Quando era só uma criança Emma Swan ouvia histórias sobre heróis e princesas e como eles sempre acabavam juntos, mas ao contrario de toda menina, Emma preferia as histórias de guerra, de como garotos se tornavam homens e princesas se tornavam guerreiras para proteger seu povo. Emma adorava o tinir das espadas, e o som que os cavalos faziam quando em alta velocidade, sempre soube que sua vida seria diferente da dos pais. Seu pai Charming era um pastor de ovelhas que se gabava de ser o homem mais feliz de todos os reinos, sua devoção pela família era algo admirável e sua esposa Branca não era diferente. Os dois eram felizes e realizados, um casal simples que não possuía muita coisa, mas tinham amor e uma filha. Emma nunca fora capaz de entendê-los, ela queria viajar pelo mundo, lutar em guerras, conhecer histórias e vivê-las. Estava constantemente procurando um motivo para se por a prova e quanto maior o desafio, maior sua vontade de aceitá-lo. Quando começou a mostrar que era realmente boa em enfrentar valentões as pessoas começaram a pagá-la para fazê-lo e logo sua fama se espalhou e ela começou a viver a vida que queria. Toda vez que saia de casa em uma missão prometia aos pais que voltaria viva, eles tinham orgulho, mas tinham medo.

Quando Henry Mills, rei da floresta encantada, mandou até Emma um mensageiros pedindo assistência pela primeira vez seus pais lhe insistiram que não fosse. A carta do rei era estranha e cheia de rodeios e algo lhes dizia que não havia chamado Emma de tão longe simplesmente por um ladrão qualquer, daquela vez a coisa era séria, mas aquilo só a deixava ainda mais tentada a ir e depois de convencer seus pais de que voltaria viva ela arrumou suas coisas e seguiu viajem sem saber que aquele lugar mudaria a sua vida.

Duas semanas de cavalo ela levou para chegar ao reino, o lugar era imensamente belo e o castelo tão grande quanto seus olhos podiam alcançar. Passando pelos portões Emma pode ver a quantidade de guardas armados espalhados por todo o lugar, ninguém conseguiria entrar ali sem autorização e muito menos sair.

Emma foi recebida por um escudeiro magro e desajeitado, tinha um sotaque engraçado, mas nada que ela não soubesse ignorar. O salão principal estava decorado pra uma grande festa, flores de todos os tipos, esculturas em diversos formatos e balões coloridos pendurados. Centenas de pessoas corriam de um lado para o outro ajeitando tudo o que podia ser ajeitado, aquele caos de pessoas a estava irritando profundamente, queria acabar logo com aquilo e ir atrás do seu fugitivo, era pra isso afinal que ela estava ali. O rapaz tentou dizer alguma coisa, mas sua voz foi abafada pelo barulho de um instrumento de corda sendo afiado. Do outro lado do salão uma banda de uns vinte homens arrumava seus instrumentos e se ajeitavam, todos eram muito estranhos, Emma pensou, homens deviam lutar e não se apresentar. “Vamos por aqui” Finalmente pode ouvir o que o garoto disse.

Ele a levou para um dos quartos do castelo para que ela pudesse descansar da viajem antes de se encontrar com o rei, Emma agradeceu e ele a deixou a sós. Depois de tomar u banho e comer um pouco do que trouxeram a ela Emma percebeu que não estava cansada, podia ainda ganhar uma justa contra qualquer um daqueles músicos ou todos de uma vez se quisesse, mas só o que fez foi esperar que o escudeiro a viesse buscar.

A sala do rei era grande, porém abafada como todo o castelo, as paredes eram grosas e escuras e pelas janelas a impressão era de que não entrava nenhum ar. O rei tinha um sorriso simpático e uma barriga quase tão grande, seus cabelos brancos já eram bem poucos, mas disfarçados pela enorme coroa que ela usava. Toda de ouro com pedras preciosas parecia realmente pesada e talvez seu peso fosse muito mais psicológico do que aparentava. Emma fez uma reverencia desajeitada e ele pediu que ela sentasse, deu-lhe as devidas boas vindas e falaram todas as formalidades, Emma achou que ele enrolava muito para ir direto ao ponto e começava a se preocupar com o real motivo daquilo. – A um baile hoje é o aniversário de minha única filha, Regina, você provavelmente já ouviu falar dela, todos os reinos já ouviram falar dela é claro. Minha filha querida será rainha um dia, você devia ir, devia mesmo aparecer, será nossa convidada de honra, uma mulher com a sua fama, nunca perde um marginal, não é mesmo? É claro que devia ir ao baile, será lindo você verá, se sentará conosco a mesa como nossa convidada eu insisto, acredito que não tenha trazido consigo roupas adequadas a um baile, estou Certo? Pois providenciarei isso também, não se preocupe e poderemos falar a respeito do trabalho no dia seguinte o que acha? Ótimo, aproveite o baile, tome um bom vinho, aproveite toda nossa hospitalidade. – O rei se levantou meio nervoso, ainda sorria gentilmente, mas não parecia muito bem, Emma também se levantou, sentiu como se estivesse ido até ali para ser enganada.

- Me desculpe senhor, mas acho apropriado conversarmos sobre o assunto agora mesmo, não vim de tão longe para um baile. – O rei a olhou nos olhos com certo tipo melancólico de olhar, se sentou novamente relaxando os músculos, ele fazia parecer que o que estava prestes a dizer era algo muito difícil.

- Precisa saber senhorita Swan que não é a primeira a ser chamada aqui e que todos que entraram na floresta pensando nas riquezas que receberiam nunca voltaram para recebê-la. – Ele fez uma pausa respirando pesadamente, com as mãos grossas retirou a coroa da cabeça, ele parecia bem mais velho sem o sorriso no rosto. – A um lobo que ameaça nosso povo, dizem ter mais de dois metros em pé e ser capaz de derrubar uma arvore sem dificuldade. Ele ataca vilas e destrói plantações durante a lua cheia e todos que vão atrás dele acabam mortos. Acontece senhorita Swan que dizem os camponeses que o lobo só ataca durante a lua cheia, pois durante os outros períodos ele caminha com dois pés por ai.

- Um lobisomem? – Emma perguntou, já tinha ouvido contos sobre lobisomens, mas nunca tinha encontrado um ou conhecido alguém que tivesse. Mas Emma já havia visto fadas, uma vez quando era pequena sua mãe a levara para conhecer a mina dos anões onde eles fabricavam o pó que as fadas usavam pra fazer suas magias, sua mãe era uma grande amiga dos anões.

- Sim, você acredita em lobisomens, senhorita? Então sabe o quão perigosos são e o quão mais fortes que os lobos normais eles são, por isso eu pedi que a chamassem senhorita, porque você é a especialista em encontrar homens e eu sei que só conseguiremos acabar com essa fera se o encontrarmos em forma humana.

***

Emma se sentou na ponta da cama ainda processando a conversa que teve com o rei, ele ofereceu a ela terras e títulos e a quantidade de ouro que desejasse se aceitasse, mas ela já havia aceitado antes de ele dizer a faria rica. Esse era o tipo de desafio que Emma Swan esteve procurando por toda a vida, essa era a sua chance de se provar maior que todos naquele momento a idéia de ir a um baile não lhe soou tão absurda. Abriu o armário e realmente o rei lhe tinha mandando uma quantidade exagerada de vestidos, provavelmente ele queria que ela tivesse opções. O que ela escolheu era um azul bem claro, quase branco com detalhes em prata, duvidava que fosse o rei quem tivesse selecionado aqueles vestidos, pois eram de muito bom gosto. Emma sempre se sentia estranha de vestido, já que estava acostumada a usar roupas mais confortáveis e ter sempre uma espada ao lado, mas é claro que ela não andava desarmada, carregava com ela um punhal amarrado à coxa.

Quando chegou ao salão o baile já havia começado, varias pessoas dançavam, outros comiam e bebiam. Quando o rei a viu foi em sua direção com um enorme sorriso, certamente tinha fé de que Emma podia matar a fera. Ele a girou e a elogiou dizendo que o vestido tinha ficado muito bom nela e a deixou meio corada quando disse que foi sua filha quem o ajudou a escolher. – Esse foi o que ela mais tinha gostado. – Ele disse.

Emma se sentou a mesa e ficou observando enquanto as pessoas dançavam e se divertiam, bebeu algumas taças de vinho e comeu alguns doces que serviram. Quase uma hora depois a princesa finalmente apareceu, Emma já estava quase com vontade de ir pro quarto. Os músicos começaram a tocar uma musica lenta, mas não triste só bonita. Todas as pessoas pararam de dançar ou fazer qualquer coisa que estivessem fazendo e todos os homens no local olhavam com expectativa nos olhos. Do alto da escadaria ela apareceu toda vestida de branco, havia detalhes dourados no seu vestido e uma coroa de princesa no topo de seus cabelos negros como a noite. Seus lábios eram vermelhos e seus olhos brilhavam mais que sua coroa, ela descia majestosamente a escadaria como se fosse a dona do mundo, ela não se parecia com uma princesa, Emma pensou, parecia uma rainha. Quando chegou ao começo das escadas os homens fizeram filas para cumprimentá-la e as mulheres cochichavam baixinho e então iam se juntar a volta dela para olhar mais de perto. Emma não conseguia se mexer. Um homem mais alto que os outros e também mais bonito a cumprimentou de um jeito diferente, como se já a conhecesse fazendo com que os outros o olhassem de cara feia. Ele a segurou pela mão e a guiou até o centro do salão e fez sinal para os músicos e esses começaram uma musica de baile e os dois começaram a dançar graciosamente. Com certeza se conheciam, pois conversavam alegremente enquanto todo o reino parava para olhá-los. Quando terminou a dança o rapaz se despediu dando um beijo na mão da princesa e ela sorriu pra ele indo se juntar ao pai na mesa.

- Senhorita Swan, essa é Regina, minha filha de quem lhe falei. – O rei disse se levantando e passando a mão pela cintura da filha que sorria com aqueles lábios vermelhos atraentes, Emma desejou que ele não tivesse feito isso, pois tinha certeza de que estava vermelha. Já tinha matado trolls, enfrentado ladrões e estava prestes a encarar um lobisomem de verdade e de tudo isso ainda ficava desconcertada frente a uma mulher. Ela estendeu a mão e cumprimentou a princesa e agradeceu mentalmente a deus quando pode voltar a se sentar e não precisar mais encarar aquela mulher.

Emma viajou todo o mundo e conhecera muitas pessoas, mas agora entendia o que diziam os cantores. Ela realmente era a mais bela de todas.