Dia 21.Dois dias para o casamento.

Amy acordou com dor de cabeça. Por um momento, nem se lembrava do que tinha acontecido. Sonhou com uma praia, ela estava caminhando com alguém, e rindo. Não conseguiu se lembrar quem era, porém se lembrava que era um homem, e ia beijá-la. Mas aí, quando suas bocas estavam quase se tocando, Amy ouviu um choro. De Sinead. Então, o homem começou a rir, e antes que a ruiva pudesse fazer algo de útil, Amy acordou.
Com a visão embaçada, conseguiu perceber o livro jogado na cama, os papéis que teria que entregar para Jessica quando voltasse à Boston, colocados no canto de quarto, e acidentalmente, se olhou no espelho.Quando viu sua aparência, se assustou.Então, foi se lembrando aos poucos.A traição de Hammer, a conversa com Ian, a não conversa com Sinead- que ainda teria que ter- ,o choro...Respirando fundo, decidiu que teria que resolver as coisas ela mesma.Ian não iria fazer nada.

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Ian estava exausto. Pela primeira vez na vida, tinha milhares de pendências, e não sabia por onde começar. O que significava aquelas visitas?Por que Amy o odiava tanto, já que não costumava guardar rancor, e por que saiu correndo daquele jeito?Será que ele tinha a machucado?Será que viriam mais fantasmas?Ele esperava que não, pois já tinha percebido que eles- ou melhor, elas- vinham sempre nos piores momentos. Já não bastasse a confusão que seria se ele estivesse lá sem aquelas visitas infernais. Mas agora, há!Elas estavam acabando com o pouco de estabilidade que sobrou em Ian Kabra. Foi quando ele resolveu algo. Uma ideia besta, mas que ele precisava tentar. Precisava consertar as coisas.

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–Amy!Amy!

–O que foi,Ian?Estou ocupada-Disse Amy, andando pelo corredor do segundo andar.

–É importante.

Amy fez uma careta que Ian não conseguiu decifrar, respirou fundo, e se virou.

–Ok. Mas que seja rápido.

–Obrigada. Vem comigo?

Os dois foram andando na outra direção. Amy achou que iriam ao quarto de Ian, mas em vez disso, eles saíram da casa. Lá, tinha um campo, onde os carros estavam estacionados, e, mas ao canto, um grande balanço. Atrás dele, estava a outra parte da casa, que Ian ainda não tinha visto. Os dois sentaram num banco de madeira perto do balanço.

–Amy...

–Sim?

Ian suspirou.

–Eu estou vendo fantasmas- Sussurrou.

–O que?Ian, eu não te escutei.

–Bom... é que...é...

–Ian!Olha, se você não tem nada para dizer, eu vou indo.

Amy se levantou e começou a andar. Mas antes que ela desse poucos passos, Ian gritou:
–ESPERE!OK, VOCÊ VENCEU!EU ESTOU VENDO FANTASMAS!
Amy por um momento vacilou.

–E-está vendo o que?

–Fantasmas.

–Está vendo o QUE?

–É... fantasmas?

–Fantasmas?

Amy estava estática.

–Ian, você disse que está vendo fantasmas?

Ian suspirou. Parece cansado, pensou Amy. Será que está doente?

–Sim. Eu... estou, sim.

–E... e que fantasmas são esses?Eles... te fazem mal?Qu-quer dizer... eles te machucam?

–O que?Não!Elas não me machucam, só complicam minha vida. Eu te juro, Amy, é culpa delas que tudo isso vem acontecendo!

–Delas?

–É, delas!E...

–E o que?
–...

–Ian?Ian!Tudo bem?

Mas Ian não estava mais olhando para Amy. Estava olhando para a outra parte da casa. Vindo de lá, ele conseguia ver um forte brilho. Se perguntou se era o que estava pensando.

–Por favor, mais um, não...

–O que houve, Ian?

–Desculpe, Amor, mas eu preciso ir.Não vou ficar em um lugar onde tenha mais gente; senão as coisas vão piorar ainda mais para mim.

E começou a correr. Em direção ao lado de trás da pequena mansão.

–Amor?-Disse Amy, quando ele já estava longe.

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Ian Ficou correndo durante vários minutos. Já tinha até saído da casa de Sinead. Toda vez que ele parecia chegar ao lugar de onde a estranha luz vinha, ela mudava de posição. Parecia até caçoar dele. Quando chegou de cara ao inicio da floresta da cidade, uns 10 minutos da casa de Si, a luz finalmente parou. Lá, Ian não conseguia identificar o que era essa tal luz. Quando foi chegando mais perto, percebeu que tinha a forma de um humano. Um... Humano?Não qualquer humano, uma mulher. Pela altura, parecia nova.
Ian ficou desconfortável.

–Ahn... Quem é você?

A figura brilhante fez um som que parecia uma risada.

–Não se lembra de mim, Ian?Impossível. Ou será que não me reconhece?

Sua voz era insondável. Ela era doce, majestosa, ela era... irônica?

–Ahn... se não me falta o respeito te dizer, mas acho que ninguém conseguiria te identificar estando assim, seu...senhora...ahm...fantasma?

Ela voltou a rir.

–Por favor, Ian. Não seja tão falsamente informal. Fala como se estivesse em uma reunião.

Essa voz... começava a parecer familiar.Ela era meiga, sedosa, mas também era sarcástica...

–Eu... Não sei o que dizer...

Voltou a rir. Parecia caçoar dele, como se estivesse se divertindo de tanta tolice.

–QUER PARAR DE RIR?

Ela continuou.

–Mil perdões.

A esse ponto, Ian já tinha quase cem por cento de certeza de que a voz possuía sotaque britânico.

–O que você quer afinal?-Disse Ian, que já não tinha mais tanto medo assim da tal fantasma.

–Iansínio, você sempre foi apressado, não?
Disse isso, então, desapareceu.

–Ei!Por que você... Espera um pouco, Iansínio?Mas a única pessoa que me chamava de Iansínio era a...

Então, se tocou.

O sarcasmo, o sotaque, a chacota de seu nome... Era até irônico, se parasse para pensar. Mas também era previsível, ele deveria já ter adivinhado. Não podia acreditar naquilo. Onde será que ela deveria estar, agora?Não podia ir embora, não agora.
Ian começou a procurá-la, adentrando na floresta. Mas não achava.
–Não pode ser, simplesmente não pode ser...
Finalmente, não resistiu, e gritou o nome dela. O nome cujo não dizia a três anos em voz alta.

–NATALIE!!