Seu amor é a minha cura - ReNa escrita por soueumesma


Capítulo 73
cap 73 - Conversa entre pai e filha


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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– Filha, precisamos conversar. – papai disse se sentando no sofá. - Helena eu não agüento mais viver com o seu desprezo, já faz dos dias que passou por aquele sufoco e nem sequer um abraço você me deixou te dar.

– Não temos nada pra conversar e já aprendi a viver sem seu apoio, não preciso do seu abraço e nem nada que venha de você. – digo ácida.

– Helena não seja dura comigo eu sofri muito com o que passou nas mãos daquele desgraçado.

– Você é um egoísta mentiroso que odeia me ver feliz. Acredito que ficaria muito feliz se algo tivesse acontecido comigo. Você nunca quis meu bem.

– Não diga isso, eu sempre procurei te proteger de tudo e de todos, tenho consciência de tudo que eu fiz, dos meus erros e dos meus acertos. Errei contigo quanto te expulsei de casa e disse aquelas coisas desagradáveis a você que passava por num momento difícil. Mas acertei sim em te mandar pra aquele internato e mesmo que não acredite minha intenção nunca foi te fazer sofrer. Não foi por egoísmo que te afastei de mim e muito menos por querer te separar do Renê. Tudo que fiz foi tentar te salvar das maldades de uma certa pessoa.

– To cansada de escutar a mesma história ou melhor dizendo, as mesmas mentiras de sempre. Não entra em minha cabeça um pai abandonar um filho num internato e nunca mais voltar para visitá-lo. Isso não é amor, isso não é proteção.

– Doeu muito em mim te deixar lá, lembro daquela cena como se fosse hoje. – ele diz recordando.

#Flashback ON ( narrado por Adolfo)

Suíça, 21 anos atrás

– Papai aqui não é a Disney, não tem parques de diversão, não vejo a branca de neve, nem a cinderela, nem a chapeuzinho vermelho, nem ninguém dos contos que a mamãe lia pra mim. Sabe, aqui parece mais aquelas escolas onde os papais abandonam seus filhos, eu já vi uns filmes parecidos com esse lugar. Você não vai me deixar aqui né paizinho?

– Claro que não minha princesinha. Papai veio visitar uma amiga que mora aqui, vou deixar você uns minutinhos com ela para que eu poça resolver uns assuntos e já, já papai vem te buscar para te levar a Disney.

– Eu não quero ficar aqui, não conheço ninguém. Mamãe uma vez me disse para não conversar com estranhos, se não posso conversar com estranhos não posso ficar com eles também. E as moças daqui são todas esquisitas. Melhor eu ir com você, eu juro que não vou fazer bagunça.

– Onde eu vou não pode entrar crianças. É rapidinho, prometo que não demoro e trarei um brinquedo pra você.

– Tenho muitos lá em casa! - Eu não vou ficar aqui! Você quer me abandonar, minha mamãe já me deixou e você quer fazer o mesmo. – minha pequena diz começando a chorar. Helena era muito esperta, sabia muito bem o que iria acontecer.

– O meu amor, não precisa chorar. Eu não vou te abandonar, papai te adora muito pra fazer uma maldade dessas e lembre-se sua mamãe teve que partir porque Papai do Céu a chamou, ela cuida lá de cima de você. Ela também te ama muito.

– Papai eu não quero ficar sozinha aqui, por favor me leva de volta pra casa, não precisa mais me levar a Disney.

– Eu já expliquei que vou ali rapidinho. Vamos lá procurar a tia que vai cuidar de você. Desse um pouquinho do meu colo, porque a senhorita está muito pesada.

– Não! – respondeu ela fazendo corpo mole para que eu não a colocasse no chão.

– Tudo bem então, vou te carregar só mais um pouquinho mas não preciso me apertar forte porque está me sufocando. E não precisa ficar com medo enquanto o papai resolve as coisas vai ter um monte de menininhas aqui pra você brincar.

– Que menininha linda, quer dizer que você é a Helena? – perguntou a freira Fabiana, mas minha filha não respondeu permaneceu com a cabeça deitada em meu ombro.

– É ela sim irmã Fabiana. Helena é a menina mais linda de todo o mundo e muito educada também, né filha? – outra vez ela não respondeu, virou o rosto o escondendo em meu pescoço.

– Vem com a tia Helena, vou te mostrar algum animaizinhos que criamos, aqui você vai ter um monte de amiguinhas pra brincar também. – disse Fabiana tentando animar minha filha. – Emma vem aqui! – a freira chamou uma menina. – Essa garotinha linda que está no colo do pai, vai ser sua nova companheira de quarto, o nome dela é Helena dê as boas vindas a ela. – completou.

– Helena, seja bem vinda ao mundo das esquecidas, desculpa ser direta mas é a realidade. – Os papais quase não vem nos visitar, ficamos meses sem receber visitas, só saímos daqui em datas comemorativas, isso quando eles se lembram de nos buscar. – Emma disse, fazendo Helena ficar revoltada

– VOCÊ É UM MENTIROSO PAPAI, EU NÃO VOU FICAR AQUI! EU SABIA QUE IRIA FAZER ISSO COMIGO, MAS EU NÃO VOU FICAR, NÃO VOU. SE ME DEIXAR AQUI EU VOU FUGIR........, FALA PRA MAMÃE DEIXAR EU MORAR COM ELA ENTÃO JÁ QUE VOCÊ NÃO ME QUER MAIS. – minha menina soluçava de tanto chorar, respirei fundo para que eu não pudesse fazer o mesmo.

– Seja forte pai, me entregue a menina e vá, não prolongue mais esse sofrimento. – Fabiana me aconselhou. – com muita dor no coração afastei Helena de mim, dei um beijo em sua testa e disse: - Eu te amo muito, você é tudo que tenho de mais valioso! – deixei escapar algumas lágrimas e a entreguei. Helena não parava de chorar.

– PAPAI, POR FAVOR NÃO ME DEIXA AQUI. – resolvi ignorá-la dei às costas e saí cabisbaixo. – PAIZINHO, POR FAVOR, EU PROMETO QUE SEREI UMA BOA FILHA, NÃO ME DEIXA SOZINHA! – um arrependimento bateu em mim, virei para trás, ela se debatia no colo da irmã tentando se livrar. Fabiana olhou pra mim e pediu para que eu prosseguisse. Pensei no perigo que minha filha correria se estivesse ao meu lado então segui em frente na decisão de deixá-la ali. Senti minhas pernas serem agarradas por trás, era Helena que havia conseguido escapar dos braços da freira. – Filha, não torna isso mais difícil. – a peguei no colo.

– Você não me ama mais papito? – perguntou ela com a voz tremula pelo choro.

– Claro que amo, por isso preciso te deixar aqui por um tempo. Ajuda o papai a te proteger.

– A Emma disse que os pais não voltam. Por que mentiu pra mim, disse que iríamos para a Disney. Aqui eles vão me prender num porão de castigo e vão me deixar sem comida. Você vai deixar fazer isso comigo?

– Eles não vão te maltratar eu jamais deixaria alguém fazer isso. Fica, por favor!

– NÃO. – Teimou me abraçando forte. Não tive outra alternativa a não ser deixá-la chorando e ir. Helena se agarrou firme em meu pescoço, Fabiana tentou me ajudar mas parece que a força de minha filha se triplicou. Ela gritava sem parar. Eu já não tinha forças para continuar, meu emocional estava completamente abalado. A freia a puxava sozinha de meu colo, Helena se agarrou a gola da minha blusa, retirei suas pequenas mãozinhas dali e sai decidido a não olhar mais para trás mas foi em vão. Era uma dor insuportável me afastar ouvindo o choro de minha pequena. Quanto já estava no portão dei uma última olhada para trás, Helena havia mordido irmã Fabiana e corria outra vez em direção. Não a esperei, sai imediatamente dali e entrei em meu carro. Ela estava parada no portão com aos prantos com as bracinhos esticados me chamado. Aquilo arrebentou meu coração, liguei meu carro e a deixei ali sendo amparada por Emma.

#FLASHBACK OFF

Enquanto recordava deixei algumas lágrimas escaparem. – Eu sofri muito Helena, não era o que eu queria mas foi necessário.

– Não mais que eu pai. Fiquei aquele dia inteiro sentada ali no portão te esperando voltar. Meus dias passaram a ser assim, sempre nos intervalos das aulas eu ia pra lá te esperar. Passei dois natais, dois dias dos pais esperando-te para te entregar meus presentes e cartinhas, dois aniversários perdidos te esperando naquele maldito portão. Foram dois insuportáveis anos vivendo assim, dois anos jogados fora, foi aí que me cansei. Aos meus seis anos comecei a dar ouvido às palavras de Emma de que você nunca mais iria voltar. Simplesmente me cansei de te esperar e acreditar nas suas mentiras. Coloquei em minha cabeça que além de minha mãe eu também havia perdido meu pai, que eu estava sozinha no mundo. Conforme fui crescendo a esperança foi se apagando em meu peito e aos meus 18 anos ela estava completamente morta. Saí do internato fiz minhas faculdades e segui minha vida até ter a péssima idéia em voltar pra cá. Quando te liguei você nem reconheceu minha voz.

– Eu te entendo, mas sempre estava de olho nos seus passos você nunca estava sozinha apesar deu estar longe. Se eu não reconheci sua voz foi porque desde seus 6 anos de idade você parou de se comunicar comigo, não atendia minhas ligações, não respondia meus e-mails e nem cartas. Você cortou qualquer contato que eu pudesse ter contigo.

– E o que você queria? Que eu ficasse escutando suas mentiras por telefone? Que eu ficasse me enganando? A gente poderia ter contato sim, mas foi você quem não quis fazê-lo. Você nunca quis me visitar. Por que isso? Por quê não quis voltar a me ver?

– Por motivos que irei te contar, mas antes saiba que te visitar era o que eu mais queria todos esses anos. Vou doloroso demais de deixar ali e a cena que me faz chorar até hoje era te ver chorando naquele portão com os bracinhos esticados chamando por mim. Por pouco não desisti de tudo, mas graças a Deus fui forte. Seria loucura manter-te ao meu lado sabendo o risco que corria.

– Que risco é esse que tanto falas?

– Filha, se lembra que no dia em que sua mãe morreu você insistia aos policias que havia uma mulher escondida olhando tudo que se passava na casa naquele momento? E que, no entanto eles não acreditaram que essa mulher poderia estar envolvida? Que era coisa da sua cabeça, que estava traumatizada.

– Sim, mas eu vi sim uma mulher.

– Então meu amor, aquela mulher fez ameaças contra sua vida e eu não podia deixar que tivesse o mesmo destino que sua mãe, por isso te levei pra Suíça. A perícia não encontrou rastros de outra pessoa e aqueles bandidos assumiram a culpa sozinhos. Helena aquilo não foi exatamente um assalto, eles entraram em nossa casa para matar Cristina e a você também.

– Foi por pouco que não morri... – faço uma pausa. – Talvez seria melhor se tivessem me acertado.

– Não diga isso porque me machuca.

– Continua quero saber de tudo.

– Dois dias do ocorrido comecei a receber ligações de ameaças contra você, essas ligações eram freqüentes e como você recebia apoio até de desconhecidos devido a repercussão na imprensa, você ganhava flores, brinquedos e doces e foi aí que aconteceu o primeiro acidente. Uma caixa de chocolates foi deixada em nossa nova residência. Você não comia direito há dias e essa maldita caixa fez seus olhinhos brilharem, Helena você foi parar mo hospital por envenenamento. Aquela desgraçada ligou debochando para perguntar se você já havia morrido e foi aí que tomei a decisão de te levar pra longe.

– Essa mulher é a Tereza né pai? A mãe do Renê

– Sim filha é ela mesma, só descobri que ele era filho dela quando recebi essa carta. – falo me esticando-a a mim.

– Que carta é essa? – pergunto pegando

– Leia. – ele disse.

#Carta On

Se lembra de mim? Sumi por um tempo, mas agora voltei com tudo. Já sei que sua filhinha Helena está de volta ao país, e você sabe o quanto a odeio. Odeio tanto quanto odiei a mãe dela. Você foi inteligente e soube esconder essa maldita muito bem, a protegeu de mim, sorte tua senão ela teria o mesmo fim que Cristina...Bom, chega de rodeios, lhe envio essa carta com o fim de que você proíba o romance de sua filha com Renê, ao contrário farei Helena derramar lágrimas de sangue.

#Carta Off

– Pai eu...

– Entende agora porque pedi para que se afastasse do Renê e o porquê te afastei de mim?

– Eu... eu não sei o que dizer! – digo chorando.

– Não diga nada, apenas me abrace. – pediu.

– Me perdoa papai. – o abracei........

– Claro que sim minha pequena. Eu te amo muito.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam