Capitulo 1 - futuro 

 

Todos sabiam como eu odiava o 2º grau, suportava com muito esforço o barulho e a movimentação dos alunos adolescentes e cheios de hormônios, me sentia entediado a não ser pela presença de Bella, Charlie não permitia sua saída após os horários da escola principalmente comigo. Afinal foi por minha causa que ela fugiu de casa e foi para a Itália. À volta para Forks não foi tão difícil assim, mesmo com os olhares curiosos caindo sobre nós eu suportaria tudo por ela. Os alunos da escola secundarista pareciam ver um fantasma, Mike Newton me olhava como se quisesse me fulminar, alias não só olhava pensava também.

 

Desde que voltamos tenho pensado em Aro e nos Volturi, a idéia de transformá-la em um ser sem alma doeria em meu coração se eu tivesse um. Eu não queria roubar sua vida, sua essência, retirar seu calor e deixar de ver seu rosto ficar vermelho cada vez que eu a olhava. Eu não queria perde-la, definitivamente não queria.

 

Eu sabia que mesmo fugindo mais cedo ou mais tarde eles nos encontrariam, pensei em levá-la para a ilha Esme e passar o resto dos seus dias lá ao meu lado. Era errado eu sabia desejá-la tanto, por sua vida em perigo a todo o momento, mais o sentimento era mais forte do que eu, mais forte do que qualquer outro que eu já havia sentido. Ouvia o pensamento dos alunos desinteressadamente, porém o único pensamento que eu queria ler...eu não conseguia e isso era realmente frustrante. Mesmo conseguindo decifrar seus pensamentos pelo seu rosto, ainda sim a parte que permanecia obscura me intrigava tornando-a ainda mais tentadora.

 

As tardes demoravam a passar quando não estava com Bella, às distrações com meus irmãos eram muito divertidas e todos se surpreendiam com meu excelente humor – Deixou o mau-humor atrás da porta? – brincava Emmett, meu olhar o fulminava a cada brincadeira e a cada piada, porém lá no fundo eu gostava do bom humor do meu irmão, agora eu o entendia conversar com ele era como conversar com uma criança, os jogos de xadrez com Alice eram muito rápidos jogávamos dezenas de partidas em apenas alguns minutos e nos divertíamos muito. Com Rosalie era difícil conversar minha irmã loira tinha uma grande dificuldade em compartilhar de algum momento que não fosse consigo mesma e com seu espelho, confesso que uma vez pensei em colocar cola em seu cabelo mais acabei desistindo se quisesse ver meu carro inteiro e casa ainda no lugar, Jasper era mais sério, nos treinávamos um tempo durante minhas tardes vazias também, isso ajudava o tempo a passar mais depressa.

 

Meus pais ainda pareciam um pouco preocupados, eu tentava não ler suas mentes para dar-lhes um pouco de privacidade. Esme acreditava que transformar Bella seria a melhor forma de poupá-la do que todos acreditavam estar por vir. Para mim estava tudo bem agora que Bella estava comigo.

 

Estacionei o carro na frente da casa dela, a chuva caia fortemente, decidi esperar um pouco no carro antes de bater na porta, ouvia as vozes dentro da casa, Charlie dizia que iria liberá-la do castigo se ela fosse procurar Jacob Black, o vira-latas que queria roubá-la de mim, ainda sim devia muito a ele, ele a manteve viva. Parei para ouvir a resposta de Bela quando ouvi Charlie perguntar – você não sente nem um pouco de saudades dele? – sua voz tinha um tom severo.

 

-Sim, eu sinto saudades dele – havia tristeza na voz dela ao responder, e em meu coração podia constatar que ela sentia algo por aquele Cachorro, eu podia sentir isso no tom das suas palavras, eu era o culpado pelo seu sofrimento. Uma raiva imensa subiu a minha cabeça quando imaginei o tempo que eles passaram juntos depois que parti, aquele foi o maior erro que eu cometi em um século de vida. Seria normal se ela tivesse reconstruído sua vida e não me aceitasse de volta, melhor com o vira-lata que com Mike Newton pensei tentando imaginar a cena e logo descartei a idéia, cachorros muito crescidos eram perigosos, muito perigosos. Em relação a Mike não gostava da forma como ele pensava nela, com cobiça, desejo...não o culpava eu também a desejava, havia no entanto uma diferença entre nós ele era humano eu não.

 

A conversa continuou lá dentro e eu me concentrei para ouvir o que se passava na casa – Com Jacob existe um conflito – ela disse – Eu quero dizer um conflito sobre a coisa da amizade. A amizade não parece ser o suficiente para Jake – as últimas palavras me fizeram rosnar de raiva, aquele cachorro pulguento iria ver da próxima vez que eu o encontrasse.

 

- Será que Edward não esta afim de um pouco de competição saudável? – perguntou irônico.

 

- Não tem competição - o tom de voz dela era nervoso.

 

- Você está machucando os sentimentos de Jake evitando-o desse jeito, ele iria preferir ser seu amigo a nada - aquelas foram as ultimas palavras que escutei. Esperei um pouco ate a conversa mudar de rumo, não queria saber que ela sentia falta dele, aquilo...doía. Aumentei o volume do som e tentei ignorar a conversa que estava acontecendo lá dentro, estava impossível, ouvi cada palavra dita por Charlie enquanto ele exigia que Bella procurasse seus amigos e também Jacob Black, dessa parte a única que eu concordava era que ela deveria ter mais amigos, assim ela tiraria a idéia fixa de se transformar num monstro. Como eu!

 

-Então... - ouvi ele falar e antes que pudesse terminar a frase mesmo em seus pensamentos eu estava de pé diante da porta – quais são os planos de Edward pra o futuro? – diante do silêncio de Bella decidi que aquela era à hora de interferir e salvá-la do interrogatório de Charlie. Bati três vezes de leve na porta, porém alto o suficiente para que ela pudesse ouvir.

 

- Oh...- ouvi Bella murmurar.

 

- Então? – Charlie perguntou mais uma vez enquanto eu ouvia os passos de Bella vindo em direção a porta e respondendo as minhas batidas.

 

- Já vou! – ao abrir a porta ela olhou demoradamente meu rosto e abrindo um leve sorriso, parecia examinar cada detalhe de mim, eu gostava da forma como ela me olhava, aproveitei para respirar fundo e sentir seu cheiro mais uma vez, meus cabelos ainda estavam um pouco molhados pela chuva, seus olhos percorrendo meu rosto e parando dentro dos meus, olhei fundo nos dela, aqueles olhos castanhos me hipnotizavam de tal forma que parecia ser ela a predadora e não eu. Seu olhar enviou uma corrente elétrica pelo meu corpo e naquele momento meu desejo era beijá-la com força, mais eu precisava me controlar se quisesse que o Chefe Swan mantivesse sua palavra e a retirasse do castigo. Ela inclinou sua mão e eu a toquei, seu toque quente na minha mão fria era como um choque térmico – Oi. – ela sorriu dessa vez de forma mais vibrante, toquei o seu rosto com as costas da minha mão.

 

- Como foi sua tarde? Perguntei.

 

- Lenta. – ela respondeu rapidamente.

 

- A minha também – eu queria completar a frase mais diante do olhar severo de Charlie eu apenas o fiz mentalmente – sem você ela não tem a menor graça. Continuei puxando as mãos dela para meu rosto, fechei os olhos para sentir seu cheiro doce e tentador. Mantive os olhos fechados me deliciando com aquele momento que mais pareceu uma eternidade, mesmo passando todas as noites ao lado dela, vendo-a dormir, sussurrar o meu nome a cada noite só fazia o meu amor crescer mais, nunca pude imaginar que um nome tão comum pudesse ter tanto poder se dito pelos lábios de alguém que se ama e eu a amava. Mantive meus olhos fechados ate ouvir Charlie se aproximar – Boa noite Charlie – cumprimentei-o – trouxe outras inscrições – disse mostrando os papeis a ela e ao mesmo tempo respondendo aos pensamentos dele que se perguntava o que eu estava fazendo lá mais uma vez.

 

Bella gemeu baixinho, pela sua cara não gostou muito do programa que tínhamos para aquela tarde, eu queria dar a ela a oportunidade de ver muitas coisas humanas antes de se enterrar viva e passar o resto da eternidade repetindo o colegial.

 

- Ainda haviam prazos de inscrições abertos, e alguns lugares afim de fazer exceções.- ri da expressão dela, como se quisesse dizer que meu dinheiro podia comprar tudo. Seguimos para a cozinhas com Charlie em nossos calcanhares. Ela limpava a mesa retirando a louça suja e colocando-as na pia enquanto eu estendia os papéis sobre a mesma.

 

Olhei para a sua mão enquanto ela retirava da mesa O morro dos ventos uivantes, eu ia perguntar porque ela estava lendo aquele livro novamente mais Charlie nos interrompeu antes que eu pudesse perguntar.

 

- Falando em inscrições para a faculdade, Edward, Bella e eu estávamos falando sobre o ano que vem. Você já decidiu onde vai estudar? – Charlie perguntou sem cerimônia, eu podia ver pelos pensamentos dele que ele não me queria ali, então como técnicamente eu não sabia dessa informação me mantive calmo e formal. Sorri para ele da forma mais amigável possível

 

- Ainda não. Eu recebi algumas cartas de aceitação, mas eu ainda estou pensando as minhas opções.- respondi solenemente

 

- Onde você foi aceito? - Charlie insistiu

 

- Syracuse... Harvard... Dartmouth... e eu acabei de ser aceito na faculdade do Sudeste do Alaska hoje.- virei cabeça disfarçadamente pra o lado pra poder piscar para Bella.

 

- Harvard? Dartmouth? Bem, isso é muito... isso é interessante. É, mas a Universidade do Alaska... você realmente está considerando isso quando pode ir para a Ivy League? Quer dizer, o seu pai iria querer que...

 

- Carlisle sempre está de acordo com qualquer escolha que eu fizer –a conversa estava tomando um rumo inesperado o que ele estava pensando era de verdade? Como poderia passar pela cabeça dele que eu fosse deixar Bella para trás?

 

- Hmph.

 

- Adivinhe, Edward? – Bella interrompeu meu devaneio.

 

- O que, Bella? – ela apontou para o envelope em cima do balcão

 

- Eu acabei de receber a minha carta de aceitação da Universidade do Alaska!

 

- Parabéns que coincidência.- voltei minha cabeça pra ela, ainda deu tempo de ouvir Charlie resmungando atrás de mim seu pensamento não acreditava em coincidência, ele até se esforçava para ser cordial comigo, mais sempre lembrava da ameaça de Bella em ir embora caso ele não me aceitasse.

 

- Eu vou assistir o jogo, Bella. Nove e meia.

 

- Pai? Lembra o que nós discutimos sobre a minha liberdade...?

 

- Certo. Ok, dez e meia. Você ainda tem o toque de recolher nas noites de aula.

 

- Bella não está mais de castigo? – perguntei como se não soubesse de nada, não consegui esconder uma felicidade contida nas minhas palavras

 

- Condicionalmente o que você tem com isso?- Ele disse seco

 

- Só é bom saber Alice está louca pra arranjar uma parceira de compras, e eu tenho certeza de que Bella adoraria ver as luzes da cidade.

 

- Não! – Charlie alterou o tom da sua voz, notei preocupação em sua mente e tentei vasculhar para descobrir quando percebi que a matéria que ele havia lido no jornal estava fresca na sua memória.

 

- Pai! Qual é o problema?

 

- Eu não quero que você vá a Seattle agora.

 

- Huh?

 

- Eu te disse sobre a história no jornal, tem alguma espécie de gangue fazendo uma matança em Seattle e eu quero que você mantenha a distância, ok? – eu ouvia Bella insistir mais meus olhos agora buscavam outra coisa, o jornal que ele havia lido, queria ter certeza das informações para planejar o que fazer, embora Charlie não soubesse no instante em que pensou eu percebi que quem estava fazendo aquilo era alguém da minha espécie, um vampiro.

 

- Pai, existe uma chance maior de eu ser atingida por um raio do que eu passar um dia em Seattle e...

 

- Não, está tudo bem, Charlie – interrompi Bella nesse instante, sabia que ela iria insistir, por isso conversaria com ela depois - Eu não me referia a Seattle. – continuei sem olhar para ela - Eu estava pensando em Portland, na verdade. Eu também não levaria Bella a Seattle. É claro que não. – esta era uma das poucas certezas que eu tinha, jamais levaria Bella para Seattle agora, não enquanto havia um vampiro a solta, meus pensamentos estavam focados no jornal quando Charlie apenas respondeu – tudo bem - e saiu, dei a volta e fui direto para a mesa da cozinha – o que...-ela começou a falar mais lhe pedi que esperasse, aquele era um assunto que merecia muita atenção. Empurrei as inscrições para ela enquanto lia o jornal, sua expressão incrédula quase me fez rir, segurei o riso – Eu acho que você pode reutilizar os seus ensaios nessa. As mesmas perguntas. – mantive meu olhar fixo tentando decifrar as palavras naquelas linhas, quanto mais eu lia mais tinha certeza de era um vampiro recém nascido que estava fazendo aquilo, mais de onde ele havia surgido?Quem o deixou solto? Percebi a impaciência dela enquanto preenchia os papeis - Bella?

 

- Fala sério, Edward. Dartmouth? Ela jogou as inscrições para o lado impaciente.

 

- Eu pensei que você gostaria de New Hampshire há muitas coisas pra eu fazer durante a noite, e as florestas estão convenientemente localizadas para os praticantes ávidos de caminhadas. Bastante vida selvagem. – Sorri pra ela tentando em vão convencê-la de que era o melhor - Eu deixo você pagar, se isso te deixa feliz. Se você quiser, eu posso custear o seu interesse.

 

- Como se eu fosse conseguir entrar sem um enorme suborno. Ou isso foi parte do empréstimo? Uma nova ala dos Cullen para a biblioteca? Ugh! Por que é que estamos tendo essa discussão de novo?

 

- Será que dá pra você responder a inscrições, por favor, Bella? Se inscrever não vai te machucar.- eu iria tentar ate o fim se fosse necessário queria que Ela percebesse o erro que estava prestes a cometer se deixasse de aproveitar ao menos um semestre na faculdade.

 

- Quer saber? Eu não acho que vai.- antes que ela pudesse pegar os papeis e jogá-los no lixo, eu sabia que essa era a intenção dela. Num instante antes que percebesse peguei os papéis e os escondi, todo passo não levou nem meio segundo.

 

- O que você está fazendo? – perguntou indignada

 

- Eu sei assinar o seu nome melhor que você. Você já escreveu os ensaios. - respondi em tom de brincadeira deixando–a ainda mais brava, seu rosto ficou rubro e suas bochechas coradas.

 

- Você está indo longe demais com isso, sabe eu não preciso me inscrever pra nada. Eu já fui aceita no Alaska. Eu quase já posso pagar pelo primeiro mês de estudos. Ele é um álibi tão bom quanto qualquer outro. Não há necessidade de jogar fora um bolo de dinheiro, não importa de quem ele seja. - ela sussurrou com um tom severo em sua voz.

 

- Bella...- tentei argumentar mais fui interrompido pelos seus argumentos, por que eu não podia ler seus pensamentos para que tivesse uma resposta pronta antes que ela me pegasse desprevenido?

 

- Não comece. Eu concordo que eu tenha que passar por essas fases por Charlie, mas nós dois sabemos que eu não estarei em condições de estudar no próximo outono. Ficar perto de pessoas.

 

- Eu pensei que o tempo ainda não estivesse decidido você pode gostar de um semestre ou dois na faculdade. Ainda existem muitas experiências humanas que você nunca teve.- parecia que eu estava tentando convencer uma porta, Bella tinha a cabeça mais dura que uma pedra, eu não conseguia entender esse desejo insano de se entregar a eternidade com tanta pressa, será que ela não acreditava que eu a amaria por toda sua vida e que quando ela se fosse eu daria um jeito de partir também?

 

- Eu irei vivê-las depois.

 

- Depois elas não serão experiências humanas. Você não terá uma segunda chance para a humanidade, Bella.- é tão bom senti-la quente, e vê-la corar quando a elogio, não queria, na realidade eu não podia fazer isso com ela . 

 

- Você precisa ser razoável com o tempo, Edward. É muito perigoso brincar com ele.

 

- Não há perigo ainda – eu sabia de todos os perigos que os cercavam, Victoria, os Volturi eu sabia que podíamos dar um jeito e adiar o que precisasse ser adiado, mesmo com aquela reunião em que foi decidido pela maioria que Carlisle a transformaria após a formatura. Seus olhos demonstravam medo, terror pelo que estava por vir, seus olhos me diziam o que ela estava pensando e com certeza era Charlie que ela queria poupar quando pensava no perigo.

 

-Bella, não tem pressa. Eu não vou deixar ninguém te machucar. Você pode usar de todo o tempo que precisar.

 

- Eu quero me apressar – ela sussurrou para que Charlie não ouvisse da sala onde ainda estava assistindo ao jogo - Eu quero ser um monstro também.

 

- Você não faz idéia do que está dizendo. – coloquei o jornal amassado em cima da mesa e finalmente lhe apontei com o dedo o que me preocupava minutos antes.

 

CRESCE O ÍNDICE DE MORTE, POLÍCIA TEME ATIVIDADE DE GANGUE

 

- O que isso tem a ver com alguma coisa?- ela realmente parecia inocente

 

- Monstros não são uma piada, Bella.- respondi impaciente, ela acreditava que ser como eu seria o suficiente, mais na verdade ela não entendia ainda que teria que se afastar de todos, saber que partiram e não ter lágrimas pra chorar, eu ainda não sabia como ela reagiria como recém nascida, eu não suportaria vê-la sofrer por perder seu pai, sua mãe e seus amigos.

 

- Um... vampiro está fazendo isso? – ela parecia horrorizada.

 

- Você ficaria surpresa, Bella, por saber o quão frequentemente a minha espécie está envolvida nessas horrorosas manchetes humanas. É fácil reconhecer, quando você sabe o que procurar. A informação aqui indica que há um vampiro recém nascido em Seattle. Sedento por sangue, selvagem, fora de controle. Do jeito que todos nós somos.- tentei ser convincente, mesmo ao meu lado ela corria constante perigo. Bella não sentia medo do perigo ao que parecia, eu deveria agradecer ate certo ponto porque se não fosse isso ela teria se afastado de mim, e como eu estaria agora sem ela? - Nós estivemos monitorando a situação por algumas semanas. Todos os sinais estão aí, os desaparecimentos improváveis, os cadáveres mal dispostos, a falta de outras provas... Sim, alguém ainda novo. E ninguém parece estar se responsabilizando pelo neófito...Bem, não é problema nosso. Nós nem prestaríamos atenção nessa situação se não fosse tão próximo de casa. Como eu disse, isso acontece o tempo inteiro. A existência de monstros resulta em conseqüências monstruosas.- nem mesmo os fortes argumentos que usei pareciam surtir efeito, ela era irredutível e eu a amava por isso, foi sua teimosia que me impediu de cometer o erro de magoar minha família, foi sua teimosia que a manteve perto de mim todo esse tempo e eu só tinha a agradecer por isso. Ainda sim eu não queria que ela passasse por uma transformação agora, muitos momentos seriam perdidos.

 

- Não será o mesmo pra mim você não vai me deixar ser assim. Vamos morar na Antártida.- ela era realmente incrível.

 

- Pingüins. Adorável.- tentei sorrir mais tudo que consegui dar foi um sorriso torto. Ela também sorriu com vontade e jogou o jornal fora.

 

- Alaska, então, como o planejado. Só que um lugar muito mais remoto que Juneau, algum lugar com ursos pardos.- ela brincou

 

- Melhor lá tem ursos polares também. Muito furiosos. E os lobos ficam muito grandes.- parei quando a vi ficar boquiaberta - Qual é o problema? –perguntei antes de raciocinar no que havia dito. - Oh. Esqueça dos lobos então, se a idéia te ofende – lembrei que ela ainda sentia algo por Jacob e me permiti pensar que talvez fosse engraçado ver Emmett derrubando aquele vira-lata, claro porque sendo eu a derrubá-lo ela talvez me odiasse, um sorriso sarcástico passou pelo meu rosto tão rápido que ela nem pode perceber, talvez eu lembrasse disso no futuro e realizasse o meu desejo.

 

- Ele era o meu melhor amigo, Edward é claro que a idéia me ofende.- ela parecia magoada

 

- Por favor, perdoe a minha falta de consideração eu não deveria ter sugerido isso. – eu disse ainda tentando segurar o meu sorriso interno.

 

- Não se preocupe com isso – ela olhava para baixo, havia tristeza em seu olhar. Permanecemos em silencio, mais eu não podia deixar pra lá minha gafe eu sabia que a havia magoado de verdade.

 

- Desculpe. Mesmo.- falei serio dessa vez embora doesse vê-la sofrendo por ele daquele jeito, mais eu fui o causador disso tudo deveria arcar com as conseqüências e esperar ate que tudo passasse.

 

- Eu sei. Eu sei que não é a mesma coisa. Eu não devia ter reagido daquele jeito. É só que...bem, eu já estava pensando em Jacob antes de você chegar. – Ela parecia hesitante em falar dos seus sentimentos em relação a Jacob, eu não conseguia conter os meus também era difícil ter que privá-la da presença dele mais lobisomens eram perigosos e eu não podia deixar que nada nem ninguém machucasse minha Bella. - Charlie disse que Jake está passando por dificuldades. Ele está machucado agora, e... é minha culpa.

 

- Você não fez nada errado, Bella.- o culpado por isso tudo sou eu...pensei

 

- Eu preciso melhorar as coisas, Edward. Eu devo isso a ele. E, além do mais, é uma das condições de Charlie...

 

 - Você sabe que está fora de questão você ficar perto de um lobisomem desprotegida, Bella. E se algum de nós passasse as barreiras das terras deles, estaria quebrando o acordo. Você quer que nós comecemos uma guerra?- tentei apelar para o bom censo dela, com a sorte que ela tinha era bem provável que caísse um meteoro em La Push ou que os lobisomens se reunissem para um churrasco e a servissem como prato principal.

 

- É claro que não!

 

- Então não há nenhum sentido em levar essa discussão adiante. – precisava de um motivo para encerrar esse assunto quando vi o livro que estava lá antes de eu chegar àquela era uma boa desculpa para que ela deixasse aquilo tudo de lado. Sorri instantaneamente quando achei um - Eu fico feliz que Charlie tenha deixado você sair, você está precisando tristemente fazer uma visita a uma livraria. Eu não posso acreditar que você está lendo O morro dos ventos uivantes de novo. Você já não sabe ele de cor?

 

- Nem todos nós temos memória fotográfica.- ela foi curta em suas palavras, seu rosto ainda demonstrava ressentimento.

 

- Com memória fotográfica ou não, eu não entendo por que você gosta disso. Os personagens são só pessoas que arruínam a vida uns dos outros. Eu não consigo entender como Heathcliff e Cathy acabaram sendo comparados a casais como Romeu e Julieta ou Elizabeth Bennett e Sr. Darcy. Essa não é uma história de amor, é uma história de ódio.

 

- Você tem sérios problemas com os clássicos.

 

- Talvez seja porque eu não fico impressionado com antiguidades- apesar de eu mesmo ser uma...pensei e sorri por ter conseguido o meu objetivo - No entanto, honestamente, por que é que você lê isso de novo e de novo? Por que isso é apelativo pra você? – segurei seu rosto com as duas mãos.

 

- Eu não tenho certeza é alguma coisa relacionada à inevitabilidade. Como nada consegue mantê-los separados, nem o egoísmo dela, nem o mau dele, e no fim, nem mesmo a morte...-como eu e você eu pensei mais não consegui transmitir as palavras para ela. Sorri tentando ainda mantê-la distraída - Eu ainda preferiria se um deles tivesse uma qualidade que os redimisse.

 

- Eu acho que é disso que eu estou falando o amor deles é a única qualidade que os redime.

 

- Eu espero que você tenha mais senso que isso, se apaixonar por alguém tão... maligno.

 

- É um pouco tarde pra me preocupar com a pessoa pela qual eu vou me apaixonar, mas mesmo sem o aviso, eu pareço ter me saído muito bem.- segurei o sorriso para não cair na gargalhada na frente dela.

 

- Eu me alegro que você pense isso.

 

- Bem, eu espero que você seja esperto o suficiente pra ficar longe de alguém tão egoísta. A fonte de todo o problema na verdade é Catherine, não Heathcliff.

 

- Eu vou ficar de olho - assegurei

 

- Eu preciso ver Jacob.

 

- Não.- eu ainda não acreditava que ela não havia esquecido essa idéia.

 

- Não é assim tão perigoso, eu costumava passar o tempo inteiro em La Push com eles e nada nunca aconteceu.

 

- Lobisomens são instáveis. Às vezes as pessoas que estão por perto acabam se machucando. Às vezes, elas morrem.- será que ela não entendia que se acontecesse algo eu mataria o vira lata e morreria também? Ela finalmente estava sem voz, talvez tivessem acabadas as desculpas para encontrá-lo e eu finalmente poderia ficar em paz.

 

- Você não os conhece - ela disse baixinho por fim

 

- Eu os conheço melhor do que você pensa Bella. Eu estava lá da última vez.

 

- Da última vez?

 

- Nós começamos a cruzar caminhos com os lobisomens há cerca de setenta anos... Nós havíamos acabado de chegar em Hoquiam. Isso foi antes de Alice e Jasper estarem conosco. Nós éramos um número maior que eles, mas isso não impediria que a coisa se tornasse uma briga se não fosse por Carlisle. Ele conseguiu convencer Ephraim Black de que coexistir era possível, e eventualmente nós fizemos a trégua.- ela pareceu surpresa - Nós pensamos que a linhagem havia morrido com Ephraim. Pensamos que a genética que permite a mutação estava perdida...A sua má sorte parece ficar mais forte a cada dia. Será que você se dá conta de que sua tendência insaciável a todas as coisas letais foi forte o suficiente pra recuperar um bando de caninos mutantes em extinção? Se nós pudéssemos colocar a sua má sorte em uma garrafa, nós teríamos uma arma de destruição em massa em nossas mãos.

 

- Mas não fui eu quem os trouxe de volta. Você não sabe?

 

- Sabe do que?

 

- A minha má sorte não tem nada a ver com isso. Os lobisomens voltaram porque os vampiros voltaram.- o que ela estava dizendo agora? A volta dos vampiros? Era isso que ele queria que ela pensasse? Que eu era perigoso pra ela? Bem de fato eu era, mais não para ela. Os Black sabiam que nós éramos vegetarianos e que não machucaríamos os humanos então por quê...? ela continuou interrompendo meu devaneio.

 

- Jacob me disse que a sua família estar aqui fez as coisas se movimentarem. Eu pensei que você já sabia...- como eu poderia saber, ela falava daquele assunto com tanta simplicidade, será que ela não sabia o que poderia acontecer caso houvesse uma quebra na trégua?

 

- É isso que eles pensam?- perguntei secamente.

 

- Edward, olhe para os fatos. Há setenta anos atrás você veio pra cá e os lobisomens apareceram também. Você voltou agora e os lobisomens apareceram de novo. Você acha que é coincidência?

 

- Carlisle ficará interessado nessa teoria.

 

- Teoria? - Ela perguntou descrente.

 

- Interessante, mas não exatamente relevante a situação continua a mesma.- me mantive serio, ou pelo menos tentei, colocar Bella contra a parede não fazia parte dos meus planos, mais eu não podia deixar que ela corresse riscos perto dos lobos de La Push, nenhum de nós poderia estar lá para defende-la caso algo acontecesse, meus punhos se fecharam com a simples idéia de que eles poderiam feri-la, não precisava acreditar que ela realmente sentia falta de Jacob, não era possível, os lobisomens fediam...além daquele que em especial me deixava irritado, eu sentiria um enorme prazer em arrancar a cabeça dele, Alice diria “com ciúmes”, mais eu sabia que não eram ciúmes, e sim precaução. Eu estava prevenindo Bella não permitindo que ela fizesse mais nenhuma besteira. Ela não entendia que se acontecesse algo eu quebraria a trégua matando quem quer que lhe fizesse mal. Ela levantou-se devagar e rodeou a mesa, parecia uma fada, abri meus braços e deixei-a sentar no meu colo, olhava para minhas mãos como se quisesse encontrar as palavras certas para falar. Parecia realmente preocupada e triste...meus olhos a fitaram esperando que sua boca se abrisse, seus lábios cor de rosa e sua pele corada me deixavam sedento. Mais agora já não fazia diferença minha sede havia diminuído quando pensei que a havia perdido.

 

- Por favor, me ouça por um minuto. Isso é muito mais do que um gesto de caridade com um amigo antigo. Jacob está sofrendo eu não posso não tentar ajudá-lo, eu não posso desistir dele agora, quando ele precisa de mim. Só porque ele não é humano o tempo inteiro... Bem, ele estava lá por mim quando eu estava... – ela pareceu editar as palavras, como eu odiava não poder ler seus pensamentos. Meus braços se fecharam ao seu redor com força, não muita para machucá-la, seus olhos fitavam o chão, aquilo estava me deixando louco, será que ela queria me matar não me dizendo o que pensava exatamente e sem edições? - Se Jacob não tivesse me ajudado... Eu não tenho certeza do que você encontraria ao voltar pra casa. Eu tenho que tentar melhorar as coisas. Eu devo-lhe mais que isso, Edward.

 

Fechei meus olhos tentando esconder minha dor, lembrar que a deixei a mercê daqueles lobos e que quase a perdi era muito doloroso, não tinha um coração batendo em meu peito mais com certeza se o tivesse, estaria em pedaços, sofrendo por tudo que a fiz passar.

 

- Eu nunca vou me perdoar por ter te deixado, nem se eu viver cem mil anos – ela tocou meu rosto com suas mãos quentes fazendo com que uma corrente elétrica passasse pelo meu corpo.

 

 - Você só estava tentando fazer a coisa certa, e eu tenho certeza de que teria funcionado com alguém menos louco que eu. Além do mais, você está aqui agora. Essa é a parte que importa.

 

- Se eu não tivesse ido embora, você não estaria tendo que arriscar sua vida pra confortar um cachorro.- seus olhos se estreitaram, percebi que havia sido grosseiro, não queria mais aquela conversa, no que dependesse de mim Bella não iria encontrar Jacob Black - Eu não sei como frasear isso apropriadamente vai soar cruel, eu acho. Mas eu já cheguei perto de te perder no passado. Eu sei como me sinto só de pensar nisso. Eu não vou tolerar nada perigoso. - sei que estava sendo egoísta novamente, apesar de também saber que o meu egoísmo a afastaria do perigo, lobisomens eram perigosos, e Bella precisava ficar longe deles. Sabia que ela ignorava qualquer perigo, sua cabeça devia ter algum tipo de problema, não era possível que ter um namorado vampiro e um melhor amigo lobisomem não a deixassem no mínimo preocupada. 

 

- Você precisa confiar em mim nisso. Eu vou ficar bem.

 

- Por favor, Bella – sussurrei tão baixo que nem sei se ela pode ouvir.

 

- Por favor, o quê? - sua voz era uma suplica.

 

- Por favor, por mim. Faça um esforço consciente pra se manter em segurança. Eu farei tudo o que puder, mas eu apreciaria um pouco de ajuda. - agora eu suplicava para que ela entendesse como era importante pra mim mantê-la segura

 

- Eu vou trabalhar nisso.

 

- Você realmente tem alguma idéia do quanto é importante pra mim? Algum conceito do quanto eu te amo? – apertei meus braços um pouco mais ao seu redor, como se ela pudesse fugir a qualquer momento, colocando sua cabeça debaixo do meu queixo enquanto ela o beijava com seus lábios quentes. Bella realmente não tinha noção de perigo.

 

- Eu sei o quanto eu amo você – ouvir aquelas palavras vindas da sua boca era como se anjos do céu me dessem as boas vindas.

 

- Você está comparando uma pequena árvore a uma floresta inteira – fui enfático.

 

- Impossível. - beijei sua cabeça tentando encerrar o assunto.

 

- Nada de lobisomens.

 

- Eu não vou seguir isso. Eu tenho que ver Jacob.

 

- Então eu vou ter que te impedir.

 

- Nós veremos isso ele ainda é meu amigo.

 

É incrível como as mulheres, mesmos as que amamos, conseguiam ser tão teimosas. Se Bella acreditava mesmo que iria deixá-la ir ao encontro daquele cachorro pulguento em La Push ela estava muito enganada, no fundo eu sabia que ela havia entendido tudo, que talvez demorasse um pouco mais ela saberia que estava certo. Dessa vez eu não iria deixá-la, não iria permitir que nada acontecesse não importava o que me custasse.