– Como assim vocês mudaram?- Pergunto ao telefone com minha mãe enquanto fecho a mala.

– Sim... achamos que você só voltaria daqui 2 anos!- Ela responde.

– Mudanças de planos. Onde eu vou ficar?- Pergunto.

– Posso te enviar o dinheiro para você comprar um apartamento... Mas até lá fique na faculdade- Ela diz.

– Se você acha. Te vejo depois então, beijos.- Desligo o celular. Pego meu violão e minha mala, minha mochila já está na minhas costas. O professor Tercia corre na minha direção.

– Você tem certeza sobre isso, Alasca?- Ele pergunta.

– Tenho. Hergard não é o meu lugar- Digo sorrindo. Ele sorri e me abraça.

– Conte sempre comigo- Ele diz e sai andando. Matheus vem até mim, quando estou prestes a sair da faculdade.

– Vou sentir sua falta- Ele diz.

– Ei, eu também. Você foi incrivel para mim enquanto eu estive aqui- Digo e ele me abraça. O taxi já está me esperando. Caminho até ele, e com um último olhar em Hergard, vou embusca da minha antiga vida.

***

Pov Lys

– Lys...- Diz Miranda entre meus beijos. Me afasto e ela sorri para mim, invertendo as posições no sofá. Ela volta a me beijar, enquanto eu rio.

– Eu não acredito nisso- Diz Rosa. Eu estava na casa de LEight, então era normal que ela estivesse aqui. Coloco Miranda ao meu lado.

– O que foi?- Pergunto indo em direção ao celular que ela tanto encara.

– Alasca está voltando para casa- Ela diz. Algo se mexe dentro de mim e olho para Miranda. Acabamos de começar o namoro, não posso colocar tudo a perder. Aposto que isso tudo é só uma brincadeira de mal gosto.

– Grande pegadinha Rosa. Agora se me der licença, tenho uma prova amanhã.

– Não é pegadinha Lysandre. Quando você esbarrar com ela por ai, eu te avisei- Ela diz e sai andando. Me sento ao lado de Miranda.

– Onde estávamos?- Pergunto.

– Você ia me ensinar sobre a bolsa de valores...- Ela diz.

– Sim...- Digo e volto a beijá-la enquanto ela ri.

***

Pov Alasca

Pego minha mala na sala de desembarque. Meu violão e minha mochila já estão no carrinho. Saio para fora e já estou pronta para pegar um taxi, quando vejo Nath apoiado em uma pilastra. Ele me encara e sorri vindo na minha direção.

– Achou mesmo que ia deixar minha melhor amiga voltar sozinha? Bem vinda- Ele diz me abraçando. Retribuo o abraço e rimos.- Para sua casa?- Ele pergunta enquanto entramos no carro.

– Para a faculdade. Minha transferência foi completa, e vou ficar por lá até comprar um apartamento- Digo.

– Sua família se mudou?- Perguntou.

– Sim...- Digo meio sem graça. Ligo o som e começamos a cantar.

***

Quando chego na faculdade, um monte de gente me encara. Claro, sou uma garota empacotada de malas que chega no meio do dia. Nath pega minha mala, meu violão e minha mochila, bem quanto sinto um peso sobre mim que me faz cair de costas no chão.

– Ai...- Gemo e encaro os olhos amarelos de Rosa.- Rosa! Meu Deus que saudade!- Digo abraçando ela. Um monte de gente que está passando começa a rir. Vejo uma garota que me lembra muito Matheus, com olhos verdes e cabelos loiros. Ela me encara de forma estranha.

– Estudantes de economia, o professor está na biblioteca- Diz uma voz. A garota se vira e sai andando. Rosa me esmaga com mais um abraço e me da um tapa na cara- Que merda é essa?

– Isso foi por ter me deixado com esse monte de brutamontes!- Ela diz fazendo bico.

– Eles te atormentaram muito?- Pergunto compreensiva.

– Chaga, chaga- Diz uma voz. Olho para cima e encaro Castiel. Empurro Rosa de cima de mim e o abraço.- Bom ver você também, baixinha.

– Cresci 2 centímetros...- Digo orgulhosa.

– No seu sonho só se for- Ele ri e faço uma careta. O abraço novamente.

– Tenho que ir na secretaria, encontro vocês depois- Digo. Eles consentem e pego minhas coisas com Nath. Anda em direção a secretaria, e uma mulher de cabelos cinzas me encara.

– Como posso ajudar?- Pergunta.

– Sou a aluna nova. Alasca Agnes, transferida integral- Digo. Ela chega algo no computador e sorri.

– Parece que está tudo pronto, senhorita Agnes. Aqui está a chave do seu quarto, suas aulas começam a tarde- Ela diz me entregando uma chave. Nela diz 217. Vago pela área de dormitórios, até encontrar o meu. Abro a porta.

As paredes são azuis claras. Tem uma janela aberta que da um ar vivo ao quarto. Uma mesa está encostada na parede e tem uma porta que dá provavelmente para o banheiro. As roupas de cama tem um F de federal bordado. A cama, é cheia de almofadas fofas. Um guarda roupa... Acho que em base é isso. Coloco meu laptop encima da mesa e meu violão encostado na parede. Caminho para o chuveiro e tomo um banho gelado. Visto uma camiseta azul marinho e minha calça jeans. Meus tênis e saio para fora do quarto. Ainda falta 1 hora até o almoço, e minhas aulas só são a tarde.

Caminho pelo campus, até ver uma entrada com nome biblioteca. Entro e começo a explorar. Os livros são de assuntos variados. É menor comparado com Hergard, mas ainda assim era grande. Vários alunas estão estudando em mesas. Estou meio distraída quando bato contra o peito de alguém e encaro olhos castanhos.

– Desculpa eu não estava prestando atenção- Digo sem graça.

– A culpa foi minha. Acho que nunca te vi por aqui, Ansel prazer- Ele diz. Aperto sua mão e sorrimos.

– Me transferi hoje. Direito.- Digo e ele sorri achando graça- O que foi?

– Você esqueceu de falar seu nome- Ele ri e coro um pouco.

– Alasca- Digo. ELe beija a minha mão.

– Um lindo nome. Também faço direito- Ele diz e sorri- De onde você se transferiu?

– Hergard- Digo. O queixo dele cai.

– Por que você veio para ca? Caramba você estava na melhor...

–... faculdade do mundo! Você é retardada?- Termino por ele.- Já estou acostumado com esse discurso- Digo zanzando pelos corredores enquanto ele vinha atrás.

– Não acho que seja retardada. Se você voltou, um motivo deve ter- Ele diz sorrindo. Escuto um baque atrás de mim e me viro. Lys está nos encarando com os olhos arregalados. Ele abre a boca como se fosse dizer algo, mas a fecha novamente. Olho para os livros que ele deixou cair e vou até ele e os cato.

– Acho que deixou cair isso- Digo estendo os livros. Ele segue cada movimento meu. Seus olhos param no meu colar e seus olhos se enchem de alegria.Procuro pela minha pulseira em seu pescoço, mas não a encontro.

– Eu achei que fosse uma brincadeira- Ele diz baixo.

– O que?- Pergunto.

– Você estar aqui. Eu achei que estivessem zuando com minha cara, mas não.

– Por que eles estariam te zuando assim?- Perguntei. Ansel nos examinava de longe.

– Eu falei sério quando disse que estava namorando, Alasca- Ele responde. Algo dói dentro de mim, mas eu não choro.

– Bom Lysandre, cada um faz suas escolhas, certo?- Minha voz sai meio tremida. Luto para deixa-la firme.- E por não estar com minha pulseira, já sei qual foi a sua- Digo. Seus olhos enchem de compaixão.

– Eu...- Ele vai dizer, mas Ansel vem para o meu lado.

– Acho que encontrei a razão- Ele diz brincando. Rio um pouco.

– Vou indo, Lysandre, a gente se vê por ai- Digo e vire de costas. Ele segura meu pulso.

– Me chame de Lys- Pede.

– Quem sabe no futuro- Digo rindo e soltou meu pulso. Saio andando com Ansel. Chegamos na porta da biblioteca .

– Você está triste- Ele afirma.

– Está tão na cara?- Pergunto.

– Eu tenho a solução- Ele responde. Pega um nariz de palhaço no bolso e coloca.- Viu? Sou retardado- Diz. Começo a rir e ele coloca o nariz em mim.- Ficou linda.

– Para com isso- Digo rindo. Ele finge uma câmera invisível.

– Pose para a foto- Diz. Mando um beijo na ar e ele finge me fotografar. Por fim pega o próprio celular e começamos a tirar fotos.

– Vamos almoçar?- Ele pergunta.

– Claro.

***

Pov Lys

Observei Alasca na porta da biblioteca rindo com aquele garoto. Ela estava de volta. Não sei direito se estou feliz ou triste com isso. Ele coloca um braço ao redor dos ombros dela e a leva para fora da biblioteca. Tento me concentrar na minha lição, mas é impossível. Ela voltou. Eu iria ver ela todos os dias. Estava usando meu colar,, e se é que é possível está mais bonita do que antes.

– Amor?- Me chama Miranda. A encaro sorrindo.

– Tudo bem?- Pergunto.

– Comigo sim , mas você não parece bem- Ela me abraçou por trás. Fechei os olhos e tentei não pensar em nada, apesar de ser meio impossível.

– Vamos almoçar?- Pergunto. Ela sorri e me estende a mão. Caminhamos pelo campus até o restaurante em que sempre ficamos. Castiel está com Rosa sentados na mesa de fora. Aquele garoto da biblioteca também está lá. Os três estão rindo. Miranda aperta minha mão e sorri para mim enquanto caminhamos para a mesa.

– Lys meu caro...- Diz Castiel. O garoto da biblioteca me encarou.

– Receio que não tive a oportunidade de me apresentar antes. São Ansel- Ele diz estendendo a mão. Forço um sorriso e aceito. Alasca aparece correndo como uma desesperada e bate de frente com Miranda, e ambas caem no chão.

– Meu Deus do céu, mil perdões. Sou a pessoa mais desastrada do mundo e tinha uma abelha me seguindo. Juro que foi acidente, eu não te... Ta eu te vi, mas eu sou meio quebrada sabe? Não tenho freio- Ela começou a pedir desculpas rapidamente para Miranda que sorriu para ela.

– Sem problemas. Eu entendo, muitas vezes sou assim também- Miranda ri. A levanto e Ansel corre para ajudar Alasca.

– Você deve ser a namorada do Lysandre, certo?- Alasca pergunta simpática. Miranda consente com a cabeça.- Bom, muito prazer. Sou Alasca, e só ouvi coisas positivas a seu respeito. Pelo visto, não eram mentiras- Ela pisca para Miranda que cora um pouco.

– Eu... É um prazer, Alasca. Sou Miranda.

– Tenho certeza de que nos daremos muito bem- Alasca diz e olha em volta- Pelos céus, eu estou com fome. Vou pegar algo para comer- Diz e sai andando. Ela estava... diferente. Mais madura, e de alguma forma, o jeito que agiu com Miranda me deixou mais impressionado.

– Então essa é a famosa Alasca?- Miranda diz nos encarando. Ansel levanta e segue Alasca, provavelmente por estar sozinho.

– Sim- Respondo sorrindo para Miranda e dando um beijo em sua testa.

– Ela é um doce. De verdade, achei que ela ia me matar. Mas é muito simpática.

– A Laka sabe ser civilizada. As vezes- Diz Casiel rindo e Rosa acompanha a risada. Olho para a área em que ela está, e as pessoas a cercam com um violão.- E parece que está com problemas, vamos lá.- Ele termina inda até onde Alasca está.

– Canta, canta, canta- As pessoas pedem.

– Gente, por favor. Eu estou com muita fome. Vamos fazer um acordo? Eu estou compondo uma música. Quando eu terminar de compor, eu canto ela para vocês- Ela diz sorrindo e todos a aplaudem.

– Pois é, ela tem um canal super famoso né?- Pergunta Miranda.

– Tem- Digo- Foi de uma hora para outra.

– Bom, agora que ela é uma celebridade virtual e está aqui de novo, a gente pode recriar a banda- Diz o Castiel.- Aposto que se ela pedir pra Nathaniel ele volta, e... quem precisa da Íris?- Ele diz.

– É uma boa idéia. Vamos falar com ela- Digo. Miranda me puxa, me fazendo sentar do lado dela, todos se sentam também, mas ela volta e Ansel se senta conosco. Ela vem agora em direção a nossa mesa com uma bandeja e um refrigerante, mas todos os lugares estão ocupados. Estou prestes a me levantar e ceder o meu, mas Ansel te essa idéia primeiro.

– Alasca, por favor. Sente-se no meu lugar- Ele diz se pondo de pé.

– Não precisa, eu posso sentar em outra mesa- Ela sorri.

– Eu insisto. Não me obrigue a te obrigar.

– Adoro trocadilhos. Aqui vai um: Melhor sentar, ou eu vou te matar- Ela diz com cara inocente. Todos riem e ela caminha para uma outra mesa mais distante e se senta. Ansel se vira para nós.

– Acham que devo me sentar com ela?- Pergunta.

– Ai depende. Você gostou dela?- Rosa perguntou. Ansel ficou um pouco vermelho e nunca senti tanta vontade de socar alguém na minha vida.

– Ela é incrível. Quase impossível de acreditar que está solteira- Ele diz. Fecho meu punho de forma imperceptível. Miranda ri ao meu lado.

– Meu primo diz a mesma coisa. Bem, só que ela deu o fora nele. De verdade não entendo o porque, ele é lindo!- Miranda afirma. Começo a sentir que estou ficando quente e olho para Castiel.

– Ãn... Lysandre, mano, vamos conversar com a Alasca sobre a banda?- Ele pergunta. Me levanto na mesma hora. Ansel também se levanta.

– Posso ir com vocês?- Pede.

– Você é livre, passarinho. Faça o que quiser- Digo e saio andando em direção a Alasca, com os dois atrás de mim. Me sento de frente a ela que ergue a sobrancelha enquanto morde seu sanduíche. Castiel e senta do lado dela e Ansel do meu.

– Posso ajudar?- Ela pergunta engolindo a comida com um pouco de coca.

– Pode. Queremos voltar com a banda- Diz Castiel sorrindo. Ela sorri de volta.

– Acho a idéia perfeita. Preciso inovar meu canal, perdi 30 inscritos!- Ela lamenta. Nós três rimos.

– Perfeito, você conversa com o representante idiota?

– O nome dele é Nathaniel, ou Nath, ok? Claro que converso. Mas em fim, quem vai substituir a Íris no baixo?- Ela pergunta.

– Eu toco baixo, se vocês quiserem...- Ansel diz.

– Vamos ver como você toca- Digo. Alasca sorri para ele.

– Fantástico.- Ela diz e olha o relógio- Droga, vamos Ansel? Ta na hora da aula.

– Claro. Bom, vocês dois, foi um prazer- Ele diz e se levanta com Alasca logo atrás.

– Vou conversar com Nath no fim da aula- Ela diz e da um beijo na bochecha do Castiel que ri a puxa para o colo dele fazendo cosquinhas- Eu tenho aula!- Ela berra e ele a solta, ambos rindo. Ela da mais um beijo na bochecha dele. Espero pelo meu, que não veio, ela apenas acena e sorri- Tchau Lysandre- Ela se vira de costas e vai despedir da Rosa e da Miranda. Na hora de despedir de Miranda, ela sorri e da um mega abraço na garota, que fica meio seca.

– Ela não se despediu de você- Provoca Castiel.

– Ela disse Tchau- Respondo.

– E você ficou chateado. Lys, você gosta dela.

– Não gosto, Castiel.

– Gosta sim. Ficou com ciúmes do Ansel- Ele diz rindo.

– Olha, eu estou com a Miranda e realmente gosto dela.

– Não duvido disso. Mas não a ama- Castiel diz.

– Posso passar a amar.

– Aquela garota não faz o seu tipo. É do tipo.. Certinha.

– Já olhou para Alasca antes de falar alguma coisa?

– Sim. Ela é a garota mais nerd do mundo. Mas não é certinha, é louca mesmo- Ele diz. Lembro das palhaçadas dela, de cada eu te amo e me sinto triste.- Se você realmente quer o melhor para Miranda, termine com ela. Conselho de amigo. Agora vamos para a aula.

***

Pov Alasca

Estou saindo do shopping correndo. Está escurecendo e tenho a impressão de que vai começar a chover. Passo pelo passeio e vejo um carro idêntico ao do Lys. Encaro seus olhos fascinantes através do vidro e ele me encara de volta. Vai acelerar, mas o sinal está de fora. Por fim ele encosta.

– Precisa de ajuda?- Pergunta- Posso te dar uma carona.

– Que nada, posso me virar- Digo sorrindo forçado.

– Por favor, não faça isso. Não sorria forçado. Não haja como se tudo estivesse perfeito e não seja fria comigo.

– Como devo agir? Lysandre, eu...

– Pra começar, pare de me chamar de Lysandre. Já pedi para me chamar de Lys. E venha comigo até minha casa, tem umas coisas que quero te devolver

– Claro- Minha garganta aperta quando vou falar. Entro no carro a seu lado e ele acelera. Ficamos o caminha inteiro em silencio até finalmente chegarmos em sua casa. Desço do carro e me lembro que a última vez que estive aqui foi no baile de formatura. Ele terminou tudo que nós tinhamos e me deixou em pedaços. Afasto as lágrimas dos meus olhos. Ele caminha até a porta e abre a porta me dando passagem. Cris está sentada na mesa com Leo e meu coração aperta. Ela me encara com um sorriso e corre para me abraçar.

– Você voltou!- Ela diz. Rio e finalmente desabo em lágrimas com as lembranças.

– Olá Leo. Senti muita falta de vocês- Digo e Leo se levanta para me abraçar também. Cris me encara.

– Por favor não chore, querida- Ela pediu. Consenti com a cabeça.

– Alasca, vamos?- Lysandre pede meio sem graça.

– Claro- Digo apertando a mão de Cris. Faço o familiar caminho até o quarto de Lys. A primeira coisa que percebo é que todas as minhas fotos foram arrancadas de seu mural. As lágrimas ameaçam voltar. Ele pega algo no guarda roupa e me estende uma sacola de pano grande.

– Ai está seu vestido que você deixou aqui- Ele diz. Olho em volta no quarto.

– E minha pulseira?- Pergunto meio sem graça. Ele me encara surpreso.

– Foi um presente, Alasca. Eu não vou te devolver- Ele diz.

– Sua namorada não vai gostar disso- Digo com raiva. Minha voz sai meio tremida já que estou começando a chorar.

– Ei. Por que você está chorando?- Ele pergunta.

– Você não tem noção, tem Lysandre?-Digo. Ele me encara preocupado e se aproxima como se fosse me abraçar, mas para no caminho.

– Até de me tocar você tem medo agora? Olha, minha tia não está aqui, meu melhor amigo tem coisas mais importantes para fazer do que ficar se preocupando comigo. Já não tenho mais nem minha família biológica ou adotiva. Estou morando em um quarto de faculdade, sozinha. Abandonei meu outro melhor amigo para ir em busca de nada. De mais sofrer? Abandonei meu futuro para nada?- Pergunto.

– Alasca, eu...

– NÃO! Lysandre, faça-me o favor e pare de pedir para eu parar de ser fria. Ou te chamar de Lys. Essa sou eu: uma garota impulsiva e destruída, que vacila nos próprios erros- Digo e saio correndo chorando. Escuto Cris e Leo me chamarem. Sinto Lys correndo atrás de mim, mas por fim ele desiste.

Começa a chover e fico ensopada enquanto passo os portões da faculdade. Me sento no meio do campus enquanto minha lágrimas se misturam a chuva. Talvez eu não devesse ter voltado. Sigo para meu quarto e tomo um banho, vestindo um pijama quente por cima o casaco de Hergard. Me sento com meu violão no colo e finalmente consigo terminar minha música.

***

No dia seguinte, me revolto com o mundo. Me revolto com minhas decisões e com tudo. Visto uma camiseta e o casaco de Hergard, com um short jeans. Coloco meu tênis. Pego meu violão e minha mochila e saio para fora do quarto. Estou andando quando esbarro em alguém.

– Me desculpa Miranda, acho que estou meio distraída- Digo.

– Eu estava te procurando de qualquer forma. Alasca, eu não sou idiota. Sei que ainda sente algo pelo meu namorado, mas ele te esqueceu ok? Você não passa de um lixo para ele. E honestamente, é isso que você é. Você faz as pessoas sofrerem- Ela diz. A encaro.

– Melhor do que ser uma duas caras como você. O Lysandre conhece esse seu lado?- Pergunto sínica.

– Ele me conhece perfeitamente.- Ela diz. Nesse momento, Lysandre aparece.

– Alasca... Miranda.- Ele diz- Algo errado?- Ele pergunta.

– Sua namorada estava me contando o lixo que eu sou- Respondo e esbarro propositalmente em seu ombro- A propósito, não recomendo que percam meu show. Afinal, a música foi composta para você, meu amor- Digo irônica para ele.

– Alasca...- Ele começa e eu saio andando. Vou até o meio do restaurante e todos me encaram.

– Eu terminei a música!- Anuncio e todos aplaudem. Lysandre aparece com a Miranda logo atrás. Conecto meu violão no amplificador e subo em cima de uma das mesas com a permissão do dono.- Ela se chama "All to Well"

"Iwalked through the door with you
The air was cold, but something 'bout it
Felt like home somehow
And I left my scarf there at your sister's house
And you still got it in your drawer even now

Oh your sweet disposition
At my wide eyed gaze
We're singing in the car getting lost upstate
Autumn leaves falling down like pieces into place
And I can picture it after all these days
And I know it's long gone
And that magic's not here anymore
And I might be okay, but I'm not fine at all

'Cause here we are again on that little town street
You almost ran the red
'Cause you were looking over me
Wind in my hair I was there
I remember it all too well

Photo album on my counter
Your cheeks were turning red
You used to be a little kid with your glasses
In a twin size bed
And your mother's telling stories
'Bout you on the T Ball team
You tell me about your past
Thinking your future was me

And I know it's long gone
And there was nothing else I could do
And I forget about you long enough
To forget why I needed to

Cause here we are again in the middle of the night
We're dancing round the kitchen in the refrigerator light
Down the stairs I was there
I remember it all too well

And maybe we got lost in translation
Maybe I asked for too much
But maybe this thing wasn't masterpiece
Till you tore it all up
Running scared, I was there
I remember it all too well

Hey you called me up again
Just to break me like a promise
So casually cruel in the name of being honest
I'm a crumbled up piece of paper lying here
Cause I remember it all all all too well

Time won't fly it's like i'm paralyzed by it
I'd like to be my old self again
But i'm still trying to find it
After plaid shirt days and nights
When you made me your own
Now you mail back my things
And I walk home alone

But your keep my old scarf
From that very first week
Cause it reminds you of innocence and it smells like me
You can't get rid of it, cause you remember it all too well

Cause there we are again and I loved you so
Back before you lost the one real thing you've ever known
It was rare, I was there, I remember it all too well

Wind in my hair you were there you remember it all
Down the stairs you were there you remember it all
It was rare, I was there I remember it all too well"

Termino de cantar e todos começam a aplaudir. Lysandre me encara e posso ver a tristeza em seu olhar. Faço uma reverência recebendo os aplausos. Sim, eu fiz bem em voltar para

***

Na hora do intervalo estou saltitando pelo campus mais feliz do que o normal, ou melhor, feliz considerando as coisas que estão acontecendo comigo. Ansel vem até mim.

– O que foi aquilo no inicio da aula?

– Eu chamo de... expressar sentimentos!- Digo com a voz inocente.

– Eu adorei. Sei que deve escutar muito isso, mas você canta muito bem.

– O que vale, é quando você fala- Respondo. Ele beija minha bochecha.

– Vamos pra aula, pessoa feliz- Ele diz.

– Ela não vai a lugar algum antes de falar comigo- A voz de Lysandre nos interrompe.

– Ai! Eu queria mesmo falar com você! Beijos Ansel- Digo. Ansel me olha como se eu estivesse drogada e sai andando. Olho para Lys sorrindo.

– Sabe, ontem eu quase acreditei no seu teatro!- Ele explode.

– Eu não atuo, querido. Quem atua é sua namorada- Digo de bom humor.

– Alasca!- Ele diz impaciente- Só por que você está com ciúmes, não fale mal dela!

– Ah. Então é assim? Jogue o passado fora e acredite nela. Você é muito bom fazendo isso.

– Quer falar de mentiras? Logo você que me escondeu a verdade sobre sua faculdade?- Ele berra.

– Olha. Se você quiser acreditar nela, ótimo não ligo. Mas depois, espero que quebre sua cara vendo quem ela é de verdade.

– Igual eu quebrei com você?

– Por que você fala assim?- Pergunto com as lágrimas escorrendo.

– Por que você voltou?- Ele pergunta.

– Por que você é a peça que faltava no quebra cabeça, mas pelo visto, eu perdi- Digo e saio andando para a aula.