I Miss You escrita por mandyoca


Capítulo 12
Capítulo 12




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  Dave POV.

  Quando eu vi que ela havia saído do Messenger, minha cor saiu e eu senti as batidas do meu coração se acalmar. Eu nunca gostaria de ser obrigado a ficar longe dela. Mas sabe, ela vai embora sempre sem dizer adeus. E eu sei o motivo. Ela se irrita com muitas coisas, e se uma única conversa sai dos limites de sua paciência, ela desliga o computador. Vi isso em algumas... gravações que consegui fazer.

  Eu nunca tenho nada para fazer, ninguém para conversar – que irônico – e por isso assisto à televisão. Não acho esses filmes muito educativos, então eu costumo assistir aos meus próprios, que me fazem sentir um pouco mais perto da minha amada. Coloquei no aparelho a fita que se destacava entre as milhões que estavam espalhadas pelo meu quarto.

  Era a gravação de Yolanda e suas capangas (os clones de Spice Girls mil vezes pioradas) pichando todo o banheiro da escola com o nome da Kris e o meu. Como eu queria que fosse verdade. Eu tinha muitos vídeos de Kristal me olhando, e puxa vida, isso era demais. Esperança me guiava sempre que eu imaginava que ela estava correspondendo ao que eu sentia desde os meus sete anos de idade e CARA, como eu fiquei feliz! Mas aí eu comecei a perdê-la para o ridículo Luan – um idiota que não tem nada de especial naquela cabeça de minhoca.

  E foi aí que a minha esperança morreu definitivamente quando vi aquele beijo. Era algo que não me atingiu no coração – atingiu no meu cérebro como uma bola de boliche cheia de espinhas saltando. Isso mataria mais rápido, não?

  Então eu corri para casa com a gravação infernal e joguei na TV. Eu vi que ela olhou para mim segundos antes de se amassar contra aquele hipócrita-filho-da-mãe-que-não-merece-viver-nem-hoje-nem-amanhã-e-nem-nunca. O ódio cresceu dentro de mim e eu pensei em me matar. Eu tinha algumas misturas interessantes de plantas venenosas que me deixariam sem ar. Assim eu logo morreria. Não demoraria nada, eu estava longe da pessoa que eu mais amava, ela estava fora de meu alcance!

  Só que numa noite, ela não conseguiu dormir. Eu entrei em seu quarto outra vez para pegar para mim a última foto que tinha dela, disponível ali, na escrivaninha, apenas para mim. Ela acendeu a luz e seus olhos sonolentos atingiram os meus e eu comecei a correr o mais rápido que pude. Ela não conseguia me alcançar por mais rápido que corresse. Eu estava perto de casa. Chegando lá, olhei para os lados e não vi ninguém. “Ela deve ter desistido”, pensei.

  Entrei, amedrontado. Fui pego no flagra, quem não ficaria desesperado depois disso? Kristal é inteligente, faria qualquer coisa para acabar comigo. Mas teria ela percebido que fui eu o cara sombrio que invadia sua casa toda noite? Eu contava que ela não soubesse. Eu estaria morto.

  Fui para o meu quarto, acendendo a luz. Eu vi uma movimentação na janela escura, e corri para dentro do armário, onde eu guardei tudo que eu havia reunido para uma morte saudável. Mas tinham também os que eu sonhava em utilizar algum dia, aqueles que te deixam dormindo durante alguns minutos ou algumas horas. Eu vi pelo buraco do armário que Kristal havia entrado. Ela olhou em volta, assustada, percebendo que seu nome estava cravado em cada fita de vídeo naquele quarto tenebroso. Começou a se aproximar do lado oposto do meu, e foi aí que eu abri a porta devagar e coloquei o lenço em sua boca e nariz, sussurrando um pedido de perdão.

  Em alguns segundos ela caiu nos meus braços, apagada. Eu senti pontadas de ódio de mim mesmo, mas tive de me controlar. As pétalas de rosas que eu peguei do meu jardim foram espalhadas num canto, e lá eu coloquei Kristal, deitada como uma deusa. Ela merecia ser tratada como uma princesa, afinal ela era uma para mim. O jeito como ela estava me lembrava aquela famosa princesa, Branca de Neve...

  Eu procurei o CD da Evanescence. Coloquei no rádio e então o som breve da sua música começou a tocar baixinho.

  Logo a garota que eu nunca teria – mas que também não estava namorando com Luan, eu descobrira – acordaria.

  Eu me sentei ao lado dela, vendo seu rosto angelical, ouvindo a música se repetir muitas vezes. Eu suspirava vendo a própria tentação, a própria perfeição tão perto. E eu ainda tinha de aguentar não chegar tão perto, eu precisava de um tempo para que eu não fizesse nada que me condenasse... Mas eu não conseguia me separar de seus olhos fechados, de seus cabelos escuros, de seus lábios delicados.

  Peguei sua mão macia, a acariciando tão lentamente, com a minha própria alma em vez de meu corpo.

  Eu não sei se eu poderia algum minuto viver sem essa garota em meus pensamentos, além disso, eu nunca consegui. Era muito tempo de paixão platônica, mas agora ela está aqui, comigo, dormindo relaxada sob o efeito do veneno não muito forte que eu apliquei nela. Ah, Kristal. Tão linda.

  Seus olhos tremeram, eu corri para o armário.

  O que eu podia fazer? Esperar que ela visse que fui eu quem a envenenei? Que fui eu, um simples apaixonado que era praticamente um fantasma de sua infância? Ou melhor, eu era um nada na sua infância. “Ela era afim de outro”, pensei. “E depois daquele sortudo, mais devem ter conquistado seu coração.”

  Ela levantou, e assim que viu o computador, correu até ele. Seu cursor passou pelo iniciar, e ela deu um clique no mouse. Depois, procurou por algo, deixando o cursor em cima do Messenger, e ficou paralisada.

  Então eu vi.

  Coloquei a página do meu site para que abrisse automaticamente e esse foi o pior erro de toda a minha vida. Kristal começou a navegar com pressa, vendo cada página, paralisando em vídeos. Eu saí do armário e parei atrás de sua cadeira, a alguma distância apropriada.

  Ela estava em uma das páginas mais antigas, se não a última, e então se levantou. Sem olhar para trás, levantou-se e começou a andar de costas, olhando fixamente para o computador maldito.

  Eu segurei seus ombros. Ela virou com pressa, soltando um gritinho não muito alto. Era como o uivo de um lobo.

 - Você descobriu. – eu sussurrei, olhando seus olhos estonteantes e desnorteados. Ela parecia de certa forma com medo, mas segura. – Descobriu tudo o que eu guardei com minha própria alma. O que ninguém jamais conseguiu. Você achou meu site, meu nome falso, minha casa. Desmascarou o ladrão. – Eu aguardei, mas ela ainda parecia em choque. - Agora você não vai me responder? Você está sabendo o motivo do meu mistério, deveria estar feliz. Você queria isso.

  - Tem o meu nome espalhado por todo o quarto. – ela disse baixinho, expressão talvez indecifrável. – Eu deveria estar feliz?

  - Eu sei que você gostava de outro. – falei antes que ela resolvesse sair correndo. - Aos dez anos, uma garota bateu em você porque ambas estavam afim do mesmo cara. E que sorte ele tinha de ter você como opção, Kristal.

  Passou um longo tempo de silêncio, ela ainda não respondia. Eu esperava que ela me martelasse com as palavras, mas na verdade parecia estar pensativa.

  - Era você, Dave. – ela então arfou. – O garoto era você. Quando você se mudou, eu sofri como uma condenada. Sem você a minha vida não teve nenhum sentido. E você fez isso porque sua mãe te obrigou, preocupada pelo seu choro diário. Foi tão ruim assim descobrir que eu era apaixonada por você?

  Eu não podia acreditar naquilo. Eu não podia. Era impossível, Kristal sempre amou outro. Ela só podia estar com dó de mim.

  Um período de diálogo foi arrancado de nós. Ela não parecia mais com medo, e isso realmente me tranquilizou.

  Mas eu comecei a pensar que estraguei tudo.

  - Tecnicamente foi ruim eu ter entrado na sua vida uma segunda vez quando eu deveria ter ficado longe. – eu disse sem vontade. – Desculpe.

  - Não! – Senti algo em minhas mãos e automaticamente olhei para baixo. Kristal tinha as segurado. – A verdade é que foi ótimo você ter vindo falar comigo, caso contrário eu estaria absolutamente solitária agora.

  - Você estaria com Luan. – previ cautelosamente algo que só alguém simples como ela não poderia perceber de imediato. Qualquer um saberia que eu só atrapalhei sua vida social. – Talvez namorando apaixonadamente ou algo desse grau. Os populares mesquinhos a teriam em seus grupos e isso seria um sonho para eles.

  - Certo. – Ela avançou um passo para a minha direção, olhando diretamente em meus olhos. Meu coração começou a bater mais rápido, eu não podia me controlar. – Corrigindo: Caso contrário, eu não estaria revivendo a paixão que eu vivi aos dez anos de idade. Dave, independentemente de você ser ou não o garoto, eu já estava apaixonada por você, estava tudo perdido.

  Eu não escutei direito.

  - Você não precisa sentir dó de mim. – suspirei, tentando acalmar o meu coração, temendo que ela pudesse escutá-lo.

  - Você sabe há quanto tempo estou esperando por este momento? – ela perguntou. – Não o estrague dizendo que eu estou com .

  Eu não conseguia mais olhar para ela sem fazer alguma coisa. Kristal era a garota mais bela desde pequena, eu não tinha olhos para as demais. As outras não são nada para mim, agora ela não é nada mais nada menos do que tudo. A gente já tinha passado um tempo de encarando, e eu precisava dizer alguma coisa.

  - Então fique menos nervosinha, Kris. – Meu autocontrole tinha um limite. E para variar, ele chegou ao fim. Dei um passo em direção a ela, planejando o que eu esperei todos esses anos...

  Só que Nicole interrompeu e nós fomos para longe.

  Uma droga de diálogo começou entre elas. Eu apenas observava, incapaz de dizer qualquer coisa para elas.

  Mas aí minha mãe dirigiu uma fala a mim.

  - Ah, Davezinho. – Nicole me encarou com paixão nos olhos. – Eu gostaria que tivesse sido diferente...

  - Eu sei, mãe. – Fui ao lado de Kristal. – Sei que foi tudo para o meu bem, e que quando algo é para acontecer, isso irá chegar até você. – Hesitei e agarrei a mão da garota que agora parecia impressionada. O que eu não faço por você? Depois, senti que sua pequena mãozinha apertou a minha mais forte. Eu fiquei feliz da vida.

  Nicole arregalou os olhos e sorriu, me abraçando. Eu não deixei a mão de Kristal nem uma única vez. Eu fechei a porta, desta vez a trancando.

  - Eu falei com ela. – sussurrei.

  - Você falou. – Kristal pareceu orgulhosa. – Ela deve ter ganhado o dia, você viu só o sorriso que ela botou no rosto? Viu como é bom falar com as pessoas?

  Mas eu não estava com a cabeça em Nicole. Eu só pensava em “Kristal, Kristal, Kristal!!!” Então eu, que já olhava para ela, me aproximei e a prendi na parede com cuidado, meu peito quase tocando em seu corpo delicado.

  - Presa. – eu brinquei e dei um sorriso.

  - Oh, não, agora quem irá me salvar? – ela me respondeu, também sorrindo. Eu podia jurar que tinha desejo em seus olhos, e eu cheguei a acreditar nisso. Havia uma maneira de confirmar isso, e eu sabia que logo algum imbecil poderia nos interromper até mesmo na madrugada. Sei que a porta estava trancada, mas para que arriscar? Por isso, sem perder tempo, encostei devagar os lábios nos dela. Eu não a beijava com rapidez, com urgência, nada disso. Eu apenas o acariciava com os meus.

  Mas eu não ia perder oportunidade. Peguei uma caneta do meu bolso, mas não tive forças para deixar meu braço erguido. Não liguei. Eu não podia a devolver à calça jeans, também não estava com vontade disso.

  Como se Kristal tivesse lido meus pensamentos, pegou a caneta de minha mão e a jogou longe. Eu permiti, ora. Eu queria mesmo me livrar daquele objeto que estava lá ocupando espaço.

  Por isso pude utilizar as duas mãos para abraçar Kristal, a garota da qual eu sempre amei. Segurei seus ombros, e a puxei inteiramente para mim. Esse era o momento que eu sonhava desde os sete anos.

  Eu comecei a dar alguns passos para trás, percebendo que talvez sem querer, os meus lábios e os de Kristal estavam mais urgentes no beijo. Dei alguns passos para trás, jogando-a na cama. Acalmamo-nos e então continuamos com um beijo mais doce, delicado. Eu cuidava de meu próprio cristal, minha própria pedra preciosa. Ela era isso para mim, afinal.

  Seus lábios deixaram os meus e eu continuei a abraçando com certa força, como uma delicadeza imensa.

  - Você pode descansar, minha Rainha Branca de Neve. – eu falei num tom baixo, esperando que o sono que ela perdeu me seguindo voltasse. Assim ela se recuperaria, e poderia ter a sua noite de sono.

  Assim que percebi que ela adormeceu, a carreguei no colo e a coloquei no Vectra da minha mãe junto com todos os pertences que eu roubei dela. Agora eu percebo o quando isso soa idiota.

  Dirigi delicadamente enquanto Kristal dormia no banco de trás. Chegando em sua casa, a coloquei deitada em sua cama e a cobri, permitindo-me dar-lhe um beijo em sua testa de boa noite, e assim percebendo o quanto ela estava fervendo. Parecia estar com uns quarenta graus de febre.

  Desativei o despertador que ficava ao lado de sua cama, e depois devolvi todos os objetos que eu havia roubado.

  Durante uns cinco minutos, a olhei dormir. Mas então tive de voltar para minha casa e dormir, apesar de que dormir umas duas horas por noite já é suficiente para mim. Eu não consigo dormir oito horas como o comum.

  Voltando à realidade e ao vídeo que eu estava vendo sobre a Yolanda e as capangas, eu não me importei muito com o que elas escreviam, uma vez que isso tinha se tornado praticamente verdade. Mas elas começaram a conversar tão baixo que não pude captar nem no volume máximo. Pareciam tramar alguma coisa tenebrosa que ainda estava inacabada. Eu fiquei puto, por assim dizer.

  Eu não vi Kristal o dia inteiro.

  Eu precisava vê-la.

  O seu rosto...

  O seu cheiro...

  Eu tiraria a carteira de motorista amanhã. Foi agendado para amanhã. Nada melhor do que ganhar uma carta desse nível bem no dia do seu aniversário de dezoito anos. Isso seria o máximo, e eu poderia comprar um carro ótimo e que eu adoro. Eu compraria com o dinheiro das doações que eu ganhei das pessoas do “whereismyhappyending.com”, aquele site meu, da qual sou o Joe Estúpido Que Quase Fez Kristal Ficar Com Medo De Mim.

  Era uma boa grana. Eu sobrevivi com ela a minha vida toda, sendo independente e tudo mais. É bom ter liberdade.

  Ah, droga, eu estou quase começando a pensarem Kristal de novo. Tá, eu já pensei, eu fracassei, blábláblá.

  Eu catei o Vectra da minha mãe, deixando um pequeno bilhete. Eu nunca fazia bilhetes, mas levando em conta de que falei com ela ontem, um bilhete não fará diferenças. E eu vou utilizá-lo rapidinho...

  Ou não.

  Dirigi até a casa da Kristal, talvez ansioso demais para poder encontrá-la. Entrei pela janela-porta quase aos berros. Eu espero que ela não tenha percebido as canetas que eu espalhei pelo seu jardim, chegando a escondê-las em vasos e até em furinhos da parede. Ela não estava em seu quarto. Como quem se convida, fui para a cozinha, para a sala de estar, para o quarto de sua avó no andar de cima, para os banheiros que até de porta aberta estavam, indicando que não havia ninguém. O último lugar que faltava procurar era o quintal.

  Desci as escadas.

  - Dave! – ela pareceu surpresa.

  Mas não era Kris. Era Marie.

  E eu estava começando a ficar preocupado com ela, para falar a verdade. Por que ela sairia assim? Tudo bem, ela era uma pessoa livre, é claro, e eu não sou oficialmente seu namorado, nem ficante, nem seja lá o que for. Sou um simples amigo. Não sou? É isso que eu penso, mas eu precisava saber onde ela estava antes de pirar.

  - Marie, onde está Kristal? – Ela, que mexia nas suas plantas, parou para me encarar. Eu sabia que ela teria reações desse tipo. Além disso, ela abandonou o emprego para ela, e a culpa foi mesmo minha. Eu não falei com ela, certo, mas eu queria muito ver Kristal, e para isso eu precisava de informações. Só que a mulher só ficava me encarando como se eu fosse um doente mental. Mentira, ela ficava me encarando como se ela fosse uma doente mental. – Por favor, eu preciso saber onde está a Kristal.

  - Ela não está no quarto? – Marie pigarreou. – Porque ela costuma me dizer quando vai sair, apesar de que eu a deixo bem livre...

  - A senhora não faz ideia de onde ela possa estar? – arfei. Eu já estava começando a ficar desesperado. E se ela saiu com Luan? Eu estou com ciúmes, eu devo admitir, mas eu sei que sou homem o bastante para gritar para o mundo que tenho inveja como todo ser humano tem. Eles só não aceitam esse tipo de coisa por serem ingratos e pensarem que são superiores e tal.

  - Não. Desculpe, Dave. – Marie tentou fingir desinteresse. Mas ela estava muito a fim de ouvir minha voz mais vezes. – Você pode esperar por ela na sala. Quem sabe ela não volta para cá?

  - Não, obrigado. – agradeci. Alguma coisa gritava para mim dizendo que Kristal não deu uma simples saidinha sem avisar ninguém.

  Peguei algumas canetas que coloquei próximas à janela-porta. Dirigi até em casa, passando os vídeos para o computador e engolindo em seco. Avancei a filmagem para hoje, mais ou menos o horário que ela deixara o computador – duas e meia, aproximadamente? Deve ser.

  Até que algum movimento cortou a câmera. Era alguém com uma roupa tão casual que passaria despercebida por qualquer lugar. O quê? Kristal está saindo com um cara? Um cara diferente de mim, e ainda por cima escondido?

  Mas parecia uma garota. Fui colocando as canetas que estavam mais longe da janela-porta, tacando os vídeos no computador com muita frieza e também angústia. Quem seria essa pessoa e que mal ela poderia ter feito? Mas pode ter sido alguém bom, querendo apenas dar um passeio e...

  Até que eu vi. Yolanda, Cristina, Amélia, as três. Eram elas, eu tinha certeza. Kristal foi para fora com uma roupa que me fez ficar até com falta de ar e a guiaram para... – coloquei outra caneta, mais longe ainda. -... Para uma van.

  Certo. Eu fiquei extremamente raivoso nesse momento, onde eu precisei correr para ver o que estava acontecendo. Entrei no meu carro, óbvio, e segui cada rastro que pude daqueles pneus de van pesados. Elas devem ter saído bem rápido de lá, e provavelmente as sequestradoras não sabiam dirigir, porque tinham curvas marcantes no chão da rua. Isso me deixou bem pior, e eu atingi cento e setenta quilômetros por hora.

  Todas as cinco canetas que incriminavam as três garotas estavam no banco carona e andavam de lá para cá enquanto eu fazia as difíceis curvas. Eu esperava que esses não fossem os rastros dos pneus de outro carro, eu estava sinceramente destruído. Sabendo que Yolanda faria sim algo terrível se pudesse, vi o marcador atingir cento e noventa quilômetros por hora.

  Cada segundo desperdiçado podia estar perdido e eu sabia disso.

  Duzentos quilômetros por hora, eu estava quase gritando para falar a verdade. Eu não sentia as minhas pernas, não sentia os meus braços, e tudo começou a formigar como se eu tivesse sido picado por um carrapato. Meu coração já estava a mil, eu estava ofegante e com certeza depressivo. Eu estava certo de que Kristal para mim era minha protegida, e nas mãos de Yolanda ela pode estar ferrada mesmo.

  Yolanda e as amigas precisarão se ver comigo. Eu não vou deixar barato, porque mesmo sendo garotas, elas continuam sendo as sequestradoras que levaram de mim a minha Kristal Steven, a garota da qual eu faria tudo para ter ao meu lado de novo, já que os dois sabem os sentimentos dos outros. Tudo fica mais fácil, para falar a verdade. A audácia de amar trás muitos problemas. Nesse caso, devemos ser seriamente julgados ao caso de se aquela pessoa é mesmo boa ou não para você. Como eu acredito em almas gêmeas, lutei pela minha até o fim, temendo que algo de ruim tenha acontecido com ela. Eu iria chegar tarde? Eu tinha deixado para trás o amor da minha vida para assim observar seu fim? E pelas Spice Girls Paraguaias?

  De jeito nenhum. Isso não pode ser verdade, existem alternativas para mim, não é? Kristal, a garota tão adorável não pode ser tirada de mim quando ela acabou de voltar. Você sabe o que são quase onze anos amando a mesma pessoa, e de repente vê-la sendo tirada de ti como se fosse um objeto? Kris, volte. Kris, aguente.

  O amor é como uma utopia. Um mundo imaginário, algo que é raramente solucionável. Na maioria das vezes, o final ruim de cerca... whereismyhappyending.com explica isso muito bem. Tudo começa bem. Fica mal. Fica bem. E fica pior. Nada melhor do que essa vida escrota.

  Mas esse caso é algo susceptível. Existem possibilidades de eu ganhar, não existem? Eu estou confiando nisso.

  Duzentos e quinze quilômetros por hora.

  E então, a luz vermelha e azul começou a piscar desesperada por atenção, buzinando e pedindo que eu encostasse.

  Polícia. Eu estava lascado.

 


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