Megaman 9 escrita por Tronos


Capítulo 9
Capítulo 09




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Quando eu acordei, estava me sentindo... Estranho. Eu não sabia que ia acordar de novo, por isso me sentir vivo foi tão estranho quanto me sentir estranho, mas foi bom, ao mesmo tempo. Me sentir estranho, no entanto, foi um pouco doloroso, nada que me incomodasse, apenas uma picadinha na minha lapela.

–Ora... Você acordou.

“Ohayo, eu... NANI?!”

Eu estava em pedaços, literalmente, e o Alfaiate estava com um deles na mão, uma agulha prateada se movendo pra dentro e fora do tecido enquanto ele partia com os dentes uma linha vermelho vivo.

“O que diabos você esta fazendo comigo?”

–Não seja tão apressado em tirar suas conclusões, eu estou só te recosturando...

“O que?! Por que?!”

–Vejo que pegou a mania de fazer mil perguntas ao mesmo tempo da Ryuko...

“Por favor... Não mude de assunto”.

–Hai, hai... O seu pai era bom no que fazia, mas não tanto quanto eu – ele disse, com uma pitada de orgulho próprio – Eu vou te deixar muito mais forte que antes.

“Mais forte...” – eu olhei em volta, parecia que apenas a minha gravata tinha ficado livre das mãos do Alfaiate – “Por quê?”.

–Pra proteger a Ryuko-chan, é claro... – O alfaiate sorriu radiante, aplicando uns cem golpes precisos num pedaço de tecido no tempo de um segundo – E você pode me chamar de Jii-chan.

“O inferno que eu vou...”.

Inesperadamente, o alfaiate caiu num dos seus momentos depressivos de novo. Ele fungou e derramou um exagero de lágrimas enquanto espetada um pedaço da minha saia com a agulha, as mãos tremendo tanto que não sei como não rasgou a coisa toda em fiapos.

–Só por que eu dei uns tapinhas maduros em vocês... agora eu sou completamente odiado, pelos meus dois netos... que coisa horrível, talvez eu devesse me suicidar agora e poupar o mundo da minha presença indesejada...

“Oe! Termine de me costurar primeiro!”

–E então... E então – ele fundou, e explodiu em choro – A Baa-chan pode encontrar um marido melhor que eu, e meus netos podem ser felizes sem o avô!

A choradeira era tanta que até eu comecei a me sentir culpado.

“Ok, ok... não precisa levar tão a sério, jiji...”

Ele parou de chorar num segundo, e foi como se nunca tivesse começado, ficando ali sentado, com um sorriso boboca no rosto e a agulha trabalhando em velocidades alucinantes na sua mão.

–Claro! Que bom que tivemos essa conversa Sen-chan!”.

“Sem-chan?! Oe... eu não te dei liberdade pra isso...”.

–Alem disso... – ele disse, agora seriamente, os cabelos escorrendo pro lado e mostrando um dos seus olhos azuis fosforescentes – Eu estou muito orgulhoso de você, Senketsu, você estava disposto a dar a sua vida pela segurança da Ryuko, eu não esperaria nada menos do futuro marido dela.

Acabei corando pelo louvor, até as últimas palavras dele me acertarem em cheio.

“E-Espere, marido?!”

–Claro! – ele pareceu meio pensativo por um segundo – Normalmente eu sou contra o incesto, mas já que são meus próprios netos, tudo bem...

“Seus próprios... Espere, isso não faz nenhum sentido!”.

–Você fica igual a mim com o tempo...

“Quer dizer louco?!”

–Isso aí!

Ele pegou um punhado de panos e atirou pra cima, antes de puxar a agulha-espada das costas e golpear o ar a uma velocidade que fez rachaduras aparecem na parede da frente pela pura pressão de ar das estocadas. Quando terminou, uma saia preta caiu nas suas mãos.

–Yosh... acho que terminei, o que você acha?

Ele puxou um conjunto de saia e blusa e os mostrou pra mim. Só notei que era o meu próprio corpo quando senti o cachecol ser puxado pra ele. O alfaiate os segurou longe por um momento, só até que eu pudesse analisar e contabilizar tudo.

Não estava muito diferente, na verdade, não estava quase nada diferente. O modelo ainda era o mesmo, só que em vez de azul-marinho, era completamente preto, e havia algumas estrias em amarelo nos braços, e descendo pela saia. Na minha opinião, era muito mais legal que antes, e quando me soltou, senti o cachecol se enrolar por baixo da gola de marinheiro e o nó se fazer sozinho. Finalmente eu estava de volta no lugar, e a sensação era...

Incrível.

Se não estava visualmente diferente, o sentimento era completamente o oposto de antes. Eu me senti um novo Kamui, um Senketsu 2.0 completamente turbinado e pronto pra mandar ver.

–Agora você esta completo... Como se sente?

“Bem... inacreditavelmente bem, parece que posso ficar assim por dias, sem beber nenhuma gota de sangue!”.

–É isso mesmo, o Isshin errou um pouco no alinhamento das fibras, por isso você precisava beber mais sangue que um Kamui normal, isso é... do que um dos meus. Do jeito que você esta agora, dez mililitros de sangue da Ryuko podem te manter ligado por uma semana.

Dez mililitros era o que eu precisava pra ficar acordada da manhã até a hora do almoço.

“Eu posso lutar com essa quantidade?”

Curiosamente, ele me acertou na cabeça com a agulha gigante, como se fosse um porrete.

–Claro que não, idiota, nesse caso vai ter que beber um pouco mais, nem eu posso fazer milagres... Bem, na verdade eu posso, mas isso é outro nível de milagre!

“O senhor esta com a bola toda jii-chan!”

Ele jogou a cabeça pra trás e riu, completamente ruborizado e com o mesmo sorriso idiota de antes na cara.

–Claro, por que eu sou o grande alfaiate! Não me compare com costureiros medíocres, todas as minhas roupas são feitas sob medida!

“Agora que você falou... Onde esta a Ryuko?”

–Com a minha mulher.

“Quer dizer com o seu Kamui?”.

–Claro.

“O senhor não estava brincando quando disse que ela era sua esposa?”

–Não.

“Mas... ela é uma peça de roupa! Como pode...”

Ele me acertou com a agulha outra vez.

–Respeite a sua avó mocinho – ele recolheu um carretel de fibras de vida no bolso, e embainhou a espada-agulha – Afora isso... temos uma coisa a que discutir, se prepare.

.................................................

Ryuko acordou com frio, com fome e com a garganta seca de sede. Seus ferimentos principais, por algum motivo, estavam completamente curados, mas ainda havia uma coleção de dores no seu corpo que fez com que, quando ela se sentou, estivesse rígida feito um boneco de ferro sem óleo nas juntas.

–Cara... que dor, o que diabos aconteceu?

–Ara, você já acordou? – disse uma voz, aparentemente de outro cômodo – Do jeito que seu avô te bateu, achei que fosse ficar dormente por dias, mas eu não sou o Kamui curandeiro por nada...

Ryuko virou a cabeça, ignorando o estalo dolorido nela, quando uma garotinha de uns quatorze anos entrou pela porta. Ela estava vestindo um par de calcinha e sutiã cor de rosa com babados, um avental branco e luvas de forno, e... só. Nas mãos havia uma forna de biscoitos quentinhos.

–Eto... Quem é você?

–Ara, você não conhece sua avó quando a vê? Que menina mal-criada – ela comentou, coradinha e bonita feito uma modelo, a voz feminina combinando com seu corpo petite – Mas suponho que a culpa seja nossa, afinal, essa é sua primeira vez com a gente, por insistência do seu pai, nós...

A menina parou quando notou uma lamina de tesoura no seu pescoço, e seu sorriso diminuiu um pouco.

–Ara... nossa menina adolescente esta na fase rebelde dela.

–Não me venha com essa! – Ryuko gritou, empurrando a tesoura até que a garota desse com a cabeça na parede, o sorriso aparentemente imperturbável no rosto – Quem é você, e o que você fez com o Senketsu?! Se não me responder eu vou cortar sua garganta sua bruxa!

–Ara... por que não tenta? – a garota respondeu, com um tom alegre completamente indiferente a tesoura na sua garganta – Assim... desse jeito.

Ela segurou a ponta da espada tesoura, e se empurrou com tudo pra frente, o pescoço se partindo por completo e jorrando sangue no rosto de Ryuko, que cambaleou pra trás, completamente assustada.

–Entendo... – a cabeça solitária no chão disse, a expressão agora mais séria, enquanto Ryuko ofegava ao ver as fibras de vida disparar do seu pescoço cortado e puxar o membro perdido de volta pro lugar. O ferimento se fechou no segundo seguinte, como se nunca tivesse sido feito, e o pescoço estava liso e perfeito como antes – Pela sua reação, é a primeira vez que você mata alguém?

Ryuko vomitou, e desmaiou logo em seguida.

–Droga... desse jeito os biscoitos vão esfriar – Shizuka pegou um da forna e mordeu – Ara... eu coloquei sal em vez de açúcar de novo, suponho que deva aproveitar essa oportunidade pra fazer outra fornada, não quero que os primeiros biscoitos da vovó que a Ryu-chan comer sejam salgados.


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