Aurora levou a Giselle e o Mayk para o comboio que os iria levar até à capital. O comboio tinha muito luxo, os dois irmãos sentaram-se lado a lado. Giselle parecia confiante, no fim de contas ela tinha o que queria mas Mayk não era da mesma opinião, ele estava em pânico. Ele nunca matou, nunca viu sangue e nunca teria chances contra a irmã.

– Bem, agora eu sou a vossa mentora, o meu dever é ajudar-vos. – Disse a Aurora sentando-se de frente para os tributos.

– Quanto é que ganhaste os Jogos? – Perguntou o Mayk

– Já foi há muito tempo, eu tinha 14 anos.

– Como é que ganhou? – Perguntou Giselle.

– Fui inteligente. Juntei-me a um grupo forte, matamos todos os tributos e quando só sobrou o nosso grupo e escondi-me e esperei que sobrasse apenas um e depois matei-o.

– O tributo que você matou foi… o seu irmão? – Perguntou Giselle, ela sabia da história, foi algo que rolou pela capital durante anos.

– Sim… mas bem, falem-me de vocês. Preciso de saber as vossas habilidades, medos, tudo, assim posso vos dar conselhos. Giselle começa tu.

– Tenho 18 anos, sou boa em lutas corpo a corpo e armas silenciosas. O arco é o meu melhor amigo, também seu manusear bem um tipo de faca pequena e correntes.

– Correntes? – Perguntou Aurora surpreendida.

– Eu tenho os meus segredos. Mas apesar de tudo sou uma treta com o machado e as catanas.

– Tu tens muitas habilidades, tens alguma chance de sobreviver. E tu? – Perguntou a mulher referindo-se ao Mayk.

– Eu tenho 16 anos… eu não tenho habilidades físicas.

– Isso pode ser um problema…

– Ele é muito inteligente. – Disse Giselle tentando dar apoio ao irmão.

– Isso não interessa para nada, Giselle, eu não vou sobreviver só por saber fazer uma conta.

– Mas Mayk…

– Giselle mesmo que eu sobrevivesse aos outros tributos, nunca seria capaz de te vencer.

– Eu nunca te iria matar.

– Ias sim. Voluntariaste-te só para conseguir a atenção dos outros. – Os dois ficaram calados olhando um para o outro.

– Bem, Giselle… vamos ver o teu quarto? Tenho a certeza que vais gostar. – Disse Aurora tentando acalmar o clima.

A rapariga seguiu-a mas com o coração magoado, aquilo era a opinião do irmão? Será que ela era assim tão má pessoa?

Um pouco atras naquele comboio da morte estavam os tributos do distrito 2.

Diana e Juno, os carreiristas do século. Foram acompanhados pelo Alex até à sua luxuosa cabine. Os três sentaram-se e olharam uns para os outros.

– Vocês são loucos? – Perguntou Alex.

– Não… - respondeu Diana em voz baixa.

– Tu voluntariaste-te, ok tudo bem, mas depois tu também? Vocês odeiam-se ou algo assim?

– Temos os nossos motivos. – Disse Diana esperando que algo saísse da boca do irmão.

– E posso saber quais são?

– Por causa de uma estúpida vingança. – Disse Juno finalmente abrindo a boca.

– Eu fiz isto pelo Regulus.

– Para quê? Morreres como ele?

– Eu não te pedi para vires.

– Adoro telenovelas e discussões mas a capital obrigou-me a ser vosso mentor, por isso tenho de vos ajudar e vocês ajudavam-me a mim se ficassem calados. – Disse Alex chamando assim a atenção dos dois jovens.

– Como é que tu vais ajudar-nos? – Perguntou Diana.

– Primeiro preciso de saber no que são bons, começa tu miúda.

– Tenho 16 anos… sou forte, rápida, tenho um grande domínio sobre lutar corporais, sei utilizar as espadas, o machado, o tridente e a foice. Mas sou uma bosta com o arco e flecha.

– E tu? – Perguntou referindo-se ao irmão.

– Tenho 15 anos, sou forte, rápido, bom em lutar corpo a corpo, sei fazer armadilhas e sei ler as estrelas. Sou bom com facas adagas e chakrams.

– Pontos francos?

– Machado e tridente.

– Vocês têm uma grande chance de ganhar, o problema é que só um de vocês vai ganhar.

Os dois se entre olharam, mas não foi um olhar amigável, pelo menos da parte do Juno. Diana sentia-se culpada, mas era aquilo que ela queria, e ela não pediu a ninguém para ir com ela.