08 de Abril de 2014.

Tyler,

Hoje eu resolvi te escrever algumas coisas... Pois preciso por pra fora tudo que venho sentindo ultimamente.

E o fato é que eu sinto você indo embora. Indo embora de dentro de mim. Mas é fato também que isso é impossível. Meu coração é seu. Não digo que por inteiro, como já foi um dia. Mas existe um cantinho reservado só pra você, que jamais pertencerá a outra pessoa.

Eu te amei tanto, tanto. Foram noites sem dormir, dias sem comer, meses pensando em você dia após dia, o dia inteiro. Eu te amava tanto que nada mais fazia sentido, a não ser o que eu sentia. Eu te amei tanto que enlouqueci com esse amor. A minha vida era você. Quando eu não te tinha presente em meus dias, me sentia morta por dentro. Me sentia vazia, acabada, triste. E quando você me procurava, qualquer palavra sua, era o que valia pra me deixar feliz por um mês inteiro. Eu me sentia viva só pelo fato de que, bem lá de vez em quando, mesmo depois de tudo, você lembrava de mim. Você persistia em mim. E você persistiu tanto...

Mas o que é que eu tinha na cabeça, Tyler? Era tão claro que eu te amava. Mas eu não me permitia te amar. Eu me negava. Porque tinha medo. Medo, porque esse sentimento era tão grande com tão pouca história juntos. Medo de que esse amor todo me sufocasse, me transbordasse, me fizesse explodir. Por isso eu te afastava sempre... Por achar que assim simplesmente era melhor. E eu tive que aprender da pior forma que o melhor era ter você do meu lado. Tive que aprender quando não te tive mais... Quando te vi sorrindo pra outra pessoa, como costumava sorrir pra mim. Quanto te vi vivendo a felicidade que nós poderíamos estar vivendo juntos. A felicidade que só você era capaz de me proporcionar.

Eu não precisava de nada mais além de você. Mesmo que não falássemos nada, só de sentir sua presença, sua respiração, eu me preenchia. Mesmo que não nos tocássemos ou nos beijássemos, se eu passava o dia com você, ele se tornava maravilhoso. O céu nublado virava pôr-do-sol.

Peço desculpas. Não a você, mas especialmente a mim mesma. Todas as noites em que eu chorei por você, você não teve culpa. Eu chorava porque doía te amar, mas doía pelo meu orgulho. Porque eu nunca havia sentido nada parecido. Nunca tinha desejado alguém com tanta intensidade. Nunca amei tanto uma companhia tanto quanto a sua. Estar com você me fazia tão bem que me assustava. Eu tive medo de ser feliz com você. Porque eu tinha medo do que viria depois..

Mas hoje eu vejo claramente que eu devia ter tentado. Eu vejo, mas agora é tarde demais.

Eu ainda penso em você, a cada metal que eu ouço. A cada pessoa que encontro com alguma característica sua... Mas não penso mais em você o tempo todo. Eu costumava te procurar em todos os lugares. Costumava te procurar em outras pessoas. Mas eu venho superando isso aos poucos.

Eu estou escrevendo essa carta para me libertar. Não de você. Mas eu me liberto da culpa por ter te perdido.

Sei que você está sendo feliz com quem te merece. E de longe, vou sempre torcer por você. Eu sempre quis sua felicidade, ainda que ela me machucasse.

E, bom... Eu acho que devo me permitir ser feliz também. Existe uma pessoa, Tyler. Uma pessoa que vem me fazendo muito bem. E o jeito que eu me sinto perto dessa pessoa, era parecido com o que eu me sentia quando estava perto de você. Eu estou aprendendo a amar cada característica dele, assim como eu amava (e amo) cada característica sua.

Então, essa é a última carta.

Que sejamos muito felizes separados! Porque se for pra sermos juntos, o destino dará um jeito de nos unir, para que então a gente construa a história que deixamos de construir.

Com saudade,

Amy.