No dia seguinte...

Luca – E aí cara?
DC – Fala aí, beleza?
Luca – Beleza.
DC – E sua situação com a Mônica como anda?
Luca – Que situação com a Mônica cara? Hahahaha somos só amigos.
DC – Sei.
Luca – Posso te falar uma coisa?
DC – Pode ué, confia em mim, sou seu amigo.
Luca – Eu tô mesmo a fim da Mônica. Só que eu não quero só ser mais um modinha a fim dela. O que ela precisa agora é de um amigo.

Aham. Cara de idiota eu não tenho. A Mônica só fica com amigos, ele quer só se tornar amigo dela pra poder pegar depois. E pelo visto tá conseguindo.

DC – Então cara, boa sorte nessa jornada aí hahaha.

Tsc. Eu só ficava cada vez mais chateado.

DC – Vem cá, o Luca e a Mô tem algo né?
Irene – Pelo amor de Deus, tem que morrer aqui!!
DC – Ok...
Irene – Eles tão ficando.
DC – Desde quando?
Irene – Desde ontem.
DC – E por que ele fez questão de negar pra mim isso?
Irene – Ah cara, você também era a fim dela. Ou ainda é...
DC – Isso não importa agora. Vai ficar hoje pra aula extra?
Irene – Acho que sim. E você.
DC – Também.

Eu não sei com o que fiquei mais chateado. Se era por eles dois estarem juntos, ou por ele ter me negado a verdade. Ele sabia que cedo ou tarde eu ia saber pela boca de outro. Por que negar?

E eu não aguentava mais ter que esperar todos aqueles tempos de aula pra enfim poder descansar um pouco até a aula extra.

Pouco faltava pra 12:40.

Tikara – Que horas tem?
DC – 12:30.
Tikara – Ahh, mais dez minutos aguentando essa aula de português. Que saco!
DC – Aham.

– Pééééé –

Tikara – Livre afinal.
DC – Vai ficar pra aula?
Tikara – Nem vou. Preguiça.
DC – Aí depois fica de recuperação no final do ano e não sabe por que...
Tikara – Ah já tô acostumado a pegar recuperação. Nem ligo mais.
DC – Cê que sabe.

Irene – Ei DC, eu e a Mô vamos lá embaixo encontrar o Luca, você vem?
DC – Ah não. Vou ficar aqui mesmo.
Irene – Tudo bem.

DC – Vai ficar aqui ou vai comer em algum lugar?
Carmem – Vou ali ver se tem alguma coisa legal pra comer e depois volto.

Não era nada legal ficar na escola sozinho esperando... esperando...

Carmem – Ooii, voltei! Tem nada de bom ali!
DC – Que bom.
Carmem – Deita no meu colo!
DC – Para?
Carmem – Para nada. Deita.
DC – Ok né?
Jeremias – Que isso! DC já. Como? Matador.
DC – Para de falar merda, Jeremias. E aliás o que tu tá fazendo aqui?
Jeremias – Dando uma passadinha.
Carmem – Olha quem vem ali.
Denise – Oioioi povo!
Jeremias – Oi!

Mônica – Não! Para! Seu bobo!
Luca – Não paro não!
Irene – O que eu fiz pra segurar vela desse jeito?
Luca – Ô Irene, você fica aí agora com eles que eu e a Mô vamos ali na papelaria er... devolver esse papelzinho aqui.
Irene – Hunf, tá né? Hahahahaha

Denise – Eles vão ficar né?
Irene – Tudo indica que sim.
Jeremias – Casal do ano.
Carmem – Ah eles ficam tão bonitinhos juntos.
DC – É.
Denise – Eles tão ficando já há um tempo ou vai ser a primeira vez agora?
Irene – Olha, eu não sei. Só sei que agora eles ficam.

Cerca de quinze minutos depois, voltam eles. Sorridentes.

Denise – O negócio foi bom hein?
Mônica – Que negócio? Teve nada não.
Luca – É, teve nada não poxa! Hahahahaha
DC – Mônica, seu batom tá borrado. Hahahaha
Irene – Hahahahahaha!
Jeremias – Ihh, deu ruim.
Mônica – Que batom? Não uso batom!
DC – Bom, o Luca que não pode ser.
Luca – Ah claro, uso batom agora! Hahahahaha
Denise – Ai povo, sabem nem disfarçar! Credo!
Irene – Assumam logo que ficaram cacete!
DC – Bom, se nenhum dos dois usa batom. Então o beijo foi desentupidor de pia.
Luca – Oi? Hahahahaha
DC – É. Daqueles bem fortes, que deixou a boca de vocês vermelhinha! Hahahahahaha
Mônica – Ai que horror!! Hahahahaha
Carmem – Gente, vamos entrar. A aula vai começar...
Jeremias – Eu vou indo nessa.
Carmem – DC, entra abraçadinho comigo.
DC – Tá.
Jeremias – Humm....

Eu podia estar rindo, mas por dentro estava em frangalhos. Eles dois juntos. Eu sempre soube que ia rolar alguma coisa. Agora com ela comprometida, o que eu faço? Minha tendência é ser solteiro para sempre? Ou só esperar o carnaval do ano que vem pra ficar com alguém de novo?

Carmem – Aii que sono. Aquele fuzuê lá na porta da escola não me deixou dormir.
DC – Claro porque você queria dormir na porta da escola.
Carmem – Queria que eu dormisse aonde? Não tinha outro lugar, querido.
DC – Tem razão. Agora vamos prestar atenção ali porque estamos precisando...

Eu não sei se eu sou falso. Não no sentido de ser falso com as pessoas. Mas em certos momentos eu finjo estar bem quando na verdade, por dentro estou morrendo. Morrendo de tristeza, ou de angústia... Consigo sorrir quando minha vontade é o contrário. E só percebe que eu estou mal, quem realmente me conhece. Quem realmente me conhece?

Mônica – DC?
DC – Eu.
Mônica – Vamos? Já acabou a aula.

Como tudo passou tão rápido e eu não percebi? Estava tão perdido nos meus pensamentos. Na minha vida. A minha vida é uma completa confusão.

Mônica – Eu vou embora com você.
DC – Ok. Então vamos logo.
Irene – Ah poxa, vão me deixar sozinha.
Mônica – Ah, vamos com a gente.
Irene – Eu não moro perto de vocês, esqueceu?
Mônica – Ah, então o que cê quer que a gente faça?
Irene – Hahahaha tô brincando, tchauu!

DC – Mônica.
Mônica – Sim?
DC – Aquela hora, que vocês foram “devolver um papelzinho na papelaria”, você e o Luca ficaram né?
Mônica – Eu não vou conseguir mentir mesmo, então. Sim.
DC – Sabia!
Mônica – Sabia?
DC – Sim, lógico. Todo mundo percebeu.
Mônica – Ai meu Deus, ainda bem que o Xaveco não estava lá senão ele ia ficar falando o tempo todo disso.
DC – A Denise estava. Quer coisa pior?
Mônica – Ah cara, sabe? Eu não ligo pro que falam ou não. Se eu fiquei ou não é um problema meu.

Ok, eu havia entendido a indireta. Era melhor que eu parasse de falar daquilo antes que levasse uma surra. Da Mônica. Aliás era realmente melhor que eu calasse a minha boca e seguisse o rumo de casa, sem mais enrolações. Amanhã era um novo dia.