Viúvas Negras escrita por Estressada Além da Conta


Capítulo 9
Arquivo 9: Olhos




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— Naru, o sobrenatural realmente pode mexer com o tempo assim?

—… Histórias sobre viagens no tempo não são incomuns, mas nunca existiu prova concreta. Tecnicamente, é possível “viajar” para o futuro, mas viajar para o passado é praticamente impossível.

— Ou seja, a situação de Lin-san estraga completamente quase todas as teorias que você tinha em mente.

Naru resmungou alguma coisa, olhos afiados e a garota riu, oferecendo uma xícara. Ele nem sequer tentou segurar a pontada de raiva em seu coração, sabendo ser missão impossível manter sentimentos ruins com Mai por perto. Ele tinha sentido falta dela nos meses que passara na Inglaterra, e vê-la sorrindo trazia um conforto imensurável. Apesar do tempo distantes um do outro, eles se encaixaram como um quebra cabeça quando Naru retornou, como se nunca tivessem se separado.

O rapaz aceitou a xícara, fechando os olhos para saborear o primeiro gole. O líquido quente acalmou seu cérebro cansado e coração palpitante. Aquele caso realmente parecia não fazer sentido. Casos de viagem no tempo são raros, pois viagem no tempo é inexplicável do ponto de vista sobrenatural. A não ser que se aceitasse explicações extraterrestres, mas mesmo essas são especulações no máximo. Nenhuma prova concreta, nenhuma evidência definitiva, nada. Eles já estavam naquela ilha a um pouco mais que uma semana, e nada.

Nada.

Ele odiava não saber nada.

Seu desgosto deve ter apparecido em seu rosto, pois um momento depois, Mai gentilmente segurava sua mão vazia. Os olhos grandes e castanhos o encaravam com bondade e confiança.

Sim, Mai confiava nele. Confiava neles, no time. Mai acreditava que eles conseguiriam resolver o caso.

Naru se permitiu relaxar ante a fé dela.

————

Naquela mesma noite, Naru sentiu o gosto da primeira atividade paranormal.

Não podia ser sonho, não, tinha que ser real. A mulher que acordou ele parecia muito com Mai, uma versão mais velha e com cabelo mais longo. Ela tinha um olhar assombrado, como de alguém solenemente assistindo uma tragédia. Ela gesticulou, chamando-o, querendo que ele a acompanhasse, e algo nela fez com que ele a seguisse. Talvez fosse o desespero que ela exalava, ou talvez fosse o quanto inofensiva ela parecia. Não importava.

Ela o guiou por entre os corredores escuros da mansão, que pareciam cada vez mais isolados conforme ele passava por eles. O cheiro de velas queimadas entupiu seu nariz, e os quadros nas paredes pareciam julgá-lo com a ódio de mil demônios. A aparição nem sequer esperava por ele, flutuando em frente com determinação, e Naru só podia correr para tentar não perdê-la de vista. Seus pés descalços—pois o que quer que seja que o fez seguir o fantasma não deu tempo de colocar seus chinelos—batiam contra o chão de madeira, fazendo sons similares com os de seu coração.

Um receio cresceu em seu coração. O que havia incomodado tanto aquela fantasma para ela estar tão preocupada ao ponto de chamar a Naru?

O receio se tornou em pânico quando o rapaz parou no início do corredor branco, respiração pesada de tanto correr. No fim do corredor, mão estendida para o quadro, estava Mai.

— Mai! — Naru correu até ela, para o diabo com a exaustão. Ele não chegou muito longe, porém. Suas pernas não o permitiram mover quando Mai se virou para ele, encarando-o com os olhos vermelhos da primeira Carmesin.


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