– Tentei ligar outras vezes pra Helena, mas como antes só dá caixa postal. Dei as 3 primeiras aulas e depois fui até o apartamento dela, encontrei Júlio parado na porta apertando incessantemente a campainha. – Oi Júlio, bom dia! – cumprimento-o.

– Oi Emma, você sabe da Helena? Liguei pro Renê ele disse que ela não havia aparecido na escola e ontem passei aqui para buscá-la para jantarmos juntos não a encontrei, o celular ela também não atende.

– Renê e Helena terminaram o noivado, hoje pela manhã ele até aceitou sair com a Suzana, e com Helena também não consigo falar.

– Onde será que ela está Emma? – pergunto preocupado. - A moça desse apartamento saiu ontem à noite. – disse um vizinho que escutava nossa conversa. Sabe pra onde ela foi? – pergunto. - Não! – respondeu ele. - A vizinha da frente disse que a viu chegando hoje de manhãzinha toda molhada! – disse um garotinho que passava por ali. Toquei a campainha outra vez.

– Que agitação é essa?

– Ai Maria, que bom que chegou, tem as chaves da porta? Acho que minha irmã está aí dentro e não quer nos atender.

– Tem sim menino Júlio.

– Abre logo então. – olho para Emma e a vejo aflita. – O que foi Emma? Não precisa mais se preocupar, Maria abrirá aporta.

– Nada não! – minto, estou morrendo de medo de entrar nesse apartamento e encontrar Helena morta estirada no chão, sempre que acontecia algo que ela não agüentava suportar ela tentava suicídio, isso já aconteceu umas três vezes. – Emma, Emma! – Júlio me sacode, tirando-me dos pensamentos. - Oi! – respondo voltando a terra.

– Entre, o parta já está aberta. Fomos até o quarto, encontramos Helena dormindo agarrada à seu cachorrinho e enrolada em várias cobertas. Ma aproximo e averiguo sua temperatura. – Está com um pouco de febre! – digo olhando pra Emma que chorava ao ver Helena assim. – Por que está chorando? Ela só está com um pouco de febre.

– É que não gosto de vê-la assim, tão carente como antes. Descobri um sorriso tão bonito e uma risada tão gostosa em minha amiga, que não quero que perca. Você não sabe como era difícil colocar Helena pra cima, animá-la para sair quando ela entrava em depressão.

– Não vamos deixar que ela perca a vontade de viver! – coloco as mãos no ombro de Emma. – Vamos pra sala e esperar que ela acorde e nos conte onde passou a noite.

No comecinho da tarde, despeitei com uma tremenda dor de cabeça. Me levanto devagar e vou até o banheiro. Olho-me no espelho e vejo que meu nariz sangrava, suponho que seja uma veia que se rompeu. Limpo-me e volto para o quarto, abro as cortinas, procuro algo interessante para fazer, não encontro nada. Abro o guarda-roupas e começo a juntar as coisas de Renê para devolvê-lo, coloquei tudo em uma mala inclusive todos os presentes e cartas que trocamos, de todos só não entregarei o Juquinha, meu urso de pelúcia que me presenteou quando fizemos três meses de namoro. Peguei também o buquê de rosas e a caixa de chocolates que ele havia deixado ontem. Terminado tudo fui até a cozinha comer alguma coisa, faz praticamente 24h que não como nada. - Que susto Helena, pensei que tinha ingerido várias calmantes para dormir! – diz Emma aliviada.

– Verdade, ela estava inquieta já estava quase se levantando para ir te acordar! – Senta aqui pra comer Lena. – digo apontando para a cadeira.

– Não Júlio, vou comer somente umas bolachas e um copo de suco.

– Nem pensar, vai almoçar assim como os outros, você precisa comer coisas saudáveis, ultimamente andas bem fraquinha, vou até a cozinha buscar um prato pra ti.

– Não Maria! – digo manhosa.

– Amiga, eu reparei mesmo que tem passado mal, será que está grávida?

– Não Emma, isso está fora de cogitação, faço uso de anticoncepcional. – afirmo.

– É, mas você lembra daquela vez que engravidei, eu usava anticoncepcional.

– Lembro, pena que perdeu o bebê.... você esquecia muitas vezes de tomar a pílula.

– Júlio, você que está prestes a se tornar um ginecologista, pode acontecer de uma mulher engravidar mesmo fazendo o uso de pílulas? – pergunto.

– É raro mas pode acontecer. Geralmente acontece devido ao uso incorreto do medicamento.

– No meu caso tomo direitinho. Gostaria muito de ser mãe só que agora não é o momento certo. – falo um pouco triste.

– Amiga por favor, não mergulhe numa depressão por conta do fim desse relacionamento, ele não te merece- deito minha cabeça no ombro dela. – A Su...- Júlio me chuta a canela, olho pra ele que faz sinal para que não conte que Suzana e Renê sairão juntos.

– Vou ficar triste por um dias, vou chorar do nada, mas te garanto que não morrerei por conta dele, vou seguir minha vida em frente mesmo que me custe muito. Como ficou sabendo que eu e Renê terminamos?

– Ele me disse! Qual foi o motivo?

– Não importa! Vamos mudar de assunto, preciso esquecê-lo. – terminamos de comer, Júlio e Emma insistiram para que saíssemos um pouco para me distrair, recusei. Então ficamos a tarde toda jogando cartas. (...)

.................

Estou parado diante à casa de Suzana, impaciente pela demora. Olho no relógio e já são oito e meia da noite, bufo e minutos depois ela aparece.

– Desculpa a demora Renê, queria ficar bem bonita pra você. – falo dando uma voltinha.

– Vamos! - desencosto do carro e entro.

– Deveria ser mais cavalheiro e ter aberto a porta pra mim! – reclamo colocando o cinto de seguranças.

– Suas mãos caíram? – pergunto irônico.

– Grosseiro, não vou dar ouvido as suas ironias. A qual restaurante vamos?

– Qualquer um desde que tenha comida. – dou de ombros e sigo até o restaurante.

– Lembra daquela vez que viajamos para sua casa de praia?

– Sim. Foi um dia bem chato e cansativo.

– Nossa Renê que mal humor, te chamei para se distrair e não para me dar patadas ou reclamar de tudo.

– Desculpa, é que.......desculpa. Melhor fazermos nossos pedidos. – pego o cardápio. – Que tal dividirmos uma lagosta! – pergunto tentando ser gentil. Se eu quero mesmo voltar com Suzana tenho que tentar ao menos ser agradável.

– Aceito! Vejo que não esqueceu que esse é meu prato preferido. – digo colocando minha mão por sobre a dele que sorri, começo a acariciar os nós de seus dedos....