Secrets. escrita por semideusabrazil


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

Eu escrevi ouvindo Secrets - Onerepublic e se eu fosse você escutava lendo...



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E, mais uma vez, ele se arrependia por ter saído de casa. Nico estava no sofá, um copo de bebida em uma mão, um cigarro pela metade na outra, os braços estavam cobertos pelas longas mangas de um moletom qualquer e também, pelos fundos cortes. Ninguém naquela festa sabia ou iriasaber um dia, eles não precisam ter seus perfeitos mundinhos quebrados pela confusão que aquele menino era. Sua pele clara declarava que ele não saia de casa esuas olheirasque ele mal dormia, mas ninguém parecia se importarou, talvez,eles já tivessemse acostumado.Percy, que tinha em suas mãos uma bandeja, lhe ofereceu comida, e ele simplesmente negou com a cabeça. O menino a sua frente era tão bonitoque ele conseguiria ficar olhando para ele por horas sem se cansar, mas os olhos verdes do outro desfizeram o contato quando alguémo chamou. Eleolhou para o relógio. Duas e quarenta e cinco da manhã. Dois dias, quatro horas e quarenta e cinco minutos desde a última vez que tinha comido alguma coisa, ninguém ali sabia disso também.

A música alta fazia sua cabeçadoer ou talvez fosse o sétimo cigarro da noite, mas ele não se importava e nãoiria parar, afinal, aquele era o único jeito de conseguir esquecer tudo o que o perturbava. Ele se levantou, não aguentava mais ver casal depois de casal se sentar ao seu lado em busca de mais contato. Nico conhecia muito bem o caminho para fora daquela casa, boa parte de sua infância tinha se passado ali. No meio do corredor ele encontrou uma menina, sabia que já tinha a vistoem algum lugar por ai, mas, não se lembrava ao certo. Ela estava bêbada e se mexia demais, por isso ele teve que tomar cuidado para não queima-la, ela estava pertoe falava alguma coisa sobreos olhos dele serembonitos. Ele não gostava de fingir quese importava e estavacada vez mais incomodado com a proximidade, por issose aproximou do ouvido dela e sussurrou alguma coisa, alguma coisa quese perderia em tanto barulhose eles não estivessem tão próximos. A menina corou e se afastou e ele simplesmente continuou seu caminho para fora da casa.

Quando a última barreira para chegar ao lado de fora foi alcançada alguém o chamou, a voz se tornava irreconhecível com o volume da música. Ele se virou,Jason e Piperestavam ali, a menina já estava no terceiro degrau da escada e tentava puxar o loirocom ela. Nico não sabia que ele estava ali, a única pessoa que realmente o conhecia.Os olhos castanhos e azuisse encaravam como uma pergunta muda de como as coisas estavam. Ele disse alguma coisa para a menina e soltou sua mão, indo em direção a ele. A morena segurou seus pulso,disse alguma coisa em seu ouvido e os olhos azuisperderam a determinação que tinham segundos antes, eles, agora, pareciam entorpecidos. Ela se virou e voltou a subir as escadas. O loiro continuava parado e Nico sentiu que precisava fazer alguma coisa. O moreno gritou que estava bem, mesmo não estando, mesmo estando completamente perdido no meio daquela multidão, mesmo que, internamente, gritasse por socorro. O loiro assentiu devagar e então subiu as escadas correndo.

A casa parecia mais quente e sufocante do que nunca. Nico abriu a porta e saiu, do lado de fora o vento balançava com força as árvores, por isso poucas pessoas estavam ali. O menino se sentia incomodado, não pelo vento que apagava o isqueiro e não o deixava acender mais um cigarro, mas sim pela rapidez com que fora deixado de lado. Ele não entendia como ninguém percebia o que acontecia com ele, como ninguém conseguia ver como ele se sentia. Na maior parte do tempo ele não queria que ninguém soubesse, ele gostava da solidão, mas, em momentos como aquele aquilo o chateava.

Uma mão dentro do bolso, outra com o cigarro e sua única companhia era a fumaça que, de vez em quando, saia de sua boca. Talvez não fosse para ele estar ali, talvez não fosse para ele se sentir tão incomodado, talvez não fosse para ele continuar a se cortar. Os olhos, que antes encaravam o vazio, olharam instintivamente para o próprio braço. As coisas poderiam ser mais fáceis, não só para ele, mas como para todos a sua volta, ninguém teria que fingir gostar dele, ninguém mais teria que leva-lo bêbadopara casa, sua irmã não teria que fingir que gostava dearrasta-lo para essas festas. Por alguns minutos ele ficou ali parado, sendo o único movimento feito para colocar e tirar o cigarro na boca. Não havia mais motivos para continuar ali, sua vida inteira havia se tornado exatamente como aquele momento, uma coisa mecanizada, seu corpo só fazia o que já estava acostumado a fazer.

O cigarro que agora estava no chão tinha sido pressionado várias vezes contra o seu braçonúaté que ele se apagasse. As cicatrizes eram grandes, deformadase haviaduas feridas que estavam abertas e antes cobertas, mostravam, agora, parte da pouca gordura do braço do menino. Ele não se importava se alguém visse, não mudaria nada de qualquer jeito. Ninguém além do pequeno grupo de amigos da irmã dele o olhava nos olhos, era como se ele estivesse constantemente coberto de sangue. Ninguém nunca tinha se importado, por que iriam se importar agora? A resposta era:não iriam.

Talvez existisse sim um motivo para viver,Hazel, sua irmã caçula, seu bebê. Ele só estava esperando que ela tivesse alguém em quem se apoiar se ele se fosse, ele só estava esperando que alguém a segurasse quando ele não estivesse mais ali para isso. Ele não se lembrava como, mas, seus pés o levaram para dentro da casa e o fizeram passar por todos os cômodos até encontrar quem estava procurando. Frank. Suas mãos encontraram a gola da camiseta do outro menino e fizeram o mesmo se encontrar com uma parede, ele disse qualquer coisa sobre o outro ter que cuidar direito de sua irmã e ajuda-la em momentos difíceis e apesar de maior o outro só acenou com a cabeça, concordando.

-Avise aHazelque eu fui embora.

Uma simples frase e ele se foi, deixou a festa com passos apressados e rápidos. Começava a garoar, mas ele não se importava, gostava da sensação de ter alguém chorando pelo que ele estava prestes a fazer. A ponte era larga e deserta. O rio lá embaixo se movimentava rápido, em algum lugar chovia forte.

Uma mão jogada ao lado do copo e a outra puxando o próprio cabelo.


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Notas finais do capítulo

Achei que o final ficou meio corrido e raso, mas tudo bem... Comentem *--*



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