SHHHHH escrita por shestefanie


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Hey! Se você já leu a história vai perceber que eu mudei MUITA coisa (inclusive o título), pois decidi mantê-la original do jeito que escrevi inicialmente. Espero que entendam e continuem acompanhando mesmo assim :)



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Sophie amava aquela sensação.
Apesar de a brisa gélida estar a poucos instantes de rasgar suas bochechas, a menina não fazia a menor questão de subir as janelas do veículo.

Nunca conheceu sua mãe, pois tempos após seu nascimento, havia a deixado ainda bebê com seu pai admitindo que não estava pronta para assumir uma família, e desde então, não voltando mais. Ela, portanto, foi criada pelo seu pai solteiro e estava se mudando com ele, já que o mesmo havia sido convocado para ser chefe da polícia local de uma pequena e isolada cidade no sul da Inglaterra. Sophie não estava se importando, é claro, adorava mudar de ares e conhecer pessoas novas apesar de nunca conseguir criar um verdadeiro vínculo com elas.

Os cabelos da menina voavam formando ondas impecáveis, enquanto seus olhos observavam cada detalhe do que se passava naquele melancólico e angustiante cenário que era Sorrowoods. As construções clássicas e aprazíveis eram o que mais marcavam a cidade, juntamente com o clima cinzento e seco, apesar da garoa constante. Os diversos amuletos caseiros pendurados na fachada de grande maioria das casas denunciavam o quanto supersticiosa a cidade aparentava ser.

Como o próprio nome diz, Sorrowoods, foi nomeada aos grandes tristes ou "aflitos" bosques espalhados às suas redondezas. Lembrava-se de uma vez seu pai tinha lhe contado três histórias de assassinatos de jovens antigas moradoras da casa na qual estavam prestes a se mudar, sendo o último e mais recente caso de Darcy Campbell; uma garota encontrada sem vida às margens do riacho do bosque próximo à residência. As famílias de todas as vítimas mudaram de cidade e a partir disso, a casa nunca mais fora ocupada. Sophie não se importava, já que posteriormente descobriu-se que a autora de tal brutalidade tinha sido Jane, uma garota esquizofrênica, encontrada na cena do crime. Aparentemente ela induzia as vítimas para a beira do riacho e as empurrava, levando-as terem consequentemente suas cabeças colididas em alguma rocha e/ou serem arrastadas pela forte correnteza. Sendo isso desde então, nada mais aconteceu e o caso foi fechado com Jane levando a culpa pelos três crimes. Ainda não se sabe ao certo o motivo de tal coisa, se você perguntasse, cada um tinha uma versão diferente a contar.

O carro foi diminuindo a velocidade até parar completamente fazendo a menina despertar de seus pensamentos.

– Tire o cinto, nós chegamos. - John Waldorf deu as honras.

Sophie fez o que seu pai disse, saindo do carro e olhando em volta, dando de cara com um longo muro quase completamente coberto por musgo além um portão de ferro preto, ambos pertencentes a casa de tom velho monstruosamente grande que estava a sua frente.

– Então, essa seria a mansão-quase-mal-assombrada? - Sophie perguntou com um tom de deboche.

– Se é assim que prefere chamar. - John deu de braços enquanto batia a porta do carro.

Seu pai pegou as chaves e foi testando-as até achar a que abrisse o portão.

A menina deu um sorrisinho e pegou as chaves de seu pai para assim abrir a porta e voltar a ajudá-lo com tudo. A grama estava úmida e um pouco escorregadia fazendo seus passos ficarem pesados cada vez que sua bota ia de encontro ao chão. Em volta encontravam-se apenas árvores, também cobertas de musgo, parcialmente.

Subiu os três degraus de madeira para o terraço com cuidado, deu mais alguns passos e encostou uma de suas mãos delicadamente na maçaneta da porta; percebendo que estava aberta, a empurrou pausadamente fazendo a mesma provocar um leve rangido.

De repente tudo o que conseguiu sentir foi o cheiro de móveis velhos inundar o seu nariz.

A casa estava em boas condições apesar de tudo. Os móveis deformados criavam um imenso equilíbrio na casa, como se o mais nobre arquiteto do Reino Unido tivesse sido escolhido para decorar cada centímetro dela. O cômodo estava completamente empoeirados, algumas cadeiras encontravam-se espalhadas ao redor e poucos móveis virados. A cortina do mesmo tom opaco da parede estava levemente aberta fazendo um pequeno rastro de luz dividir o mesmo cômodo. Vários quadros sem fotografias com elegantes molduras arredondadas davam um ar receoso ao lugar. Logo a frente enxergou uma grande e bela lareira escura e um amplo e esbelto piano com várias partituras de papel velho, além de alguns talos de flores secas que se encontravam no mesmo lugar.

Aquela casa despertava sua curiosidade.

Mais a frente avistou uma mesa de jantar, com uma cortina rendada dando entrada provavelmente à cozinha. Pedaços finos de madeira eram erguidos do chão ao teto como se sustentassem a casa. Sophie achava um grande absurdo a mesma ser desperdiçada e vendida por um terço do real preço talvez por causa de um -ou três, crimes já solucionados.

– Uma ajudinha aqui seria boa. - seu pai disse chegando abarrotado de caixas e bolsas.
Sophie deu um leve riso e foi ajudá-lo.

A menina organizava os cômodos debaixo e arrumava alguns objetos de sua antiga casa enquanto seu pai levava as coisas para cima.

– Vou fazer algumas compras ali no armazém. - disse John descendo os degraus. - Os quartos ficam do lado direito do corredor; o seu tem a madeira da porta mais clara, deixei suas coisas lá. Já pode arrumar, se quiser. - avisou enquanto Sophie fazia sinal de entendimento com a cabeça - Não vou demorar. - articulou antes de bater à porta.

Sophie suspirou cansada sentando-se no sofá enquanto pegava um porta-retratos.

Percebeu que o mesmo tinha uma fotografia, diferente dos outros.

Passou a costa de uma de suas mãos limpando a fina camada de poeira, e conseguiu ver a foto de um casal jovem. Pareciam felizes. De repente lembrou-se de toda a história da casa e sentiu um arrepio percorrer sua espinha.

E se a jovem da foto fosse uma das garotas?

Depois de afastar aqueles pensamentos, respirou fundo e pegou sua bolsa de mão que tinha jogado na cadeira de balanço e subiu.

Cada passo dado era ouvido graças a madeira oca no piso. Procurou o quarto do qual seu pai tinha falado, entrando depois. Os móveis eram feitos de madeira velha, assim como os da sala. As cortinas de cetim afastadas se moviam ao ventar, próximo a uma escrivaninha fazia. Podia afirmar que estava satisfeita.

Mais tarde, depois do jantar, a menina e seu pai ficaram conversando por um bom tempo até decidirem que era finalmente a hora de dormir. Sophie não conseguia tirar dos pensamentos a curiosidade do que estava por vir. Nova cidade, nova escola, novas pessoas... Estava ansiosa.

Com esses devaneios, acabou adormecendo.

Mal imaginava ela a reviravolta que sua vida daria.

Não muito longe dali, um rosto fantasmagórico a observava, já tinha todas as cartas nas mãos.

Sophie seria sua mais nova isca.

A pele de porcelana da menina fazia um deslumbrante contraste com seus cabelos, que naquele momento pareciam tão negros quanto a noite, ao mesmo instante que a lua iluminava celestialmente parte de seu corpo, dividindo-o entre a luz e a escuridão.

Aquela era a cena perfeita para o rapaz.

Caminhou até a cama cuidadosamente e acariciou o rosto de Sophie, fazendo brotar um leve sorriso nos lábios da mesma, mesmo que ainda desacordada.

Enfim o olhar dele se tornou distante.

Ela seria sua mais nova boneca.

E ele mal podia esperar por isso.


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Notas finais do capítulo

Primeira fanfic depois de um bom tempo! Esse capítulo foi super entediante, eu sei, porém necessário; mas tudo vai melhorar no decorrer da história, juro! Não se esqueçam de comentar, criticar, compartilhar, favoritar, recomendar e enfim. Espero que gostem e acompanhem! :)
Beijos!