Take Care escrita por iamthesavior


Capítulo 3
Terceiro Capítulo.


Notas iniciais do capítulo

Bom, pessoal. Estou MUITO feliz >mesmo< por vocês estarem lendo e gostando.
Sobre as perguntas de quando eu vou atualizar, ainda não sei responder. Estou em um momento de "inspiração" e estou escrevendo a todo vapor, aos poucos desenvolvendo a história. É bem provável que tenha pelo menos, três capítulos por semana.
Enfim, espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494683/chapter/3

A dúvida pairava na mente de Emma enquanto organizava suas coisas em seu novo e temporário quarto. O fato de permanecer ali mesmo com a certeza de que Regina a traria dores de cabeça era explicado apenas pelo reembolso financeiro que ela teria ao fim de tudo aquilo.

Um de seus maiores dons era a percepção, e ao entrar naquela casa, ela sentiu a inquietação se fixar na boca do estômago. Porém, ir embora estava fora de cogitação.

Enquanto se vestia, ela planejava se reunir com Mary Margaret ao terminar da sessão a fim de reunir algumas informações sobre como sobreviver a tanto descaso da paciente. Antes, ela falaria com a própria Regina, mesmo sem esperanças de que a morena fosse colaborar.

Ela entrou no quarto dez minutos antes da primeira sessão do dia. Todos os equipamentos já montados na lateral do quarto. Regina ainda estava sentada imóvel, completamente furiosa aos gritos no telefone.

“Eu não me importo, Leroy! Esse carregamento deve ser feito HOJE e AGORA.” Ela emendou sem dar tempo para resposta. “Agradeça por eu estar em recuperação no momento, caso contrário não responderia por meus atos!” Ela ergueu a sobrancelha, e pelos poucos minutos de convivência, Emma sabia que aquela era uma reação de quando Regina era confrontada. “Pois diga á ela que eu não pedi ajuda a ninguém, ainda posso muito bem trabalhar daqui... Escute, eu não tenho tempo para problemas, resolva-os. Quem dá as ordens sou eu e quem obedece é você, estamos entendidos? Quero esse carregamento em Storybrooke até as duas da tarde ou faço questão de me levantar da cama e te chutar para fora daí pessoalmente.” Ela desligou o telefone sem esperar a resposta do homem na linha.

Emma estava parada na porta tentando disfarçar a tensão do momento. ‘Pobre Leroy’.

Ela entrou no quarto e seguiu em direção á cama de Regina, que parecia em batalha com a tela do próprio celular, batendo nela com violência.

“A senhorita deveria se acalmar...” Emma sugeriu, se sentando nos pés da cama da morena.

Regina cerrou os olhos e olhou para a loira em sua cama, transtornada com tal audácia vinda da mulher. “E a senhorita deveria fazer seu trabalho sem opinar. Quem pensa que é para me dar ordens?”

“Você deve relaxar para que o tratamento funcione.” Emma deu de ombros. “Vou lhe explicar todos os procedimentos do tratamento. Eles irão se repetir todas as sessões. Pronta para começar?”

Regina não respondeu e continuou olhando para Emma.

“Vou entender isso como um sim... Vamos lá. Antes de cada sessão, teremos alguns minutos para concentração, sabe como é, aliviar as tensões emocionais e tudo mais... Depois vamos analisar seu desenvolvimento, as melhorias em sua postura e o grau de sua coluna. Depois a sessão começa. Vamos iniciar com a massagem tradicional, apenas para aliviar as dores até que o tratamento realmente comece. O restante vou te explicando no decorrer das sessões. Tudo em ordem?” Ela perguntou entusiasmada.

“Por que não estaria? É você quem tem que saber tudo isso, não eu.”

Emma preferiu apagar o comentário de sua mente. Sua garganta ardeu ao engolir o amontoado de ofensas que lhe vieram na cabeça no momento.

“Vou te ajudar a deitar na cadeira... Mas antes, me conte sobre seu acidente.”

“Por que eu deveria fazer isso?” Regina disse aparentemente incomodada.

“Porque preciso saber.” Emma respondeu sem emoção, a satisfação de trabalhar sumindo a cada grosseria de Regina.

“Não, não precisa. O necessário é dizer que o impacto foi grande, o carro virou e meu corpo estava solto no banco enquanto capotava. Lesionei uma vértebra que não me comprometeu totalmente. A parte inferior das minhas costas foi a mais prejudicada.”

Aquele havia sido o discurso mais amigável de Regina desde que Emma a havia conhecido. Ela considerou sua resposta. “Onde dói mais?”

“Tudo.”

“Certo. Preciso que você me ajude com toda a força que tiver nos braços e se segure em mim, vamos subir na maca e iniciar a sessão.” A loira disse sem vontade, intrigando Regina que percebeu sua falta de entusiasmo de repente.

Regina não gostava nada da ideia de se levantar da cama, tampouco se pendurar em uma desconhecida, mas sentiu que aquele momento era sua maior chance de acabar com aquela dor insuportável. Ela pouco se importava em ser gentil com a moça. Aquilo não era um favor, ela estava sendo paga (e muito bem) por seus serviços.

Ela abraçou Emma que a levantou da cama com esforço, carregando a mulher nos braços até a cadeira. A loira deitou Regina na maca com as costas viradas pra cima.

“Um pouco de delicadeza seria bom.” Regina reclamou.

Emma respirou fundo e se conteve. ‘Eu que o diga.’ Ela prendeu os cabelos e pegou o óleo de massagem. ‘Um pouco de gratidão também seria ótimo.

“Perdão, Senhorita Mills. Consegue tirar o hobbie sozinha?” Ela disse ignorando a estupidez da mulher pela centésima vez no dia.

Regina puxou os braços no hobbie já aberto e esperou que Emma o retirasse totalmente. A pele da morena estava nua e exposta, desde o início de sua coluna cervical até a base de suas costas, onde uma calça de seda azul combinando com o hobbie quebrava a extensão perfeita do corpo descoberto da mulher. Cada centímetro parecia haver sido perfeitamente pintado num bronzeado oliva e perfeitamente esculpido por alguém que certamente sabia o que estava fazendo. Emma olhou para o conjunto no geral que ainda trazia algumas marcas do acidente. Ela sabia exatamente por onde iria começar.

“O óleo não vai incomodar nem te sujar. Depois vamos fazer a compressa com as toalhas quentes.”

“Por que ainda está falando, senhorita Swan?” Regina respondeu impaciente. Não com a pergunta da moça, mas com a ansiedade que sentia de aliviar aquela dor depressa.

Regina fechou os olhos e suspirou, sentindo o óleo morno escorrer em suas costas. A posição lhe favorecia e ela relaxou quase instantaneamente. Finalmente, as mãos de Emma tocaram suas costas. Um ponto específico sendo massageado. Não era nada parecido ao que ela estava esperando.

Era infinitamente melhor.

Emma fixou a ponta dos dedos num local em especial, na base das costas de Regina. Ela corria a palma das mãos em círculos na pele da morena, provocando descargas elétricas em seu corpo. Ela começou devagar, suavemente, aos poucos aumentando a força de suas mãos, ainda sabendo perfeitamente o que estava fazendo.

Regina entrou em transe, sentindo as mãos da mulher em sua pele, como se tocassem no mais profundo de seus ossos e tirassem a dor de dentro deles. Cerrou os olhos com ainda mais força, aproveitando a sensação única a qual ela tinha certeza absoluta jamais ter sentido na vida. Ela sentia vontade de vociferar a sensação e agradecer aos céus em voz alta por aquele par de mãos, mas preferiu apenas aproveitar os primeiros momentos sem dor em meses.

Depois de alguns minutos, Emma parou a massagem e colocou as toalhas quentes nas costas de Regina, tocando seu pescoço com delicadeza e massageando-o com o polegar.

“Me avise quando começar a esfriar.” Mas Regina havia adormecido.

Emma sorriu novamente em satisfação com si própria. Ela sabia pelas olheiras da morena que ela não dormia bem devido á dor, e naquele momento o alívio a havia feito pegar no sono.

A loira se sentou ao lado da maca e a observou dormir. Inconsciente e sem menosprezar ninguém, Regina era ainda mais bonita. ‘Por que será que ela é assim?’

Naquele momento, Regina sonhou.

Em meio a cores e contrastes, ela se viu deitada em uma campina macia. Havia flores roxas e lilases em toda a extensão do campo perfeitamente simétrico, e o sol batia em seu rosto, esquentando suavemente sua pele. Os cabelos ainda longos lembravam uma Regina mais jovem. Ela se sentia feliz, como se nunca tivesse sido antes. Esticou os braços ao ar e relaxou.

Despertou com o frio em suas costas, porém antes mesmo de abrir a boca para protestar, Emma voltou sua massagem, trancando-a no transe novamente.

Ela se concentrou na campina novamente, na sensação de conforto que sentia.

“A sessão terminou, Regina.” Emma disse acordando a paciente. “Vou te ajudar a voltar para a cama.”

A morena sentiu o ódio subir pela garganta. Diferente de Emma, ela não sabia medir as palavras.

“Pensei que estava lhe pagando para fazer sessões como as do spa. Não vejo como vinte minutos vão me curar.”

“Senhorita Mills, a sessão durou exatamente uma hora.”

“Então exijo que a sessão dure mais.” Regina disse confusa. Ela tinha certeza de que tinha durado apenas alguns minutos.

“Me desculpe, senhorita Mills, mas isso é tecnicamente impossível. Veja só...” Emma mostrou o relógio de pulso para a empresária que não o olhou. “Agora são nove da manhã. Ás onze estarei aqui novamente para mais uma sessão. “

“E vou ter que me esforçar para me levantar todas as vezes?” Ela ignorou a razão de Emma.

Como se fosse ela quem fizesse o esforço.’ Emma suspirou e ajudou a mulher a se deitar na cama novamente. ‘É tão fácil simplesmente agradecer.’ Ela recolheu as toalhas da maca e as pendurou no ombro. Quando deixou o quarto, Regina já estava discutindo ao telefone outra vez.

Emma desceu as escadas carregando as toalhas consigo. Ela chegou na sala percebendo que não fazia ideia de onde poderia pendura-las. Uma voz lhe salvou.

“Deixe-me lhe ajudar com essas toalhas.” Mary Margaret entrou na sala sorridente. “Como foi com a senhorita Mills?”

“Obrigada, Mary Margaret.” A loira deu as toalhas para a criada. “Ela tem um gênio... Forte, não é mesmo?” Elas seguiram até um jardim nos fundos da casa, Emma se sentou num banco ao lado de uma macieira.

“Pode me chamar de Mary, senhorita Swan.” Ela sorriu novamente. “Bom, realmente ela é um tanto quanto... Determinada?”

Emma riu com o adjetivo leve. “Eu gostaria muito de entender como ela ficou assim. Digo, como ela se tornou uma pessoa tão rígida consigo mesma e com os outros?”

“Bom...” Mary pensou por um segundo enquanto pendurava as grandes toalhas num varal. “Minha família trabalha com a dela desde que eu nasci. A mãe de Regina não era tão diferente dela no sentido emocional. Os Mills sempre foram muito duros e preocupados, mas não uns com os outros, e sim com a empresa que administram. O senhor Henry Mills, pai de Regina, era um homem incrível. Ele era bom e gentil, meu pai era muito fiel á ele. Quando minha mãe morreu, o senhor Henry esteve do nosso lado e nos ofereceu todo o apoio. Logo em seguida, meu pai faleceu também, eu era uma adolescente sozinha na época e tinha que ir para a casa de uma tia em Connecticut, mas ele insistiu em cuidar de mim em troca de meus serviços. Regina era enciumada, mas era uma garota incrível. Sempre foi solidária e extrovertida, apesar de sozinha. Eu era sua companhia nas brincadeiras e ela sempre me emprestava seus brinquedos e doava-me suas roupas quando não lhe serviam mais. Ela era enviada para um colégio interno em Londres todos os anos, eu geralmente só a via nas férias de natal. Quando seu pai se foi, não vi sua esposa derramar uma lágrima sequer. A família Mills entrou em conflito para saber quem iria administrar a empresa, e no final, Regina venceu a causa quando sua mãe foi diagnosticada com câncer e faleceu em seguida. Apesar de adulta, Regina ainda era muito jovem quando herdou todos aqueles milhões. Muitas pessoas tentaram lhe sabotar e tirar sua fortuna, acabar com a empresa e até mesmo com ela, mas ela se endureceu e passou a administrar as coisas sozinha. Ela prosperou ainda mais, mas nunca teve algo parecido com uma vida normal.”

Emma ouvia tudo com atenção, sentindo pena da mulher que estava no andar de cima.

“Ela é muito poderosa, senhorita Swan” Mary continuou, se sentando ao lado da loira. “Ela tem todo o poder nas mãos, e isso acabou vindo com um preço. Todo aquele dinheiro pode controlar o mundo, mas ela não tem com o que gastar além do necessário. Ela me mantém aqui com seus tons de ameaça e superioridade, mas eu a conheci quando ela era uma jovem feliz e cheia de vida. Tudo o que ela queria era que sua família pudesse se sentar á mesa sem discutir economia ou finanças, ela nunca perdeu a esperança de que seus pais preferissem ela a empresa, mas no fundo ela sabia que aquela era sua ruína.” A criada disse em tom triste. “Ela é assim porque ela precisou ser forte para encarar o mundo sozinha.”

Emma lhe lançou um sorriso triste, se identificando com a morena de repente. Ela havia enfrentado o mundo sozinha desde que nasceu, e também havia tido alguns pais que lhe faziam parecer mais órfã que nunca. Ela nunca havia descontado isso no mundo, sendo estúpida com quem tentasse lhe fazer o bem, mas ela não tinha nada a perder. Regina precisou eliminar todas as fraquezas para não perder seu poder. O amor era uma fraqueza. E Emma sabia que aquilo era o que faltava na vida da mulher.

“Eu sinto muito que tenha sido assim.” A loira disse para Mary, que sorriu timidamente de volta.

“Eu também.”

Emma suspirou e olhou para as grandes maçãs em cima de sua cabeça. Ela estava se envolvendo na vida de uma mulher completamente poderosa, mas muito sozinha também. Seus instintos lhe empurravam para que ela tentasse ajudar Regina a ser alguém melhor. Lhe oferecer uma mão amiga além daquela que lhe massageia as costas. Mas a que preço? No fundo de sua mente, uma voz lhe alertava para que não houvesse aproximação além da necessária. Mas ela não poderia deixar a mulher apodrecer por dentro, poderia?

Ela agradeceu Mary e subiu as escadas até seu quarto. Deitou-se na cama incrivelmente macia e refletiu sobre o que tinha descoberto sobre a mulher. Ela a conhecia a menos de duas horas, mas sentia uma necessidade incontrolável de cuidar da mulher acidentada em todos os aspectos.

Emma fechou os olhos e relaxou, se imaginando no lugar da jovem Regina por um instante. Ela adormeceu, sonhando com uma família confusa na mesa de jantar. Emma era Regina em meio ao caos de sua família, correndo pelo bosque denso até chegar numa campina, deitando-se nela. A campina era macia e confortante, rodeada de flores roxas e lilases em toda a extensão do campo perfeitamente simétrico, e o sol batia em seu rosto, esquentando suavemente sua pele. Ela se sentia feliz, como se nunca tivesse sido antes. Esticou os braços ao ar e relaxou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Perdoem-me (?) pelo capítulo enorme.
Quis usar alguns fatores originais da série como a magia de Emma (não literalmente falando) em suas mãos e o fato dela ser a salvadora. Além, é claro, do poder de Regina, que nessa história é o dinheiro.

Ps: Espero que tenham captado o lance dos sonhos.