Don't you ever cry

Don't you cry

Tonight

Guns and Roses.

Eu já sabia que tinha um vírus espalhando-se e matando pessoas que viviam de novo, mas nunca tinha visto um zumbi de perto.

Sim eu chamo de zumbi, fala sério, uma pessoa que morre e volta a vida, é um zumbi, eu adorava zumbis, achava eles legais, mas quando você o vê de perto, querendo te comer, não é como um filme, ou você o mata, ou você morre.

Aquela coisa começou a vir na nossa direção, e com a “experiência” dos jogos eu sabia que eles só morriam se você destruísse o cérebro deles, então peguei um galho que estava ao meu lado e bati com toda a minha força na cabeça daquela coisa, ele deu alguns passos para trás e eu bati de novo, e de novo, e de novo, até ele morrer. Minha mãe estava me olhando atônita.

–Vamos mãe, vem vindo mais!- olhei para trás e vinha uma horda de zumbis na nossa direção.

Minha mãe se ligou do seu transe e começou a colocar as malas no carro. Quando terminamos os zumbis estavam quase nos alcançando. Entramos no carro e partimos rumo a casa do meu pai. Nós precisávamos nos proteger, então fomos para a casa do meu pai pegar armas pois ele possuía muitas armas e um estoque de comida na sua casa. Estava muito visível que não poderíamos continuar na cidade.

Na TV dizia que Atlanta era um lugar seguro, que não havia zumbis, então nós iriamos buscar o meu pai, pegar as armas, as comidas e partir para Atlanta.

Quando chegamos na casa do meu pai já era noite e tinha alguns zumbis envolta da casa, estacionamos o carro e entramos correndo. Eu chamava meu pai mas não recebia respostas, procuramos por toda a casa as meu pai não estava lá, então minha mãe mandou eu ir buscar comida no porão que ela continuava procurando meu pai.

Quando eu estava descendo as escadas do porão algo gemeu e me puxou, eu me debatia e tentava tirar aquela coisa de perto de mim, então avistei um facão junto com todas as outras armas em um canto do porão e comecei a ir naquela direção. Ainda não tinha olhado para o rosto daquela coisa, mas quando olhei me arrependi na hora, era o meu pai, ele havia se transformado naquela coisa deformada. O rosto que antes era bonito e gentil, agora era aquele troço com olhos brancos e pele morta.

Não conseguia chorar, eu não chorava por algo pessoal desde quando meu irmão mais velho morreu ano passado.

Eu não chorava por namoricos, amizades, família, meus pais...Nunca mais chorei, quer dizer, apenas por dores físicas, fora isso eu nunca mais consegui chorar. Sentia uma ardência nos olhos e meu corpo todo tremia, mas não saia uma gota sequer dos meus olhos.

Era o meu pai ali, o homem que eu amei a minha vida inteira, não sei se conseguiria mata-lo...

Não! Não era o meu pai! Era apenas um monstro grotesco que um dia foi meu pai, mas que agora não é mais!

Alcancei o facão e o finquei na cabeça dele, revistei todo o meu corpo para ver se eu não fui mordida e eu realmente não tinha sido. Retirei o facão da cabeça do zumbi e procurei por uma mala que poderia colocar todas aquelas armas e achei duas malas grandes, em uma coloquei todas as armas, que por sinal eram muitas, e na outra coloquei muita comida, muita mesmo, lotei a mala.

Ainda não tinha me recuperado, mas tinha que me manter forte pela minha mãe, ela já sofreu demais. Então apenas disse que não o vi. Ela disse que talvez ele tenha fugido, ou estava em uma de suas caçadas, mas nós tínhamos que sair dali agora pois os zumbis estavam quase derrubando a porta. Colocamos as malas no carro e fomos na direção de Atlanta.

Eu sentei no banco detrás, não queria que ela desconfiasse de algo, peguei o meu i-pod que ainda tinha bateria e comecei a ouvir uma das minhas playlists favoritas.

Sei que é meio clichê mas eu gosto de ouvir rock quando estou triste ou com raiva, principalmente Guns and Roses, faz eu me sentir melhor, não sei porquê.

Eu estava com muita raiva.

Porque isso tem que ser assim?

É injusto! Por que agora? Tudo isso possui algum motivo? Fizemos algo de errado? É algum tipo de vingança?

Não possuo nenhuma das respostas.

Apenas sei que minha vida esta virada numa total e completa bosta! Já não era ruim o bastante? Tem que haver algum motivo! Algo do destino! Qualquer coisa que no final faça tudo ficar bem.

Pov Carl.

–Injusto!

–Carl, você ainda é muito novo, deve ficar aqui conosco. Vá brincar.

–Brincar? Você sabe que eu não sou mais criança para isso! Eu cresci! Fui obrigado a crescer! Ou eu crescia, ou morria!

–Carl, não!

–Eu sei me defender!

–NÃO! E já chega dessa discussão!

–Vá se ferrar!

Sai pisando forte no chão.

Estávamos em uma casa perto de Atlanta.

Atlanta não é mais um lugar seguro como antes. Eles tomaram conta de lá, está infestado daquelas coisas. Não sabíamos como chama-los então chamamos de “coisas”. Meu pai está morto e minha mãe está normal com isso, eu peguei ela se beijando com o Shane esses dias e sinceramente, foi a pior coisa que eu vi. Poxa! Estamos no meio de um apocalipse zumbi, o meu pai morreu(pelo menos foi o que o Shane nos disse) e ela já tá com outro? Pelo amor de Deus! O que se passa na cabeça da minha mãe?

O Daryl iria caçar e eu queria ir junto mas minha mãe disse que era muito perigoso eu ir sem ela. Como se ela fosse me proteger! Eu sei me defender, eu sei atirar, eu sei lutar. O meu PAI me ensinou, não o Shane. Eu sei que o Shane salvou a minha vida umas dez vezes, mas não é por isso que eu vou trata-lo como pai!

Eu ainda acho que meu pai está vivo, e se ele estiver, o Shane está morto...