Lágrimas Secas escrita por TalesFernandes


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Então esse é o primeiro capítulo de uma saga que promete que vai torturar você, mas como você é um ser humano amante de livros, irá saciar sua curiosidade lendo ele.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/494488/chapter/1

Pensem em uma cidade pequena, agora reduza ela duas vezes. Onde moro é assim, tudo muito parado. Comparado aos lugares que eu vejo na minha pequena televisão de 15 polegadas, isso aqui é um cemitério. Pensando bem, cemitérios são mais movimentados. Uma cidade que fica no Norte dos Estados Unidos, em uma região onde a neve predomina quase o ano inteiro. O ar frio e gélido torna a vida dos camponeses que vivem aqui bem mais difícil, que a cada dia tem que procurar mais animais para fabricar mais cobertores para seus 20 habitantes que vivem aqui.

Sim, nesta “cidade” existem 20 habitantes para ser exato, sendo que desses apenas 2 são jovens. Eu sou um deles, meu nome é Frank e tenho meus 16 anos de idade. A outra que também tem 16, é uma menina que inclusive é minha melhor amiga, chamada Júlia. Nossas casas são vizinhas, bem encostadas um do lado da outra, são tão juntas que se eu falar com a voz um pouco alterada ela consegue escutar mesmo estando na sua casa.

As nossas casas, são exatamente iguais, provavelmente o engenheiro que fez isso estava sem criatividade para elaborar mais de um modelo igual de casas, por isso é essa coisa um tanto quanto estranha. O mais estranho, é quando chegamos na casa um do outro, e mesmo conhecendo pouca dela já sabemos aonde fica cada cômodo da casa. Como disse, elas são ridicularmente iguais. O resto da cidade não é muito diferente disso, com as casas tendo poucas variações estruturais, e sendo apenas uma realmente bonita no modelo.

A minha casa é uma pequena casa onde cabe no máximo umas 4 pessoas, as paredes não tem tinta nem mesmo reboco de cimento, são de tijolos vermelhos vivos. Tem uma varanda nela igual a daqueles filmes do Texas que passam na TV, mas a madeira é um pouco podre e na frente tem um solo desgastado e coberto de neve, ao invés de areia. Dentro da casa, tem apenas a sala principal, composta por dois sofás de 3 lugares com a espuma deles saindo para fora em alguns pontos, e uma televisão velha de 15 polegadas que transmite as imagens preto e branco e com bastante chiado. Fora a sala principal, tem um pequeno corredor onde tem o banheiro e o quarto. Eu moro com minha irmã, Nathália, e minha mãe Helena. Minha mãe diz que meu pai foi morto por um Urso Siberiano que vive nas montanhas a alguns quilômetros desse vilarejo, mas eu nunca acreditei muito nessa história.

Nós três dormimos no mesmo quarto, e ele não é grande o suficiente para isso. De vez em quando, algum de nós tem que dormir na sala pois o quarto é realmente muito apertado, o problema é que ninguém gosta de sequer sentar naquele sofá velho e desgastado. A cozinha, fica misturada junto a sala principal, uns pequenos móveis ao canto da sala com um fogão velho e defeituoso, e uma mesa pequena com três cadeiras.

Obviamente, não preciso descrever a casa de Júlia, pois como disse, é igual. Nessa cidade, não existe escola, por isso eu tive a benção sagrada de um colega da minha mãe que mora na casa da frente me ensinar a ler e escrever. Ele é um dos únicos na cidade capaz de fazer isso, e eu tenho um estudo rigoroso, de Segunda á Sexta. A Júlia geralmente estuda junto comigo para economizar tempo ao velho Jake, com seus 80 anos ele não está com muito fôlego para sair andando por aí atoa. Ele conta várias histórias do seu tempo nessa cidade, e por mais impossível que pareça, a vida era mais dura que hoje em dia. O Jake vivia em uma cabana feita de barro, com nada dentro, apenas uma cama.

As histórias deles eram bem legais, como relatos de já ter visto algumas criaturas um tanto quanto inusitadas, com Ursos Brancos Reluzentes, e Tigres Dourados. Eu como não sou nada supersticioso, não acreditava em bulhufas do que ele dizia.

Quando é final de semana, isso não significa curtir com os amigos numa festa da hora e ficar até o amanhecer como você está acostumado a ver. Isso significa ter que ajudar minha mãe nos trabalhos de casa e ter que cuidar de minha irmã Nathália, que tem apenas 10 anos. Como sou o mais velho e o único homem da casa, minha mãe sempre exige o máximo de mim.

A cidade é feita de apenas uma rua, com um comércio bem precário que não vende quase nada na entrada do Vilarejo. Nesse mercadinho, vende apenas pão e água, a preços absurdos. Só para ter uma ideia básica, minha mãe ganha por mês 15 dólares trabalhando doze horas por dia nas minas de carvão, e cada pão custa 2 dólares. Já eu, trabalho um pouco mais leve, recebendo 10 dólares por mês ajudando a carregar o caminhão no carvão, e acredite, isso é bem mais leve comparado ao trabalho de minha mãe. Eu sempre protesto quanto a isso, dizendo que ela já está velha e como eu sou homem eu devia ir para o posto de trabalho dela, mas como é mãe, ela insistia em dizer que é perigoso o trabalho para uma pessoa de menos igual eu.

Os outros vizinhos, eram tudo pessoas já velhas e inválidas que trabalhavam pouco e já mostravam as costelas de fome. Se não fosse por isso, o salário da minha mãe seria uns 5 dólares por mês e não tanto assim. Por isso, apesar de tudo o que vivemos, nunca passamos realmente fome. Mas nunca teve nenhuma variação na casa, apenas pão e de vez em quando, muito raramente quando minha mãe junta alguns trocados em vários meses de trabalho, conseguimos comprar carne vindo de um viajante aqui perto que caça. O problema, é que cada quilo de carne custa em torno de 30 dólares e minha mãe realmente precisa economizar muito para comprar carne só para durar dois ou três dias de uma mistura.

Ela faz isso pois insiste que se comermos pelo menos um pouco de proteína a cada ano, podemos ficar fortes e não sofrer de anemia. Eu e minha irmã não somos tão magros como todos devem imaginar, temos o peso normal de uma pessoa que na cidade grande é considerada magra, mas não óssea.

Minhas características físicas são: Cabelos pretos cacheados, olhos verdes que todos dizem ser bem penetrantes, e geralmente uso roupas escuras e um casaco feito de pele de guaxinim que minha mãe teve que economizar justo dois anos para compra-lo. Só usávamos quando queríamos sair de casa, por isso não tinha como sairmos os três juntos, visto que só havia uma casaco disponível.

Júlia era uma menina linda, com seus cabelos pretos meio cacheados meio lisos um pouco rebeldes, com suas feições faciais um tanto quanto bonita, e quando ela estava sem sua maquiagem ficava mais bonita ainda. Toda hora que o via, ela usava um batom vermelho vivo, que ela extraía de uma planta que sua mãe cultivava em casa.

Minha mãe, era alta e tinha feições um pouco velha, com seus 35 anos e seus cabelos ruivos criando os primeiros fios brancos, ela era a pessoa mais linda que eu vi. Minha irmã puxou os cabelos cor de fogo de minha mãe, mas não superava o preto escaldante de Júlia. Quando encontrava com Júlia a noite, podia ver a lua refletindo em seu batom e cabelo deixando eles com um tom prateado. Uma vez, quase rolou um beijo entre nós enquanto víamos cometas passarem no teto de minha casa, mas fomos interrompidos pela mãe de Júlia.

Então, querido leitor, esse foi o Prólogo, apenas um resumo geral de minha vida nessa cidade, mas de agora para frente, muitas coisas vão acontecer...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado Liliana Oliveira, por ser a inspiração para este meu projeto de um livro.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lágrimas Secas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.