Medindo Forças escrita por kitsunerys


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Palavras: 1910 (este capítulo)



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Alexis relutou em deixar seu setor para trás, antes de aceitar o cargo de vice-presidente. Na época em que chegara à empresa o setor de marketing da Truesdale Corporation – considerada um dos maiores nomes da publicidade do cenário mundial – era um verdadeiro caos.

Mas nas mãos da loira, que se mostrou altamente capaz, “o caos” desapareceu e a ordem foi reinstaurada. Antes que pudessem acompanhar, Alexis não havia apenas colocado ordem no setor de marketing, mas o aperfeiçoara, fazendo com que os rendimentos dobrassem.

Foi isso que fez com que a moça caísse sobre os olhos avaliadores de Yuudai Truesdale.

Yuudai observou Alexis trabalhando de perto. A loira tinha a mesma idade de seu filho mais velho, Zane, mas a diferença entre os dois estava exatamente na experiência. Esse fora o motivo principal, dentre outros, que levara Yuudai a oferecer a vice-presidência à moça.

O patriarca da família Truesdale conhecia muito bem seus filhos, mas acima de tudo conhecia a si mesmo. Tinha consciência de que, talvez, o modo como havia educado Zane não fosse o mais correto. Afinal, além de não ter sido um pai presente, impusera ao primogênito uma educação rígida, privando-o das regalias da infância e da adolescência, para que um dia ele fosse digno de assumir a presidência da corporação. Não duvidava de Zane e jamais duvidaria. Tinha certeza de que o filho era mais do que capacitado para liderar a empresa.Porém, por mais que Zane tivesse os atributos necessários de um bom líder: ambição e determinação, ele não era ousado. O filho não era do tipo que pisava em território incerto. Era cuidadoso; cauteloso em demasia.

E era aí que a Alexis se destacava.

Alexis Rhodes provinha de raízes humildes e por isso o desejo de se tornar grande era admirável. Naqueles olhos claros brilhavam a sede de quem busca sempre por mais. Alexis compreendia que perfeição não existia, mas sabia que arriscar no mundo dos negócios era necessário.

Yuudai acreditava que seu filho e Alexis produziriam o equilíbrio perfeito para a balança da empresa, e por isso tinha feito algo tão ariscado ao colocar a chefe geral do setor de marketing na vice-presidência pouco antes de Zane assumir seu cargo.

Agora, era preciso esperar para saber se sua aposta iria dar certo.

Ao aceitar o cargo, Alexis obtivera permissão do Sr. Truesdale para montar sua própria equipe de apoio. A equipe seria necessária, pois uma das suas condições para aceitar o cargo de vice-presidente era continuar sendo a líder responsável pelo setor de marketing.

A soma das novas responsabilidades fez com que a moça escolhessea a dedo sua equipe, com poucos membros, mas de sua total confiança.

Uma das atribuições de que Alexis não queria abrir mão no setor de marketing era a conquista de novos clientes. Adorava seduzir os futuros clientes apresentando-lhes a corporação. Já como vice-presidente ela seria responsável por supervisionar todos os setores em geral além de auxiliar o presidente nas tomadas de decisões.

A equipe de Alexis incluía JadenYuki, responsável pelas relações externas e o porta-voz da equipe, cargo conquistado por causa do carisma natural e do jeito jovial. Depois dele, Syrus Truesdale, que cuidava das contas do setor de marketing e dos arquivos com eficiência e rapidez, desde que encorajado e pressionado na medida certa. Bastion se responsabilizava pelos cálculos e os relatórios. Era ele quem elaborava os gráficos com as metas alcançadas e as que precisavam ser batidas.

Seria a primeira reunião com o novo presidente da empresa. Na sala estavam reunidos os representantes de cada setor, alguns acionistas, Alexis e sua equipe, Yuudai e, é claro, o Truesdale filho.

O objetivo da primeira reunião era apenas formalizar e apresentar oficialmente Zane como presidente da empresa, além de finalizar os trâmites de transição da gestão anterior para a atual.

Com as apresentações concluídas, a reunião transcorreu sem maiores interrupções. Yuudai explicou sobre a nova gestão. Todos o ouviram com atenção. Depois foi a vez do filho, que trocou poucas palavras com o grupo. Na vez de Alexis, a reunião ganhou ânimo graças ao seu carisma, e era a intenção da moça quebrar o clima de aparente apreensão que havia se instaurado, afinal, ela sabia que toda grande mudança implicava em receios e que muitos ali estavam tensos.

No final da reunião, Zane se manteve sentado onde estava, apenas observando a loira, que se despedia dos acionistas muitas vezes com abraços e beijos no rosto. Alexis era conhecida e, obviamente, querida por eles. No entanto, para o novo presidente, a forma “despojada” com que a moça estreitava as relações com acionistas e funcionários era uma postura pouco adequada para a função de vice-presidente. Certamente, precisaria corrigi-la naquele quesito e não deixaria a oportunidade de ter uma palavrinha com ela passar. Aliás, o faria assim que a sala se esvaziasse. Mas, antes de tudo, precisava conversar com o pai.

“Pai,” Zane chamou o homem mais velho e se assegurou de que ele tivesse a atenção dele antes de continuar: “as reservas no restaurante já estão feitas. Por favor, vá na frente, eu quero conversar um minuto com Alexis.”

“Claro, meu filho. Te espero lá.” Yuudai assentiu, depois se virou para a loira e disse: “Alexis, querida, foi muito bom estar em sua companhia. Mas já tenho que ir.” despediu-se enquanto ia até a moça.

“Sr. Truesdale, o prazer é sempre meu.” Alexis também se despediu, abraçando-o rapidamente.

“Alexis, precisamos dar uma palavra. Fique, por favor.” Zane pediu educadamente, devido a presença do pai.

Assim que o ex-presidente Yuudai deixou a sala, Alexis se voltou para Zane e cruzou os braços no peito.

“Em que posso ajuda-lo, Sr. Presidente?” ela perguntou um tanto debochada, as sobrancelhas arqueadas.

“Sobre sua postura durante e após a reunião.” Zane foi seco e direto ao assunto. Notou a moça franzir o cenho, mas não se intimidou e prosseguiu: “Tenho que lhe pedir que adeque sua postura perante aos funcionários e acionistas. Não acho apropriado que os trate com tanta intimidade. Além disso,” o moreno adicionou rapidamente ao perceber que ela abrira a boca para retrucar, “a presença da sua equipe é dispensável nas próximas reuniões. Creio que eles tenham trabalho a fazer e os assuntos que serão discutidos entre a diretoria não cabem a eles.”.

“Presidente, a minha postura diante dos funcionários e acionistas é mais do que adequada. Afinal, foi o meu “carisma”, que trouxe esses grandes investidores interessados em apostar na empresa. O que ajudou, claro, com que nossa clientela aumentasse significativamente. Eles me conheceram com esta postura. Mudá-la agora seria falta de bom senso e de educação, já que não fui nada menos do que cordial com todos.” Ela respondeu friamente, os braços ainda mais cruzados e os olhos desafiantes “E sobre a, como o senhor tão bem colocou, minha equipe, digo que dela cuido eu. Então, se era só isso, me dê licença e tenha um bom almoço.”

Sem dar chances para réplica, coisa que Zane pretendia fazer, Alexis girou nos calcanhares e saiu da sala. Os cabelos loiros bailavam em suas costas de um lado a outro, enquanto os quadris gingavam conforme ela andava.

Um estalo em sua mente fez Zane erguer os olhos. Não era o momento mais apropriado para admirar os belos atributos femininos da sua vice-presidente. Amaldiçoou seus pensamentos, depois suspirou profundamente. Seguiu para sua sala, deu uma última checada na caixa de e-mails, depois seguiu rumo ao restaurante. Afinal, seu pai lhe esperava.

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Já passavam da meia noite e Zane não estava nenhum pouco surpreso em ter estendido o horário no seu primeiro dia. Afinal, havia muito com o que estudar e adaptar. Enquanto esperava seu notebook desligar para poder guardá-lo na pasta, o jovem empresário olhou pela janela ampla do escritório.

A cidade iluminada à noite tornava-a atraente. Zane aproveitou o momento de silêncio e bocejou. Sentia os músculos um pouco tencionados e esticou os braços para cima e se espreguiçou. Ao perceber que a tela do computador havia escurecido, o fechou e o guardou na pasta de couro que carregava sempre consigo.

Ao deixar o escritório, apagou as luzes e se dirigiu ao elevador. Apertou o botão que o levaria ao estacionamento no subsolo e as portas se fecharam. Mas voltaram a se abrir no nonagésimo nono andar. Zane franziu as sobrancelhas ao notar que o elevador parara, mas não havia ninguém do lado de fora querendo entrar. Deu um passo para fora do cubículo e olhou de um lado a outro, procurando ter certeza de que a pessoa que o havia chamado não estava mais ali.

Notou que uma das salas deixava vazar a luz por baixo da porta, e com a curiosidade levando o melhor dele, Zane se aproximou da porta entreaberta. Inclinou-se para a plaquinha que identificava o dono da sala e franziu novamente as sobrancelhas ao ler o nome:“Alexis Rhodes”.

Teve quase certeza de que a insolente havia deixado a luz acesa por descuido e seguiu em direção da sala com a intenção de adentrar o local e apagá-la, porém, Zane se pegou equivocado ao ouvir a voz de Alexis. Ela falava ao telefone.

O presidente ficou em silêncio, ouvindo a conversa.

“Sim, irmão. Eu sei... Mas eu preciso terminar de verificar esse contrato. Os meninos estão sendo uma equipe fantástica, estavam comigo aqui até agora pouco. Mas eu quero ter certeza de que tudo sairá certo, por isso resolvi ficar mais um pouco para revisar o trabalho. Não! Não chame a mamãe! Não! Irmão? Não... Oi, mãe. Se estou com sono? Porque estaria? Não. Ainda estou no trabalho... Depois da meia noite? Sério que já é tão tarde? Nem tinha percebido...”

Zane ouviu a moça se deter para dar um bocejo e mesmo depois de produzir a prova que contradizia a afirmação de que ela não estava com sono, continuou na defesa.

“Mãe, eu já expliquei. Agora sou vice-presidente e estou trabalhando diretamente com Zane Truesdale, o filho prodígio de YuudaiTruesdale. Não preciso te dizer que eu tenho que me matar para poder chegar aos pés dele, não é? Sem esforço eu não vou conseguir alcançar nem a sobra brilhante dele, não acha? Eu tenho que trabalhar duas vezes mais aqui para um dia chegar ao mesmo patamar... Eu sei, mãe. Mas você meio que é obrigada a dizer isso porque é a minha mãe...”

Zane parou de prestar atenção. Enquanto se afastava ouvia a discussão entre mãe e filha se distanciando, entrou de volta no elevador e acionou o subsolo.

Bem, era interessante.

Continua...


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