Em um hemisfério sentimental chovia e molhava o encontro de dois poderosos seres, com sentimentos heterogêneos e homogêneos simultaneamente. Já em outro, estava frio. Nevava. Um castelo com inúmeras torres e inúmeros guardas. Demônios. Três garotas. Uma cela.

– Nos deixaram aqui nessa sala gigante, escura e só com nossa cela no centro? O que estão pretendendo? – perguntou Evanecer, tentando abrir os dois ferros da cela para poder passar, mas não teve sucesso. Era um metal muito resistente e que sugava poder mágico.

Lass se ajoelhou. Modo de desistência:

– Até agora não sei como viemos parar aqui ou quem nos trouxe. Apenas lembro que aquele demônio fez aquilo com a gente.

Evanecer lembrou dos fatos e fechou a mão com a máxima força e socou o chão. Não parava mais até que Ira segurou sua mão, envolvendo ela no soco de Evanecer:

– Não chore mais. Vamos sair daqui. Só temos que esperar uma oportunidade e-

Foi interrompida por um sentimento ruim. Sentiu alguém se aproximando, com poder mágico suficiente para sufocar as três prisioneiras e deixarem elas coladas com o chão:

– Q-Que poder mágico é esse? – Lass tentava se levantar, mas não conseguia.

– Como vão, diabinhas?

– Quem é você? – Evanecer só conseguia, no momento, visualizar as pernas do inimigo que ia chegando. Era uma mulher.

– Meu nome? Não acho que é necessário saber. Vocês são vadias infames que servirão de isca para nós, Demônios de Yuma, conseguir o que estamos há muito tempo procurando. Mas, já que vão morrer logo, posso dizer o meu nome. Kade! O quinto membro mais forte da minha facção. Mais forte mesmo que Limbo, o oitavo.

– Demônios de Yuma? Limbo? De que está falando?! – Ira, conseguindo se ajoelhar diante a tamanho poder.

Kade aplaudiu a audácia da prisioneira e respondeu:

– Skyler é o nosso mestre. Ele nos invocou, formando uma facção maligna, perversa e sem dó. Contando com ele, somos dez demônios. Na escala de força, eu sou a número 5. A quinta mais perigosa, e também com poder mágico o suficiente para destruir uma cidade inteira.

– O que você quer com a gente? – perguntou Lass.

– O estranho não é o que EU quero e sim o que ELE quer.

­– ELE quem?

– Como vocês são lerdas!!!! SKYLER! O mais forte daqui, o mago invocador, a chefia, o revolucionário... como vocês desejarem.

O silêncio tomou conta, porém Kade o quebrou:

– Fiquem a vontade. Essa sala é enorme o suficiente para vocês não conseguirem ver nem as paredes. Isso aqui será um campo de concentração, onde iremos estocar nossos futuros soldados. E assim, poderemos pegar o que é nosso de volta!

– Do que está falando?!

– Evanecer, você é curiosa mesmo, hein? Em breve saberá. Isso é, se não estiver morta antes disso! Há! Há! Há!

Kade desapareceu e Evanecer ficou furiosa o suficiente para fazer que seu poder mágico corroesse a ferragem da cela. Porém ela se auto reconstruiu, ficando ainda menor, mal cabendo as três camas que havia ali.

***

– Mas já liberou seu modo Fury? – perguntou-se Limbo, desviando de todos os ataques de Gabby, que estava o atacando com sua espada. – Acho que não precisarei te mostrar o meu. É realmente mais fraca que Alethea.

– Cale sua boca!! Não fale de Alethea novamente! Não é digno para dizer esse nome! – Gabby estava se cansando, e mesmo no seu modo mais forte de luta não conseguiu relar em Limbo. – Realmente você é muito forte.

– Sou um demônio criado para matar! Não nasci e cresci com o tempo, deixando brechas do tempo para criar fraquezas. Nasci desenvolvido e assim fui, me desenvolvendo mais ainda. Realmente, se quer me matar, use mais que isso!

Alethea estava sentindo a chuva e o desespero de matar o demônio que destruiu Alethea. Estava com medo da primeira magia que o inimigo iria lançar, caso isso acontecesse. Não queria colocar em risco a vila já que estava lutando dentro dela. Respirou fundo, pegou sua espada e novamente apontou para Limbo:

– Quer algo melhor que isto? Então veja, e respire se puder.

– O que pretende fazer? Vai ceder seu corpo para mim? Estou louco para te...

– Hikari nº1, Kikanju!

Hikari se refere a magia de Luz, cada magia possui seu número – padronizando todas para que os usuários de mesmo elemento possam sempre utilizar as mesmas magias em batalha. Kikanju permiti atirar feixes de luz de algum ponto que concentra poder mágico, no caso, na espada de Gabby.

Limbo se desviava de todos os tiros, porém em um momento foi acertado. Tentou dissolver o seu ombro, onde foi atingido, porém não conseguiu:

– O quê??

– Se assustou, demônio? Não está chovendo por qualquer motivo. Toda vez que libero a forma do meu poder mágico, Baisteach, chove. Esta chuva também faz parte do meu poder mágico. O céu nublado, o frio que está sentindo. Sua magia é sangue, e a dissolução do seu corpo em sangue é uma de suas magias. Mas as gotas se misturam com o sangue, não o permitindo tomar forma. Ou seja, se tentar novamente seu corpo não irá voltar ao normal, já que minha chuva não vai permitir a sua regeneração imediata. Só preciso te acertar uma vez. Mais uma vez.

– Maldita... está me subestimando! – Limbo resmungou. Seu ombro estava despedaçado e jorrando sangue, que caiam nas poças d’água e deixando as mesmas na cor de seu poder. – Acha que pode me vencer apenas por eu não poder me dissolver ou me regenerar? Não é assim que a banda toca!

– É assim que a chuva cai. Derrubando tudo que ela vê por baixo. Renda-se! Devolva-me Ira, Lass e Evanecer!

– Não vou me render e nem devolvê-las. Talvez você as vê em breve... isso se você ficar viva.

– “Talvez você as vê em breve”... Então cogita a possibilidade de eu sair vitoriosa desta luta!

Limbo começou a gargalhar, porém parou por causa da dor:

“Nunca senti isso... está, doendo!? Estou realmente sentindo dor? Não posso me dar por vencido. Tenho que derrotar essa vadia de uma vez, nem que eu tenha que despedaçar sua cabeça em um milhão de gotas de sangue. ”

– Gabby Hayden. Líder da facção Eagles e comandante do Exército Militar do continente Eros. Este dia vai entrar para a história. O dia em que você morre... Abuse, Spaudai.

Limbo liberou o seu poder mágico e foi de encontro com Gabby, na tentativa de empurrá-la para morte. Duas espadas se encontraram. O vento conjurou na intersecção dos metais, naquele dia, naquela noite. E com mais um movimento circular, algo foi cortado. Um corpo foi morto. Houve um vencedor. Talvez há uma teoria que diz que água e sangue não são compatíveis. Qual líquido foi o vencedor? E qual líquido irá evaporar quando o Sol nascer novamente?