Um gato, uma garota escrita por CottonCandy


Capítulo 2
O homem de punhos cerrados,


Notas iniciais do capítulo

A partir daqui a história começa de verdade.
Consegui publicar mais cedo por que estou numa fase de calmaria nos estudos... :x
Espero que gostem.



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Agora que paro para relembrar tudo percebo que os primeiros problemas começaram de forma silenciosa, talvez ainda no interior de cada um na casa, talvez até bem antes, em algum dos casos extraconjugais do pai de Catlyn. Era um segredo, ninguém sabia, até aquela noite praticamente normal.

– Está indo atrás dela não está Patrick? Eu sei, agora eu sei – disse Judith desolada sentada a mesa enquanto Patrick atravessava a sala, – fale comigo cretino! Está indo ver aquela maldita vadia não esta?

As mesmas gritarias durante a maioria das noites, o homem, no entanto, por incrível que pareça mantinha-se calmo e nada dizia, atravessava a porta e ia embora. Com o passar do tempo, ele acabou não voltando mais no mesmo dia. O que me leva a uma certa curiosidade pelo o que Catlyn pensava, mas afinal, ela não parecia muito interessado em saber o que acontecia.

Ultimamente Cat tem seguido em parte o exemplo do pai, não a parte ruim em si, mas ela estava saindo todas as noites, antes das discussões. Ouvi sem querer uma de suas conversas com a mãe que ela estava saindo com um cara, o que não era mal, conhecer outras pessoas é bom, já havia completado alguns meses desde que seu namoro havia terminado e não havia contras em tentar outro.

Ele se chamava August, era o que dizia Cat.

Um pouco sobre o “cara”;

Alto e magro, ruivo,

Tinha um pouco de sardas,

Mas era bonito, tinha olhos claros,

Catlyn gostava dele,

Não posso dizer o mesmo quanto a mim.

As manhãs, no entanto, se mantinham sempre a mesma coisa. Eu e Nixon, no gramado, com nossas conversas silenciosas na qual nenhum tolo humano podia interferir – o que era de bom agrado.

“Então o que acha?” pergunto, mantendo a postura indisposta e de olhos quase fechando. Esta manhã em questão esta mais quente.

“August é um bom rapaz para Catlyn” responde Nixon entre arfadas maiores que o normal, deve sentir a mesma intensidade de calor que eu sinto, talvez sua gordura seja tão quente quanto o meu pelo espesso.

“Não quanto a isso, e não me venha com essa, não o aceito na minha casa”

“Sua casa? Da sua dona. Ele é um bom rapaz... que seja. O que era então?”

“Os pais de Cat, não sei bem o que esta acontecendo”

“Eles não vão bem, é o que tenho certeza, e não terminaram bem”

“Como?”

“Divórcio”

Certas noites para meu desagrado, August vinham para casa, sentava-se no sofá e assistia a um filme com Catlyn... Podia até não passar de puro instinto de gato, mas estava lá, sentia o cheiro, e gatos nunca se enganam quanto a isso, acredito que quase nenhum animal na verdade. August não gostava de gatos, e duvidava de seu gosto quanto a outros animais, o que se mostrou verídico quando “sem querer” sentei em seu colo e o arranhei. Bastou uma frase e uma ação para tudo acabar.

A frase;

Saia daqui sua bola asquerosa

A ação;

Um empurrão nada delicado.

Um indivíduo que mal consegue gostar de animais, mal se aproxima de simpatizar com outros humanos. Foi o melhor para Catlyn, digo isso por que ela não sentiu remorso ao o expulsar e mandá-lo tomar naquele lugar nada agradável. Não para ele, mas bastante satisfatório para meu ego de imperador.

Essa noite em questão foi uma doce alegria, eu e Catlyn, muitos afagos restantes, e um filme inteiro pela frente. No entanto o que mais me irrita quanto a passagem do tempo é algo simples... No final tudo passou depressa demais.

Não demorou muito até que as discussões culminassem, até Patrick se irritasse.

Foi de forma abrupta que começou, e foi de forma trágica que tudo terminou, e quando tudo finalmente chegou ao fim, me peguei em um final trágico...

– Cale ao menos um minuto essa boca imunda, mulher – o estralar do tapa, a confusão e novamente outro, desferido em fúria.

– Como você pode? – ela falou entre dentes cerrados, – seu homenzinho sujo – e suas palavras foram interrompidas pelos punhos cerrados do homem contra sua boca, ela caiu ao chão, e os filetes vermelhos escorreram em gotas quentes e vívidas. O homem de punhos cerrados ainda não havia cessado, seu orgulho masculino não esta satisfeito. Ele transpassou seus dedos pelo cabelo de Judith forçando-a a se levantar.

– Olhe para mim, – ele transpassou seus dedos pelo cabelo de Judith forçando-a a se levantar. – Olhe para mim, preste atenção, hum? Esta prestando atenção?

Ela afirmou devagar com a cabeça, sua boca estava encharcada em sangue.

– Vou embora dessa maldita casa, não quero te ver nunca mais, a não ser no escritório de nossos advogados, entendeu, não? Divórcio vadia.

– Vadia é a cretina que você come todas as noites, – ela escarrou e cuspiu o sangue em sua boca diretamente na face dele, – filho de uma prostituta.

E mais um último punho foi marcado em sua face que se esfacelou no chão frio da cozinha. Ele se foi pela porta da frente e Judith se manteve ao chão, gemendo baixinho, mantendo o choro baixo para que não acordasse Catlyn.

O sangue se misturou ao sal de suas lágrimas e imagino o exatamente o que se passa em sua cabeça; sua vida, infância, sua mãe e seu pai, seus irmãos, o colegial, onde conheceu o amor, a faculdade, a gravidez inesperada, o casamento, a filha, o abandono. E o fim. O seu fim.

Um pouco mais antes de tudo;

A mãe era forte, tão forte quanto sua filha,

Mas para tudo havia um limite,

Para toda força havia um abismo

Para todo amor de mãe havia uma ponta de egoísmo...


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