Conistra escrita por Rob Sugar


Capítulo 1
1




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Dá pra ouvir os gritos acalorados daqui.

Debaixo da Conistra, Heitor incrementa sua armadura mecânica. Esquelético, fraco, uma armadura é sua melhor opção aqui.

Sinto muito, que falta de educação a minha. Meu nome é Talin. Um penasmeno feminino. É raro.

Penasmeno é o nome que dão para os pobres aqui, os que têm de se matar pela própria comida. Com “se matar”, não digo nada diferente de “se matar”.

A Conistra é uma espécie de arena, onde os pobres são divididos em duas equipes. Cada equipe possui quatro penasmenos, e os sobreviventes recebem comida suficiente para uma semana, mas nada suficiente para nos tirar da condição terrível em que vivemos.

Não é um lugar só de humanos.

Já tive que enfrentar demônios por uma lata de feijões. As criaturas que os charistimenos, os ricos, chamam de fabulosas são das mais diversas. Fadas, mutações, demônios, espíritos, e nem sei mais o quê.

Heitor e eu sempre fomos jogados na mesma equipe. Não conseguiria matá-lo, mas não sou gentil o suficiente para cair sem lutar.

Vejo um homem tão claro quanto as luzes da entrada com um cabelo brilhante louro se aproximar de nós.

-Lianders – ele diz e aperta minha mão. Algo em seu rosto me chama atenção. Pode ser o pingente azul imenso em sua testa. Ou pode ser um tersol. Mas acho que o tersol chama mais atenção mesmo.

-Talin. – respondo.

Ele se senta do meu lado e abaixa a cabeça.

Seremos chamados em alguns minutos e sei como pode ser difícil. Heitor grita e vou ajudá-lo. Vejo um pedaço de ferro manchado de sangue. Ele enrola um pedaço da camisa em volta e continua a mexer na coisa.

Dirijo-me de volta ao louro e vejo que ele está conversando com uma mulher. Reconheço-a imediatamente.

-Yorr Anne Sypur... – sussurro seu nome, mas ela me ouve do mesmo jeito.

-Talin. – ela responde, num outro sussurro, enquanto se levanta – Vamos vencer, eu já vi. Podemos nos unir!

Yorr é, até onde sei, a última descendente de uma raça que há muito foi dizimada pelos charistimenos. Eles eram videntes, mas, ao contrário do que os charistimenos pensavam, não usavam para lucrar, eles acreditavam que era apenas um dom que deveriam compartilhar com os outros seres, para alcançarem a paz.

Uma voz grave ressoa no subsolo nos chamando.

Subimos nos pedestais.

Enquanto subimos, vejo um brilho ofuscante, mas é tarde demais para descobrir de onde veio.

Estamos na Conistra.

A armadura de Heitor leva a mim e a Yorr para um lugar seguro.

-E o Lianders? – pergunto em meio a solavancos proporcionados pela desregulada armadura de Heitor.

-Ele aguentará alguns minutos.

Compreendo o que Heitor quis dizer quando vejo um Lianders azul com asas voando pela arena, disparando torrentes de água para escapar de disparos fatais.

Heitor nos deixa recostadas em um pequeno morro e sai para a batalha. Viro-me para Yorr e a interrogo sobre o que devemos fazer. Ela se levanta e começa a correr para o meio do tiroteio.

Meu suspiro desesperado é reprimido por um surto de adrenalina e vou atrás dela.

Dançando por entre as balas dos inimigos, Yorr consegue se esquivar e subir na armadura de Heitor, dizendo-o que fazer para sairmos vitoriosos e vivos daqui.

Procuro por Lianders e o vejo sendo feito de alvo por dois atiradores.


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