Colocamos mais comida na bolsa e a paciente começou a se arrumar para sair da Curandeira.

Pensativa Mira começa a se arrumar, e quando terminou me chamou:

–Joe, Ane salvou minha vida, eu não posso deixar que você mate-a.

–Mas e se ela descobrir que eu matei a irmã dela? Ela poderia ter se vingado em você. Mesmo assim preciso dar uma chance dela se vingar de mim, por isso faremos um duelo.

O barulho de soluço ecoou e dava para escutar facilmente o som de choro.

–Então foi você seu desgraçado? Você vai morrer agora!

Eu estava de costas, nem percebi inicialmente que ela ameaçava me matar, eu não poderia fazer o mesmo, até por que meu coldre estava na cama.

–Pode me matar Ane, eu devo ter feito você realmente sofrer.

Ela havia tirado uma arma da meia calça que estava por baixo do vestido, e ela agora me ameaçava e eu não podia fazer nada! Mas Mira podia, ela sacou sua arma do coldre e no momento em que Ane refletia ela puxou o gatilho e atirou. Um grito ardente tomou conta de lá, e logo muitas enfermeiras armadas apareceram, Mira pegou meu coldre e eu puxei pela cintura me joguei pela janela quebrando o vidro em vários pedaços que se lançaram contra sobre o chão.

Eu montei no cavalo com ela e meus braços e apertei bem forte a espora no pangaré, e ele acelerou rápido como raramente havia corrido, logo após isso notei a falta de alguma coisa!

–Mira... Cadê a sua bolsa?

Ela nem respondeu, estava chorando...

–Você ficou tão mal em ter matado ela?

–Eu não matei ela!

–Como não? E aquele grito que ela deu?

–Eu atirei na mão dela para que ela soltasse a arma.

–Então a bolsa ficou lá atoa?

–Exatamente.

–E por que você está chorando?

–Por que toda a comida, e todo o dinheiro ficaram lá!

–Nãaaaaaaaaaaaaao.

Voltamos onde eu tinha deixado o cavalo de Mira, para que ela montasse sozinha. Estávamos galopando sem rumo.

Um homem também cavalgando apareceu em nossa direção e começou a conversar.

–Tarde! Carboy, ocê é bom de tiro?

–Sim, por que?

–Eu vou ser curto e grosso, meu nome é Paul, e eu tô precisando de dinheiro, e se você ganhar de mim, pode levar o pouco de dinheiro que eu tenho, agora de você perder... bom, se você perder, eu levo essa garota e todo o seu dinheiro!

–Fechado.-Eu disse bem tranquilo.

–Mas eu? Eu não tenho nada a ver com isso! Eu não vou participar dessa idiotice.

Puxei Mira de lado e alertei:

–Pare de ser tola! Se eu perder, você mata ele, pega todo o dinheiro dele e fica numa boa, os únicos que correm riscos aqui somos eu e Paul.

–Pode ser!- falou enquanto balançava os braços como se estivesse comemorando.

–Garotinha bonitinha, você conta os passos, e fala a hora de atirar!-Comunicou Paul enquanto apontava seus dedos gordos e sujos de terra para Mira.

Posicionaram-se um de costas para o outro, Mira começou a contar os dez passos:

–Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez...e...já!

Ele lançou o primeiro tiro, mas eu abaixei, meus reflexos não eram dos piores, eu abaixei, coloquei minhas duas mãos na minha calibre e atirei três vezes. Ele mesmo sendo gordo desviou.

–Ei para!

–Que foi bola?

–Vamos fazer um duelo sem defesa?

–Como assim?

–O que atirar primeiro ganha, defesa é para os lerdos.

–Eu me garanto Paul.

–Então que assim seja.

Posicionados novamente Mira retornou a contagem: “e já...”

Com armas em punho, já retiradas do coldre, um tiro foi lançado, e de bruços ao chão, lá estava um homem, de pequena barbicha no queixo, todo sujo de sangue, já havia um ganhador...

–Joe!

–Diga Mira!

–Fico feliz por ter ganhado.

–Eu também Mira, eu também...

Ela sentou-se ao meu lado, e me deu um abraço. Ela estava tão perto que eu não resisti, toquei em seu rosto e a beijei, mas não fui retribuído, em troca levei um forte tapa, um tapa de deixar minha cara vermelha.

–Por que fez isso?

–Não sei!

–Nunca mais faça isso.

–Éh... Vamos pegar o dinheiro de Paul?

–Vamos.

Revistamos ele, e encontramos apenas uma merreca, que só servia para comprar um pouco de comida. Mas no seu bolso encontrei um papel escrito “Duelos oficiais de tiro”.

Era um convite, e por coincidência havia mais um, acho que foi por isso que ele apostou Mira também.

–É muito pouco para nós, vamos pegar estes convites, e esta roupa de couro, que me aparenta estar nova!

–Por quê não leva as botas também?

–Farei isso!

–Minha sorte é que Este couro não sujou de sangue.

–Mas e o Jack?

–Depois vamos atrás dele, precisamos de dinheiro, vai que você desmaia de novo por falta de comida!

Mira sorriu, e me beijou, coisa que eu também não entendi.- Obrigada Joe por não ter morrido.

A cavalo seguimos o mapa que tinha atrás do convite, e depois de algumas horas de cavalgada chegamos ao que seria o “x” do mapa.

Um homem veio nos cumprimentar.

–E aí, o que estão fazendo aqui molecada?

–A gente não é molecada, você que tem o triplo da nossa idade.

–Olha o respeito.

–Nós temos convites para o duelo!

–Eu não consigo acreditar, eu só mando entregar isso para os melhores duelistas destas bandas. Deixe-me ver isso.

– Tá aí.

–É verídico, entrei, peguem uma sala vazia, e se alimentem, relaxem, e apreciam o que pode ser um dos poucos momentos da vida de vocês.

–Tem comida grátis aí?

–Sim, apenas escolham uma sala.

Entramos em uma, e lá tinham belas mesas, com várias comidas e aperitivos, uma banheira enorme, e camas, camas confortáveis. Eu e Mira rapidamente começamos a pegar as coisas que achávamos que estava com melhor aparência. Não demorou muito e já estávamos quase inchados de tanto comer, Mira foi tomar banho e eu fiquei deitado na cama e tirei um cochilo. Acordei com ela já arrumada falando que a banheira já estava livre e que eu podia usar.