouvir nada, eu tentei acalmar ela mas ela não queria ser acalmada e saiu de lá as presas e como você sabe sofreu o acidente de carro, uma pessoa normal sobreviria mas a sua doente não conseguiu ser forte o suficiente, ela já tinha aguentado demais e morreu. Quando ele terminou, eu fiquei parada olhando pra janela, eu não fazia nada só tinha uma respiração bem devagar, eu sentia as lagrimas descendo no meu rosto mas eu não sabia o que fazer.

– Meg você está bem? A Kath perguntou colocando a sua mãe em cima da minha, eu automaticamente tirei ela de lá e ela me olhou com a cara confusa.

– claro que eu não estou bem, eu vou morrer, tinha coisas sobre mim que eu nem sabia, descobri que a minha mãe tinha leucemia e foi por isso que ela morreu e você quer que eu fique como? Eu disse e as lagrimas caiam e caiam.

– Meg fica calma, o seu caso ainda tem chances de cura e são ótimas chances mas pra viver você tem que tentar. Ela disse com um sorriso fraco e foi se juntar com o Cam e o Nick.

– cala a boca, cala a boca, cala a boca. Eu ficava repetindo isso várias vezes enquanto o médico e meu pai estava conversando algumas coisas. – CALA A BOCA. Eu gritei e todo mundo olhou pra mim com caras assustadas. – parem de fingir que está tudo bem, ou que isso é normal porque não é. Eu gritando e todo mundo olhou pra mim assustado mas em seguida me ignoraram e voltaram a falar com o doutor, olhei para o lado e vi uma injeção e percebi na hora que tinha tarja preta lá dentro, se eu me perfurasse com aquilo eu morreria na hora, em um movimento rápido eu peguei a injeção e mirei pra minha barriga.

Todo mundo parou o que estavam fazendo e me olharam assustados.

– Megan larga isso agora. Meu pai disse e eu ignorei e continuei mirando pra minha barriga.

Eu via a cara de todo mundo, o médico estava muito assustado e desesperado, a Kath estava pálida e me olhava com a cara assustada e várias lagrimas saiam de seus olhos, meu pai estava quase morrendo e chorava sem parar, o Cameron estava olhando nos meus olhos e pedia pra mim parar e não fazer isso comigo e com ele, e também chorava, o Nick não sabia o que estava acontecendo mas se agarrou na perna do meu pai e chorava muito.

– Meg larga isso por favor. O Médico dizia.

– não, eu vou morrer mesmo né. Eu disse dando um sorriso triste no meio das lagrimas de desespero saiam dos meus olhos.

– M&M não faz isso por favor. O Cam dizia chorando.

– não, eu vou estar fazendo o certo. Eu disse dando ombros. – você, Cam, vai arranjar outra garota, uma que não esteja morrendo aos poucos, a Kath vai fazer novas amigas iguais a ela, o Meu pai vai poder ter outro filho ou filha que não seja tão problemática como eu, o Nick vai ficar com o maior quarto, viu? Eu disse.- tudo melhor, eu sou só uma pedra no caminho de vocês, eu nem deveria ter nascido, eu sou um efeito colateral que ninguém quer ter por perto. Eu falei e todo mundo ficou quieto. – então me deixa fazer isso, acabar com o sofrimento de uma vez por todas, acabar com a dor, acabar com tudo, mas o bom vai ser se alguém perguntar do que eu morri. Eu falei.- falem que eu não deixei o câncer me matar, eu me matei para deixar as pessoas felizes e virem as suas vidas, eu me matei para ver as pessoas que eu amo felizes. Eu disse chorando muito e ouvia o choro de todo mundo, a Kath se abraçou no Cam e os dois ficaram chorando.

E quando eu ia enfiar a injeção em mim, ouvi um arrombo na porta e dois seguranças do hospital invadiram a sala e eu vi tudo em câmera lenta. Eles tentando tirar a injeção de mim e ficou tipo um cabo de guerra mas ai eles conseguiram tirar de mim e ela caiu no chão e se quebrou, eu via o liquido se esparramando pelo chão, e ai eu comecei a chorar e a gritar e quando eu fui perceber eu já estava pulando em cima deles e socando os seguranças, todos da sala me olhavam assustados e com medo, e quando eu fui perceber me jogaram no chão, e colocaram anestesia em mim e eu aos poucos fui apagando...”

Bem e agora eu não sei o que fazer, me levantei da cama e ai que percebi que estava com uma camisola de hospital azul (não é aquela que aparece o bumbum) que ia até o joelho, fui até o mini banheiro e tinha uma roupa intima em cima da pia e deduzi que era pra mim tomar banho naquele mini box, me despi e tomei o banho muito rápido, afinal a agua estava gelada e eu simplesmente odeio isso ainda mais no frio de Londres , depois que sai do box me sequei com uma toalha que tinha ali e me olhei no espelho, eu parecia uma drogada, meus cabelo estava horrorosos, parecia que eu tinha levado dois socos nos olhos porque as olheiras estavam demais, minha pele estava mais branca do que o normal, e eu estava com uma cara de cansada, mas e não entendi o porquê, já que a única coisa que eu fiz foi dormi, coloquei a roupa intima e por não ter nenhuma roupa por ali deduzi que eu tinha que usar a mesma camisola e assim eu fiz, voltei pro “quarto” e sentei na ponta da cama e fiquei olhando pra janela que estava fechada, afinal estava quase nevando lá fora e eu estou com essa roupinha não seria bom pegar um resfriado agora, e dá janela eu via um belo gramado que estava molhado pela garoa, tinha vários pinheiros e outras arvores que eu não sei o nome e uma fonte que estava meio congelada, era lindo mas ai veio a minha mente, aonde eu estou? O “jardim congelado” foi assim que eu o apelidei, estava vazio, deve ser pelo frio né, depois eu percebi que tinha um sanduiche de manteiga de amendoim e um suco de laranja na mesinha do lado da janela, e só vendo aquilo percebi o quanto eu estava com fome, comi aquilo em um minuto e porra era bom.

XXX

Eu estou confusa, com frio e com tedio, não tem nada para fazer aqui seja lá aonde eu estou, quer saber? Cansei de esperar. Levantei da cama e fui em direção a porta, fui descalça mesmo afinal não tinha nem uma sandalinha de dedo ali, e pra minha surpresa a porta estava aberta, okay isso foi muito estranho.

Assim que sai do quarto, encontrei um corredor enorme, tinha várias portas mas no momento eu tenho que achar pessoas, poso fuxicar esse “lugar-que-eu-ainda-não-sei-oque-é” outra hora, fui seguindo as vozes e acabei encontrando uma “sala de lazer”, tinha várias pessoas com camisolas iguais a minha, tinha todo tipo de pessoa, idosos, crianças, adolescentes, quanto homens como mulheres. Alguns liam alguma coisa, outros conversavam ou jogavam algum jogo e alguns só ficavam olhando pra janela ou pro teto. Okay esse lugar é muito estranho.

Fui andando pelas pessoas procurando alguém que poderia me dar algum tipo de informação, afinal eu estou completamente perdida até que eu esbarro com alguém (o que não é novidade afinal se eu não esbarrasse com alguém que seria estranho).

– ai me desculpa. Eu disse me virando e vendo uma menina, ela era linda isso eu tenho que admitir, tinha os cabelos loiros nos ombros, era branquinha, tinha as bochechas vermelhinhas, os olhos eram num tom de cinza meio azulado e elas estava com a mesma camisola que eu, mas estava de sandália.

– não tem problema gata. Ela disse rindo, okay ela acabou de me chamar de animal? Tá bom, parou a paranoia ela me elogiou, eu acho. – perdida princesa? Ela disse dando um sorrisinho.

– para falar a verdade sim. Eu disse e ela sorriu mais ainda. – e meio complicado. Eu disse dando um sorriso torto.

– eu tenho todo tempo do mundo, principalmente para meninas lindas iguais a você. Ela disse e eu corei, okay, ela tá dando em cima de mim, isso é muito estranho.

– já está dando em cima da novata Mel? Um garoto completamente lindo apareceu do meu lado, ele era alto mas era magro, tinha os cabelos pretos e olhos azuis claros, a camisola masculina era diferente era uma calça de moletom larga e uma blusa enorme, ele era bem engraçado, o físico dele parecia um desenho animado sei lá hehe, o nome dela é Mel saquei agora.

– nada ver, só estava tentando ajudar ela. Ela disse com um sorriso malicioso no rosto.

Eles tiveram uma pequena discursão e eu ainda não tenho as minhas respostas então vou dar uma de “mim” e interromper.

– err desculpa atrapalhar a conversa ou sei lá o que que vocês tão tendo, mas é que eu realmente preciso de ajuda. Eu disse e eles pararam e me olharam.

– Okay, vamos te ajudar. A Mel disse e o garoto-que-eu-não-sei-o-nome concordou. – o que você precisa anjo? Ela perguntou sorrindo e levou uma cotovelada do menino.

– primeiramente, que lugar é esse? Eu perguntei e ele me olharam surpresos.

– você não sabe? Ele perguntou.

– se eu soubesse não perguntaria né? Eu disse já perdendo a paciência e vi que ele ficou meio triste. – olha me desculpa a grosseria e que eu odeio ficar sem saber das coisas. Eu disse e ele concordou.- aonde eu estou?

– isso aqui é uma clínica de reabilitação, aqui tem de tudo, drogados, alcoólatras, suicidas...

Eu não ouvi mais nada, meu pai e meus amigos me internaram, eles acham que eu sou uma suicida, quando eu menos percebi eu caí sentada no chão e comecei a chorar, a Mel e o menino agacharam até a mim, e ficaram acariciando meu cabelo e falando que tudo ia ficar bem.

– eu não acredito que fizeram isso comigo. Eu disse chorando, vi que o meu “show” chamou atenção de algumas pessoas mas eu não liguei. – eu não acredito, a Kath deixou isso acontecer, e o Cam também, eu não acredito que o Cam fez isso comigo. Eu disse chorando.

– quem são Kath e Cam? A Mel perguntou.

– minha melhor amiga e meu namorado. Eu disse chorando.

– ah namorado. Ela fez uma cara triste.

– eu não acredito nisso. Eu disse chorando mais ainda.

– você sabe o motivo? O menino perguntou e eu olhei confusa pra ele.- sabe, deles terem te internado.

– ontem eu meio que tentei me matar. Eu disse fungando.

– porque? Ele continuou perguntando.

– porque eu descobri que tinha leucemia desde quando eu nasci e ninguém nunca me contou, também descobri que a minha mãe morreu por causa da leucemia não por um acidente de carro como me contaram. Eu disse chorando e abraçando o menino.

– olha nós vamos te ajudar a passar por isso okay? A Mel disse e apertou minha mão e me deu um sorriso confiante e eu sorri de volta.

Agora tudo vai mudar, meu coração está partido pela segunda vez no mês, eu não vou ser uma menininha frágil de novo, cansei, a partir de hoje nasce uma nova Megan