Vida Real escrita por heypedroh7


Capítulo 26
O valor das pessoas




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Estava eu andando na rua... Olhando os postes, hidrantes, árvores e tudo que tinha à minha volta. Nada melhor que ouvir Christina Perri para pensar na vida.
Luca – Cara?
DC – Opa, fala aí!
Dei uma pausa em “A Thousand Years” para saber o que ele queria. Devia se considerar importante depois disso.
Luca – E aí, beleza?
DC – De boa, e tu?
Luca – Ah... Tô bem...
DC – Eu achei você e a Mô meio desanimados na festa da Irene...
Luca – Tinha o fator Isa, né, cara?
DC – Não, não... Antes disso, vocês já estavam meio murchinhos e cabisbaixos. Pode falar, o que aconteceu?
Esperava uma coisa como “Eu e a Mô brigamos” ou “Estava só me sentindo mal”... Mas não o que realmente era, de fato.
Luca – Ah cara, não é legal saber que você pode ficar cego.
Oi?
DC – Oi? Como assim?
Luca – Eu fui fazer exame de vista e descobri que eu tenho glaucoma, e isso é grave. Hereditário, se não me engano.
DC – O que é glaucoma?
Luca – Uma doença no olho. Você nasce com ela.
DC – E isso tem cura?
Luca – Bom, tem um tratamento, mas ele só ameniza a situação, não cura totalmente... Em alguns meses eu poderei ficar cego.
DC – Ai cara... Que triste isso...
Luca – Pois é.
DC – Eu realmente fiquei triste agora.
Luca – Eu também fiquei cara, desde o dia que descobri isso.
DC – Calma, fica calmo. Você tem sua família que te ama, tem nós que somos seus amigos, tem uma namorada linda que o ama também! Cara, não tem por que ficar mal.
Luca – Poxa, cara, não sabe como ouvir isso me deixou melhor. Sério mesmo.
DC – Eu sei cara, eu sirvo pra isso...
Luca – Para de graça, DC. Você sabe que eu gosto de todos vocês.
DC – Eu sei. Eu também me importo muito com cada amigo meu. É por eu me importar demais que na maioria das vezes eu acabo me ferrando, mas eu continuo me importando, porque é isso que me faz ser feliz do jeito que eu sou.
Luca – E tem que continuar sendo assim cara, é esse seu jeito que faz com que as pessoas gostem de você...
DC – Bom saber disso também, cara. Eu fico feliz só de saber que as pessoas percebem o valor que eu dou a elas, fico feliz quando reconhecem isso sabe?
Luca – Claro que eu sei. Você é um dos poucos amigos com quem eu converso bastante, e falo minhas coisas também, eu sou assim mesmo.
DC – Cara, falando nisso... E a Mônica?
Luca – O que tem?
DC – Ela já sabe?
Luca – Uhum... No começo eu não quis contar pra ela não, mas eu acabei contando.
DC – E qual foi a reação dela?
Luca – Triste, bem triste.
DC – Cara, ela te ama mesmo. Não desperdiça essa chance, dê valor a ela.
Luca – Com certeza, bro.
DC – Eu agora preciso ir...
Me levantei do banco e continuei andando, e pensando na vida. E agora em mais esse problema... Bom, eu estava indo na casa do Tikara fazer trabalho. Então não tinha muito tempo para pensar na vida. Só pensava na Mônica, e em como ela devia estar depois de tudo isso...
DC – Tikara?
Tikara – Opa!
DC – Cheguei, o que temos que fazer mesmo?
Tikara – Montar uma câmera de cinema. A Maria que pediu.
DC – Pediu?
Tikara – É. Enquanto ela e a Mila fazem o claquete, nós fazemos a câmera e o baldinho de pipoca.
DC – Ah tá... Então vamos lá na vendinha comprar cola de isopor que lá deve ter.
Tikara – Tem que comprar tinta preta também pra câmera.
DC – Bem lembrado. Opa, peraí, chegou mensagem da Lu.
Tikara – Ai...
– (Luísa) Ooi amor!
– (DC) Ooi!
– (Luísa) O que ce ta fazendo?
– (DC) Trabalho na casa do Tikara. Pq?
– (Luísa) To com desejo de comer pastel
– (DC) Desejo? Mas...
– (Luísa) Só vontade de comer mesmo. Compra pra mim?
– (DC) Com que dinheiro?
– (Luísa) Ah, pronto. Não tem dinheiro pra comprar um pastel? UM PASTEL?
– (DC) Tenho, pra comprar o meu.
– (Luísa) E vc não pode abrir mao do seu por mim?
– (DC) Amr, é pastel... Não abro mão por ngm.
Tikara – Caramba, que insistência dela. Se você não tem dinheiro, não tem como comprar.
DC – Né? Eu mereço viu...
– (Luísa) Então... me empresta seu casaco?
Tikara – Pra que ela quer seu casaco?
– (DC) Pra q?
– (Luísa) Eu quero vestir um casaco do meu namorado, não posso?
– (DC) Mas ele não ta aqui
Tikara – Mentiroso...
DC – Xiu. Ela não precisa saber.
– (Luísa) Caraca DC tudo que eu te peço você não faz nunca
– (DC) Ah eu não faço né? Ta certo. Olha eu vou sair pra terminar o trabalho. Amanhã a gente se fala.
– (Luísa) Amanhã? Mas ainda são cinco da tarde.
– (DC) Amanhã... Fui
Tikara – Se deixar, as mulheres montam na gente, e depois a gente tá fazendo tudo que elas querem. Mas você foi meio grosso com ela.
DC – Cara, eu não tenho paciência, ela quer tudo do jeito dela, e se não pode ser como ela quer, ela fica se fazendo de vítima. Não suporto isso.
Tikara – Mas ela é sua namorada.
DC – As pessoas confundem namoro com obrigação a fazer tudo que o outro quer. Bom, não é a toa que me chamam de Do Contra. Eu não sou todo mundo, então obviamente meu namoro também será e está sendo diferente daquilo que muitos esperam, não por vontade de aparecer, mas por opinião própria mesmo.
Tikara – Bom, se você pensa assim, tudo bem. Vamos lá senão a vendinha fecha e a gente fica sem cola de isopor.
DC – E tinta preta.
Tikara – E tinta preta, claro.
Eu já não estava bem com a coisa do Luca, e agora mais essa? A Luísa pensa que pode mandar em mim a hora que quiser, mas ela tem que entender que não é assim. Detesto gente mimada que tem tudo que quer, e se depender de mim, ela vai ter que aprender isso na marra. Posso parecer rude falando assim, dessa forma, mas é o que eu penso e nada nem ninguém nesse mundo vai conseguir mudar isso. Paciência de quem não gostar, não nasci pra agradar ninguém e não faço o mínimo esforço pra isso.
Segunda-feira, 6:13 da manhã...
DC – E esse ônibus que não vem...
Mônica – É...
DC – Mô, tá tudo bem?
Mônica - ...
Óbvio que eu notei que não estava. A Mônica é uma pessoa determinada, forte e segura de si, mas ela também tem coração. E não é de pedra. Ela pode se fazer de forte o tempo todo, fingir que está sempre tudo bem, mas quem realmente a conhece percebe quando tem algum problema, ela é humana, e humanos passam por problemas, ninguém está imune a isso.
A história toda do Luca deixou ela abalada, claro. Ninguém é forte e seguro de si o tempo todo. Eu mesmo me senti mal depois de saber disso, imagine ela. Cada um sabe do seu grau de afetação com os problemas dos outros, e comigo esse grau é grande. Com ela pode não ser muito em relação às outras pessoas, mas... é o Luca, o namorado dela. Óbvio que ela ficaria (e ficou) chateada.
Pega mal dizer que uma hora passa? Pega. Não é tudo que passa rápido como se estivesse na velocidade da luz. E é ruim subestimá-la desse jeito. Ela pode mascarar o problema, fingir que passou e seguir em frente, mas no coração sempre vai ter um cantinho que lembre de tudo isso, mesmo que a gente tente esquecer... A vida é assim.


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