Once Upon a Time - Lua de Sangue escrita por log dot com


Capítulo 2
O Chamado do Lobo


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês o///



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Era um dia normal para Ruby. Ela levantou cedo para ajudar sua avó a arrumar a lanchonete. Era uma das coisas que ela mais gostava de fazer, apesar de suas constantes reclamações. Ela sentia-se mais humana quando estava com Granny, sentia-se feliz por estar em comunhão com alguém.

As pessoas começaram a se reunir logo de manhã. O assunto era o mesmo: a Bruxa Má do Oeste. Regina tinha feito o anúncio ainda naquela manhã, junto com o aviso de que pessoas estavam sendo transformadas em macacos voadores pela feiticeira.

Os múrmurios estavam em toda a parte na lanchonete. Os anões criticando duramente a Bruxa, todos debatendo entre si que morador de Storybrooke poderia ser essa criatura maléfica. Alguns dos Homens Alegres, aqueles que sempre estavam com o ladrão, Robin Hood, também conversavam muito sobre o assunto. Segundo eles, um dos seus tinha sido transformado em macaco. Algo como Pequeno John, ou John Pequeno…

Ruby não queria saber. Ela já tinha visto muitas coisas ruins acontecerem para ficar prestando atenção nas desgraças alheias à sua vida.

—Ruby!! Ruby!! - Disse alguém que se aproximava do balcão. Ruby reconheceu a pessoa imediatamente.

—Senhor Mitchell…? Quer alguma coisa? - Disse Ruby, olhando de cima a baixo o homem à sua frente. Pai de Thomas, marido de Ella, uma de suas melhores amigas.

Mitchell suspirou. Seus olhos expressavam medo, pavor, como se algo muito ruim tivesse acontecido.

—O quê aconteceu? - Perguntou Ruby, encarando-o. Ele suspirou mais uma vez, até falar:

—Você sabe onde Thomas e Cinderella podem estar?

Ruby ficou um pouco confusa. Thomas e Ella moravam na casa de Mitchell… Onde mais eles poderiam estar?

—Senhor Mitchell… Como?

—Eles sumiram. Meu filho, sua esposa… E a criança. O bebê sumiu também. - Ele estava desesperado, e Ruby conseguia farejar loucura vindo dele.

—Sumiram? Mas…

Mitchell suspirou, e rugas de cansaço apareceram em seu rosto.

—Não sei. Só sei que no meio da noite alguém bateu na porta de casa… Aí eu ouvi barulhos de luta… Alexandra chorando… De repente, quando desci as escadas, não tinha ninguém. Nem Cinderella, nem Thomas, nem a pessoa que bateu na porta… Nem o bebê…

Ruby percebeu a hostilidade com que Mitchell pronunciava o nome de Ella. A garota sabia bastante sobre a história de sua amiga, e sabia que o sogro da mesma não gostava muito dela. Segundo Ashley, ela era “um mal necessário na vida do filho daquele homem”.

De repente, o rosto de Mitchell ficou sombrio.

—Você viu o pronunciamento de Regina? Sobre a Bruxa Má? Sobre pessoas sendo transformadas em macacos… Ai meu Deus… Você acha que… Thomas, meu filho… É agora um… Macaco?

—Não!! - Ruby respondeu, incrédula. Não, aquilo não era uma possibilidade. Não fazia sentido algum. Segundo os rumores, só era transformado em macaco voador quem tentasse sair de Storybrooke. E pelo que Mitchell falava, nem Thomas, nem Ella, nem Alexandra haviam deixado a casa.

—Acho que devemos falar com Regina. - Disse Ruby, olhando para o rosto desesperado do homem à sua frente.

Incrédulo, ele respondeu:

—Nunca que eu vou confiar naquela… Ela é uma bruxa!! UMA BRUXA!!! - Agora ele quase gritava com Ruby. Seus olhos estavam bem vermelhos, mas Ruby não temia Mitchell. Ela era um Lobo. E Lobos não têm medo de suas presas.

É o contrário.

—Bom, então acho que vamos ter que falar com Emma.

A raiva se dissipou do rosto de Mitchell, sendo substituída por incredulidade.

—E-Emma? A Salvadora? Mas ela…

—Sem mais. Vamos falar com Emma. - Ruby saiu então do balcão, e disse à Granny que precisava sair. Depois, pegou seu casaco vermelho, e seguida por Mitchell, foi ver a filha de Branca e Encantado.

***

—Como? Ashley sumiu? - Emma parecia tão incrédula quanto Ruby ficou quando ficou sabendo. A garota assentiu lentamente.

Emma estava realmente muito ocupada. Havia pouco tempo, ela tinha descoberto junto à Regina que Storybrooke estava sendo ameaçada pela Bruxa Má do Oeste. Agora, em plena manhã, ela tinha que lidar com o fato de seu filho desmemoriado pensar que ela apenas veio fazer um serviço comum nessa cidadezinha comum.

Henry nunca poderia imaginar que a mulher com que Emma falava era, na verdade, a Chapeuzinho Vermelho. Nem que, há poucas horas, ele havia conhecido seus avós, a Branca de Neve e o Príncipe Encantado, e apertado a mão da Rainha Má.

Não, não era algo que Emma gostaria de dizer para seu filho cético de treze anos.

—Acha que a Bruxa Má pode ter alguma conexão com isso? - Perguntou Ruby, esperançosa de que Emma lhe assegurasse que não.

Mas Emma não podia.

Sua vida estava uma confusão de bruxas, maldições, magia e poções. Não seria nada surpreendente se Cinderella e seu marido tivessem sido raptados para a conclusão dos objetivos maléficos da Bruxa Má.

—Ruby… Entenda que nenhum de nós em Storybrooke tem a mínima noção do quê aconteceu no período de 1 ano na Floresta Encantada. Quer dizer… Quem pode me garantir que Ashley não se meteu em alguma confusão por lá e acabou irritando a Bruxa Má? Quer dizer…

—Tudo bem - Ruby havia entendido. Emma estava de mãos atadas naquela situação.

Ruby ajeitou-se para ir embora, mas algo pesou no coração de Emma. De alguma maneira, ela era a Salvadora. Seu papel era salvar pessoas. E ela não o estaria cumprindo bem se simplesmente deixasse Ruby ir.

—Espere!! - Disse Emma. - Acho que posso lhe ajudar.

—Como? - Ruby lhe parecia esperançosa.

—Cinderella, na história, tem uma madrasta. Você não suspeita que talvez...

Ruby não parecia completamente satisfeita, mas aquilo era o máximo que Emma poderia fazer para ajudá-la. Então apenas agradeceu e saiu.

Quando Ruby abriu a porta para sair, Emma enxergou um homem parado na soleira da porta. Devia estar na casa dos quarenta anos. Tinha os cabelos grisalhos e a cara amarrada.

Emma se lembrou imediatamente dele. O pai de Sean (ou Thomas, Emma não conseguia decorar todos os nomes/alter-egos daquele lugar), sogro de Ashley.

“Como era mesmo o nome dele?”, se perguntou Emma mentalmente. Mas não importa. A primeira impressão que ela teve daquele homem foi a pior de todas. Um homem que encoraja o filho a não assumir seus erros (e principalmente, seus filhos) não é um homem.

Pelo menos não na concepção de Emma.

Ela viu então a porta se fechar e suspirou fundo. Seu retorno à Storybrooke estava ficando cada vez mais cansativo.

***

—Você acha que consegue farejar Tremaine, Ruby? - Perguntou Leroy com sua expressão emburrada de sempre. A garota tinha reunido algumas pessoas para ajudá-la a salvar sua amiga. Alguns anões e fadas, além de Mitchell.

Ruby assentiu.

—Se eu entrar na sala em que Ashley esteve pela última vez, eu talvez consiga farejar seu cheiro e o de Thomas. Com sorte, o de Tremaine também.

—Pois quando eu encontrar aquela… Eu vou esmagá-la como um inseto! - Ruby esmagou um inseto invisível no chão com força.

Zangado pareceu aprovar a violência de Ruby, mas a Madre Superiora a olhou de maneira apreensiva.

—Não vamos fazer nada de mal com a mulher. Tremaine é só alguém que precisa ser salva, um alma serva do mal que precisa vir para o bem. Não vamos violentá-la, nem matá-la, nem nada assim. Correto? - O tom da Madre parecia estar fazendo a pergunta a todos, mas Ruby sabia que aquele aviso era para ela.

Ou melhor, para a fera selvagem dentro dela.

—Vamos logo para a casa de Mitchell!

***

—Glenn? - Perguntou Tremaine, apreensiva. Glenn a assustava, embora a mesma não gostasse de admitir. Principalmente aquele cabelo, metade branco, metade preto, era como um reflexo sobre o que havia no interior daquela mulher. Loucura. Podridão. Morte.

Ela havia trazido Cinderella, Thomas e Alexandra para uma casa abandonada no meio da floresta, igual Glenn tinha ordenado. A casa era invisível por fora e protegida por magia, e seu tamanho era equivalente a de uma mansão.

Ela era toda suja. Noventa e nove por cento era composta de teias, ratos e baratas. Quase não haviam móveis, exceto por uma ou outra cômoda, e ocasionalmente se encontravam lustres pendurados nas paredes.

Aquele cômodo era um quarto imundo, iluminado apenas por velas que estavam dispostas em um círculo, no qual Glenn ocupava o centro. Tremaine viu sangue no chão, e concluiu imediatamente que um ritual estava acontecendo.

—Sim? - A voz dela era um misto de raiva e desprezo. Tremaine engoliu seco.

—Você conseguiu trazer Anastasia?

Glenn riu, o desprezo agora visível em sua voz.

—Nunca foi minha intenção trazer Anastasia. Mas consegui trazer alguém que pode lhe interessar… - Respondeu Glenn. Então Tremaine percebeu a figura encolhida no chão, e reconheceu-a imediatamente. Os cabelos castanhos escuros, os olhos inteligentes e sagazes que haviam conquistado sua filha, aquelas roupas estranhas…

—Will Scarlet… Como o mundo dá voltas. - Sussurrou Tremaine, seus olhos brilhando de ódio.

Emoção por saber que, muito breve, ela teria sua vingança.

—Aliás, Tremaine… Não quero mais que me chame de Glenn… - Disse Glenn, com uma risadinha carregada de escárnio.

—E como deve lhe chamar… M-Milady? - A voz de Tremaine tremia pela emoção de, depois de tantos anos, ter reencontrado Will Scarlet. Aquele fedelhozinho desgraçado…

—Me chame de Cruela.

“Cruela de Vil”.

***

Ashley estava jogada no canto do quarto, acorrentada nos pulsos e nos tornozelos. Thomas estava em igual situação, exceto pelos cortes que sangravam em seu rosto.

Alexandra estava em outro quarto, provavelmente nas mãos de Tremaine. Ou de sua companheira tão repulsiva quanto ela.

Quando a garota acordou, estava num quarto escuro e imundo. Tecnicamente, ela ainda estava lá. Desesperada. Faminta.

Lentamente, Ella pode sentir os momentos da infância voltando: os castigos de Tremaine quando ela executava alguma tarefa de forma errada; quando ela esquecia de limpar o cantinho da lareira; quando ela a colocava para dormir fora de casa quando nevava…

“Gata Borralheira, traga meu chá!!” - Dizia Tremaine, impiedosa. E Ella trazia, mesmo contra sua vontade. Não houve um dia que Tremaine deixou de derrubar o chá no chão de propósito e dizer: “Oh, Borralheira imunda… Vá buscar outro chá para mim! E aproveite e limpe esse chão… Estou vendo um pouco desse nojo que você chama de chá nele…”. E ela ria. Ria com a expressão de sofrimento no rosto da garota, ria às custas dela.

Seu coração pesava. Ela falhara como esposa. Falhara como mãe. Falhara ao deixar Tremaine raptar todos que ela mais amava.

E estava prestes a perder todas as esperanças. Mas então ela ouviu o uivo de um lobo. Um uivo agudo, quase como um guincho de dor. Um uivo que significava muito mais a Ella do que a expressão em seu rosto dizia.

O Chamado do Lobo. Era um tipo de “protocolo” entre os lobos. Se um do bando estivesse em perigo, ele chamava os outros por uma espécie diferente de uivo. Então, os lobos se comunicavam por uivos, agindo em comunhão. Ruby uma vez contara à ela sobre aquilo.

Ashley percebeu que o uivo era um sinal. Um sinal de quê tudo ficaria bem.

Os reforços estavam vindo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e comentem o quê acharam, se puderem. Eu agradeceria XD