Eu era feliz, se é que entediada mortalmente todo dia naquela merda de orfanato podia ser chamado de felicidade, mas deixa pra lá. Meu nome é Thalia Grace, tenho doze anos e amanhã é o meu aniversário, eu nunca fiquei empolgada por ele mas eu sentia que ele seria... movimentado.

Eu tinha uma aparência normal, cabelos pretos até a cintura e repicados, não era muito alta mas também não era pequena, mas o que eu mais gostava era dos meus olhos, eles eram pretos como a noite com um círculo castanho claro em volta, mas eu tinha muitos problemas, eu tinha TDAH e era disléxica. Eu morava no orfanato desde que tinha um ano, já passei por várias casas mas sempre acabava voltando pra cá, entenda, coisas estranhas aconteciam comigo quando saía do orfanato, sempre achavam que tinha sido eu que causara essa coisa e me mandavam direto para cá, como na vez em que minha nova família havia batido o carro pois um raio havia caido na frente e algo se jogou no vidro, ou quando estávamos quase na frente da nova casa e coisas estranhas começaram a nos perseguir, ou na vez em que estava entrando no metrô e houve uma inundação do rio East. Sim, eu morava em Manhattan. Mas eu não era estranha por essas coisas terem acontecido, eu era a estranha porque era a punk do orfanato além de não ter muitos amigos, que na verdade, meus amigos se resumiam em um garoto, Percy Jackson era como meu irmão, ele tinha olhos verdes que me lembravam o mar e cabelos pretos, ele também foi muitas vezes mandado de volta pois com ele também aconteciam coisas estranha quando saía e também tinha TDAH e era disléxico, ele veio para cá quando nasceu, e tinha minha idade. Nós dois aturávamos qualquer um do orfanato desde os valentões até o diretor do orfanato, Paul que me deixava com muito tédio e sono, mas sempre nos divertíamos falando mal dele e zoando de tudo que ele fazia.

Todos os dias aconteciam as mesmas coisas, nós acordávamos, íamos pra escola, almoçávamos, os valentões e as patricinhas vinham brigar com a gente e depois se fingiam de santos, íamos para a sala do diretor, voltávamos para o orfanato, Paul nos repreendia, nos tirava o jantar e dormíamos. Toda bosta de dia era a mesma coisa.Isso já estava me cansando.

No outro dia. Thalia e Percy acordam com um salto e percebem de cara que algo estava errado mas ele disse mesmo assim.
-Bom dia Thalia, feliz aniversário.
Descemos para tomar café e encontramos a cozinha deserta, só há Paul que está virado de costas para nós.
- Bom dia crianças.- diz ele rouco, eu e Percy nos olhamos, ele não era Paul, Paul não era gentil.
- O que você fez com ele? - Pergunto de cara, não me importando se era burrice.Mas ele ri, uma risada rouca e cortante.
- Você é inteligente Thalia, ficarei honrado em ter vocês dois semideuses para o almoço. -dizendo isso ele se virá para nós, que arfamos diante da visão horrível dele, tinha os olhos totalmente pretos, que lembravam os de uma caveira, sua boca estava costurada mas presas enormes saiam da costura, sua pele estava cinza e os dedos das mãos e dos pés tinham garras afiadas. O que nós fizemos? Corremos. Para fora. Deixando para trás o orfanato. E nossas vidas calmas e entediantes.